Epílogo - O Amor não busca os seus próprios interesses.
Porto Nacional – TO, Junho de 2016.
Jemima olhava fixamente para o médico à sua frente, ela não piscava temendo começar a chorar e não parar mais; fechou os olhos suspirando profundamente.
- Eu vou preparar para a sua internação. – Disse o médico sem nenhuma emoção. Ela o encarou.
- Eu não vou internar. – Para sua surpresa seu tom de voz saiu mais firme do que imaginara.
- A senhora não compreendeu, precisamos tirar os bebês.
- O senhor que não compreendeu. Ninguém toca nos meus filhos, o senhor pode trazer o Termo de Alta que eu assino. – Respondeu feroz.
- A senhora não tem condições de assinar nada, - disse irritado – tem alguém te acompanhando?
- Não, me mandaram para cá com urgência, mas meu esposo deve estar chegando. – Respondeu no mesmo tom.
- A senhor, por favor, aguarde na sala de espera e quando ele chegar nós conversaremos, - a porta se abriu e Alex entrou, ela levantou rompendo-se em lágrimas se jogou nos braços dele.
- O senhor é o esposo dela? – Perguntou o médico enfadado.
- Sim. – Respondeu sem o encarar. Pegou o rosto dela entre as mãos. – Perdoe-me pela demora.
- Eu sei, a Laura disse que você estava na zona rural. – Sorriu entre as lágrimas.
- Se importam de sentar, por favor! – Pediu como se falasse com duas crianças, Jemima gemeu pela dor e frustração, nervoso Alex a ajudou a sentar sentando ao seu lado. - A sua esposa precisa fazer uma cesariana agora. – Disse o médico, Alex sentiu o chão faltar apertaram suas mãos apoiando-se um no outro.
- Mais agora que ela entrou na trigésima semana. – Disse ele engasgado.
- Não há batimentos cardíacos de um dos fetos, e ela está perdendo sangue, não podemos arriscar a...
- Meu amor, nós teremos gêmeos. – Ela interrompeu o médico segurando o rosto do esposo entre as mãos, as lágrimas molhando seu rosto.
- Eu sei minha vida. – Respondeu a abraçando.
- Para que você se lembre. Quando chegar o momento. – Sussurrou ao ouvido dele. – Foi o que me foi dito em um sonho quando ainda nem sabíamos que estávamos morando na mesma cidade.
- Eu também tive um sonho com os nossos gêmeos. – Sussurrou fechando os olhos. – "Que a sua Vontade se cumpra em nossas vidas, fortaleça-nos para que não venhamos a fraquejar". – Pensou suspirando.
- Escutem os dois eu tenho outros pacientes e não tenho o dia todo para cuidar das loucuras de todos que entram aqui, então sejamos práticos, eu não posso garantir a sua vida nem a do seu filho que ainda está vivo, se não tirarmos ele agora.
- O senhor também não pode garantir a vida dele, o tirando agora. – Disse ela sarcástica.
- O que você quer fazer meu amor? – Perguntou Alex sério, o médico revirou os olhos fungando.
- Eu quero ver o doutor João.
- Ok! Cadê o Termo de Alta para eu assinar. – Disse decidido.
- Vocês são dois loucos fanáticos, quero deixar bem claro que não será responsabilidade minha nada do que acontecer com a sua esposa ou com seu filho. – Disse o médico irritado.
- Sabemos disso e não se preocupe por isso, assinarei o Termo de Alta assumindo toda a responsabilidade por estar tirando minha esposa daqui sem o seu consentimento, te isentando de qualquer responsabilidade do que possa vir acontecer e para aplacar sua consciência daqui alguns meses, voltarei aqui para o senhor conhecer meus filhos. – O médico gargalhou alto.
- Essa eu pago para ver. A ultrassonografia e o estetoscópio fetal não mentem e um dos seus filhos está morto e quanto mais cedo vocês se conscientizarem sobre isso menos vocês sofrerão e talvez os danos não sejam tão grandes. – Respondeu o médico irônico.
