21 [ Eudaimonia ]
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ㅡ Amor... ㅡ Digo perto de seu ouvido, com cuidado para não o assustar caso ele acorde, o que não acontece de jeito nenhum porque ele não acorda. Drasticamente, eu tomo a decisão de fazer algo. Me aproximo bem perto, e então grito: ㅡ Acorda!!!
Num salto quase colossal, o corpo de Jun é levantado na cama no mesmo instante, e com uma expressão catatônica ele diz em um momento de desnorteamento, depois de respirar fundo e perceber minha presença: ㅡ O que foi, meu bem? ㅡ Sua voz está rouquinha pelo sono recente, e eu quase aperto sua bochecha por isso.
Nada fugindo do que quero lhe contar com entusiasmo, eu quase grito novamente: ㅡ Jun, você dormiu aqui! ㅡ E tento não pular em cima dele.
Ele, por sua vez, não expressa nada no rosto lindo e perfeitamente inchadinho pelo sono. Apenas me olha seriamente enquanto analisa o que aconteceu.
Sobretudo, eu engulo em seco porque não será sua reação sobre isso, mesmo que tenha a segurança de que a culpa não é minha nem dele, e que ele jamais ficaria estressado por isso. E por assim dizer, no momento seguinte um largo sorriso é aberto em seus lábios para que ele tome meu rosto em mãos e diga, animado demais para um domingo monótono:
ㅡ Amor, isso é maravilhoso! ㅡ Aos poucos, ele aproxima os lábios de minha bochecha saltada e deixa um beijo ali, daqueles bem gostosos e demorados que carregam todo o entusiasmo de alguém apaixonado por uma pessoa incrível.
Sem saber o que fazer senão retribuir o gesto, eu peço: ㅡ Posso te dar um beijo na bochecha? ㅡ Não só minha boca pede, mas meus olhos também, porque aposto que estão brilhando pela felicidade que tenho ao lado de Jun.
Indicando um sim com a cabeça, ele sorri e depois aproxima a bochecha de meus lábios.
Desta forma, eu levo minha mão até seu queixo na intenção de trazê-lo mais para perto, até que eu deposito o beijo ali, bem demorado e gostoso, na bochecha saltada e gostosinha.
Puxa, a bochecha dele é tão dele... Parece aquelas bochechas de crianças fofas que você se poderia apertar pela eternidade que não chegaria nem aos pés do cansaço.
Quando termino, eu afasto seu rosto do meu e aproximo sua testa da minha. Eu as encosto, esfregando nossos narizes logo em seguida com um turbilhão de sensações invadindo meu peito e balançando meu estômago de gente apaixonada.
ㅡ Sua bochecha é tão gostosa ㅡ comento, sorrindo bobo, bobo.
ㅡ Eu amo beijar as suas. São tão gostosas e me lembram de como você se parece um bebê mesmo sendo adulto. ㅡ Deslizando uma das mãos pelos meus fios platinados, Jun sela seus lábios em minha testa antes de dizer: ㅡ Agora, banho. ㅡ E diz.
Eu sorrio bem largo, porque não há nada que eu queira mais do que tomar um banho gostoso ao lado do meu amor.
Após me sentar na cama, meio tímido por estar pelado, meu namorado vêm até mim para me pegar no colo.
Por fim nós tomamos um banho quente e bem gostoso. Jun me deixou fazer um monte de coisa no seu cabelo cheio de espuma e reclamou que tem que cortar um pouco dele mas não estava sobrando tempo, e eu disse que está lindo assim e que não precisa cortar, além num bom tamanho, na altura da orelha.
Ficamos ali, por um longo tempo abaixo do chuveiro, com Jun peladinho gostoso e malhado da Silva. E depois que terminamos, eu até tirei uma foto de seu abdômen úmido para colocar no storie do insta e mostrar o quanto meu dom é gostoso.
Eu ri como o quão evoluímos nossa relação em tão pouco tempo, e isso soa tão bonito que eu me sinto induzido a lhe dizer, quando acabamos de almoçar o kimchi que eu fiz: ㅡ Jun, você percebeu algo? ㅡ Com as pernas cruzadas em borboleta sobre a cadeira aconchegante, eu o olho detrás do balcão dali da mesa, observando suas costas nuas ㅡ porque resolveu tirar a camisa ㅡ enquanto ele prepara umas panquecas pra sobremesa que quis fazer de última hora.
ㅡ O que, meu bem? ㅡ Questiona ele, aparentemente depois de analisar o que estou falando e não chegar à conclusão nenhuma.
Eu remexo minhas pernas sobre a cadeira, apoiando as mãos sobre a madeira fria da mesa.
ㅡ A gente fez amor pela primeira vez. ㅡ Digo em tom mais inibido, os olhos abaixados para minhas mãos e as bochechas quentes demais.
Calmamente, eu sinto Jun me olhar lá do fogão, os fios escuros pendendo em sua testa quando ele diz: ㅡ Eu percebi, anjo. Mas não comentei por achar que isso não era tão importante para você. ㅡ E voltou a mexer na panela.
Eu sorri, meio bobinho.
ㅡ E-e... ㅡ Pondero, entrelaçando meus próprios dedos sobre a mesa ao momento em que questiono a ele: ㅡ Foi... especial... pra você? ㅡ E engulo em seco, meio envergonhado.
Meu namorado não responde nada por alguns segundos. E eu já me acostumei com o fato de que quando ele faz isso é porque vai responder o que perguntei com mais calma depois.
Ao instante em que termina de colocar as panquecas num prato para trazer à mesa, ele caminha silenciosamente até mim, depois se senta após colocar os pratos em nossa frente, e então pega uma das panquecas para logo me oferecer.
Eu abro a boca, aceitando a massa amanteigada que ele têm entre mãos.
Instantes depois, então, ele responde minha pergunta: ㅡ Tudo que eu faço com você é especial. Desde uma foda permeada por prática de fetiche, e além do amor que fizemos ontem. Cada uma das coisas, Jimin, todas elas... São como inúmeras e novas primeiras vezes. ㅡ Desliza os dedos compridos por uma de minhas têmporas, em seguida me oferece mais da massa gostosa que ele preparou para mim.
ㅡ Sabe, Jun... ㅡ Eu dispenso a panqueca, a pegando de sua mão. Depois, eu quem a ofereço para ele. ㅡ Você faz cada dia da minha vida ser especial de um jeito diferente, e isso é tipo... Puxa. Você não só me faz ter uma sensação de eudaimonia à todos os amanheceres do dia, mas também traz aquela segurança e novidade que parece que nunca vai acabar. ㅡ Comento seriamente, e quando termino, ele está mastigando a panqueca porque aceitou que eu lhe desse na boca.
Eu o espero comer, mas não espero por uma resposta porque sei quantas palavras bonitas Jun sempre têm reservadas para mim que não precisam ser ditas para que eu saiba disso. No entanto, ela vêm instantes depois que ele termina de engolir o bolo de comida.
ㅡ Você também sabe desarmar com palavras, só não aproveita muito dessa vantagem ㅡ sorri nasalmente, e então aceita mais um pedaço, mordendo na massa no momento seguinte.
ㅡ Essa arma combina mais com você.
Nós passamos a tarde em nosso lar temporário.
Eu me senti um recém casado, trocando carícias com Jun no sofá enquanto rodamos o catálogo da Netflix ㅡ a qual descobri que ele só sabia da existência porque Tae vivia falando de uma série chamada Elite ㅡ para achar algo. No fim das contas, não encontramos nada e dormimos por pelo menos quatro horas, até que a campainha tocou e Jun teve que se levantar para atender, me tirando de seu braço e me deixando no sofá enquanto foi checar quem era.
Nada afim de ir lá também, eu continuei no sofá, a cara pregada no estofado macio enquanto ele abriu a porta e falou algumas coisas para quem estava do outro lado, e loco esse alguém foi embora.
Estava com tanta preguiça que nem me dei ao trabalho de ver quem era, já que supus vagamente ser Namjoon. Sobretudo, quando Jun voltou para perto do sofá oposto ao que eu cochilava e um silêncio se instalou ali, eu abri os olhos com um pouco de dificuldade para ver o que havia acontecido.
Primeiro eu vi seu rosto ainda meio amassado por nosso sono bem dormido, e em seguida, ele vestido por uma camisa de mangas compridas porque provavelmente o fez para atender a porta. Mas o que mais chamou minha atenção foi a caixa enorme envolta por um papel de presente brilhante.
Eu arregalei os olhos, me sentando no instante seguinte.
ㅡ Como dormiu, meu bem? ㅡ Ele questionou, absorto no modo como eu parecia atordoado ao ver aquela caixa e o largo sorriso estampado em seu rosto.
ㅡ Quê que é isso? ㅡ Mirei a caixa, muito curioso.
ㅡ Você só vai saber depois que responder minha pergunta. ㅡ Desta vez, ele parecia sério.
Segurei uma revirada de olhos.
ㅡ Sim, dormi. ㅡ Lhe dei um sorriso quadrado tipo os que Tae dá quando finge simpatia. ㅡ Agora, o que tem aí? ㅡ questionei.
Jeon, por outro lado, suspirou baixo e se afastou um pouco para o lado do assento do sofá para indicar que eu me sentasse logo em seguida.
Como o anjinho submisso que sou, fui bem rápido e me sentei lá, as mãos apoiadas sobre o colo enquanto esperei que meu namorado dissesse algo.
Então, enfim, ele entregou a caixa para mim e disse: ㅡ Abra.
Sem pestanejar eu puxei o grande laço de fita vermelha e logo depois o embrulho, revelando uma caixa branca em madeira, e só então percebi o quão pesada ela era pelo material do qual foi feita.
Ansioso e quase taquicárdico porque amo surpresas, sem falar que isso parecia um presente tipo os acessórios para petplay que Jungkook havia me dado ㅡ por falar nisso...
Eu paro de levantar a tampa, olhando para Jeon. ㅡ Onde está minha gargantilha e nossos acessórios pra petplay? ㅡ Indaguei, meio confuso.
ㅡ Guardados. Agora termine de fazer o que estava fazendo. ㅡ Indicou a caixa semiaberta, e com um bico emburrado eu voltei a abri-la, desta vez encontrando um papel branco acima de alguma coisa.
Olhei nos olhos de Jun, recebendo uma confirmação muda de que eu devia continuar.
Então, assim que levantei o papel, não consegui fazer nada senão apoiar a mão no lado esquerdo de meu peito e suspirar fundo enquanto arregalei os olhos que eram alternados entre Jungkook e o adereço.
Rapidamente, eu deixei o objeto com caixa e tudo de lado para no instante seguinte pular no colo de Jungkook e entrelaçar meus braços ao redor de seu pescoço como um torniquete. Mas sem sufocá-lo.
Depois que ficamos assim, por alguns segundos, ele acariciou minhas costas e me olhou nos olhos para indagar: ㅡ Você quer colocá-la?
Eu fiz uma negação com a cabeça, por uma descrença muda de que ele estava mesmo fazendo uma pergunta tão retórica assim.
ㅡ Claro que quero! ㅡ Dei alguns pulinhos em seu colo, que pareceram mais como quicadas já que minhas pernas estavam uma de cada lado de seu corpo.
No entanto, ele ignorou minha falta de controle físico e puxou a caixa branca para perto, trazendo também a coleira que estava dentro dela.
Assim, eu sorri quando ele disse: ㅡ É couro. Ela vai ficar com você, e deve ser limpa com pano úmido e guardada em local seco e arejado. Você pode optar por usá-la só quando formos praticar ou em ocasiões rotineiras. Eu guardei a gargantilha para que você use agora, já que aposto que quer usar a coleira, mas sabe que será estranho aparecer no trabalho com um adereço como esse. ㅡ Explica, estendendo-a para que eu a pegue.
ㅡ Jun, o que ela simboliza? ㅡ Indago.
Na verdade eu já sei, assim como sei de várias coisas relacionada ao BDSM porque pesquisei naquele site que entrei, inclusive sobre a coleira. Mas eu quero ver Jun explicar, porque o modo como ele explica é diferente de tudo e bem mais especial.
Ele sorri, então, acariciando levemente a minha mão que segura a coleira.
ㅡ A coleira indica uma posse metafórica para mim, todavia ela é um indício de redenção total do submisso para outros dominadores, a maioria deles. Nessa coleira, aqui ㅡ segura o pequeno cadeado dourado, girando-o para que eu veja sua parte traseira ㅡ está gravado o meu nome. Então, se você usá-la, estará indicando que eu sou seu dom, e você, meu submisso.
Eu sorrio, bobo com o modo cuidadoso que Jun observa e afaga a coleira juntamente às minhas mãos.
ㅡ Você pode colocar em mim agora? ㅡ Peço, todo sorrisos.
Mas ele me olha seriamente. ㅡ Eu gosto sempre de ter tudo organizado, meu bem. Então, eu preciso saber primeiro se você a usará, e se aceita ser meu submisso, já que nunca fiz um pedido formal.
Outra pergunta retórica.
ㅡ É claro que eu quero, né, Jun! ㅡ Quase o estripo quando volto a abraça-lo.
Finalmente ele ameniza a expressão meio receosa, e então diz algo que poderia ter me deixado aborrecido se não fosse a adoração que tenho pela organização de Jun.
ㅡ Portanto, posso deduzir claramente que você não a usará além de nossas práticas D/s porque ela chama atenção, então você só poderá experimentar quando fomos ter outra relação sadomasoquista. ㅡ Determina, levando tudo na burocracia como sempre. Eu gosto disso nele. É uma das coisas que mais admiro. ㅡ E você não viu todo o conteúdo da caixa. ㅡ Volta a trazê-la para perto, sugerindo que eu a abra.
Não demoro muito a fazê-lo, já que mais uma vez sinto a curiosidade me mover a vasculhar o suporte de madeira, que instantes depois descubro ter um compartimento abaixo onde têm mais uma coleira.
Puxa, Jeon Jungkook quer me matar!
ㅡ Jun! ㅡ Desta vez levanto o acessório para cima de modo entusiasmado, rumo à luz, observando como o couro negro e fosco parece brilhar perante a lâmpada fluorescente.
Sinto seus dedos acariciando minha bochecha, e depois eu me aproximo mais de seu rosto até que eles estejam juntinhos e facilmente próximos para que eu o beije, mas não é isso que faço. ㅡ Essa eu posso provar? ㅡ Peço baixinho, em um tom de pedido mais manhoso que consigo.
Então ele gargalha. Dá aquela risada gostosinha em divertimento pela minha mãnha.
ㅡ Não, meu bem. Só quando formos praticar. ㅡ Explica ele, ainda sorrindo de meu bico que se torna aborrecido.
Aish, chato! Também não quero mais essa porcaria de coleira.
Mentira, quero sim.
ㅡ Tá. Mas então cadê minha gargantilha? ㅡ Cruzo os braços ao empinar o queixo em sua direção.
Ele o segura entre os dedos, fazendo com que eu o abaixe no momento em que deixa sua expressão se tornar séria.
ㅡ Estou muito liberal com você. É melhor que deixe de ser mal criado por um instante.
Automaticamente me lembro da punição, e por isso eu me encolho até voltar ao normal e ficar bonzinho com Jun. Eu tenho curiosidade e vontade de saber como é, mas ao mesmo tempo um pouco de medo. Todavia, as pessoas com quem já tive contato virtual e falei sobre isso, disseram que ter medo é normal, e que o anormal é sentir só medo e nada mais.
Existem três coisas que eu tenho sobre punição. E elas são: Medo, porque não sei como é; Ansiedade, porque sempre a sinto em ocasiões que me exigem bastante atenção e energia; E tesão, pois os objetos que geralmente são usados causam isso em mim e porque Jun sério me faz ficar de quatro automaticamente.
Entretanto, quando vou questionar um pouco mais sobre o contexto do que ele disse, seu telefone toca e eu sou obrigado a sair de seu colo para que ele o atenda.
ㅡ Espere aqui, meu bem. Ainda quero te mostrar mais algumas coisas. ㅡ Me deixa sentado no sofá enquanto atravessa saleta, indo diretamente à mesa quando pega o celular e olha para a tela, depois para mim sem expressão alguma além de seriedade, e então se distância até e sai para afora de casa.
Confuso, eu fico ali no sofá, roendo minha unha do dedinho pela curiosidade.
Eu sei que é errado ouvir a conversa dos outros atrás da porta... Mas, aish, será que eu devo?
Aquela expressão inexpressiva no rosto de Jun poderia ser interpretada como tudo, menos normal.
Mais alguns instantes ali, e de repente já estou na ponta dos pés correndo até a porta.
ㅡ Quando foi? ㅡ Sua voz parece firme como rocha, e ele não diz nada além disso por alguns segundos estendidos, até que a tonalidade de sua voz pareça entregar raiva. ㅡ E por que não me ligou antes? Era uma ligação. Uma.
Não posso ver, mas consigo sentir seus dedos serem apertados ao redor do celular.
Eu costumo ser muito duro na queda e não sentir muitos efeitos colaterais do que acontece ao redor, mas quando se trata de coisas que ocorrem com quem tem importância sentimental para mim, todo esse escudo que tenho contra sentimentos alheios parece ser quebrado.
Por isso, minhas pernas bambeiam por nenhuma possibilidade estar passando em minha cabeça sobre o que houve e porque Jungkook está... Neste estado.
Aperto mais ainda meu ouvido contra a porta, conseguindo ouvir uma voz do outro lado da linha dizendo coisas rapidamente enquanto também ouço Jeon andar de um lado para outro sobre a madeira da varanda.
Eu quero ir lá e perguntar o que está havendo e pedir para que ele cesse essa ligação e o modo que anda sobre a varanda, porque o prefiro calmo como sempre é e nada descontrolado assim.
ㅡ Porra, Taehyung. ㅡ Ele esbraveja, finalmente revelando quem está no outro lado da linha.
Que diabos Tae fez dessa vez?
Continuo ali, tentando ouvir mais, mas não consigo captar nada além de um silêncio ensurdecedor que só percebo que Jun parou de andar de um lado pro outro quando a porta é aberta.
Em um salto eu pulo para trás, uma mão no coração, outra na parede e as costas também.
Fecho os olhos, respirando fundo.
No entanto, quando acho que vou levar um sermão daqueles por estar escutando sua conversa atrás da porta, a única coisa que ele faz e me olhar com firmeza e um brilho diferente no olhar para caminhar pelo corredor e ir diretamente para nosso quarto de casal.
Eu o acompanho pelo trajeto com meus olhos, sem coragem para me sentir no direito de questionar qualquer coisa, já que escutei sua conversa atrás da porta.
Mas poxa, foi no impulso! E eu estava realmente preocupado.
Então eu volto para a sala, me sentando no sofá à sua espera e à espera de uma justificativa sobre aquela ligação.
Fico ali, por alguns segundos, até que ouço lá do quarto a porta do guarda-roupas ser batida com certa força.
Eu dou um pulo no sofá, e não demoro muito mais para ir até lá e saber o que está havendo, de fato. Porque já estou começando a ficar com medo.
Parado na porta do quarto, eu levo minha mão em punho até a madeira e bato uma, duas, três vezes. Devagar e não muito alto, não querendo assustar Jeon.
Depois de segundos sem resposta, eu tento: ㅡ Jun ㅡ o chamo, tentando não soar manhoso como de costume.
Mas ele não responde.
Eu fico ali, sem saber o que fazer senão esperar sua vontade de sair para me dar alguma resposta. Portanto, tudo que ouço é um barulho de roupas como se ele estivesse se vestindo, depois o da escova sendo sobreposta na penteadeira, e em seguida o barulho de um cinto de afivelado.
Eu engulo em seco ao imaginar o couro de seu cinto, mas tento continuar firme.
ㅡ Jun... ㅡ Chamo mais uma vez, já quase chorando de desespero.
Mas ele não responde nada. Apenas abre a porta e diz, ao me olhar através de óculos escuros os quais nunca o vi usar antes: ㅡ Eu vou precisar sair. Fique aqui. A vizinhança é povoada, e de qualquer forma vou pedir para que Taehyung venha lhe fazer companhia até que eu volte.
Não sei se isso é coisa da minha mente confusa pelo que está acontecendo, mas eu posso quase afirmar que a voz de Jungkook foi forçada para parecer firme.
ㅡ Tudo bem... ㅡ Eu opto por não ficar na defensiva, porque tem algo errado e eu não sei o que é, mas de qualquer forma certamente é algo muito ruim para que Jungkook saia de sua linha de paciência e racionalidade normal.
Sem dizer nada, ele deixa um beijo bem demorado em minha testa, como se transmitisse algum tipo de pezar ou segurança de que tudo vai ficar bem. Eu seguro sua mão quando ele está prestes a ir embora, e então abaixo a cabeça ao perguntar, tentando não mostrar meu aborrecimento: ㅡ Quanto tempo?
Ele engole em seco, puxando a própria mão de modo relutante depois que diz: ㅡ Não sei, amor. Eu realmente não sei.
Então, sem mais delongas, mais uma vez ele me deixa.
Mais uma vez, por outra porta, ele me deixa sozinho.
Não é como se eu não entendesse o seu lado controlador e como isso é importante para ele, mas eu realmente queria saber o que havia acontecido.
De dentro eu escuto os pneus do carro de Jungkook girarem no asfalto quando ele sai acelerando em uma velocidade que não julgo ser saudável, mas não há nada que eu possa fazer quanto à isso.
Neste momento, eu entro para dentro de nosso quarto e olho para a cama na qual fizemos amor noite passada, e só uma pergunta me passa pela cabeça: Por que parece que nunca vamos ter paz?
Mais uma vez, numa fração de segundo, eu me sinto esgotado. Minha cabeça dói, eu quero me aninhar nesse colchão e me afundar nele, e não quero ver ninguém.
Então me deito na cama em posição fetal e penso no que devo fazer com Jun lá fora, mais uma vez me deixando para trás sem explicações, eu aqui, solitário e sozinho nessa casa que mesmo com essa tensão instalada parece aconchegante.
Me mantenho assim por longos minutos que se estendem por quase uma hora, mas então uma ideia surge e de todo ela não é descartável.
Me levanto rápido e me visto com um dos pares de roupas simples que Jungkook pediu para Namjoon trazer lá de casa para mim, hoje de manhã logo após acordarmos.
Depois, como se eu fosse o Flash, checo se a casa está toda fechada corretamente, e então saio para fora após trancar a porta e levar as chaves comigo, que caminho até o fim da rua para chegar na Avenida principal.
O dia está úmido, parecendo indicar que vai chover mais tarde.
Quando paro na primeira esquina, vejo um táxi vazio vindo, então aceno e após ele parar, entro e dou o endereço da casa do pai de Jungkook, onde sei que Taehyung mora e onde provavelmente Jun está.
Como não sei em que endereço de Daegu estamos, tento não pensar que o caminho até lá vai ser longo para evitar roer todas as minhas unhas. Mas no meio do caminho, quando se estendem longos quinze minutos que parecem durar uma hora, eu começo a roê-las e quando finalmente chegamos no portão da mansão, já não tenho mais nenhuma unha grandinha.
Eu desço, pago o táxi, e então peço para que o motorista me espere porque caso Jun não esteja, eu tenho que voltar e pegar táxi aqui não é fácil.
Todavia, quando vou falar com o porteiro que já me conhece para que ele libere minha entrada, vejo dois carros escuros parados frente à grande porta da casa-mansão.
Parado na escada, está Taehyung.
Chorando.
Ao seu lado, o namorado que tenta reconfortá-lo, mas Tae parece irredutivelmente triste.
Então uma mulher o abraça, em seguida abraça o Pai de Tae e Jun que aparece porta afora.
O mais estranho, é que ele também está chorando.
Eu fico ali, pasmo. Sem saber o que fazer.
Mas alguns instantes depois, eu percebo algo; Eles estão todos vestidos por roupas pretas. Inclusive Taehyung, que veste um terno o qual nunca imaginei que fosse vê-lo usando.
Então, tudo fica óbvio.
Sem chão porque imagino perfeitamente como Jun deve estar se sentindo, eu engulo em seco ao voltar para o carro e pedir ao taxista que me leve até o endereço onde eu estava antes de ter a ideia de vir para cá.
No caminho eu tento segurar o choro, evitando imaginar a dor emocional de Jungkook.
Neste momento, eu sei que somos um instante e em um instante não somos nada.
Ao chegar na casa onde eu e Jun estávamos, eu entrego o dinheiro ao taxista e lhe agradeço em uma breve reverência. Depois, seguro as chaves de casa com a mão trêmula e entro para dentro, me deparando com as luzes acesas de um modo que eu não tinha deixado.
Receoso, eu volto para fora e depois vejo o que não percebi. O carro de Jungkook está parado logo ao lado da calçada.
Tremendo mais ainda, eu não estou preparado para dizer qualquer coisa à ele quando entro para dentro mais uma vez e me deparo com seu corpo encostado na ponta do corredor.
O estranho, é que ele parece perfeitamente firme.
Eu o olho, sem saber o que dizer.
ㅡ Eu disse para você não sair ㅡ a voz firme diz de repente, e eu quase dou um pulo de susto, o coração batendo sem parada.
ㅡ Eu estava preocupado. Fui até a casa de seus pais para saber o que houve. ㅡ Tento explicar, amedrontado.
Jeon, por outro lado, apenas sorri amargo para dizer: ㅡ Também fiquei preocupado por você sair sem avisar. Afinal, eu havia dito para que ficasse aqui. ㅡ E começa a caminhar em minha direção.
Abaixo as mãos, as segurando juntas enquanto também abaixo a cabeça e engulo em seco. ㅡ Desculpa, eu não sabia que ia causar isso.
Então, quando ele para frente à mim, acaricia o topo de minha cabeça, analisa: ㅡ Hoje, você ignorou uma pergunta por um bem material. Depois, escutou minha conversa atrás da porta. E então, saiu sem avisar para onde ia e me deixou preocupado quando voltei e não te encontrei aqui. ㅡ Com uma pausa entre uma observação e outra, ele diz em um tom frio, mas ainda assim cuidadoso.
E eu estou pronto para pedir minhas inúteis desculpas mais uma vez quando ele impede;: ㅡ E você pede desculpas na mesma frequência que persiste no erro.
Minhas pernas tremem.
Jungkook desliza os dedos até meu queixo, e então o levanta em sua direção de modo que eu o olhe nos olhos para que enfim diga:
ㅡ Acho que está na hora de fazer o que eu devia ter feito há algum tempo.
🐥
E aí, quais são as conclusões sobre esse capítulo? Sabem o que vai acontecer no próximo com base no que o jk falou por último? :D
Um monte de beijo na bochecha e até a próxima ^^
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