42 - Não seria justo
- KIRA DJANGO MAXIMOFF, LEVANTE DESSA CAMA, AGORA!
A voz potente de Natasha perfurou meus ouvidos de forma bruta. Em um movimento rápido, sentei-me na cama, ainda enrolada nos lençóis, tentando entender onde eu estava, e o que estaria acontecendo. Um ataque, talvez? Uma catástrofe? O fim do mundo realmente chegando? Meus bebês nascendo? A última era improvável, já que eu descobrira da gravidez havia dias e provavelmente eu sentiria quando três crianças quisessem sair de dentro de mim.
— Eu não durmo assim há dias, Romanoff... Por que diabos me acordou? — perguntei, com a voz baixa, porém raivosa.
— Porque você está dormindo há dois dias, Maximoff. — Ela respondeu, só então pude ver sua figura parada na porta com os braços cruzados. Ergui as sobrancelhas, um pouco surpresa com a notícia. — Precisa comer.
— Não quero comer, quero dormir. — Fiz um pequeno drama, voltando a me deitar na cama macia.
— Você está grávida de três pequenos deuses nórdicos, Kira. Precisa se alimentar! — Ela continuava, e no momento, sua voz começava a me irritar levemente.
— Você sabe que eu sou meio que uma deusa também, não sabe? — Tentei mais uma vez, ainda deitada, sem olhá-la.
— Continua grávida. Levante agora!
Suspirei profundamente, derrotada, antes de me livrar das cobertas e me levantar, como Natasha havia "gentilmente" mandado. Bufei, irritada, caminhando em sua direção até a porta e lançando-lhe um olhar nada contente. Ela, por sua vez, apenas sorria presunçosa.
— Você consegue ser muito irritante quando quer. — disse, parando ao seu lado.
— Obrigada. — Seu sorriso aumentou. — Vamos!
Após finalmente comer um prato enorme de macarronada, extremamente satisfeita e posteriormente grata por Natasha ter me acordado, caminhei até uma das poltronas que existia na cozinha enorme do complexo e esparramei meu corpo ali. Observei enquanto alguns dos outros terminavam de comer com uma das mãos sobre a barriga. A única coisa que me desviou a atenção foi a aproximação de Tony Stark.
— Escuta, Harry Potter das emoções... — Seu apelido me fez abrir um sorriso divertido. — Pepper me contou sobre o que fez e... Bom, se quiser alguma coisa, dinheiro, alguma casa em seu nome... Sei lá... — Ele se enrolava nas palavras, então logo terminei com seu sofrimento.
— Não tem de quê, Stark. — disse, ainda com um sorriso divertido no rosto. — Pepper te obrigou a vir, certo?
— Com certeza. Tudo bem, então. — E saiu. Não controlei uma risada dessa vez enquanto o olhava se afastar.
(...)
Já era tarde da noite quando decidi voltar ao meu quarto. Depois do almoço, passei o dia todo na biblioteca do complexo, apenas descontando meus sentimentos no que eu fazia melhor: desenhar. Quando me dei conta, já era mais de meia noite, e com isso decidi voltar ao meu quarto. Muito provavelmente eu não iria dormir, já que fiquei desacordada por dois dias, além dos pesadelos, sentimentos e imagens da luta em Wakanda. Elas jamais me deixariam em paz.
Porém, antes que eu pudesse entrar nos meus aposentos, algo me chamou a atenção no quarto da frente. Com a porta entreaberta, vi Bucky sentado na cama, com os cotovelos apoiados nas coxas. Percebi que ele observava atentamente sua mão de vibranium, e não precisei de muito esforço para sentir a tensão em sua energia. Quase que involuntariamente, movi-me até lá.
Bati na porta uma vez e encostei no batente. Bucky me procurou com o olhar, e quando viu de quem se tratava, abriu um sorriso fraco com um dos cantos dos lábios e desviou a atenção. Não entrei ainda, apenas fiquei parada encarando-o. Os cabelos estavam enormes, além da barba grande e um pouco mal feita. Quando ele percebeu que continuei no mesmo lugar, voltou a me encarar.
— O que foi, esquisita? — Ele perguntou. Sorri com o apelido.
— Você precisa de um corte de cabelo. — falei, abrindo um sorriso cínico em sua direção. — Sabe, eu quem cortava o cabelo do meu irmão... — Fiz uma pausa, olhando para o teto enquanto caminhava até ele.
— Definitivamente não. Não vou confiar meu cabelo a você. — Fingi uma expressão indignada com sua frase.
— Eu sou uma ótima cabeleireira, tudo bem? O cabelo de Pietro era maravilhoso. — Uma pontada se fez presente em meu coração após minha fala, mas tentei espantar a sensação.
— Tá bom... Eu deixo, então. — Ergui as sobrancelhas e abri meu melhor sorriso satisfeito.
Corri até meu quarto, e peguei uma tesoura, que eu guardava ali, junto com meu material de desenhos, uma toalha e um pente. Voltei saltitante até o quarto de Bucky, colocando todos os objetos em cima da pia do banheiro que existia ali.
— Molhe o cabelo, nervosinho. — pedi. Bucky riu levemente com minha animação, mas fez o que eu pedi.
Porém, antes que pudesse molhar o cabelo, retirou a camiseta que usava, deixando à mostra seu tronco nu e toda a extensão do braço de vibranium. A cena me paralisou por um momento. Não porque eu jamais tinha visto Bucky sem camisa, mas porque era uma visão excelente, eu não podia negar.
Estendi a toalha a ele quando terminou, e o puxei para que sentasse em uma cadeira de rodinhas presente no quarto. Comecei a cortar seu cabelo tranquilamente, sem pressa, e sem nervosismo. Eu realmente costumava cortar o cabelo de Pietro, então não era nada novo para mim.
Quando terminei, caminhei até sua frente para poder observar minha linda obra de arte. Não controlei um sorriso com a imagem. O cabelo curto dava mais ênfase ao rosto de Bucky, o qual, com certeza, era muito bonito.
— Aí está... James Buchanan Barnes. Sem mais Soldado Invernal. — disse, posicionando as mãos na cintura, ainda observando meu trabalho.
Bucky não respondeu, apenas arrastou as rodinhas da cadeira para que pudesse chegar mais perto de mim. Seus olhos estavam fixos nos meus, enquanto seus joelhos tocavam de forma gentil minhas pernas. Meu sorriso diminuiu, mas eu não me afastei.
— Eu realmente quero fazer uma coisa... Mas preciso que você concorde. — Ele disse, sem desviar o olhar.
Eu sabia onde ele queria chegar, e se fosse qualquer outro momento, eu cederia na mesma hora.
— Não seria justo com você. — respondi, mas também não desviei meu olhar. — Eu estaria pensando apenas em outra pessoa, e você sabe disso.
— Kira... Eu só preciso sentir algo diferente. — Ele tentou mais uma vez, e senti sua energia pesar com as palavras. — Diferente de destruição, mortes, solidão e desespero. — Ele segurou meus braços com as mãos.
— Sinto que eu apenas estaria te usando, dessa vez... Não gosto disso, não com você. — Apoiei uma mão em seu rosto enquanto um silêncio pequeno se fazia presente.
— Bom... Eu estaria te usando igualmente.
Não consegui evitar uma risada fraca com sua frase, mas logo em seguida voltei a ficar séria. Encarei Bucky nos olhos mais uma vez, quase cedendo à tentação. Abaixei meu corpo lentamente, aproximando meu rosto do dele cada vez mais. Bucky também ergueu a cabeça, e pude, inclusive, sentir o toque de nossas bocas uma na outra.
Mas eu não conseguia. Não conseguia porque no exato instante eu me lembrei de quando meus lábios tocavam os de Loki. Não conseguia porque as três crianças que eu carregava eram de Loki. E eu não conseguia, porque mesmo sabendo que eu estava com Bucky, tudo em minha mente era Loki, e me deitar com outra pessoa naquele momento, apenas pioraria meu sofrimento. Com esse pensamento, afastei minha boca da dele, fazendo com que nossas testas se colassem.
— Me desculpe. — pedi. — Não posso. Não consigo. — Senti a primeira lágrima querer surgir em meus olhos.
— Está tudo bem. — Ele respondeu, dessa vez segurando meu rosto com a mão original. — Obrigado por estar aqui mesmo assim.
Ergui meu corpo e puxei Bucky para um abraço. Fiz uma leve carícia em seus cabelos, agora curtos. Até que, como uma luz, tive uma ideia. Lembrei do estoque de vinhos e whiskey que Tony guardava no complexo e resolvi dar a ideia. Não seria para mim, obviamente, eu estava grávida, mas as vezes seria bom para que ele distraísse a cabeça.
Bucky concordou com minha sugestão na hora, e depois que colocou de volta a camisa, seguimos os dois em direção à cozinha, mas para a nossa surpresa, não estávamos sozinhos, e também não foi apenas nós que tivemos a mesma ideia. Natasha estava lá, com um vinho já aberto, tomando um gole longo em uma taça.
— Parece que você leu nossa mente, Romanoff. — comentei com um sorriso no rosto.
— Ou vocês leram a minha. — Ela respondeu. — Aliás, por que está aqui? Você não vai beber, tem três crianças para dar a luz daqui nove meses. — Seu comentário me fez soltar uma gargalhada, a qual foi acompanhada tanto por Natasha, quanto por Bucky.
— Felizmente, é pra mim. — Bucky tomou a palavra dessa vez.
Natasha não respondeu, mas se levantou e foi buscar mais uma taça em um dos armários. Ela colocou na frente de Bucky e em seguida, encheu o vidro com o líquido. O homem nem sequer esperou, virou todo o conteúdo em um só gole, estendendo o objeto novamente a Natasha, que o encarava com uma das sobrancelhas erguidas.
Não conversamos muito, apenas ficamos ali apreciando a companhia um do outro, e no caso dos dois, apreciando o vinho. Mas não era apenas isso, eu senti algo a mais nos dois, principalmente quando trocavam olhares relativamente demorados. Ergui um dos cantos dos lábios com um sorriso travesso, sem que eles percebessem, logo planejando algo a mais.
— Bom, não quero mais ficar passando vontade aqui, e também estou com um pouco de sono. — A segunda parte era mentira, mas usei ao meu favor. — Por favor bebam por mim, e boa noite. — E saí, deixando-os sozinhos.
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Autora: OOOIIII MEUS AMORES, TÔ SUMIDÍSSIMA EU SEI, ME PERDOEM! eu meio que desbloqueei uma obsessão por Stranger Things com essa temporada nova (inclusive tô com uma fic nova pra quem quiser ver) e meio que travei nessa!
mas tô de volta, prometo! esse cap foi mais curtinho, mas prometo também me estender um pouquinho mais nos próximos! e é isso genteeee
quem sentiu o climinha entre Natasha e Bucky heinnnn??? kkkkkkkkkk
gente não vou me estender mais! não esqueçam dos favoritos e dos comentariossss (podem me xingar por ter demorado hihi)
Bjin procêis💚
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