[16] Through warmer eyes
🐍🔥
JUNGKOOK
Park Jimin.
Esse é o nome do menino-homem que está me tirando dos eixos.
Estar com Park Jimin é como mergulhar em mares profundos e imprevisíveis, pois a cada momento em que me infiltro mais em seu íntimo denso, constantemente me deparo com acontecimentos imprevisíveis, assim como no amanhecer após aquela noite em que ele dormiu no quarto de Taehyung.
Quando Jimin desceu as escadas, já vestindo a muda de roupas que deixei separada para que ele trouxesse no dia anterior antes de sermos interrompidos, ele se aproximou rápido enquanto tentei controlar o calor em meu peito conturbado para lhe desejar um bom dia.
Entretanto, como o garoto impulsivo e ágil que é, me interrompeu antes, para dizer em um tom firme daquela voz de anjo que tanto admiro: ㅡ Jungkook, acabou.
Franzi o cenho, um pouco desentendido da situação.
ㅡ Bom dia, meu bem. O que houve? ㅡ Cumprimentei-o e questionei com calma enquanto procurei com meus olhos os seus, que foram desviados agilmente, me possibilitando entender que havia algo errado.
Aquelas orbes espertas não costumam perder sequer uma reação do ambiente, a menos que Jimin esteja desconfortável ou haja um problema lhe rondando a mente hiperativa.
ㅡ Você nunca me explica nada. ㅡ Ele disse, amuado.
Eu me sentei para pedir que tivéssemos a conversa que sugeri no dia anterior, antes de darmos início a uma outra não menos necessária, na qual incomodamente fomos interrompidos, o que me faz pensar que esse é a causa primordial de seu mau humor.
ㅡ E não adianta pedir para eu sentar que eu não vou fazer isso, okay? ㅡ Esbravejou, fazendo um bico adorável assim que cruzou os braços sobre o peito.
Segurei um riso bobo para analisá-lo, já que conheço bem o tipo de tempestade instável e imprevisível que representa Jimin, e é claro que a julgar por seu semblante adoravelmente emburrado não demorou muito mais tempo para que eu notasse o verdadeiro motivo da pequena discórdia.
Possivelmente Taehyung tentou falar com ele daquele seu modo estranho que só Jimin entende, que provavelmente ele interpretou errado e agora tomou uma decisão impulsiva.
Jimin não é mais um adolescente, pois foi obrigado a ser adulto mesmo quando ainda era apenas uma criança excluída do ensino fundamental, e é por isso que seu jeito indiscreto e sutilmente infantil se torna tão visível agora, o fazendo parecer uma criança mimada.
O errado é que o deixo mal acostumado, e o problema é que eu gosto de fazer isso.
ㅡ Meu bem, sente-se aqui, por favor ㅡ tentei acalmá-lo, indicando meu colo com as mãos para que ele se sente na intenção de que fique mais calmo porque sei bem que Jimin não resiste a sentar-se em meu colo.
Embora seja difícil controlar os pensamentos impuros quando suas nádegas estão pousadas sobre minhas coxas, eu não posso negar que elas são macias e fofas à ponto de que eu sinta negação perante ao fato de que um dia terei que puní-las.
Após bufar e jogar os braços para baixo em um ato monótono, simultaneamente, Jimin revirou os olhos e sentou-se em meu colo com o cuidado tímido que nunca abandona seu semblante em horas assim, independente da situação, e esse é um dos motivos pelo qual eu o acho tão único.
ㅡ Me diga o que houve ㅡ pedi, acariciando sua coxa para acalmar os ânimos sobrecarregados da atmosfera ao nosso redor.
Ele revirou os olhos mais uma vez, e então proferiu em uma voz afrontosa: ㅡ O que houve que você sai sem mais nem menos, corta nossos momentos de afeto e não me deixa te tocar. Qual o seu problema, Jungkook? ㅡ Na questão havia uma linha de frustração nos olhos inteligentes, e eu cogitei o que responder, como sempre, pois não é novidade que raramente consigo uma resposta rápida para suas perguntas inesperadas que parecem ter o objetivo de me confundir. Porém, não acho que seja possível falar sobre isso com Jimin.
Muito provavelmente ele banalizaria o assunto, e o fato é que o assunto se trata de algo que me deixa fraco.
Fraquezas.
Essa é, de longe, a palavra causadora de minha maior repúdia.
Demonstrar fraquezas não é minha atividade favorita, pois elas dão o poder para alguém que as conhece de me deixar no chão, e se tem algo que não é de meu agrado com certeza é mostrar o que me atinge.
Não é conveniente trazer meu passado à tona assim, de modo tão impensado. Além de causar meu próprio desconforto, provavelmente o causarei em Jimin, que embora ultimamente eu esteja o fazendo em certa frequência rotineira, essa sensação está no último lugar da lista das que quero causar em meu garoto.
Por isso pensei em uma resposta simples para que ele entenda, mas antes que eu conte aquilo que não é conveniente nem para mim, Jimin diz, impulsivo: ㅡ Quer saber, Jungkook? Eu não quero saber o porquê. Eu já cansei dessa ladainha. ㅡ Se levantou de meu colo, mau humorado ao cruzar os braços mais uma vez.
ㅡ Se lembra da conversa que queria que tivéssemos ontem? Ela é explicativa. Nós podemos tê-la agora. ㅡ Sugeri, o olhando com cuidado.
Como um redemoinho se formando, ele escarneceu a risada, para no instante seguinte determinar: ㅡ Não, Jungkook. Eu quero um tempo da gente e dessa farsa. Você não confia em mim, e agora eu estou pensando que não devo confiar em você, já que você nunca me conta a verdade. ㅡ Disse em um tom que não julgo sério o suficiente. ㅡ Ah, e não me procure. Eu preciso de espaço. E não me pergunte porque eu preciso. ㅡ Afinou a voz para proferir as frases finais em uma imitação, me lembrando rapidamente de quando pedi isso na discussão que tivemos em sua antiga casa.
ㅡ Jimin, por favor, não seja tão teimoso. Vamos conversar como adultos. ㅡ Sugeri com a paciência que ele me faz adquirir de algum lugar em meu subconsciente.
ㅡ Não, Jungkook. Eu realmente preciso de um tempo. Eu não quero suas explicações que nunca justificam suas ações, então não me procure até que eu decida conversar. Agora vai ser do meu jeito. ㅡ E se pôs a caminhar para longe, me deixando plantado no sofá no instante em que minhas sobrancelhas se levantaram em surpresa.
ㅡ Onde vai? ㅡ Perguntei ao sair de minha posição para seguí-lo até a porta.
ㅡ Eu vou trabalhar, na clínica do Seok. ㅡ Disse, desafiador.
Claramente Jimin, pelo menos neste momento, só tem olhos para mim. E graças a isso não me importei com sua tentativa de me causar ciúmes, o que teria sido contrário se eu não estivesse a plena e óbvia certeza de que ele está apaixonado por mim.
ㅡ Se quiser, daqui cinco dias estarei em Daegu novamente, pois tenho uma viagem de negócios e terei de sair durante esse tempo. Nós podemos conversar e esclarecer tudo antes que assine o contrato, definitivamente. ㅡ Eu disse, o olhando nos olhos para tentar acalmar meu corpo que não está alheio a precisão de estar longe de sua presença.
Jimin arregalou os olhos bonitos ㅡ Cinco dias? ㅡ e questionou.
Eu franzi o cenho, pois acabo de confirmar que ele não foi sincero sobre o tempo que quer delimitar entre nossa relação.
Normalmente não aturo mentiras, mas com certeza abomino conclusões sobre meu submisso antes de saber as causas que o levaram a tal injuria, pois mesmo que Jimin ainda seja inconsequente sobre várias coisas relacionadas a relação D/s, com certeza ele não romperia nossa relação ㅡ que devo confessor ainda ser tênue ㅡ por algo banal.
ㅡ Sim, meu bem. Me desculpe por isso, mas é necessário. ㅡ Informo, alheio ao suspiro cansado que deixei escapar pelos pensamentos involuntários.
Ter um cargo de diretor jurídico em uma empresa onde meu próprio pai é CEO, é complicadamente ruim, pois além de apenas eu ter a completa capacidade de revisar as estratégias que podem ser conciliadas com as questões jurídicas legais da Bangtan, aqui em Daegu, infelizmente tenho que resolver assuntos de mesmo cunho em todas as outras sedes, que ficam localizadas em cidades vizinhas e também distantes.
Os funcionários não são tão competentes e sempre planejam coisas que possuem um fio solto de erro jurídico que não deve existir em hipótese alguma, o que eles banalizam devido ao salário, já que o ser humano está sempre em constante ambição, puerilizando a busca pela qualidade do trabalho.
Enfim, precisarei revisar relatórios extensos sobre os planejamentos de propagandas e projetos, participar de prováveis três reuniões que me ocuparão tempo demais e que seriam tão mais fáceis de resolver se Seokjin não fosse um perfeccionista nefasto.
Além do mais, terei de repassar cada uma das reuniões em relatórios individuais para entregar ao meu pai, que me trata não só como o diretor jurídico, mas também como um diretor de operações que não sou e nem tenho a precedência de me especializar.
E o mais importante, visitar minha mãe no Hospital Central do Câncer, na capital em que estarei instalado durante esses cinco dias.
ㅡ Quer saber? Eu não ligo. ㅡ Jimin saiu batendo o pé porta afora repentinamente, como de costume, para então caminhar em direção ao portão.
Nunca fui bom em lidar com acontecimentos assim, e o que me restou a fazer foi ligar para Namjoon levar Jimin até o trabalho, pois mesmo que o que eu queira era dar um café da manhã naquela boquinha linda, não é do agrado de meu coração correr o risco de fazer com que essa breve decisão de Jimin se prolongue.
Me sentei no sofá outra vez, relaxando o corpo para me convencer de que não é racional que eu sinta tanta falta sua em um espaço tão curto de tempo, embora saiba que já cometi o grande erro de ceder aos encantos de meu garoto, me apaixonando por ele.
Mas o ponto central não é a paixão, a qual cometi a inadvertência de demonstrar a ele que não aconteceria, mas, sim, que Jimin também se apaixonou. E o problema real, que eu não posso corresponder aos seus estímulos sentimentais. Pelo menos não por enquanto. Contudo, não costumo errar em minhas suposições, e de modo algum disso isso por modéstia, mas Park Jimin foi um erro tão bonito que embora eu não esteja sabendo lidar com ele, a cada vez me sinto mais sortudo por ser o dono daquele coração e daquele corpo lindo que ainda farei com que seja amado incondicionalmente pelo próprio dono.
E embora suas mãos sejam delicadas como as de anjos, quando ele me toca, eu gostaria muito de que meu corpo se portasse bem a tudo, porém isso não acontece devido às reações do passado no presente, como, por exemplo, quando ele desliza seus pequenos e quentes dedos em meu peito e automaticamente me recordo de algo que, em meio a poucas causas que me afetam, tem o poder de me retesar a ponto de me deixar apático.
Nos dois anos de minha adolescência nos quais permaneci morando em uma fazenda com meus tios devido ao fato de um desconcerto familiar, toda noite em que eu me deitava naquele quarto escuro ㅡ o qual me faz ter de dormir toda noite com a luz acesa mesmo depois de nove anos ㅡ, dedos percorriam meu corpo como se ele o pertencesse a quem o estava tocando.
Dedos familiares, mais precisamente de um homem que já faleceu, um homem que possuía o mesmo traço sanguíneo de meu pai, devido ao parentesco próximo, e que consequentemente possuo o seu também.
Na época eu tinha apenas quatorze anos, era um ingênuo, embora já soubesse de vários radicais da vida.
Quando ele me tocava daquele jeito, com aquela sua mão que me parece tão errática e desnuda, meu corpo inteiro repudiava seu toque sujo, mas eu me mantinha ali parado sobre a cama, por medo e covardia, enquanto sua mão rastejava pelo meu corpo sem nenhum tipo de pudôr, causando calafrios que percorriam todas as minhas veias.
Eram como sessões de tortura marcadas para a madrugada.
Até hoje, em todos os relacionamentos em que me comprometi tanto sentimental como fisicamente, em nenhum deles consegui dormir na mesma cama em que algum submisso ou namorado dormiu.
Entretanto, eu seria um tolo se não tentasse, mas na única tentativa que me propus, assim que o corpo dele, ao meu lado, foi encostado no meu em meio aquele escuro paralisante devido ao apagador que foi desligado ㅡ não por mim ㅡ, a lembrança veio para me atormentar outra vez, e então eu me tornei uma rocha sobre a cama durante toda a noite, sem conseguir fechar os olhos nem me mover.
Muitas pessoas dizem que o passado não deve interferir no futuro, mas as mal vividas sabem bem que não existe uma forma de controlar.
É uma tortura, basicamente, tanto meus pensamentos como ser tocado por alguém de modo tão íntimo.
No entanto, eu entendo que isso não deve justificar muito coisa, e também tenho a consciência de que os acontecidos assim devem ser deixados em um canto vago e impenetrável do subconsciente, mas se tem algo que não me permite ter o poder de dominar, são essas lembranças.
Portanto ultimamente não são só essas lembranças que me tiram o comando.
Eu devo dizer que tenho uma lista extensa das pessoas com quem já me envolvi sexualmente, mas Park Jimin me faz pensar em como isso é insignificante quando estou com ele, pois quando temos relações o efeito fisiológico e sentimental faz parecer como se fosse a primeira vez.
É aquele frio na barriga, o olhar profundo de desejo e a incapacidade de não render ao momento de êxtase.
Mas quando ele me toca, o paraíso parece evaporar, e a escuridão terrorista volta a tomar meu cérebro por inteiro.
E então, os pensamentos são involuntários e isso me deixam desnorteado, o que me leva a fazer uma série de coisas que não devo. E a maioria delas, com Jimin.
Quando vi meu garoto naquela boate pela primeira vez, não pude conter a cobiça pelo seu corpo estampada em meu olhar, que se minimizou a quase nada quando aqueles olhos embriagados e tão incríveis me miraram sem perceber nem ter a mínima chance de ele se lembrar no dia seguinte e a vontade de conquistá-lo ultrapassou qualquer coisa que eu estivesse sentindo naquele momento.
Eu não sou um ambicioso que cega os outros lado além do meu. Meu instinto é dominar e ter coisas sobre meu poder, inclusive corpos, bem estar e prazer, mas com cuidado e reprocidade.
Quando pequeno, eu pensava que o meu é meu, e o seu é meu também.
Isso mudou de um modo drástico quando amadureci tanto física e moralmente. Mas o que não se modificou foi minha satisfação por estar no poder, e ao ver Jimin, tão frágil fisicamente, aquela derme tão macia e gentil, a pele suave dos lábios carnudos pigmentados com algo semelhante a cereja, os fios tingidos de loiro jogados sobre a testa suada e seu corpo se movendo radicalmente sutil... Ah.
Se ele soubesse a vontade que tive de me abrigar entre suas coxas grossas.
Mas eu sei ser paciente, e tudo feito com calma é mais gostoso.
Durantes os dois meses seguintes após eu tê-lo visto pela primeira vez, eu o observei por todos os finais de semana, o que me deu tempo para perceber suas ações tão detalhadas.
Park Jimin é um detalhe formado por outros muitos, minuciosos e incríveis. E detalhes são belos e significam muito mais do que se pode ver na superfície, que foi o que fiz quando pensei que ele não teria nada mais a oferecer do que uma foda que deixaria a desejar.
No dia após vê-lo pela primeira vez, enquanto eu estava em meu escritório revisando alguns documentos, meus pensamentos viajaram pelo seu corpo lascivo sendo envolvido nas ondas sonoras da música, como se ela tivesse sido feita para Jimin dançar, e eu quis mais do que nunca tê-lo para mim, de qualquer jeito que fosse.
Não contente só com os pensamentos pecaminosos, eu me recostei na cadeira de couro e relaxei o corpo, tentando pensar em qualquer coisa que não fosse seu corpo quente contra minha ereção tão marcada neste momento.
Mas é claro, falhei.
Com cuidado, eu me assegurei de que ninguém estrasse em minha sala e liguei para Yunji, que era minha submissa daquele momento.
Quando ela chegou, eu a empurrei contra a porta e a fodi.
Fodi, pensando em Jimin.
Na sua boca entreaberta gemendo pra mim, pedindo por mais enquanto eu lhe ordenava que calasse a boca, seu corpo se movendo instintivamente contra meu pau enquanto eu me afundava nele, os olhos diabólicos escuros de desejo por mim, por meu corpo.
Claramente Jimin tem tanto uma personalidade submissa como brat. Portanto, só há duas coisas que sinto sobre isso.
Uma é vontade de bater naquela bunda gostosa.
A outra é tesão.
Com esses pensamentos meu sêmen foi expelido para fora urgentemente, me aliviando daquela tensão por Jimin, mas não demorou muito mais tempo para que eu percebesse o que havia acabado de fazer.
Eu fodi minha ex-submissa pensando em outra pessoa, e isso soou tão errado que mais tarde fui até sua casa para lhe pedir desculpas e confessar meu erro.
Yunji não se importou, apenas disse que o que tínhamos não era "tanta coisa assim", e então eu pedi para que rompessemos o que tínhamos.
De começo ela ficou chateada, isso não posso negar, pois vi aquele brilho decepcionado em seus olhos. Mas não era causa de sentimentos, e eu tinha que me preparar para Jimin.
Contudo, ela aceitou numa boa e nós decidimos ser apenas amigos, porque aliás, ela queria dar uma "variada".
E depois, naquele momento eu pensei egoisticamente em como eu posso ter tudo aquilo que o dinheiro pode comprar, e por um instante, levando em conta as informações que o meu amigo stalker, Seokjin, havia conseguido sobre ele, formulei um contrato de dominação e submissão que consistia na devoção física de Jimin para comigo e em troca eu lhe daria o necessário e pagaria o tratamento de sua mãe.
Enganar-me nunca foi algo que aconteceu com frequência. Mas assim que falei com Jimin pela primeira vez após ouví-lo proferir as palavras pecaminosas da música que Jackson performava, com sua voz angelical, quando lhe entreguei o endereço do hotel, eu errei muito em minhas suposições e percepções.
Aquele sorriso largo que possui um dente irregular podia ser notado de longe, assim como a atenção que ele naturalmente exigiu devido a sugestão que carregava.
Sugestão que me fez olhar em seus olhos quando eles miraram os meus pela primeira vez, levando meu peito a se aquecer de um modo que há muito tempo não acontecia.
Aqueles olhos abrigam muito mais que um mundo. É como um universo vasto e desafiador, e eu poderia dizer que suas orbes são opressoras se eu realmente me incomodasse.
Foram aqueles mesmos olhos que me levaram a querer lhe dar o mundo, mas ao mesmo tempo, protegê-lo dele, pois o mundo não merece Park Jimin.
Então, quando ele desmaiou, não contive que a vontade de levá-lo para um lugar confortável, e então cometi um grande deslize; Conhecer Park Jimin.
Esse foi, de longe, o maior e mais comprometedor deslize.
Naquele tempo em que ele ressonava fraco sobre o sofá confortável que foi escolhido por mim para que ele dormisse, na intenção de evitar que imaginasse ter acontecido algo entre nós dois quando acordasse em uma cama desconhecida, eu permaneci todas as seis horas acordado, observando seu rosto sereno e o modo adorável que ele proferia as palavras desconexas enquanto dormia.
E isso foi um grande descontrole, pois em hipotese alguma eu perderia horas de descanso para observar outra pessoa dormir, se é que Jimin pode receber o mero título de pessoa.
Na manhã em que ele acordou após um longo sono e esbravejou contra o modo que o tratei como um incapaz, o qual confesso ter sido rude e precipitado, eu percebi que não foi por instinto nem por egoísmo que agi tão mal.
Foi por descontrole.
Assim que ele acordou com os olhos inchados pelo sono e uma carranca no rosto lindo, eu apenas contive um riso interior em descrença pela situação em que me encontrei ao perceber que não sabia como agir e o que fazer em sua presença, com medo de assutá-lo ou soar tão opressor, e foi por isso que instantes antes de ele acordar, assim que seu sono se tornou mais leve, que eu retirei a parte de cima de meu terno e fiquei apenas com uma regata branca para evitar a aparência social demais, já que Jimin remete algo totalmente diferente.
Essa insegurança de que talvez eu tivesse o fazendo ter medo seguiu até quando não pude mais segurar minha vontade de dominar Jimin, de ver aquela aura sarcástica e provocativa degelar em mãnha e gemidos de prazer, então acabei por propôr impulsivamente o acordo, sem mencionar o contrato, o que Jimin aceitou.
Mas não por muito tempo.
De repente ele se tornou mais rígido, provavelmente por sua natureza rebelde, e então quando indaguei pela segunda vez sobre o acordo, com o contrato, já premeditado um sim sem hesitação, Jimin simplesmente disse não.
Eu não gostaria daquela mudança brusca de decisões, mas era Jimin ali, e eu sorri estorpecido pela carga de sensações que ele me causou.
Ele é incrivelmente determinado e sua opinião muda de acordo com o ambiente, o que é bastante conveniente e o faz tomar sempre as decisões mais corretas, pois tudo que fazemos em impulsos nos trazem sensações mais intensas e bonitas.
Por isso e por algo mais que notei em seus olhos mas não tinha certeza do que era, eu deixei que ele fosse embora para que no dia seguinte eu o visitasse, com um buquê de flores que me lembrou seu rostinho lindo e as orbes diabólica, porque, oras, Jimin tem o diabo nos olhos.
Como sou um apreciador de plantas, eu passei os momentos vagos de meu dia que estava quase totalmente ocupado com proporções de relatórios, pensando em qual das flores mais belas representariam Jimin.
A resposta tão procurada se fixou nos lírios.
Na China os lírios são a representação da pureza, e juntamente a cultura mundial, essas flores remetem mistério e sensualidade. Já na mitologia grega ㅡ não poderia deixar de levar em conta ㅡ, o lírio nasceu através de uma gota de lua que caiu na terra.
E Jimin não sabe, mas ele é o lírio bonito que foi plantado em meu coração, que até sua chegada era uma terra sem dono e despovoada de coisas bonitas.
Em apenas um mês meu garoto me proporcionou uma felicidade sincera que ninguém conseguiu em anos, porque é causa de química, reprocidade e devoção, e não de tempo, como pessoas ingênuas costumam afirmar.
Park despertou em mim tudo aquilo que acreditei estar morto.
A vontade de fazer algo como passear no shopping ㅡ coisa que só quis em minha adolescência mal vivida devido as responsabilidades trabalhistas as quais tive de arcar muito cedo ㅡ, a sutileza de enxergar que sentimentos profundos podem estar gravados em qualquer coisa por aí como, por exemplo, uma planta, e a verdade oculta por trás das coisas mais simples.
Quando ele me presenteou com aquela pequena árvore de Jade, eu não soube expressar nada.
A confusão de sentimentos que me tomou fez com que eu apenas sorrisse e agradecesse ao pequeno homem à minha frente, que pareceu perceber minha reação atordoada, que se deve ao fato de que Jimin faz coisas inesperadas.
Inesperadas como quando fomos visitar sua mãe, e a mesma me entregou a prova de que os genes dele vieram dela.
Os traços bonitos foram herdados da sua progenitora, que inclusive estão ofuscados pela doença, assim como os da minha.
Quando percebi a carga de amor que Jimin carregava por sua mãe e a barreira psicológica que foi gerada por algo do passado que impede que ele demonstre isso a ela, apenas cheguei à cética conclusão de que não damos valor em tudo aquilo que temos fácil, pois ele tenta visitar a mãe nos dias que pode ㅡ que são poucos ㅡ, enquanto eu, que me mantenho sempre ocupado para evitar desavenças internas, tenho uma mãe que está internada em um hospital que permite visitas todos os dias, mas que não as recebe porque todos a abandonaram.
Mas ele me mostrou indiretamente que as coisas mais bonitas são provocadas por gestos, e os arrependimentos por escolhas rígidas demais.
Por ter me inspirado em Jimin, visito minha mãe com mais frequência, levo flores e os chocolates que ela me pede ㅡ escondido ㅡ, na mesma frequência em que faço o mesmo para a mãe do meu garoto, só que em segredo.
Durante os meses em que eu e ele estivemos afastados, não pude cortar os laços totais, pois mesmo que eu quisesse já era notável que seria impossível.
Desde que nos vimos, antes que eu tomasse uma posse metafórica de seu corpo, todo meu ser já o pertencia.
E acredite, não foi por minha própria vontade que isso aconteceu.
A vontade sempre foi de estar no poder das decisões em todos os sentidos, sempre.
Mas não com Park Jimin, não naquele instante em que percebi que a paixão se transformou algo maior.
Quando o vi junto ao garoto que é seu vizinho, o qual não me lembro o nome, com as mãos apoiadas nas nádegas do rapaz de peito despido de roupas e os lábios que almejava apenas para mim colado nos dele, aquele buquê de lírios foi instintivamente amassado por minhas mãos, e a programação que planejei de irmos até um local o qual possui coleiras e adereços relacionados ao sadomasoquismo foi deixada de lado, assim como minha paciência naquele momento ㅡ o que foi um erro.
Eu jamais devia ter deixado-o sozinho, pois isso gerou nele algo que o fez pensar que sempre teria esse ocorrido para usar como um pretexto por suas ações imaturas, pois elas não são propositais, embora Jimin seja mesmo de natureza impulsiva.
O fato é que o passado está em constante colisão com o presente, tanto em minha vida como na de Jimin, e isso gera uma divergência grande entre nós.
Ele não se comporta assim de propósito, ao contrário do que muitas pessoas pensam. O que o faz ser tão sarcástico e levar quase tudo com ironia são as decepções que já sofreu, e essas duas coisas que às vezes são irritantes funcionam como uma barreira de proteção contra possíveis novas decepções e mágoas.
Eu entendo isso porque é exatamente o que faço para fugir dos momentos de realidades que não quero aceitar; Eu crio barreiras.
Com o medo covarde de sofrer, em vez de agir com ignorância e enganar a mim mesmo, eu apenas me afasto por não me sentir bem em não ser sincero comigo mesmo.
E é o que fiz quando vi aquele episódio em sua antiga casa.
Eu me recusei a aceitar que existem pessoas melhores que eu para ele, porque existem muitas. Sempre existirá. Afinal, Jimin merece alguém que possa tocar e satisfazer suas vontades mais profundas do coração.
Então, para fugir de meus pensamentos e o sentimento de ser traído, mesmo que não tenha sido de maneira alguma, eu o deixei para tentar organizar meus sentimentos confusos e novos.
E assim o fiz, apelando para a ajuda de alguém que poderia entender tudo.
A mãe de Jimin.
Ela se dispôs com afinco para me ajudar a entender tudo isso, saber como lidar com ele e, claro, manter restrição das visitas.
Park Jihyon me contou de todas as tristezas do filho, do bullying que ele sofreu na escola, das brigas com as colegas que sempre o xingavam por apelidos que não consigo nem mencionar, do pai que ameaçava tanto ele quanto a mãe, da transição corturbada para a adolescência, do descobrimento da bissexualidade ㅡ que por sinal a mãe aceitou sem questionar, dizendo que isso só diz respeito ao filho ㅡ, de quando Jimin descobriu a doença de Jihyon e de como ficou desolado por isso.
Pensando assim parece algo normal, mas não deveria ser. Nenhum ser humano merece passar por desgraças que fazem tudo ficar tão borrado no futuro.
Tão borrado que ele também se nega a lembrar, e por isso tenho certeza que não mencionará essas infelicidades até que sinta-se à vontade ou induzido por si próprio.
Desta forma, não é atoa que meu garoto tenha baixa autoestima e não ame o próprio corpo, e provavelmente nada do que é.
Como alguém consegue amar a si mesmo por vontade própria sendo que cresceu ouvindo os próprios colegas e familiares dizerem que ser fofo é ser gordo, não se encaixar em padrões estéticos sociais é ser feio, e ainda ser chamado de insuportável apenas por ser inteligente?
E foi por isso que ele viveu a vida toda tendo como apoio apenas a própria mãe, que o protegeu tanto do mundo que quando o filho precisou viver nele, de fato, foi uma tragédia.
No primeiro mês do primeiro trabalho de Jimin, sua mãe informou-me que ele infelizmente conseguiu um emprego onde foi assediado por homens de mais idade, o que o fez se auto obrigar a deixar o posto de garçom para que sua prima Yeji, logo depois, lhe chamasse para dançar na Kings of The Night, onde conquistou o título de melhor dançarino de toda Seul, mas com pouca fama por exercer a dança em uma boate onde pessoas de qualquer sexualidade frequentam e que não é tão aceita pela sociedade coreana.
Conversar com sua mãe foi bom, e embora a culpa por estar falando de Jimin por suas costas fosse grande, Jihyon mais do que ninguém quer que fiquemos juntos, e isso me fez pensar no que eu quero.
Eu quero Jimin.
Eu o quero hoje, eu o quero amanhã, e eu o quero sempre.
E foram essas vontades que se fixaram desde aquele dia que resolvi voltar devido a impossibilidade de conseguir estar feliz longe do causador de todas as minhas sensações mais bonitas.
Então, agora, sem hesitar, eu subo até o quarto de Taehyung, o encontrando deitado de um modo que me causa tiques nos olhos.
Seu corpo grande está jogado sobre a cama, os pés estão para fora e o travesseiro possui uma mancha de saliva que escorreu de sua boca durante o sono. Enfim, podem passar anos que algumas características nunca mudam.
ㅡ Taehyung ㅡ O chamo com calma, tentando tocar seu ombro para fazê-lo acordar.
Meu irmão se remexe quase que impercebível, e eu volto a chamá-lo.
Taehyung é exatamente como uma tempestade suave, mas que não deixa o caos natural.
ㅡ Taehyung ㅡ tento mais uma vez.
ㅡ Ai, sai daqui! ㅡ Ele empurra minha mão para longe com um tapa, e eu suspiro fundo.
ㅡ Só me diz o que houve ontem à noite. ㅡ Pedi, com a voz baixa.
O fato é que para falar com Taehyung, não interessa se é questão de vida ou morte ou de um detalhe mínimo, mas um cuidado extremo é necessário para que ele não emburre como uma criança mal criada.
Isso me faz lembrar de alguém.
ㅡ Eu que vou saber? Pergunta pra ele, inferno ㅡ resmungou, para em seguida se virar para o canto e se enrolar nas cobertas, o que não durou muito quando ele pareceu finalmente acordar e neste instante jogou o cobertor longe. ㅡ Espera ㅡ Paralisou, com os olhos arregalados, mesmo que ainda inchados pelo sono.
ㅡ Não... ㅡ Ele continuou olhando para os pés da cama, sem dizer o motivo de sua paralisia momentânea.
O olhei com um pouco de receio, tentando identificar em sua face o que ele estava pensando.
ㅡ O que houve? ㅡ Encorajei depois de perceber que sua boca entreaberta não seria fechada tão cedo. ㅡ Me diga, o que houve ontem à noite? ㅡ Procurei seus olhos com os meus.
Taehyung me olhou aos poucos. ㅡ Nada ㅡ E sua expressão drasticamente foi transformada em uma tranquilidade desconfiante. ㅡ Eu e ele fazemos nossos votos de melhores amigos. ㅡ Sorriu largo, e eu acompanhei a linha sincera dos olhos brilhantes do meu irmão.
Saber disso fez meu coração aquecer inultimente outra vez, o que me leva a perguntar com um sorriso levemente sonhador no rosto: ㅡ Mesmo? E como foi? ㅡ Questionei, absorto na maneira como Tae sorriu por provavelmente se lembrar do ocorrido.
Não consigo imaginar Jimin não sendo fofo em horas assim, pois sei bem que o senso amigável anda de mãos dadas com seu humor instável, e isso gera uma grande semelhança entre ele e Taehyung, já que são de naturezas muito parecidas.
É como juntar bolo de cenoura e cobertura de chocolate.
ㅡ Ah, nós somos duas musas juntos, isso é fato. ㅡ Se gabou, tranquilo ao se levantar para arrumar a cama. ㅡ O sol é escuro perto do nosso brilho. ㅡ Rodeou no assunto mais uma vez, e eu ri anasalado.
ㅡ Aonde quer chegar? ㅡ Questionei, atento ao seu modo peculiar de estender a coberta, não deixando sequer uma ponta para fora da simetria do lençol liso e recentemente lavado que substituiu pelo que usou na noite anterior.
A senhora Minwii provavelmente subirá em poucos minutos para arrumar os quartos, mas assim como eu, meu irmão faz questão de amenizar o trabalho da senhorinha cansada e adorável que foi contratada por meu pai desde há muitos anos.
ㅡ Ah, não vou camuflar nada, porque verdades devem ser ditas ㅡ Ele disse, todo indiferente, e antes que completasse com alguma das suas curiosas verdades, eu o interrompi:
ㅡ Por falar em verdades que devem ser contadas, como está Seokjin? ㅡ Levantei as sobrancelhas em uma sugestão muda que só ele pode entender.
Recebi um olhar arregalado de volta, e então ele disse, na defensiva: ㅡ Olha, você quer saber o que houve ontem à noite ou não? ㅡ Me lançou um olhar de sentido "se quer saber estou aqui, se não quer a porta para o corredor é serventia do quarto".
Lhe lançei um sorriso de canto, indicando que ainda não esqueci aquele episódio que presenciei, entre ele e seu amigo. ㅡ Me conte, querido irmãozinho ㅡ soei desafiador.
Taehyung revirou os olhos.
Não tem jeito, igualzinho o meu garoto rebelde.
ㅡ O Jimin disse que não quer mais ficar com você, porque você nunca conta nada pra ele e ele acha isso injusto. ㅡ Terminou de estender a cama.
Pensei por um instante.
ㅡ E o que devo fazer? ㅡ Indaguei, tentando confirma minha hipótese.
Taehyung se sentou na cama após soltar um longo suspiro cansado, depois ajeitou a postura ainda desajeitada pelo sono e relatou: ㅡ Sabe, Jungkook, o Jimin é bem carente de afeto. Você devia parar com isso, de ficar escondendo as coisas dele. Ele se sente imaturo quando você o faz. ㅡ Explicou.
Suspirei, sentindo a carga de culpa por chatear meu garoto. ㅡ Sim, você tem razão. ㅡ Massageei os olhos na tentativa falha de buscar alívio. ㅡ Eu estou deixando meu trabalho por Jimin, mas isso não parece suficiente. ㅡ Deslizei os dedos por meus fios de cabelo, frustrado.
Taehyung pareceu alheio aos meus pensamentos.
ㅡ Com certeza não é ㅡ e segurou minhas mãos entre as suas de um modo fraternal que me aconchegou brevemente. ㅡ O Jimin não quer que você deixe seu trabalho ou que dê o mundo pra ele. Ele só quer dez minutos do seu tempo, uma caixa de chocolate e um buquê de flores. Aliás, de lírios. ㅡ Taehyung explicou, tentando me ensinar algo.
Eu preciso fazer por Jimin o que ninguém nunca fez, pois é o que quero ser para ele.
Eu quero ser para o meu garoto a pessoa que está disposta a tudo por ele, e se for preciso, eu farei uma terapia para superar esse trauma para que ele possa me tocar da maneira que quer.
ㅡ Vou cancelar tudo e dar prioridade para o meu garoto. ㅡ Determino ao me levantar, com um calor inspirado atravessando meu peito.
Entretanto, antes que eu saia de seu quarto, Taehyung me interrompe.
ㅡ Mas tem um porém ㅡ ele diz, levantando as sobrancelhas com um sorriso quadrado.
O observo, meio receoso, e eu não preciso questionar para que ele me conte o que me faz soltar um suspiro cansado.
ㅡ O Jimin está determinado a te testar. ㅡ Explicou, e na medida em que ele comprimiu os lábios em algum tipo de pena sobre mim, eu franzi o cenho.
ㅡ Que tipo de teste?
Jimin realmente é imprevisível, e eu seria um mentiroso se disse que não temo a esse teste, o que também parece estar acontecendo com Taehyung, pois ele não deixou a expressão insinuante demais para dizer: ㅡ Bom, eu sei que teste é. Mas quanto a você, só vai descobrir quanto for na Desire às onze da noite de hoje. ㅡ E deixou dois tapinhas em meu ombro para no momento seguinte sair do quarto.
Inacreditável.
Isso quer dizer que à noite vamos fazer uma visita à maior boate de Daegu.
Então, pensando em Jimin, Desire, noite, música sensual e refletores de tons em cores quentes... Eu só consigo chegar à uma conclusão.
De um jeito muito bom, meu psicológico será fodido.
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