Enquanto a burocracia para tirar Jemima da maternidade se desenrolava, Alex ligou para o doutor João que de sobreaviso os aguardava. Se a viagem de Fátima para Porto Nacional fora tensa de Porto Nacional a Palmas estava sendo um suplicio, ele se esforçava para concentrar-se no trânsito, mas estava difícil Jemima sentia dor e o medo estampado nos seus olhos o aterrorizava. Finalmente parou na frente da clínica, enquanto a ajudava a descer do carro João veio correndo com uma cadeira de rodas.
- O que houve exatamente? - Perguntou o médico.
- Hoje eu acordei com um pouco de cólica, tomei Buscopan e fui trabalhar pensei que seria uma coisa boba, mas as dores aumentaram seguidas pelo sangramento. - Ela fungou engolindo seco. - Foi feito uma ultrassonografia e apenas um coração foi ouvido, aparentemente o outro bebê está... - Interrompeu-se engasgada.
O doutor João fez outra ultrassonografia para confirmar o que o doutor Agnaldo e o médico da maternidade já haviam dito e ela própria vira; ele encarou o casal de amigos.
- O que você quer eu faça? - Perguntou encarando Jemima.
Ela sustentou o olhar. Dois anos após o casamento ela o procurara para ter certeza de que estivesse tudo bem com sua saúde, pois não conseguia engravidar, apenas para comprovar que clinicamente ela estava bem, aparentemente não havia nada de errado, ainda assim ele sugeriu um tratamento hormonal devido a idade, mas ela se recusou, acreditava na promessa de Deus para sua vida.
- Doutor eu serei mãe de gêmeos, no momento que Deus decidir que estou preparada Ele me dará meus filhos. - Dissera decidida.
- Você como médica sabe que Deus nos usa para ajudar as pessoas. - Dissera ele sério, ela sorrira.
- Sim eu sei, mas se fosse o caso de eu fazer algum tratamento teria dado alguma alteração nos meus exames, graças a Deus estou bem e eu vou esperar pelo tempo dEle.
- Eu não posso dizer isso a todas as minhas pacientes, mas a você eu posso, - dissera sorrindo - estou feliz por você estar pondo a sua expectativa em Deus, tenho certeza que Deus está cuidando para que seja perfeito no momento certo.
E naquele momento era exatamente isso o que ela estava fazendo colocando todas as suas expectativas e frustrações em Deus, que Ele e apenas Ele a direcionasse para qualquer situação, o que Ele estivesse preparando para ela receberia de bom grado, pois tinha certeza que ou Ele a confortaria pela perca que sofreria ou a daria força para enfrentar um período surreal, e ela estava crente que passaria por este período. Suspirou engolindo o choro.
- Eu ainda não mudei de ideia, quanto aos meus gêmeos. – Disse ela.
- Eu sei, e por isso eu estou perguntando: 'o que você quer que eu faça?' - Tornou a perguntar.
- Ajude-me a ter meus filhos.
- Como médico eu preciso alerta-la de que apenas um bebê está respirando.
- Eu quero, sim, ajuda profissional, mas principalmente eu quero ajuda do profissional irmão na fé, - disse fechando os olhos devido à dor – eu preciso de respaldo físico, e nenhum outro profissional fará isso, por que acha que sou uma fanática religiosa enlouquecida, mas você compreende.
- Ok, sejamos práticos. Você não poderá voltar pra Fátima, preciso que você fique aqui durante o restante da gestação, quero te acompanhar de perto; vamos entrar com artilharia pesada, chama todo mundo para orar e jejuar, eu serei seu irmão em Cristo nesse momento, mas também serei seu médico, eu creio que Deus seja perfeito em suas promessas, mas sei também que a gente algumas vezes se confunde, eu ficarei de olho em você e, se eu perceber que você ou o outro bebê estão perecendo a gente faz imediatamente uma cesariana, você concorda?
- Qual a possibilidade do meu bebê nascer agora sem nenhuma sequela? – Perguntou desafiadoramente.
- Mínima.
- Exatamente, se é para esperar pelo milagre eu prefiro esperar pelo milagre completo. E sim, eu entendi, e concordo.
- Vamos aguardar e não se preocupe, não farei nada que for Deus a colocar em nossos corações. Vou preparar sua internação, precisamos cuidar dessas dores e do sangramento. Alex, o que você acha? Tem algo a acrescentar? Você está muito calado.
