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ㅡ Meu Deus, o que eu visto? ㅡ Andei de um lado para o outro no quarto e apoiei minha mão na testa para ver se pensava em algo.

Voltei até meu guarda-roupas e observei todos meus trapos, sem saber o que fazer e pensei em como já estava enrolando muito.

ㅡ E se ele não gostar da roupa que eu vestir? ㅡ Questionei à mim mesmo, ansioso. ㅡ Merda, eu não presto nem para saber o que vestir?! ㅡ Fechei o guarda-roupas e me sentei na beira da cama, cruzando os braços e fazendo um bico emburrado.

Logo percebi que não havia ninguém para me mimar e resolvi me levantar para voltar a procurar algo pelo menos apresentável para vestir. Afinal, pelado que eu não podia ir.

Foi então que tive uma ideia e sorri vitorioso.

ㅡ Hihihi! ㅡ Murmurei, enquanto saía do quarto e corria para fora da casa, vendo Jeon esperando pacientemente, encostado em seu carro cique.

O avistei e acenei quando ele me observou com confusão em seu semblante desconcertante de tão lindo.

ㅡ Oi! ㅡ Sorri quadrado. ㅡ Será que você poderia escolher minhas roupas? É que to indeciso. ㅡ Fiz um bico manhoso e Jungkook sorriu fraco.

ㅡ Claro, meu bem. ㅡ Disse e se desencostou do carro, caminhando para perto de mim com as mãos enfiadas nos bolsos da blusa bonita.

ㅡ Eba! ㅡ Dei três pulinhos contentes e sai correndo para dentro, esperando a paciência de Jungkook até para andar.

Cruzei os braços e bati o pé no chão, impaciente.

ㅡ Credo, você demora demais. ㅡ Comentei quando ele entrou porta adentro. Sorriu como um coelhinho. ㅡ Por aqui. ㅡ Indiquei o caminho e fiz menção que ele me seguisse.

Quando cheguei no quarto, em uma fração de segundo Jungkook também chegou.

Ele observou o cômodo, um pouco perdido no que estava fazendo, e seu olhar foi direcionado para meu criado mudo.

ㅡ O que é? ㅡ Questionou, olhando para a plantinha.

ㅡ É uma árvore de Jade ㅡ Expliquei e observei minha filhinha.

ㅡ Parece uma mini árvore. ㅡ Jungkook sorriu como um coelhinho outra vez enquanto acariciava as folinhas dela.

Suspirei, meio sonhador, depois concordei: Sim ㅡ e sorri também. ㅡ É conhecida como árvore da amizade. ㅡ Comentei.

ㅡ Oh, foi um amigo que deu a você? ㅡ Jungkook pareceu se entusiasmar com a ideia.

ㅡ Não. Eu não tenho amigos. ㅡ Falei, tranquilo. ㅡ Eu mesmo que comprei. ㅡ Completei, o que fez Jeon me observar com atenção para depois voltar a acariciar a plantinha.

Então tive uma ideia que pareceu boba, mas por que não?

Me aproximei e peguei ela de sua mão, acariciando-a devagar, e depois devolvi.

ㅡ Toma. ㅡ Entreguei na mão de Jungkook.

Ele me olhou um pouco confuso e depois observou o vasinho azul em sua mão.

ㅡ É pra você ㅡ expliquei. ㅡ Porque agora você é meu amigo, né? ㅡ Perguntei com expectativa e o olhar que recebi de volta fez meu coraçãozinho pular igual pipoca.

ㅡ Você é um doce. ㅡ Ele acariciou meu rosto com sua mão livre. ㅡ Sim. Somos melhores amigos agora. ㅡ Ele sorriu aberto e deu um beijo em minha testa.

Sorri bem aberto porque agora tenho um melhor amigo...

ㅡ Tudo bem, agora vamos escolher as roupas. ㅡ Relembrei. ㅡ E pode deixar aí se quiser que depois você passa aqui pra pegar quando a gente voltar. ㅡ Recomendei e fui em direção ao meu guarda-roupas.

