30 - Não morram
— Acho que não vai fazer diferença... — disse ele, e nem precisei ver a ilusão que havia feito de seu corpo sumir aos poucos para perceber que ele se afastara.
— Ah, Loki... — Foi Thor que disse, enquanto eu não conseguia nem ao menos encontrar minha voz.
— Sei que já traí você muitas vezes, mas dessa vez não é realmente nada pessoal. — Loki voltou a dizer. — A recompensa pela sua captura vai me deixar muito bem, além de que posso colocar meu plano em prática e tomar o trono de Grão-Mestre. — Ele fez uma pausa, para poder chamar os guardas por um painel de controle existente ali. — Kira, peço que fique e governe comigo. — Franzi o cenho, mas ainda não tinha ânimo nem voz para falar nada.
— Nunca foi ligado a sentimento, não é, irmão? — Thor perguntou, percebendo que eu não diria nada.
— É melhor aceitar. — Loki disse, com um sorriso cínico no rosto. — Kira? — Seus olhos suplicavam, mas eu ainda não disse nada. A única coisa que consegui fazer foi um sinal negativo com a cabeça.
— Concordo! — Thor disse novamente, erguendo um dispositivo que possuía na mão. O mesmo que ligava aquela coisa que já foi grudada em meu pescoço.
Loki percebeu o mesmo que eu, e assumiu uma expressão surpresa e chocada no rosto, procurando pelo aparelho que lhe daria um choque a qualquer momento. Thor provavelmente havia colocado no irmão durante a conversa no elevador, e pela primeira vez, agradeci mentalmente seu feito, já que poderia parar Loki naquele momento.
O choque iniciou, e o corpo de Loki agitou-se e caiu no chão. Meu peito tomou pressão, e senti meu coração se apertar. Queria apenas que tudo aquilo parasse, e queria poder abraçá-lo, mas eu sabia, que naquele momento, era necessário. Ele precisava ser parado. A máscara de Deus da Trapaça, que ele assumia em momentos de crise, precisava ser parada.
— Ah, irmão, você está cada vez mais previsível. — Thor comentou, agachando-se ao lado do corpo de Loki, ainda levando a onda de choques. Permaneci ao seu lado, porém em pé, observando a cena com angústia. — Eu confio, você me trai, toda vez a mesma coisa. — Thor fez um rápido discurso, que não me importei em prestar atenção até a última parte. — Você sempre será o Deus da Trapaça... — Fechei os olhos e respirei profundamente, sentindo uma leve dor no coração. — Mas você podia ser mais.
Thor jogou o controle que segurava um tanto longe de Loki, para que ele não conseguisse pegar, e se afastou, caminhando de forma calma em direção a tal nave que usaríamos. Eu ainda fiquei ali por alguns segundos, sustentando o olhar suplicante e angustiado de Loki. Dessa vez me agachei também.
— Você não é apenas o Deus da Trapaça, Loki... — disse, querendo mais que tudo tirá-lo daquele sofrimento. — Mas até que você mesmo enxergue isso, vai precisar passar pelo que está passando. — Fiz uma pausa, levantando-me em seguida. — Estarei te esperando quando você perceber que merece muito mais.
E assim, segui Thor até a nave, fazendo todo esforço do mundo para não olhar para trás e simplesmente ajudar Loki. Entrei na nave de formato redondo e cores espalhafatosas e vi que Thor já estava no volante, tentando entender como ligar e controlar o veículo. Sentei-me ao seu lado, e me mantive firme quando ele decolou e saiu voando pelo céu de Sakaar.
— Leais sakaarianos. — Ouvi a voz de Grão-Mestre nos alto-falantes da cidade. — O Senhor do Trovão roubou minha nave e meus campeões. — Revirei os olhos mais uma vez, como sempre quando ouvia a voz daquele homem. — Sakaarianos, tomem os céus. Derrubem-no. Não deixem que ele saia deste planeta. — Ele terminou de dizer.
