10 - Por que sinto que te conheço?
O momento pacífico foi interrompido por brutas batidas na porta do quarto. Logo a voz de Lady Sif se fez presente de maneira estrondosa. Percebi Sari tencionar os músculos e assumir uma posição de ataque, enquanto Loki apenas encarava a porta indiferente e talvez entediado. Acalmei a tigresa com um olhar, enquanto tocava gentilmente em seu pelo.
— Kira Maximoff, sei que está aí, dê-me um bom motivo por ter faltado ao treino e penso se pouparei sua vida. — Ela dizia com a voz firme e potente.
— Um minuto, Sif.
Fiquei alguns segundos em silêncio em seguida, tentando pensar em alguma desculpa que pudesse usar para despistar Sif dali. Encarei Loki, depois Sari e por fim desviei a atenção até a grande cama que existia no quarto. Era uma ideia péssima, sem noção e completamente estúpida, mas era o máximo que consegui pensar no momento.
— Sari, por favor, pode entrar no banheiro e ficar ali? — perguntei em um sussurro, encarando a tigresa. Ela apenas virou-se e caminhou até o local que pedi. Voltei a encarar Loki. — Feche os olhos, e fique perto da parede. — Ele franziu a sobrancelha.
— Por quê?
— Porque tenho uma ideia, estou prestes a tirar minhas roupas, e Lady Sif não pode ver que está vivo. — respondi, com o mesmo tom baixo de voz, observando enquanto Loki erguia uma sobrancelha. — A não ser que queira ver, é uma visão incrível.
Ele não respondeu, apenas passou os olhos por toda a extensão do meu corpo, de forma atenta e extremamente lenta. Controlei um sorriso, sentindo meu interior ferver de forma significativa. — Novamente, as ações de Loki mexendo comigo de forma intensa. — Em seguida, ele caminhou até a parede, atrás da porta do quarto, onde não seria possível vê-lo quando abrisse para conversar com Sif.
Ele apoiou um dos ombros na parede e cruzou os braços, mas não olhava para mim mais, olhava para algum ponto aleatório do cômodo. Não controlei uma risada nasalada antes de começar a desabotoar o vestido asgardiano que eu usava. Em alguns instantes pude sentir a pressão do olhar de Loki, ou talvez fosse apenas sua energia entregando a mim sua vontade de focar o olhar.
Joguei o vestido no chão, permanecendo com minhas roupas íntimas, em um ponto estratégico perto da porta e puxei de forma rápida e ágil o lençol que estava na cama, enrolando-o pelo meu corpo enquanto me dirigia até a porta. Baguncei levemente os cabelos antes de girar a maçaneta.
— Sif, como é bom te ver. — disse, forçando um sorriso cínico em sua direção.
Ela semicerrou os olhos em minha direção, antes de analisar o lençol enrolado em mim, em seguida enxergar o vestido no chão em um ponto do quarto. Eu ainda estava um pouco escondida atrás da porta, que não estava totalmente aberta, assim a guerreira não tinha uma visão completa do quarto, apenas do que eu quisesse que ela visse.
— Sério? — Ela perguntou voltando a encarar meus olhos. — Quantas pessoas já trouxe para esse quarto, Kira?
Olhei para cima e fiz uma careta, como se estivesse pensando demais sobre a resposta. Acabei não respondendo, apenas voltei a encara-lá com mais um sorriso divertido.
— Por quê? Quer vir também?
Sif soltou uma risada fraca como resposta, enquanto balançava a cabeça de um lado ao outro, em seguida passou os olhos por toda a minha figura enrolada no lençol. Ergui um dos cantos dos lábios, sempre gostei de quando investidas minhas surtiam efeito nas pessoas, era uma massagem maravilhosa em meu querido ego.
— Dessa vez eu deixo passar. — Ela começou, após voltar seus olhos aos meus. — Mas se faltar no treino amanhã de novo, eu te mato. — Sorri abertamente.