ㅡ Certo. ㅡ Jungkook deu um beijinho na plantinha e colocou-a em cima da madeira outra vez.

ㅡ Ah, muito fofo! ㅡ Não resisti em comentar e apertei minhas próprias bochechas, fazendo um bico pelo ataque de fofura.

Seus dentinhos de coelhinho ficaram à mostra e ele caminhou para perto de mim.

ㅡ Não mais que você. ㅡ Observou e depois ficou sério, encarando a porta pacientemente.

ㅡ É sim. E nem teime comigo. ㅡ Contrapús e abri-a, olhando com expectativa para Jungkook.

Ele afagou meus cabelos com um sorriso fechado sereno, os olhos brilhantes como sempre, e depois disse: ㅡ Vá se sentar na cama. ㅡ Ordenou, com calma.

Sentei-me lá e o observei ele finalmente começar a futricar nas roupas.

Suas mãos mexeram e mexeram nos cabides e de repente ele mostrou uma calça jeans de barra rasgada e uma blusa de frio com tecido peludinho. Sorri entusiasmado e pulei da cama para pegar.

Levei a mão para alcançar as roupas e ele levou-as para trás.

ㅡ Eu mandei você se levantar? ㅡ Repreendeu e me fitou sério, questionando em tom de aviso.

ㅡ Não. ㅡ Respondi. ㅡ Digo, não senhor. ㅡ Consertei e ele pareceu satisfeito com isso.

ㅡ Você está vestindo roupas intimas? ㅡ Ele perguntou de repente, quando me sentei na cama, e eu neguei com cabeça, timidamente. ㅡ Continue sem. ㅡ Disse e se aproximou, entregando-me a roupa. Arregalei os olhos, mas logo me lembrei de que Jungkook sabe o que faz.

Peguei e sorri como uma criança que ganha um doce gostoso. Recebi um sorriso fechado de volta.

ㅡ Tem algo branco para calçar? ㅡ Questionou de súbito.

Balançei a cabeça negativamente. Eu só comprava coisas pretas e rosas para calçar...

ㅡ Então vista as roupas e venha até a sala. Calçe qualquer sapato que tiver. ㅡ Ordenou e eu esperei pacientemente até que ele fechasse a porta.

Senti uma ansiedade no peito enquanto me trocava desastrosamente e tentava fazer a calça passar em meu calcanhar, com força, e quando consegui, ajeitei meu cabelo bagunçado e observei a blusa clara com o jeans, também claro, no reflexo do espelho do criado mudo. Depois resolvi calçar um sapato preto, mas não ficou combinando muito. Pensei em pegar o rosa mas me lembrei que estava um pouco sujo e neguei freneticamente com a cabeça quando pensei em Jungkook imaginando que sou um porco.

Saí do quarto e fui para sala, me deparando com ele lá, tranquilo.

ㅡ Não combinou mesmo. ㅡ Falei cabisbaixo, observando o contraste entre todas as roupas mais claras e o tênis preto.

ㅡ Não se importe com isso. Eu darei um jeito. ㅡ Contrapôs. Encarei seu rosto bonito e fiz uma careta em confusão. ㅡ Agora venha. ㅡ Me chamou em tom sério, enquanto estendia sua mão para mim.

Fiz o que mandou e entrelaçei meus dedos nos seus, sentindo uma euforia idiota encher meu peito. Contive um sorriso bobo, enquanto olhava de soslaio para a expressão despreocupada de Jungkook.

Confesso que me senti um pouco magoadinho por ver que Jungkook não estava nem sentindo um mínimo pouquinho do que eu sentia em sua presença, mas deixei isso pra lá assim abriu a porta para mim e esperou pacientemente que eu entrasse no carro e acabei me lembrando de algo. ㅡ Ah, espera! ㅡ falei, meio alarmado, e então saí de lá bem rápido, deixando um Jungkook confuso para trás quando saí correndo, mas gritei para me explicar quando já estava prestes a abrir a porta: ㅡ Eu esqueci meu celulis ㅡ e finalmente entrei.