- Não, nada a acrescentar eu só estou pensando em quem poderá ficar com as meninas para eu ficar aqui com ela.
- Você precisa voltar para casa amor. – Disse respirando profundamente.
- Depois que você estiver medicada eu vejo isso. – Respondeu a abraçando.
Delicadamente Alex soltou a mão dela que apertava a sua fortemente, finalmente dormira; beijou o rosto dela e pegou sua bolsa onde estavam os celulares desde que chegaram ali. Sentou-se na poltrona no corredor vazio e frio, ainda que fosse uma clinica particular e bem decorada, ainda era um hospital com aroma e tristeza de hospital, sentiu um aperto no coração, da última vez que estivera com uma esposa dormindo em um leito hospitalar tomando soro não a levou de volta para casa.
- "Meu Deus seja o Senhor conosco; eu creio em Ti, creio no Seu melhor para mim, não me deixe desamparado, que a Sua Vontade se cumpra mais uma vez, eu espero em Ti para que o desejo do meu coração se realize. O Senhor me mostrou em sonho que eu teria gêmeos, eu confio que o Senhor tem tudo sobre controle, acalme o meu coração, pois aqui dentro, Senhor, não tem mais nada em controle, sinto-me desabando e perdido em meio aos destroços; não posso cair agora, ela precisa de mim e eu quero estar aqui para ela e por ela, segure firme em minhas mãos Pai, pois estou sem forças, mostre o que fazer agora, mostre-me a melhor solução para tudo isso, nos acalme em meio a toda essa tribulação". – Pensou abalado e, sem se dar conta as lágrimas molhava a bolsa bege que tremia em seu colo, com os olhos embaçados pegou o celular e por alguns segundos ficou olhando-o sem saber o que fazer.
- Oi dona Olga. - Secando as lágrimas atendeu.
- Meu filho está tudo bem? Eu liguei para a Laila e ela disse que a Jem foi mandada para o hospital, algum problema com ela ou os bebês? – Perguntou preocupada.
- Neste momento ela está dormindo, precisou tomar sangue por que teve uma hemorragia graças a Deus o sangramento cessou e as dores diminuíram, mas infelizmente um dos bebês não está respirando. – Respondeu voltando a chorar.
- Vocês estão aonde?
- Em Palmas. Dona Olga ela vai precisar ficar aqui até o final da gestação. – Disse desolado.
- Meu filho não fique assim, vai dar tudo certo. Eu estou indo para o Tocantins ficar com as meninas, para você ficar ai com ela o tempo que for preciso, imagino que essa situação de hospital não seja fácil para você. - As lágrimas e a emoção o impediam de falar. – Vamos todos orar por vocês, vou agora falar com o Valmir, a Valquíria e o Rafael, vai ficar tudo bem. Eu pego o primeiro avião para aí. Eu amo vocês meu filho.
- Obrigado dona Olga, também amamos a senhora. – A voz embargada quase não saia, compreendendo a emoção dele ela desligou.
Ele passou mensagem para a sogra e para a mãe, não estava em condições de falar com elas e ligou para Renata dizendo onde estavam e o que acontecera. Jemima ainda dormia quando Renata e Benjamim chegaram juntos.
- Você quer que eu fique aqui com ela ou que eu vá até Fátima organizar as coisas? – Perguntou ela prática.
- Sinceramente Renata eu não sei, eu não quero deixa-la, mas também preciso ir organizar as coisas da loja com a Laura e das meninas com a Camila até dona Olga chegar.
- Ela vai ficar com as meninas. – Afirmou sem nenhuma surpresa.
- Sim. Graças a Deus, eu sei que não faltarão pessoas para ficar de olho nelas, mas eu admito que fique mais tranquilo sabendo que a avó estará lá com elas.
- Eu entendo. Mais eu imagino que nesse primeiro momento ela ficará mais dormindo, por causa das dores eu fico aqui com ela e você vai. Não se preocupe daqui a pouco esse corredor vai estar superlotado. – Disse sorrindo.
- Eu vou contigo para dirigir, você não está em condições de dirigir e de Van demora muito. – Ofereceu Benjamim.
- Boa ideia! – Disse Renata. – Ela não ficará sozinha.