— Você me adora, Sif, jamais me mataria.
Ela não respondeu, apenas ergueu uma sobrancelha e lançou-me um último sorriso antes de se virar e seguir pelo caminho que veio. Observei a mulher se afastando por alguns segundos, antes de voltar a fechar a porta. Respirei profundamente aliviada antes de caminhar até onde estava meu vestido e pega-ló do chão.
— Então, você traz pessoas a esse quarto? — Ouvi a voz de Loki após alguns segundos. Encarei seus olhos enquanto terminava de arrumar o vestido em meu corpo.
— Por que quer saber? — perguntei, aproximando-me involuntariamente.
— Porque eu mando neste palácio, e quero saber quem o frequenta.
Ele aproximou-se também enquanto falava, e em um piscar de olhos estávamos frente a frente, próximos, muito próximos, na verdade. Fixei meu olhar em seus olhos de oceano, e senti, mais uma vez, um fervor indescritível emergir em meu interior... ou talvez fosse no interior de Loki, ou até mesmo no de ambos, não saberia dizer com clareza, mas com certeza não queria que acabasse tão rápido.
— Então? Quantos? — Ele perguntou novamente, e dessa vez, além da sensação feroz que já sentia, percebi um aperto, um desconforto, algo raivoso, vindo de Loki. Controlei um sorriso.
— Nenhum, majestade. — respondi e me aproximei mais.
Senti seu corpo encostado ao meu, e o fervor apenas aumentou ao perceber que Loki não se afastara nem um milímetro, inclusive pensei tê-lo visto inclinando levemente o corpo para frente. Seus olhos continuavam nos meus, e novamente quis mergulhar em toda aquela imensidão azul, em todo aquele oceano.
— Ainda. — completei, sentindo a respiração do Deus em meu rosto, com tamanha proximidade. — Quer ser o primeiro?
Loki ergueu uma sobrancelha, e pude ver um sorriso fraco querer surgir no canto dos seus lábios. Sua energia intensificou-se drasticamente, assim como a minha. O fervor que sentia antes já estava mais ardente do que um magma terrestre, provavelmente eu nem sentiria se encostassem algum objeto flamejante em mim naquele momento.
O Deus não respondeu, mas continuou encarando meus olhos, em seguida analisou todo meu rosto até fixar sua atenção em meus lábios. Sorri propositalmente, tomando a vez de visualiza-lo por completo. Sua pele pálida constrastava com os cabelos negros de uma forma esplêndida, fazendo-me lembrar de um símbolo chinês famoso: Yin Yang.
De algum jeito aquele símbolo combinava com Loki, pelo menos para mim. Representando não apenas o equilíbrio, mas também o bem e o mau presentes neles mesmos, demonstrava que era impossível alguém ser cem por cento bom ou cem por cento mau, e toda a minha intuição gritava contra as histórias e alertas de todos sobre Loki ser apenas um vilão. Eu simplesmente não conseguia enxergar, ou nem mesmo sentir apenas isso nele. Tinha algo a mais, tinha uma luz, uma faísca a mais, com certeza.
Observei seus lábios finos e rosados igualmente, ainda sentindo sua respiração em meu rosto, e seu corpo grudado ao meu. Em seguida, quase que ao mesmo tempo, nossos olhares voltaram a se encontrar, e mais um choque intenso, quente e enérgico percorreu por todo meu interior. Loki aproximou o rosto lentamente. Também o fiz. Cada vez mais próximos, nossas respirações misturavam-se em sincronia. Senti a ponta do seu nariz tocar o meu gentilmente.
Um grunhido de Sari fez Loki afastar-se de forma rápida, como se fugisse, e a separação repentina de seu corpo com o meu foi como se arrancassem um curativo rápido demais, tão brutalmente que me fez arfar de forma incontrolável. Engoli em seco enquanto tentava manter minha respiração um pouco mais regularizada. Não sabia dizer se Loki sentira o mesmo que eu, mas uma coisa era certa: as ações do Deus tinham um impacto absurdo em mim e eu não tinha ideia do porquê.
— Vou deixar vocês sozinhas para que possam... se conhecer. — Loki disse, sem olhar para mim dessa vez, caminhando na direção da porta.
(...)
No dia seguinte, estava pronta para o treinamento com Sif, que não iria me esquecer dessa vez. Sari havia dormido em meu quarto, e não havia demonstrado absolutamente nenhum desconforto por não estar em seu habitat natural. Encarei a tigresa por alguns segundos, pensando se pedia para que ela me esperasse, ou então para que ela voltasse para a mata, ou até mesmo para que me seguisse.
— O pior que poderia acontecer seria alguém morrer de susto, certo? — indaguei, encarando os olhos verdes de Sari. — Não se preocupe, te protejo de quem for.
Sorri em sua direção em seguida, e em resposta, o animal passou o rosto em minha perna de forma carinhosa, deixei uma leve carícia atrás de sua orelha antes de abrir a porta do quarto e sair corredor a fora, com Sari em meu encalço, em direção a sala de refeições, prontas para um belo café da manhã.
Era a primeira sala que eu havia visto com uma mesa lotada de comida ao me aventurar pelo palácio na primeira semana que havia chegado, quando Loki ainda insistia em me fazer "prisioneira". Descobri que era uma sala exclusiva para Thor e seus quatro amigos guerreiros, mas eles me deixaram frequenta-la igualmente após nos aproximarmos. Sif teve a ideia, para dizer a verdade.
Ao chegar, percebi que Sif e Volstagg ainda estavam ali, o que era bom já que aparentemente eu não estava atrasada para o treino, portanto a guerreira não poderia arrancar minha cabeça. Ambos sorriram para mim ao me ver, mas ao perceberem a tigresa ao meu lado, suas feições mudaram por completo. Estavam exatamente como Loki quando viu Sari pela primeira vez, e poderia dizer com certeza, era uma expressão muito engraçada, tive que controlar uma risada.
— Bom dia, guerreiros, como estão? — disse, tentando parecer natural, como se não houvesse uma tigresa enorme, e provavelmente mágica, ao meu lado.
— Kira... — Sif começou, ainda encarando a tigresa, perplexa.
— É, eu sei. Oh, pelos Deuses, você encontrou uma Sari. — forcei a voz para que ficasse mais fina enquanto movia as mãos ao lado da minha cabeça, fingindo surpresa. — Ela me encontrou, na verdade.
— Já fizeram a conexão completa? — Volstagg perguntou, aproximando-se lentamente do animal. Franzi o cenho.
— Não tenho ideia... Acho que não. — respondi.
Os dois guerreiros caminhavam lentamente na direção de Sari, sem absolutamente nenhum movimento brusco. Percebi a tigresa tensionar os músculos ao meu lado, encarando ambos, em seguida ela buscou meu olhar. Sorri para ela e fiz um aceno afirmativo com a cabeça, como se dissesse que eles não eram ameaça, eram amigos.
— Isso é incrível. — Sif comentou ao perceber que Sari voltara a estar completamente confortável e relaxada ao meu lado. — Seu treinamento hoje vai ser conectar-se com ela. Vá, agora, não perca tempo.
— Podemos, pelo menos, comer alguma coisa antes?
(...)
Após o café, bastante generoso eu diria, já que Volstagg pediu para que trouxessem algum animal inteiro para Sari comer, caminhamos calmamente até a mata. Pensei ser o melhor lugar para começarmos... o que quer que tivéssemos que começar, já que da última vez que algo aconteceu estávamos no meio daquelas mesmas árvores e plantas.
Sentei-me em uma pedra maior no chão, e observei enquanto Sari sentava-se de frente para mim. Fiquei alguns segundos a encarando, sem ter a mínima ideia do que fazer, ou do que pensar, ou do que ia acontecer... Se é que algo fosse acontecer.
— Tudo bem, Sari, como fazemos isso? — perguntei ainda encarando os olhos da tigresa. — Ficamos aqui nos encarando até algo acontecer, ou então alguma magia mirabolante vai surgir do nada e fazer alguma coisa?
Se alguém da Terra me visse, pensariam que enlouqueci de vez, pensei enquanto controlava minha respiração mais uma vez por conta da preocupação com minha irmã e os outros Vingadores. Observei enquanto Sari deitava-se de forma graciosa e apoiava a cabeça em meu colo confortavelmente. Acariciei seus pelos enquanto suspirava profundamente.
— Não é tão simples assim, midgardiana.
Assustei-me com a voz de Loki surgindo por entre as árvores. Estava tão concentrada em Sari, que nem sequer senti o Deus se aproximando. Olhei para um dos lados e o vi encostado em um tronco grande. Busquei seus olhos como sempre fazia, e a mesma faísca do dia anterior se fez presente em meu corpo, mas dessa vez, fiz questão de sentir sua energia também, e não estava muito diferente da minha.
— A vontade de estar perto de mim é tão grande que até me seguiu, majestade? — perguntei provocativa. Loki ergueu uma sobrancelha.
— Você que estava querendo ficar bastante próxima de mim ontem, midgardiana. — Ele devolveu no mesmo tom de voz, com um sorriso fraco querendo surgir no canto dos lábios.
— Apenas eu?
Ele não respondeu, apenas sustentou meu olhar da mesma forma intensa que fazia, mas dessa vez tinha algo a mais em suas orbes, uma chama a mais, uma provocação a mais. Não consegui controlar um sorriso entretido, sentindo como se meu interior fosse um sistema de combustão sendo acionado, gerando calor de forma instantânea.
Desviei o olhar ao sentir Sari se levantar. Ela caminhou calmamente até Loki e ao alcançá-lo, esfregou seus pelos nas pernas do Deus, pedindo carinho. Ele atendeu ao pedido do animal e passou uma das mãos pelos pelos claros e brilhantes da tigresa, enquanto ela parava os movimentos e permanecia com q cabeça inclinada, apenas apreciando a carícia. Não consegui controlar um sorriso ao ver aquela cena.
— Ela gosta de você. — disse enquanto observava um sorriso se formar nos lábios de Loki. Ele me olhou por alguns segundos, sem disfarçar o semblante alegre e surpreso.
— Eu também gosto de você, Sari. — disse ele ao voltar a olhar para a tigresa.
Observei aquela cena por mais alguns segundos. Loki havia ajoelhado no chão e passara a acariciar o animal com as duas mãos. Sari, por sua vez, deitara no chão e apenas aproveitava todas as carícias que recebia. Pela primeira vez pude ver um sorriso largo e verdadeiro por parte do Deus e aquela era uma das melhores vistas que já presenciei. Seu sorriso carregava um brilho diferente, um tanto tímido, como se tivesse sido apagado tempos atrás, porém lutava para voltar a existir. Queria vê-lo sorrindo mais vezes.
— Tente mostrar algo a ela também. — Loki disse, tirando-me de todos os meus devaneios. Pisquei algumas vezes e o encarei confusa. — É assim que a conexão funciona, ela já lhe mostrou algo, talvez íntimo a ela... Tente mostrar algo também.
Encarei o chão, pensando o que eu poderia mostrar a Sari e como eu faria isso. Não foi preciso eu pensar muito, já que uma memória logo me veio à cabeça, e como se percebesse, a tigresa levantou-se e afastou-se de Loki, voltando a caminhar em minha direção. Ela sentou-se mais uma vez em minha frente e fixou seus olhos esmeralda nos meus.
Obviamente eu mostraria meus irmãos a ela, já que eram as duas pessoas mais importantes em minha vida. Respirei profundamente, concentrando minha mente em uma memória em especial, o dia que compramos os colares com as fotos de cada um. Havia sido ideia de Wanda, e eu havia adorado. Pietro ficara um pouco mais relutante, mas acabou cedendo ao mostrarmos o pingente e a corrente escolhidas.
— Isso é brega. — Ele dizia, forçando uma careta enquanto observava o funcionário da loja posicionar as fotos em cada colar.
— Cale a boca, são lindos. — Wanda respondeu, recebendo o dela e colocando-o com um sorriso no rosto.
— Confesse que amou, irmãozinho. — Eu disse, colocando a corrente dele em seu pescoço.
— Você é só oito minutos mais velha que eu. — Ele contradisse, mas percebi um sorriso querer surgir em seus lábios enquanto encarava as fotos do pingente.
— Continuo sendo a mais velha dos dois, vamos. — finalizei, por fim, após colocar minha própria corrente e passar os braços pelos ombros de ambos em seguida.
Ao final da lembrança, percebi que uma lágrima escorria silenciosamente em meu rosto, porém um sorriso tomava forma em meus lábios, sincero e profundo. Eu sentia tanto a falta de meus irmãos, e não podia nem começar a pensar em Pietro que meu coração já sentia vontade de afundar em angústia e tristeza, apertado, dolorido e machucado.
Sari se aproximou, depositei minha testa na sua em seguida. Fechei os olhos e me permiti sentir toda a energia que aquela conexão entre aquele animal e eu exalava. Era indescritível, esplêndida, revigorante. Sari já estava em meu coração, e eu a protegeria para sempre, de tudo e todos, não poderia perdê-la nunca mais.
Após alguns segundos afastei-me de Sari e limpei o rosto rapidamente, porém ainda possuía um sorriso nos lábios. Olhei para o lado e vi que Loki ainda estava lá, com os olhos fixos em mim. Sorri um pouco mais abertamente para ele, de forma involuntária e impensada, e fiquei ainda mais contente e surpresa ao perceber que ele me devolvera o sorriso, fraco, porém verdadeiro.
— Acho que deu certo. — Eu disse, com minha atenção completamente voltada aos olhos de oceano de Loki.
Não deu tempo de ele responder, já que Sari chamou minha atenção novamente ao encostar uma das patas em meu braço. Voltei a encarar os olhos do animal, de forma atenta. Novamente, senti toda aquela energia me consumir por completo, a mesma energia do dia anterior, no momento em que encontrei Sari. Pisquei algumas vezes, ao absorver uma imagem em minha mente, primeiramente desfocada, porém tornando-se nítida gradativamente. Era Bryndís.
Ela olhou em meus olhos, de maneira intensa e profunda, mas não me senti desconfortável. Na verdade nada em relação a Bryndís me deixava desconfortável, eu apenas sentia a melhor energia e melhores sensações em relação a ela. Ela sorriu para mim, e novamente senti uma paz e bem estar absurdos consumirem todo meu interior.
— Bryndís. — Eu disse, com a respiração e o coração leves. — Por que sinto que te conheço?
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, com as expressões serenas e pacíficas, assim como toda sua energia. Ela continuou com seu olhar fixo no meu, e senti como se pudesse analisar toda a minha alma, como se a conhecesse. Pisquei algumas vezes ao ouvi-la dizer:
— Também me chamam de Deusa Esmeralda.
———————————
Autora: ooooo, marvetes, tudo bão?
GENTE E AÍ??? COMO ESTÃO AS TEORIAS??
O QUE ACHARAM DO MOMENTO🦋🔥 DO CAP, não me recuperei até agoraaaa kkkkkkk
Espero muuuito que tenham gostado do capítulo e que estejam gostando da história!
Não esqueçam da estrelinha, e se quiserem comentar, eu agradeceria demaissss!
Bjin procêis💚
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