Edany Sans

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Quando tudo desmorona, você não pensa em se proteger. Sua mente fica vagando no vazio, seu corpo já não presta para nada além de semanter no escuro.

Há motivos mais fortes para te deixar no fundo do poço. E aí você me pergunta se vale a pena resistir a tudo isso? Não.

É fácil para os outros te julgarem. É apenas questão de segundos para você se afundar num buraco que cavou com as próprias mãos. E eu cavei o meu com muita vontade. 

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— Dany... Precisamos ir. — Shae segura meus ombros, enquanto nos afastamos das duas lápides à minha frente. Meu corpo já não tinha forças, o azul dos meus olhos estão opacos e sem vida. Só basta um pequeno acidente pôde arrancar das duas pessoas mais importantes da sua vida.

Meus pais não mereciam. Estávamos felizes com o passeio no parque de diversões, mas um caminhão desgovernado vem e atropela a sua vida esmagando tudo. 

Aqui ninguém se importa com seus problemas, e o meu é ter perdido meus país sendo muito nova. O que uma garota de 16 anos faria sem sua família? 

A questão não é apenas essa. Estar sozinha no meio da França não é algo muito bom. Principalmente quando você sabe que não consegue se virar sozinha. Já passei por todo o caos, não poderia ficar pior não é?

Entro em casa, que logo não será mais o meu lar. Caminhei pela sala, os sofás vermelhos na cor gasta já presenciaram momentos felizes em família. Na mesinha de centro havia a carta da Hipoteca, faz seis meses de contas acumuladas. Eles deram um prazo de um ano.

A pequena tevê, víamos a novela das oito sempre quando o papai chegava do serviço. Ele trabalhava num restaurante aqui perto, por nós morarmos no 4 ème, bairro Le Marais. 

Esse bairro é conhecido pelos bares e restaurantes e por estar em local centralizado, oferece fácil acesso aos transportes públicos. Um dos motivos de termos nos mudado. Tenho a nacionalidade dos Estados Unidos, licenciamos a nossa moradia temporária aqui, "Para tentar uma nova vida" , era o que meu pai dizia quando o questionava. Mal ele sabia que a minha estaria a sete palmos abaixo da terra, minha vida foi com eles.

— Como vocês me fazem falta... — Deixo-me acabar em lágrimas enquanto me deito no sofá, "ainda tem o perfume da mamãe". 

Não sinto fome alguma, mesmo não tendo comido nada o dia inteiro. Ainda estou com o vestido preto, sem vontade de nada, me levanto e subo para meu quarto. A cortina amarela com flores brancas estava em movimento pela janela estar aberta e a chuva cair suave lá fora, mas um vento entrava de leve me causando arrepios. 

Deito na cama de casal e seguro as cobertas as apertando com força em meu corpo. Um medo invade meu corpo, "Estou sozinha" esse foi meu último pensamento antes de adormecer.

Acordo um pouco tarde, diria que na hora do almoço. Vou para a cozinha e encontro um pouco de Cassoulet, era o prato que meu pai adorava fazer, embora eu não gostasse muito. 

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— Só mais uns segundos... — Francis montava os pratos da esposa e da filha que estavam vendadas. 

— Uhmm! O cheiro está ótimo! — Sandra  diz ansiosa. 

— OK, agora... — Francis pega um pouco da sua especiaria com o garfo e dá a esposa que mastigou devagar.

— E aí? — Ele estava ansioso para saber o que a esposa achou do mais novo prato que aprendeu no restaurante que trabalhava.

— Hummm... Não sei... — Sandra fala. — Acho que preciso de mais umas cinco garfadas para descobrir. — Francis ri sabendo que a esposa gostou.

— É a vez da princesa. — Ele faz o mesmo que com a esposa, Edany prova a pequena porção em sua boca e depois sorri. 

— Gostou majestade? — Os olhos de Francis brilhavam em expectativas, era mais um prato que se tornou a sua especiaria no restante.

— Não... Falta sal... Tempero...— Francis estreita os olhos. 

— Tem Certeza? — Edany sabia que seu pai estava prestes a lhe atacar com cócegas. 

— Tenho. — Ela responde com um enorme sorriso.

— Hahahaha! Aí não, para pai!

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Só depois de um tempo percebo o quanto já tinha chorado. Lembrar deles me causou muita dor. Hoje completo uma semana sem minha vida.

Sento na mesa para comer o que sobrou do Cassoulet. Cada pedaço se torna amargo quando descia pela garganta.

Não sei até quanto tempo irei aguentar...

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Primeiro capítulo de muitos!!!!

Um beijo 😘

Dicionário:

**Cassoulet => Originário das cidades de Carcassonne, Castelnaudary e Toulouse, este clássico da culinária francesa teria nascido durante a guerra dos Cem Anos como um cozido feito com todos os ingredientes disponíveis para dar forças aos soldados. Ideal para o inverno, o cassoulet é uma espécie de feijoada, preparado com feijões brancos, frango e variedades de carne de porco.