- Eu sei. A dona Olga falou para o Rafael, que já falou para o irmão, já recebi mensagem dele e da Raquel, eles e os amigos virão para cá quando saírem da escola, eu acho que vai ficar tudo bem, não é? – Disse com os olhos cheios d'água.
- Vai sim, estamos todos juntos com vocês. Deus se manifesta na união de fé e solidariedade dos irmãos. – Disse o abraçando, Benjamim juntou-se ao abraço.
Os dias seguintes foram tensos e cheios de emoções, Renata estava certa, a clínica do doutor João ficou pequena para tanta gente; nos primeiros quinze dias Jemima ficou internada sendo liberada para ir para casa, com a condição de que permaneceria em Palmas, ficou hospedada na casa do irmão.
Estranhamente a ultrassonografia não mostrava a bebê que não havia batimentos cardíacos, o doutor João acreditava que ela estivesse escondida atrás do irmão, para Honra de Deus a mãe e o bebê estava bem e, na trigésima oitava semana Jemima entrou em trabalho de parto.
Alex segurava firme na mão dela, tentando não desabar em sua frente, naquela manhã não havia ninguém na casa com eles, quando ela gritou e ele correu até ela já ligando para o médico, era assim qualquer dor ou mal-estar prolongado eles já ligavam para ele, e graças a Deus ele estava sempre disponível, Deus estava cuidando de tudo nos mínimos detalhes.
- Se acalme papai. – Disse o doutor João pela milionésima vez. – O seu filho quer vir ao mundo e está tudo bem. – Disse o doutor João sorrindo.
- E por que está demorando tanto? – Perguntou Angustiado.
- Por que a sua esposa quer ter um parto normal. – Disse Jemima tranquilamente, fechando a cara com a contração. – Tem certeza que quer ficar aqui? – Perguntou depois que a dor passou, encarando a cara de desesperado dele. – Eu vou ficar bem, você pode esperar lá fora. – Concluiu sorrindo.
- Nem pensar! Eu não arredo o pé daqui. – Respondeu decidido.
- "Que a Sua Vontade prevaleça em nossas vidas" – Pensava os dois, enquanto ela mordia os lábios para não gritar ele apertava sua mão, em algum momento ela soltou a mão dele agoniada gemendo, ele tentou pega-la, mas ela não deixou, a dor deveria ser insuportável e aquilo quase o destruía.
Estava presente quando as filhas nasceram, mas ambas nasceram de uma cesariana, compreendia a decisão de Jemima por parto normal, mas se imaginasse que ela fosse sofrer tanto teria exigido que o médico fizesse uma cesariana, finalmente ouviu um choro, mas a surpresa na cara do médico o fez sentir mais medo ainda.
- Tem alguma coisa errada. - Disse o médico.
- O que foi doutor? – Perguntou a enfermeira.
- É uma menina. – Respondeu nervoso.
Jemima mordeu o lábio novamente devido a forte contração, mas ele ainda viu a confusão no olhar dela que com certeza refletia a dele, afinal todas aquelas semanas os sinais vitais eram do menino.
- Continue olhando para mim. – Pediu com os olhos embaçados pelas lágrimas, secando as dela. Ambos arregalaram os olhos sorrindo ao ouvir outro choro, mas antes que Alex dissesse ou fizesse qualquer coisa Jemima desmaiou.
Os acontecimentos seguintes não passavam de borrões na memória de Alex, alguém o empurrando para fora do centro cirúrgico, pessoas correndo de dentro para fora e vice-versa, encolhido no chão ao lado da porta não conseguia parar de pensar em sua esposa desacordada.
- Senhor, gostaria que eu chamasse alguém? - Perguntou a recepcionista ao seu lado.
- Obrigado. - Disse se levantando secando as lágrimas. - Eu mesmo faço isso, você poderia, por favor, vê como está minha esposa e meus filhos?
- Eu vejo sim. - Respondeu saindo.
Ele passou as mãos na cabeça sem saber para quem ligar. Renata e André estavam trabalhando. Suspirando ficou passando o celular de uma mão para a outra, decidindo para quem ligar, Ariane atendeu no terceiro toque.
- Oi.
