O salão fica em silêncio por alguns segundos.

- Jungkook. - Âmbar diz, alto e claro. Ele treme sob o som da sua voz autoritária, mas calma. - Peço que não volte a falar da esposa de Taehyung dessa forma. Não esqueça que Ur pode ser uma Deusa mais jovem e menos experiente, mas ela é minha filha. Ela está acima de você. Respeite-a. E todos sabemos bem para que ela se ausentou juntamente com Namjoon e Hoseok. Não declare suposições patéticas sobre ela.

- Perdão, minha Deusa... - Sua voz sai bem mais calma e baixa do que antes, bem como sua cabeça que estava abaixada com seu rosto encarando o chão. Mesmo Jimin, que estava indiferente, olhava para ele com cara de reprovação, enquanto Taehyung sorria ligeiramente.

Âmbar se senta novamente e continua o assunto.

- Ninguém teve notícias deles três ainda? - Âmbar pergunta.

- Não, Âmbar. Até onde sabemos, pelos contatos, eles ainda estão ao Leste, acompanhando a Rainha. E depois visitariam o Norte para checar a cidade. Mas já deveriam ter voltado. - Taehyung diz, parecendo verdadeiramente preocupado.

- Vou tentar me comunicar com Ur hoje de noite. Descobrirei o que aconteceu. Não se preocupe demais. - Âmbar diz, com calma, ao jovem Deus.

Taehyung parece feliz pelas palavras calmantes de Âmbar, sorrindo para ela de forma grata, e relaxando no seu trono novamente. E em alguns minutos, o assunto retorna aos mundanos e a possibilidade do retorno de Irene.

- Entendo o lado de ambas as opiniões. É uma questão muito delicada. Mas desesperadora. - Âmbar diz.

- O que sugeres que façamos? - Seokjin pergunta, com sua flor presa atrás da orelha agora.

- Bem, se de fato estivermos próximos de tempos de guerra novamente, algumas medidas terão que ser tomadas. - Ela olha para todos na sala, visivelmente nervosa. Jimin, como marido e pai de sua filha, consegue sentir sua aura tensa ainda mais forte. Ele olha para ela atentamente, aguardando descobrir a razão da tensão. - Vamos nos separar e não contaremos nada aos mundanos.

Jungkook e Taehyung, que pareciam esperar ansiosamente para saber de que lado Âmbar ficaria, finalmente tem sua conclusão com um Jungkook frustrado e um Taehyung vencedor. Suas faces externam o sentimento puro em suas almas. O Deus da guerra com sua cabeça abaixada e sobrancelhas franzidas em desconforto e desgosto, enquanto o Deus da riqueza parecia satisfeito e sorridente, com completa Vitória em seus olhos. Era como uma competição entre duas crianças.

- Admiro e concordo com sua escolha, minha Deusa. - Yoongi se pronuncia pela primeira vez na discussão, depois do seu silêncio longo e profundo. Ele está calmo e estático como sempre, e sua voz soa séria, grave, baixa e suave como sempre.

- Obrigada, Yoongi. Na separação, gostaria muito que viesse comigo para o Norte. Inspecionaremos o local onde Irene foi selada a fim de descobrir se seu paradeiro é o mesmo. - A Deusa continua expondo seu plano pacificamente, séria, mas satisfeita por ver concordância.

- Será uma honra, minha Deusa. - Yoongi termina dizendo.

- Também concordo com a decisão, mas tenho algumas dúvidas. - Seokjin fala com uma voz não muito firme. - Tem certeza sobre nos separarmos, minha senhora? Somos mais fortes juntos.

- De fato. Você está certo. Nossas magias e suas energias se unem quando estamos todos unidos, mas, como Jungkook mesmo posicionou, os mundanos são frágeis e vão morrer caso se envolvam nessa guerra. E vão se envolver, com certeza. Por isso mesmo, já que temos alguém tão sábio e experiente no assunto, Jungkook ficará e protegerá os humanos. - Âmbar rebate.

Assim que Âmbar declara tais palavras, Jungkook ergue sua cabeça e suas sobrancelhas. Parece pronto para argumentar agressivamente contra a Deusa, com sua postura pomposa repentina e sua boca se partindo automaticamente quando descobre que não poderá subir aos céus para lutar como os outros.

- Mas...! - Âmbar lhe vira o olhar, calmo, mas desafiador, com um sorriso no rosto de quem previa que ele não gostaria da decisão, e pior, de quem estava fazendo, em partes, de propósito. Jungkook pigarreia e engole em seco, suavizando sua postura. - Minha Deusa, como você mesma disse, eu tenho experiência em batalha. Não seria melhor eu estar na equipe que sairá para o Norte? Se Irene estiver pra voltar e ainda mais forte do que antes, toda a força seria necessária, não?

- Está correto, Jungkook. Entretanto, esta é a razão para você ficar. Uma ótima razão, aliás. Nós ainda não sabemos o real paradeiro de Irene. Não temos sequer certeza de que ela está de fato a solta novamente e envolvida no sumiço de Tom Riddle. Por isso, quero você aqui. Deixaremos o castelo e o vilarejo desprotegido durante essa jornada. Precisamos de alguém forte e talentoso como você para proteger os pobres humanos. Além de que, Ur e os outros podem voltar nesse meio tempo. Quem mais seria tão adequado?

As palavras de Âmbar parecem surtir o efeito desejado, pois Jungkook parece bem mais calmo e convencido do que segundos atrás, carregando uma expressão até orgulhosa no rosto, com um leve sorriso. Taehyung revira os olhos em seu trono, ainda também com um meio sorriso, debochando mentalmente do quão manipulável Jungkook era.

- Bem...acho que a senhora tem razão. - Ele diz, ainda sorrindo. - Ficarei e cuidarei dos meros mortais. Protegerei todos eles com minha vida. Morrerei por eles se for preciso.

- Você é imortal, seu imbecil. - Seokjin diz, com certo desdém na voz. Taehyung ri e Jungkook quase fecha a cara, sendo segurado um pouco pela sua confusão momentânea por conta de suas próprias palavras.

- Bom, mas se eu não fosse, eu morreria. - Ele adiciona.

Jimin ri de forma anasalada e bebe mais um gole do seu vinho, aproveitando o clima mais leve no salão.

- E eu, Âmbar? Para onde vou? - Seokjin pergunta.

- Bem, já que Taehyung ficará para ajudar Jungkook, quero que você venha conosco, Seokjin. - Ele sorri, parecendo grato por ser útil.

- Muito grato, minha Deusa. - Ele responde, abaixando a cabeça como reverência.

- O que?! Eu vou ter que ficar com esse idiota?? - Taehyung diz com a voz muito alta e assim que Âmbar ergue uma sobrancelha, ainda que com um sorriso surpreso no rosto, ele se conserta, sem jeito. - Não acha que Jungkook consegue lidar com a nossa área sozinho?

- É, eu sou bastante competente. Não preciso de peso morto. - Jungkook diz, limpando sua espada.

- Esquece, eu vou ficar sim. Mostrar pra esse mongolóide quem é peso morto. - Taehyung diz, ofendido. - Além de que eu não quero arriscar você perturbando a Ur quando ela chegar. Ficarei e receberei minha esposa.

- Ótimo! Então estamos decididos. Seokjin? - Âmbar chama o Deus da Beleza, oitavo trono, Seokjin, que parecia brincar de bem me quer, mal me quer com sua rosa.

- Oh, sim? - Ele responde, largando sua rosa.

- Tentarei contatar Ur ao cair da noite. Pode descer ao reino e encontrar-se com o Oráculo para procurar informações sobre Irene? Talvez ela saiba algo de útil. Se a Irene realmente estiver solta, o futuro deve ter mudado de forma notória para ela. Pode fazer isso?

- Com certeza, sem problemas. Será um prazer. Cumprirei minha tarefa belamente. - Ele diz. - Irei agora mesmo, se me permite.

- Certo. Esta liberado. - Âmbar responde, sorrindo.

- Obrigada, minha Deusa. Com sua licença.

E Seokjin se separa dos outros, deixando a reunião. Âmbar fica com os Deuses restantes, Taehyung discutindo com Jungkook, que apontava sua espada para ele, Yoongi tocando sua harpa, e Jimin, bebendo seu vinho.

Preocupada com Ur, Âmbar se levanta do seu trono, chamando atenção dos demais.

- Ah, está de saída, minha senhora? - Taehyung diz.

- Ah, sim. Perdão. Irei para os meus aposentos. Descansar para mais tarde contatar Ur. - Ela diz.

- Oh, entendo. Tudo bem. Bom repouso. - Taehyung responde de volta, reverenciando Âmbar.

Jungkook e Yoongi fazem o mesmo brevemente, um mais desajeitado e outro calmo e sereno, respectivamente. E logo, Âmbar está fora da sala do trono com sua taça de vinho na mão novamente, que Ammelia havia enchido como foi pedido.

Ela anda até seus aposentos e ao chegar lá, se senta na beira da sua cama de seda macia e brilhante, observando as estrelas no céu, tão próximas do seu toque. As estrelas mágicas que davam a sensação de estar no universo, mesmo que as verdadeiras estivessem muito mais distantes. Suas memórias são levadas a anos atrás, quando ela mostrava as estrelas para a jovem Deusa Ur, lado a lado com o marido, Jimin, antes de todos os problemas. Ela suspira, bebendo seu vinho.

- Minha amada esposa e mestra está aflita? - Uma voz suave e masculina, intimamente conhecida e atraentemente baixa e inevitavelmente doce, apesar dos recentes sentimentos amargos do dono, ressoa pelo quarto, nos arredores bem próximos de Âmbar.