Tateei pelo sofá até achar o celular e o coloquei no bolso.

Tranquei a porta e saí na calçada.

Jungkook ainda me esperava ao lado da porta do passageiro.

ㅡ Você podia ter entrado. Eu não sou aleijado. ㅡ Falei para ele quando entrei no carro.

ㅡ Eu sei que não têm nenhuma deficiência, mas eu tenho modos e gosto de seguí-los. ㅡ Não pareceu contente ao dizer isso, o que me fez encolher um pouco no banco.

Ele entrou do outro lado e deu partida no carro tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.

ㅡ Gosta de música? ㅡ Questionou, sem tirar os olhos da pista.

ㅡ Gosto ㅡ respondi, om um bico emburrado.

ㅡ Que gênero? ㅡ Perguntou, já ligando o aparelho de repente.

Cruzei os braços e falei: ㅡ Não te interessa. ㅡ depois olhei para frente, sem se importar com o modo que ele me observou com cuidado, parecendo me analisar, e depois suavizou a expressão e continuou encarando a pista.

ㅡ Eu não falei aquilo como uma má resposta, Jimin. Sabe que jamais faria isso com você. ㅡ Disse ele. ㅡ Mas você tem que aprender a ser mais educado. ㅡ Completou e eu me remexi desconfortável no banco, deixando o bico emburrado sumir.

Fiquei calado.

A verdade é que eu estava errado mesmo.

Continuamos em silêncio durante todo o caminho, e Jungkook não perguntou mais nada, e eu também não disse mais nada.

Pouco tempo depois ele estacionou em uma avenida contornada por várias lojas de moda e olhou para meu pé.

ㅡ Me dê seu pé. ㅡ Ordenou.

Arregalei os olhos e o encarei receoso.

ㅡ Vamos, não vou fazer nada demais. ㅡ Disse, gesticulando para que eu desse meu pé a ele.

Sem mais delongas o fiz, meio desajeitado, entregando o pé, e ele observou a sola.

ㅡ Obrigado. ㅡ Disse e saiu do carro, me deixando confuso.

Observei a rua bem movimentada e me encolhi mais no banco.

Olhei as pessoas apressadas correndo e arrastando seus filhos. Lembrei-me de minha mãe e que não iria visitá-la hoje, pois só há três dias na semana em que ela pode receber visitas, e hoje não é um desses dias.

Ver famílias unidas e apressadas naquela rua me fez voltar a repensar em como minha vida é um fiasco, e em como nunca deixará de ser. Fiquei aborrecido com a ideia.

É injusto que as coisas sejam assim só comigo, poxa... Qual o problema que o universo tem comigo?

Depois de uns cinco minutos Jungkook voltou, entrando de repente e me entregando uma sacola do que pareceu ser de loja, o que me tirou de meus pensamentos sobre problemas familiares.

O olhei desconfiado, enquanto ele dava partida no carro e saíamos de onde estávamos.

Abri a sacola devagar, com medo do que estava lá dentro, e depois vi uma caixa branca.

ㅡ Calçe e coloque os que estão nos seus pés dentro da caixa. ㅡ Disse Jungkook. E só então entendi o que ele quis dizer com aquilo.

"Não se importe com isso. Eu darei um jeito."

Abri um vão da caixa e vi o tênis bonito que ele havia comprado para mim.

ㅡ Jungkook hyung! ㅡ Encarei o tênis e o repreendi com o olhar. ㅡ Você gastou seu dinheiro comigo? ㅡ Perguntei incrédulo, achando uma bobagem.

ㅡ Vai calçar ou me desrespeitar mais uma vez? ㅡ Poxa...

ㅡ Não vou calçar. ㅡ Insisti e coloquei a sacola no carpete do carro. Cruzei os braços e fiz um bico emburrado.

Senti Jungkook suspirar fundo e coçar os olhos em cansaço.

ㅡ Tá bom, eu vou calçar. ㅡ Revirei os olhos e estaquei no lugar quando lembrei da ordem de Jungkook sobre não fazer isso.

Fui olhando de canto de olho para ele, bem devagar, quando percebi que ele encarava a pista com um meio sorriso nos lábios.

Acho que ele gostou que eu acatei sua ordem. E meu coração pareceu gostar que ele gostou.

Ainda bem que ele não viu que revirei os olhos, pois se o tivesse visto, o sorriso de seus lábios morreria com certeza.

Tirei meus tênis, ficando apenas com minha meia da gatinha Marie, mas logo tratando de colocar os que Jungkook comprou para tapar aquilo.

Eu, dançarino de uma boate famosa, metido a hétero e desejado por muita gente, usando meia da gatinha Marie... Jungkook infartaria de desgosto de visse isso, com certeza. Mas fazer o quê, não tenho meias que não sejam dela...

Remexi os pés e observei o tênis branco que Jungkook comprou.

Ficou fofo.

ㅡ Jungkook, olha... ㅡ Chamei entusiasmado, vendo o sapato em meu pé.

ㅡ Agora não. Não posso tirar os olhos da pista. ㅡ Disse rígido.

Será que eu estava recebendo algum tipo de punição psicológica por causa da minha falta de educação?

ㅡ Você está me punindo? ㅡ Perguntei subitamente, observando seu rosto bonito e indiferente.

ㅡ Você fala demais. ㅡ Repreendeu. ㅡ À partir de agora só fará perguntas quando eu permitir. Coloque o cinto e se encoste no banco. ㅡ Avisou, atento na direção do carro. Fiz o que mandou.

Engoli em seco e torci para que aquilo fosse apenas uma punição por meu comportamento, e que Jungkook não fosse assim o tempo todo.

Mas ele é tão adorável e cuidadoso... Não é possível que seja assim sempre, pensei comigo mesmo. Relaxei um pouco depois de tirar essa conclusão.

Me atentei no caminho, mas sem me libertar do incomodo e o remorso que senti por ter tratado Jungkook de modo idiota.

Por todo o resto do caminho acatei sua ordem de não fazer perguntas, embora tivesse momentos em que eu estava quase roendo minhas unhas de tanta ansiedade. Mas tudo acabou quando entramos em uma rua esquisita e paramos em frente a uma... casa?

Não sabia ao certo o que é aquilo. Parecia um estabelecimento escondido e até um pouco assustador. Observei a fachada escura, com medo.

A rua era pouco povoada. Um homem aqui, outro ali, velhinhas na sacada de suas casas... Tudo muito desconhecido para mim.

Jeon desceu primeiro e logo abriu a porta para mim. Saí do carro e me embolei em um próprio abraço.

ㅡ Não tenha medo. ㅡ Jungkook disse repentinamente, tentando esconder sua preocupação comigo.

Olhei em seus olhinhos magoados e senti meu peito doer quando ele se virou de costas para mim.

ㅡ Jungkook. ㅡ O chamei de repente, tentando achar um modo de me redimir.

Seus olhos se voltaram para mim e me analisaram.

ㅡ Eu sei que eu sou péssimo com você. ㅡ Confessei, cabisbaixo. ㅡ Por favor, Jungkook hyung, me perdoe. ㅡ Pedi, encarando meus próprios pés, sentindo a vergonha enrubescer minhas bochechas.

ㅡ Por que eu devo te perdoar? ㅡ Perguntou atentamente, me olhando como quem espera não ser decepcionado.

ㅡ Porque eu fui mal educado com você. ㅡ Analisei o chão e o futuquei com meus pés calçados pelo tênis novinho.

ㅡ Me chame de senhor ou de dom quando for pedir desculpas. ㅡ Ordenou firme e fitou meus olhos com repreensão, mas ele não parecia querer aquilo de verdade.

ㅡ Sim, senhor. ㅡ O encarei com expectativa para tentar amenizar a situação, usando as palavras que sei que ele gostaria de ouvir. Seu corpo se aproximou do meu e prensou-me contra o carro.

Tremi.

ㅡ Está tentando me manipular? ㅡ Questionou, parcendo poder ver o fundo de minha alma.

ㅡ N-não. ㅡ Respondi, me encolhendo mais.

ㅡ Não gosto de mentiras, Jimin. ㅡ Fechou os olhos, cansado, e saiu em minha frente. ㅡ Depois conversamos. E agora venha. ㅡ Me chamou impaciente com as mãos, e eu fui rapidamente.

Ele abriu a porta para mim, sem olhar em meus olhos, e me encaminhou pelo corredor escuro.

Paramos em outra porta e desta vez ela foi aberta, emitindo uma luz artficial de lâmpadas coloridas. Era todo colorido por luzes nítidas, mas ainda assim familiares.

Lembrei da boate em que trabalho é só então me dei conta do porquê de achar o ambiente familiar.

As luzes eram parecidas, mas o que havia lá dentro não.

ㅡ No que posso ajudar? ㅡ Uma moça bonita com uma saia tubinho nos atendeu.

ㅡ Queremos a sessão BDSM. ㅡ Jungkook disse para a moça, sem ao menos me dar atenção.

Ela encarava Jungkook como se fosse devorá-lo ali. Já ele, parecia pouco se importar, ou nem ligar.

Me encolhi e massageei meus próprios braços, fazendo uma careta de incômodo. Mas o incômodo acabou quando Jungkook entrelaçou nossos dedos. Sem olhar em meu rosto.

Por que ele não olhava em meu rosto quando queria me confortar?

Segurou minha mão e me levou por um outro corredor, seguindo a moça, e logo parando frente a outra porta que a mesma abriu, o que me possibilitou ficar boquiaberto com o que vi.

Algemas, chicotes, caixinhas com dildo ㅡ me peguei ficando subitamente tímido ㅡ, lubrificantes, fantasias, e inúmeras outras coisas que nem deu para reparar, de tanto que eram, uma espécie de tufo comprido de pelos.

Haviam umas coisinhas esquisitas que eu nunca vi na vida, mas que pareciam interessantes, mas acabei por resolver que deveria parar de babar naquilo e prestar atenção para decobrir o motivo o qual Jungkook me trouxe aqui. E é para ele que direciono meu olhar.

ㅡ Gosta? ㅡ Ele finalmente sorri fechado, e eu relaxo sobre seus dedos.

ㅡ Eu adorei. ㅡ Comentei contente, sentindo meu coraçãozinho finalmente bater normalmente.

Ele sorriu no modo coelhinho e voltou a me puxar com calma.

ㅡ Fiquem à vontade. ㅡ A moça sorriu forçado. ㅡ E qualquer coisa chamem por mim. Meu nome é Jinnie. ㅡ Ela piscou para Jungkook, que pigarreou quando percebeu.

Arregalei meus olhos e sem perceber apertei minha mão contra a de Jungkook involuntariamente, o que o fez observar o ato e me olhar atentamente.

Engoli em seco e soltei de sua mão, tentando ficar calmo com aquele... insulto?

Afinal, por que eu estava com ciúme de Jungkook?

Não importava o porquê, a única coisa que importava é que agora ele é meu e ponto final, não é?

ㅡ Uma pergunta, senhor. ㅡ A mulher sorriu traissoeira de alguma forma. ㅡ Você é um Dom? ㅡ Perguntou casualmente, tentando seduzí-lo com seu tom malicioso na voz.

Antes que Jungkook saísse de seu modo hesitante e respondesse, me coloquei em sua frente e encarei os olhos da moça, os quais queria arrancar com as unhas.

ㅡ Sim. ㅡ Respondi por ele. ㅡ Ele é o meu dom. ㅡ Dei ênfase no pronome possessivo.

A mulher deu dois passos para trás, recuando.

ㅡ Oh, sim, certo... ㅡ Desfarçou. ㅡ Qualquer coisa, me chamem. ㅡ Disse e se retirou rapidamente.

A segui com o olhar de quem está prestes a matar alguém até quando ela saiu do cômodo.

Encarei Jungkook com raiva.

Ele me olhou, meio calmo, meio assustado.

ㅡ Por que não mandou ela ir se ferrar de uma vez? ㅡ Questionei com histeria. ㅡ Essa mulherzinha... ㅡ Encarei a porta de novo e fiz uma careta de nojo. ㅡ Acha que pode ficar dando em cima do dom dos outros assim. ㅡ Fiz um beiçinho em ridicularização e cruzei os braços, emburrado.

ㅡ Fique calmo. ㅡ Jungkook pediu. Podia notar no tom de sua voz que ele ainda estava me punindo, mas se segurava para não rir.

ㅡ Olha, me mostre logo o que quer me mostrar, por favor. ㅡ Pedi, cansado daquilo.

Fazia tempo que não tinha que me importar assim com alguém...

ㅡ Eu não quero mostrar. ㅡ Jungkook contrapôs, tranquilo. ㅡ Quero que escolha. ㅡ Disse, e eu fiquei confuso.

ㅡ Escolher o quê? ㅡ Perguntei, ainda com estresse em minha voz.

ㅡ Olhe para aquela estante. ㅡ Indicou uma onde estavam vidros de lubrificante.

Era o que eu estava pensando?

ㅡ Oh... ㅡ Tapei minhas próprias bochechas coradas.

Ele sorriu.

ㅡ Escolha o que você quer. ㅡ Mandou.

Observei bem as prateleiras e olhei uma última vez para Jeon, logo caminhando para perto da brasileira de madeira escura, com sete prateleiras sendo compostas por vários tipos de lubrificantes.

Eram muitos. De muitos sabores e marcas, e eu quis levar todos. Mas um me chamou atenção.

Era o mais pequeno e dizia ter sabor de maçã. Eu amo maçã, e principalmente leite de maçã, e por isso não hesitei em pegar o vidrinho e analisá-lo.

Era pequeno, e eu nunca havia pegado um vidro de lubrificante em minha vida.

Embora fosse algo não muito normal, achei adorável por ser o menor de todos. Tinha apenas muito menos que meio litro, diferente de quase todos os outros.

Balançei o vidrinho para Jungkook, que estava sentado em um banquinho, me observando paciente.

ㅡ Traga aqui. ㅡ Deu dois tapinhas em sua perna, para que eu me sentasse lá.

Caminhei devagar e um pouco nervoso, e então, quando parei ao seu lado, me sentei em seu colo.

Ele pegou o pequeno vidro e observou, lendo a composição.

ㅡ Bom, não parece ter nenhum componente que cause alergia. ㅡ Concluiu. ㅡ Por que escolheu este? ㅡ Perguntou, me olhando com atenção.

Parei de prestar atenção na textura de suas coxas abaixo de minha bunda e prestei atenção no que ele estava falando.

ㅡ Porque eu gosto muito de maçã. ㅡ Expliquei, encarando meus dedos. ㅡ E também porque eu gosto de coisas pequenas. ㅡ Completei.

ㅡ Hm... ㅡ Ele analisou o vidro outra vez. ㅡ Você escolheu bem. ㅡ Disse, acariciando meus cabelos, e em reflexo de seu gesto eu sorri bobo.

ㅡ Tem mais algo que quer? ㅡ Jungkook questionou para mim.

Olhei ao redor, sorrindo entusiasmado.

Rapidamente meus olhos focaram uma prateleira de gargantilhas de vários modelos e cores, de materiais diferentes do que costumo ver, e logo apontei o dedo para lá, simultaneamente direcionando um olhar pidão para Jeon.

ㅡ Oh, gargantilhas? ㅡ Ele observou a prateleira para qual eu apontava. ㅡ Eu vou te dar uma... ㅡ meu rosto de iluminou de repente ㅡ quando você for um bom garoto. ㅡ Completou, sem olhar em meus olhos.

O sorriso de meus lábios morreu e eu me senti desconfortável sobre o colo de Jungkook.

ㅡ Precisamos ir, pois hoje tenho que voltar para minha cidade em poucas horas. ㅡ Avisou tranquilamente.

Ele morava em outra cidade? Poxa, nem havia pensado nisso...

Me levantei de seu colo, me sentindo péssimo, e depois olhei cabisbaixo para meus pés.

Ele segurou uma de minhas mãos e entregou o lubrificante na outra, logo me puxando para fora dali. Olhei uma última vez para a prateleira de gargantilhas e voltei a encarar o chão.

Pela graça dos deuses uma outra recepcionista nos atendeu, esta menos atirada, mas ainda sim com os olhos cheios em Jungkook.

ㅡ Ah, que adorável! ㅡ Os olhos da moça brilharam quando me viu.

Sorri forçado.

Coloquei o pequeno vidrinho de lubrificante sobre o balcão e nem me importei com o que a moça dizia para Jungkook. A única coisa que me importava era que eu me sentia culpado e não estava gostando daquela punição, pois me fazia sentir um remorso que não sou acostumado a sentir.

A moça loira entregou a sacola e logo acenou para mim, e eu retribuí com um tchauzinho triste, que foi interrompido quando Jungkook me puxou para aquele corredor novamente, com calma, e logo vi a luz do dia quando saímos daquele estabelecimento.

As palmas de minha mão suavam frio contra as suas. Me senti acalorado de repente.

Quando chegamos no carro, Jungkook abriu o porta luvas e guardou a sacola pequena lá dentro, em silêncio, em seguida deu espaço para que eu entrasse.

ㅡ Jungkook... ㅡTentei chamá-lo, manhoso.

ㅡ Agora não, Jimin. ㅡ Repreendeu e deu partida no carro. ㅡ Coloque os cintos. ㅡ Ordenou.

Fiz o que mandou e olhei para frente, sentindo meu coração bater triste.

Seguimos o caminho todo em silêncio, até que paramos em frente a minha casa e ele desceu, vindo abrir a porta para mim.

ㅡ Jungkook, a gente não vai conversar? ㅡ Perguntei, tentando dar fim àquela punição psicológica.

ㅡ Sim. Quando eu decidir. ㅡ Disse. ㅡ Agora vá para sua casa e pense em como foi mal criado hoje. ㅡ Ordenou severo e esperou que eu tomasse a iniciativa de fazer o que mandou.

ㅡ Mas... ㅡ Tentei dizer.

ㅡ Sem mais, nem menos, Jimin. ㅡ Disse em tom de aviso.

ㅡ Achei que fosse levar sua plantinha. ㅡ Eu disse e me virei cabisbaixo, fazendo um beiçinho e começando a andar em direção à minha casa.

ㅡ Espere. ㅡ Jungkook disse, firme.

Girei sobre os calcanhares e fiquei animado de repente.

ㅡ Traga-a para mim. ㅡ Mandou, sem olhar em meus olhos, o maxilar rijo enquanto olhava para frente.

Me segurei para não pular de euforia e fui correndo em passinhos miúdos até a casa, logo destrancando a porta de entrada e correndo para meu quarto.

Peguei a pequena arvorezinha e a olhei uma última vez, deixando um beijinho onde havia memorizado que Jungkook deixou.

ㅡ Você vai ficar com o outro papai, está bem? ㅡ Falei para ela como quem conta um segredo. ㅡ E se comporte, porque o outro papai não gosta de criança mal criada. ㅡ Avisei e depois saí correndo para fora de casa outra vez.

ㅡ Aqui. ㅡ Sorri eufórico e estiquei meus dois braços, oferecendo o presente para Jungkook. ㅡ Não é como um tênis novo, mas é de coração. ㅡ Eu disse.