- Oi. – Respondeu chorando.
- O que aconteceu Alex? Cadê Jemima?
- Ainda no centro cirúrgico me tiraram de lá, ela desmaiou meus gêmeos nasceram.
- Irmão comece do início, está confuso, gêmeos? Irmão do que você está falando? – Perguntou confusa, ele respirou profundamente e começou a falar, ele não sabia quem chorava mais ele ou a irmã.
Sentado na cama ele olhava os dois rostinhos embrulhados nos berços, a equipe médica ainda não entendia como Zoe estivesse viva, gentilmente tocou no rostinho corado da filha.
- Minha pequena guerreira! Deus tem grandes planos para você. – Disse sorrindo. - Obrigado meu Deus pelo milagre manifestado através da minha filha, obrigado por nos amar tão incondicionalmente, seja o Senhor com a minha esposa, se possível, em Nome de Jesus permita que ela tenha o privilégio de estar com os filhos. - Disse às lágrimas.
- Alex! - Chamou o doutor João, visivelmente cansado.
- Como ela está? - Perguntou tenso.
- Graças a Deus fora de perigo. - Alex abraçou o médico e juntos choraram.
- Obrigado meu amigo, por tudo o que fez por nós, sabemos que foi arriscado; você arriscou seu CRM ao nos ajudar. - Disse se afastando.
- Eu arrisco meu CRM todos os dias depois que conheci a Cristo, não se preocupe está tudo bem. - Respondeu emocionado. - Enquanto Deus estiver me permitindo eu estarei aqui para fazer a Vontade dEle.
- O que houve com a Jemima? - Perguntou nervoso.
- Ela teve atonia uterina. - Alex suspirou. - Tivemos dificuldades para que o útero dela retraísse, mas graças a Deus agora está tudo bem, a hemorragia está controlada, mas como ela perdeu muito sangue, achei melhor deixa-la dormir até amanhã, apenas para ela se recuperar. Se todas minhas pacientes que precisassem de sangue fosse como a Jemima eu seria o médico mais feliz da vida.
- Outra fila para doações? – Perguntou aliviado.
- Sim. Eu disse Jemima precisa de sangue e os doadores fizeram fila, o hemocentro da cidade agradece.
- Ela está realmente bem? – Perguntou contendo a emoção.
- Sim. Quando acabar a bolsa de sangue, vou mandar trazê-la para cá, assim você fica com sua família.
- Obrigado.
Alex jamais se esquece de uma promessa ou divida, no dia que iria voltar para casa com sua família, ele ligou para Thais e pediu que ela verificasse se o médico que atendeu Jemima dois meses atrás estaria trabalhando naquele dia, e sim ele estava.
- Amor, nós não precisamos fazer isso. – Disse Jemima tirando o cinto de segurança.
- Eu sei, mas a palavra de Deus diz que devemos dar graça a Ele o tempo todo e que devemos testemunhar de sua Graça e é isso o que eu vou fazer, eu só vou dizer a ele que eu não sou um louco fanático eu sou um louco crente.
Os dois ficaram na sala de espera esperando a paciente sair do consultório, no momento que ela saiu eles entraram cada um com um bebê.
- Bom dia doutor. – Confuso o homem levantou a cabeça, olhando de um para o outro obviamente os reconhecendo.
- O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou de olhos arregalados encarando os bebês. – Isso é impossível, você roubaram um bebê?
- O quê? – Perguntou Jemima chocada, Alex gargalhou exatamente como ele fizera anteriormente.
- Não doutor, esses são os meus filhos, não pedir para o senhor fazer um exame de DNA para comprovação, por que não me interessa a sua opinião, eu só vim aqui lhe dizer que respeito muito os médicos, principalmente os médicos que me respeitam. O senhor que vê-los?
Havia medo no olhar do médico, mas também curiosidade, e não resistindo à tentação aproximou-se.
- Sério que são eles? E por que não ouvíamos o coração de um deles?
- Era o coração de Zoe que não ouvíamos. – Respondeu Alex sorridente. – Não sabemos a razão, só sabemos que ela está viva e saudável.
- Ela não tem nenhum problema no coração? – Perguntou cético.
- Nenhum. – Respondeu Jemima. – