Capítulo 2 ✨ QUEM SE IMPORTA?
Edany Sans
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— Olha amiga, sei que é difícil. Mas precisa seguir em frente. — Shae sempre tentava me animar, mas nem o Macarons, o meu doce favorito, tinha chances de um sorriso sequer no meu rosto. "Eu Deveria ter ficado em casa"
— Não me importo... — Dou de ombros enquanto via um grupo de crianças andarem saltitantes pela calçada, provavelmente voltando da escola. Uma garotinha os acompanhou, mas de longe e com a cabeça baixa arrastando a mochila.
— Querida. — Ela parou e olhou em meus olhos e depois abaixou o olhar para os sapatos gastos.
— Aqui, pode pegar. — Dou a ela os meus doces, afinal, a minha vida está tão amarga que eu poderia estragar eles também. A menina sorri tímida e sai correndo.
— Está bem? — Shae me olhava com preocupação. É claro que se você está se sentindo inútil, morrendo aos poucos, perdendo a vontade de tudo... Está muito ótimo.
— Não... Estou bem. — Minha mãe talvez teria orgulho de ver a filha dela tentando ser forte. Queria mesmo recomeçar, mas para isso preciso de dinheiro, um lar e de uma nova cabeça.
— Tem certeza Dany? — Shae estreita os olhos pra mim. Não sei o que pensar sobre ela. Uma boa amiga, ela está aqui faz uns anos e ela veio do Texas! Mas pra mim só uma boa amizade não preenche o vazio no peito.
— Sim, quer dizer, preciso de um emprego... Talvez eu tente em algum restaurante por aqui mesmo. — O bom é que em dois anos meu pai se especializou nos pratos franceses e também me ensinou alguns, para falar a verdade foi só o básico, mas posso pegar um serviço de limpeza, qualquer coisa.
Shae me dá o sorriso mais largo que já vi.
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— Dany, Vamos! — Thamara, minha mãe gritava ao lado de fora. Só faltava me arrumar para irmos no parque de diversões em um bairro aqui perto.
— Estou indo mãe! — Pego minha mochila, sempre levo ela.
— Vamos ao parque, filha. Não Precisa de levar ela. — meu pai apontou para o meu ombro no lugar onde carrego a mochila.
— Mas e se tiver tobogã? — Francis ergueu uma das sobrancelhas descrentes. "Cada vez mais parecida com Thamara." Ele pensava enquanto me via entrar no carro.
— Aí mãe! To tão empolgada!! — Digo sorrindo.
— O Luigi vai ir também. — Minha mãe dá um sorriso, e meu pai franziu a testa.
— Aquele magrinho ranhento? — Ele pergunta, mas parecia com um resmungo.
— Ele não tem ranho pai! — Fico brava e cruzei os braços. Thamara ria.
— Seu pai não quer ver nenhum pretendente à nossa porta. — Ainda sorrindo ela acrescentou. — A sua princesinha ta crescendo Francis.
— É... Mas ela me prometeu. — Diz bufando.
— Pai, eu tinha cinco anos. — Digo frustrada. — E você me ofereceu sorvete, lógico que prometi!
— Ah é? — Ele olha pra mim assustado para o retrovisor. — Interesseira. Também não te dou mais sorvete.
— NÃO PAI! Ta bom pai, fico pequena de novo! — Digo desesperada, ser a princesa do pai é muito bom. Doces, Presentes, Mimos...
— Mas... Que... Olha só pra isso, Thamara!! — Ele diz surpreso, sabendo que se oferecer o sorvete ela faria o que ele quisesse, mas sabia que era só brincadeira.
— Quem a estragou foi você Francis. — Ela diz com um meio sorriso e depois inclina o corpo para me ver no banco de trás. Nessa conversa estávamos chegando ao parque.
— Nós te amamos princesinha! — Papai diz, tornando a atenção para a estrada.
— Já chega de mimos, chegamos. — Olho as luzes coloridas e as pessoas se divertindo, "Ainda bem que trouxe a mochila, eles te. Tobogã!"
Rimos bastante na volta, minha mãe era uma pessoa alegre e sempre que podia deixava todos felizes.
— Mãe, Hanna vai fazer aniversário nesse fim de semana... — Ela nem deixou eu terminar, meu pai virava na esquina para chegar na quadra de casa.
— Pode sim, não é querido? — Ela cutuca as costelas do meu pai que diz um sim forçado. Do nada uma luz forte invadiu dentro do carro e só consegui ouvir os gritos deles antes de o carro capotar várias vezes e eu perder o sentido.
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— Olha amiga se desse eu ficava mais um pouco. — Shae diz quando estamos na frente da minha casa. Pude notar que ela está um pouco atrasada.
— Não tem problemas, vai lá com o Rick. — Falo sentindo um certo aperto no peito por mais uma vez ficar sozinha. A vejo dobrar a esquina e depois entrar para o meu tormento.
Ando pela sala, cozinha e depois vou para o quarto. Me tranco lá e começo a chorar. Engano meu que alguém poderia se importar com o que eu sinto.
Deito na cama e deixo meu corpo se acabar em cansaço, faz um dia e meio que não como algo sólido e todo esse tempo tentando melhorar, mas tudo parece estar no mesmo lugar para a minha angústia.
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— Pai? — Eu já estava em pânico sozinha dentro de um quarto de hospital. O cheiro de remédios e a calmaria me sufocavam.
— Mãe? — Grito mais uma vez e minha cabeça começa a ficar latejante. Uma enfermeira aparece com um sorriso calmo.
— Cadê eles? — Ela se senta ao meu lado.
— ... Meu... Meus pais. — Ela me puxa para um abraço e deixo minhas lágrimas caírem, finalmente entendendo seu olhar de pena sobre mim. A enfermeira acaricia minhas costas.
— Eu sei que é difícil criança. — Ela aparentava estar na casa dos quarenta e seis anos, pele clara e de cabelos negros.
— Shiiii! Calma, se quiser pode chorar. — O aperto de seus braços foi bom nesse momento. Eu havia perdido as pessoas que mais amava no mundo.
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Não sei quantas horas fiquei ali na posição fetal... Talvez o tempo suficiente para entender que, mesmo tentando, teria que fazer o máximo de esforços e já estava anoitecendo.
— Eles me amavam. — Lembro dos abraços de meu pai e dos sorrisos da minha mãe, pude sorrir mesmo que forçado.
— Preciso ser forte! — Falo a mim mesma por várias vezes até pegar no sono.
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Nossa! Complicado Dany... Estamos com você!
Ah e mais uma coisinha, preciso agradecer à capista @GabizinhaKawaii pelo excelente trabalho em minha capa, ela é ótima no que faz... Um beijo pra vc Gabi e outro bejão pra VC minha amiga @LannySilva 😘😘😘😘😘
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