ㅡ O tênis não vale nem um porcento do que essa planta vale, Jimin. ㅡ Observou Jungkook, tentando se manter sério. ㅡ Obrigado. De verdade. ㅡ Sorriu fechado, casualmente.

Refleti o mesmo sorriso.

ㅡ Amanhã posso vir aqui? ㅡ Questionou, analisando a plantinha.

ㅡ Claro. Na hora que quiser até... ㅡ Pensei em que horário teria que ir ver Toy. ㅡ Na hora que quiser mesmo. ㅡ Eu disse, tramando algo.

Ele me olhou com atenção.

ㅡ Certo. ㅡ Concordou. ㅡ Então até amanhã. ㅡ Disse sério e se virou.

Pensei que iria ganhar um beijo, mas tudo bem...

ㅡ Tchau! ㅡ Falei e fiz um tchauzinho para o carro.

Vi apenas a mão de Jungkook acenar de volta e no instante seguinte seu carro sair de lá, me deixando parado na calçada com um olhar cabisbaixo.

ㅡ Ah, tudo bem, Jimin, você tem que aceitar que foi mal educado com o Jungkook. ㅡ Falei para mim mesmo, me virando para voltar para casa. ㅡ Não é como se ele fosse mal, ele só está tentando colocar sua cabeça dura na linha e... ㅡ Um som familiar me interrompeu.

Olhei para trás e vi o carro de Jungkook ser estacionado com facilidade, beirando a calçada.

Ele desceu e caminhou com pressa em minha direção.

Encarei seu rosto, surpreso, mas fechei os olhou quando ele tomou meu rosto em suas mãos e disse: ㅡ Amanhã conversamos, meu bem. E agora eu posso te beijar para despedir? ㅡ Perguntou atento em meus olhos, mas eu estava apenas sentindo seu olhar sobre mim, porque quando ele chegou seu perfume veio em uma lufada de ar e eu acabei por fechar as pálpebras para sentir melhor aquele cheiro que não pode ser comparado a nada.

Sorri fraco e meu coração quase derreteu. Talvez um pouquinho...

ㅡ Claro. ㅡ Abri os olhos para olhá-lo com expectativa e em uma fração de segundo seus lábios selaram os meus, tomando minha boca e minha língua para si em um breve beijo.

Foi tão gostoso e... aliviante que pareceu acontecer muito rápido. Quando percebi, o corpo quente de Jungkook rodeou o meu e me acalorou em seu típico abraço de urso.

Me aconcheguei ali, e senti por um instante que aquele abraço era um abraço dolorido de alguma forma, porém a sensação foi substituida por tristeza assim que Jeon me soltou e selou nossos lábios em um último selhinho.

ㅡ Te vejo amanhã. ㅡ Ele assentiu e logo voltou para o carro em seus passos perfeitos, as mãos no bolso da calça escura.

Acenei um tchau e desta vez vi seu rosto feliz aquecer meu coração com um sorriso lindo, deixando-me para trás com um tchauzinho.

ㅡ Aííí! ㅡ Dei três pulinhos animados. ㅡ Ele me beijou! ㅡ Afinei minha voz e voltei saltitante para dentro de minha casa. Entrei nela e fui correndo para o quarto trocar de roupas.

Precisava ir ver Toy para contar sobre Jungkook, pois já que não tinha amigos, mesmo ela sendo um animal.

E eu queria contar para ela sobre como Jungkook é maravilhoso e me faz bem.

🐥

não tenham uma visão ruim do dom do Jimin, por favor. ele só está tentando cumprir seu papel, e realmente está sendo difícil porque ele adora mimar o jiminzinho :/

a mídia a seguir é uma árvore de jade.
a árvore de Jade, Crassula ovata, é uma suculenta de porte pequeno que representa metaforicamente a amizade ou felicidade.
fala sério, muito fofinha <3

e aqui vai uma foto de como eu imagino o lubrificante que eles compraram (imaginem que é de maçã)