Nesse momento, pude ver diversas e das mais variadas naves surgirem nos céus atrás de nós. Engoli em seco, desviando meu olhar até Thor. Uma delas conseguiu nos alcançar e começou a atirar em nós, mas existia um campo de força ao redor da nossa nave, o que colaborou para que não houvesse estragos. Em segundos, a nave que nos seguia foi explodida, e imaginei ser a Valquíria junto com Banner chegando até nós.
— Abra as portas! — Ouvi a voz de Valkyrie pelo rádio da nave, e assim Thor o fez.
Em segundos observei Banner ser arremessado da nave da guerreira, que havia se posicionado em baixo da nossa. Arregalei os olhos quando ele quase caiu do outro lado, porém conseguiu se segurar. Thor riu com a cena, enquanto eu segurava meu peito com uma das mãos.
— Não devíamos estar atirando de volta? — Banner perguntou, conseguindo chegar até nós.
— Sim. — Thor respondeu. — Onde estão as armas nessa nave?
— Não tem nenhuma. — Valkyrie respondeu ainda pelo rádio da nave. — É uma nave de passeio. Grão-Mestre usa pra lazer, fazer orgias e afins. — Fiz uma careta com a última informação.
— Vamos sair logo dessa merda de planeta. — ditei, sentindo o ódio daquele lugar e das pessoas que ali residiam apenas aumentar.
Então, mais uma perseguição começou. Pude ver a nave da Valquíria ser destruída, porém por sorte ela conseguiu saltar em direção a outra nave que nos seguia, acabando com elas manualmente. Thor logo tratou de ajudá-la, deixando Banner no controle do volante, que entrou em pânico no início, mas aceitou após alguns segundos.
— Segura o tranco, Bruce, vou tentar ajudar. — disse, caminhando até as portas, ainda abertas, e tentando utilizar meus poderes para também derrubar as outras naves.
Demorei alguns segundos, mas consegui me concentrar o suficiente para utilizar a energia dos meus poderes e lançá-los nos veículos voadores atrás de nós. Consegui derrubar duas, porém uma delas ainda era persistente, e percebi ser a mesma mulher parruda que seguia Grão-Mestre por todos os cantos. Meu ódio aumentou, queria conseguir acabar com ela com minhas próprias mãos, mas eu sentia minha energia acabando ao tentar acerta-la, então apenas torci para que Banner pudesse despista-la.
Voltei aos bancos na frente quando Bruce apertou um botão, que fez inúmeros fogos de artifício sairem pela nave. De algum jeito, eles conseguiram distrair a mulher e fazê-la bater em um entulho enorme sobre o mar, e por sorte, era a última nave que ainda nos seguia. Thor e Valkyrie chegaram logo depois, pulando de uma nave para a nossa.
— Pessoal, estamos chegando no Ânus do Demônio. — disse Bruce, pronto para ceder o volante a um dos dois.
Valkyrie assumiu o posto de piloto, enquanto Thor sentava-se ao seu lado como copiloto. Eu e Bruce sentamos nos bancos que existiam atrás, e senti meu estômago revirar ao passo que nos aproximávamos do enorme portal. A energia ali era absurda, e eu sentia cada milímetro dela.
— A energia dessa coisa é o próprio caos. — gritei para que eles pudessem ouvir. Percebi a energia de todos ficar receosa e levemente amedrontada.
— Lá vamos nós. — Valkyrie ditou, enquanto atravessava o portal.
Ela desviava perfeitamente de inúmeras explosões e entulhos gigantescos que existiam pelo caminho, e por um momento quis apenas fechar os olhos e não olhar o que acontecia. Segurei-me no banco da frente, onde Thor estava, e mantive os músculos tensos. Em algum momento do trajeto, não conseguimos mais desviar de alguns meteoritos, então eles nos acertavam sem piedade conforme nos aproximávamos de uma luz extremamente forte e brilhante.
Foi então que eu fechei os olhos, e quando o fiz, já estávamos próximos o suficiente da luz para que eu sentisse cada partícula do meu corpo ser preenchida com a mais pura e estrondosa energia, e enquanto finalmente saíamos de Sakaar, também senti a minha própria energia se regularizar e voltar ao normal, deixando-me extremamente confortável. Provavelmente os outros três que me acompanhavam estariam achando demais, mas para mim era no mínimo revigorante.
Quando tudo pareceu ficar calmo, abri os olhos, e percebi que Thor, Valkyrie e Bruce haviam desmaiado. Muita energia, pensei enquanto me apressava em fazer alguma coisa. Lancei uma faísca dos meus poderes em cada um deles, conseguindo fazer com que acordassem, e quando finalmente olhamos para frente, vimos a Cidade Dourada. Tão reluzente, majestosa e imponente como sempre fora. Pude sentir um certo orgulho tomar conta do meu peito, e pensei ser um sentimento da minha alma; a alma também de Bryndís.
Porém, conforme nos aproximávamos e entrávamos em Asgard, vi que inúmeras casas e árvores estavam ou em chamas, ou destruídas, e foi quando uma leve dor tomou conta do meu interior, revirando meu estômago e deixando-me angustiada.
— Nunca pensei que eu voltaria aqui. — Valkyrie disse, mas logo ignorei a conversa que começava.
Kira. Pude ouvir em minha mente, e eu sabia muito bem quem era. Sari, pensei também respondendo a ela, sentindo um alívio me consumir por completo. Esperei tanto para poder vê-la de novo. Mas também me preocupei. Provavelmente a causa dessa destruição toda era Hela, e se ela tivesse achado Sari... Não sei do que ela seria capaz.
Não se preocupe, estou segura. Sari continuou dizendo em minha mente. Estou com os asgardianos que conseguiram fugir, junto de Heimdall.
— Sari está com Heimdall. — disse, atraindo a atenção de todos para mim.
— Hela está indo até eles. — Valkyrie apontou para um mapa digital, que mostrava assinaturas de calor. Provavelmente onde todos estariam, e também para onde a Deusa da Morte estaria indo.
— Me deixem no palácio. Vou distraí-la. — Thor disse, convicto.
— E correr o risco de morrer? — Valkyrie perguntou.
— O importante é salvar aquelas pessoas. — Thor continuou.
— Eu vou com você. — Me apressei em dizer, antes que pudesse ser contestada. — E não adianta dizer que não, carrego a alma da criadora disso tudo, não vou te deixar sozinho e vou ajudar o povo. — Thor pareceu convencido, assim como todos eles.
— Certo. Enquanto eu e Kira distraímos Hela, vocês dois vão ajudar a evacuar Asgard. — Thor voltou a dizer.
— E como vamos fazer isso? — Bruce perguntou, com as sobrancelhas franzidas.
— Eu tenho um homem em campo. — Thor respondeu.
— E uma tigresa mágica. — completei, recebendo caretas confusas de Bruce e Valkyrie.
(...)
A Valquíria nos deixou no palácio, e enquanto Thor corria até o arsenal para que aquela nave finalmente tivesse uma arma, me teletransportei ao meu quarto, para que eu pudesse finalmente trocar aquelas roupas e tirar a maquiagem do meu rosto. Senti-me mil vezes mais confortável em minhas roupas terrestres e com meus cabelos soltos e rosto limpo, podendo enfim, me reconhecer mais uma vez na frente do espelho, conseguindo sentir minha essência voltando com mais força ainda. Sorri com a imagem.
Voltei a me teletransportar até onde a nave estava, e vi Thor entregando algo além de uma arma enorme a Valkyrie, antes de caminhar em minha direção.
— Majestade, Kira. — A mulher chamou, fazendo o Deus olhá-la. — Não morram.
Bruce, então, decolou a nave mais uma vez. Eu e Thor observamos enquanto ela se afastava, com o intuito de ajudarem o povo de Asgard. Também informei a Sari sobre a ajuda, e ela não havia gostado muito da ideia de eu e Thor sermos iscas para Hela, e também perguntou sobre Loki. Consegui convencê-la, e não me estendi no assunto Deus da Trapaça, até porque ela estava em minha mente. Sabia o que aconteceu.
— Preparada, Bruxinha? — Thor perguntou, enquanto caminhávamos até a sala do trono, onde atrairíamos Hela.
— Morrer pelas mãos da Deusa da Morte? — Fiz uma pergunta retórica. — Parece divertido.
Thor sorriu e começamos a correr. Não demoramos a chegar até a sala do trono. Vimos tudo quebrado, e a imagem que antes existia no teto estava em pedaços, porém a figura de Hela junto de Odin estava gravada ali, por baixo de onde antes estavam as figuras de Thor e Loki. Rapidamente montamos um plano rápido. Thor esperaria Hela no próprio trono, enquanto eu me esconderia para poder ser um ataque surpresa caso necessário.
Thor sentou-se no trono e bateu o cetro de seu pai no chão diversas vezes, para conseguir chamar a atenção de Hela. Ela não demorou a chegar, e antes mesmo de ela adentrar a sala do trono, senti um arrepio percorrer toda minha espinha. O mesmo arrepio de quando tive a visão de Asgard em ruínas, quando também vi Hela na ponte de arco-íris. Era uma energia devastadora, caótica, porém ao mesmo tempo forte e avassaladora.
Observei, ainda escondida, enquanto ela caminhava confiante e firme até chegar mais perto do trono. Ela fez o capacete que usava desaparecer por um momento, deixando que os cabelos negros caíssem pelos ombros. Ela estava muito mais renovada desde que a vi pela primeira vez, como se tivesse recarregado. As roupas não estavam mais rasgadas e o cabelo não estava mais desarrumado. Com certeza havia renovado suas energias ao chegar em Asgard, como Odin dissera.
— Irmã. — Pude ouvir Thor cumprimentar.
— Você ainda está vivo. — disse ela. A voz era tão firme e presente quanto sua figura.
— Adorei o que fez neste lugar. Vejo que reformou. — Thor provocou.
— Parece que a solução de nosso pai para todos os problemas era encobrir. — Hela possuía um sorriso cínico no rosto.
— Ou banir. — Thor completou.
Ou lançar um feitiço para que todos esqueçam, adicionei em minha mente, enquanto revirava os olhos. Hela assumiu uma expressão séria no rosto antes de dizer qualquer outra coisa. Ela começou um discurso de como ela e Odin destruíram civilizações sem nenhuma dó ou piedade. Não foi difícil que eu acreditasse, não depois que soube o que aconteceu com Bryndís. Depois a voz de Hela ficou mais densa ao dizer que Odin simplesmente decidiu se tornar um rei benevolente, um rei que se dedicaria a criar o irmão mais novo.
— Eu entendo sua raiva. Você é minha irmã, e tecnicamente tem direito de reclamar o trono. — Thor voltou a dizer, fazendo uma pequena pausa. — Eu adoraria que outra pessoa governasse, menos você. Você é simplesmente a pior opção. — Hela, ao ouvir, passou as mãos pela cabeça, e o capacete cheio de chifres voltou a aparecer. Realmente era estranho ela ser irmã biológica de Thor e não de Loki.
— Tudo bem. Levante-se. — disse ela. — Você está no meu lugar. — Thor levantou-se do trono após ela dizer, mas manteve a postura firme.
— Meu pai uma vez me disse que um rei sábio nunca almeja a guerra. — O Deus disse, caminhando pela escadaria do trono, em direção a Hela.
— Mas deve estar sempre pronto para ela. — Hela completou, começando a correr da direção do irmão mais novo.
—————————————————
Autora: OI GENTE!!! agora a porradaria começa! já quero informar vocês que talvez no próximo capítulo ou no outro teremos uma notícia triste (só pra vcs n dizerem q eu não avisei) não me matem por favor, o importante é q da tudo certo no final, eu prometo!
bom, espero muito que tenham gostado e que estejam gostando, não esqueçam a estrelinha, e comentem bastanteeee aqui pra mim! Amo ver os surtos e comentário de vocês
Bjin procêis💚
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro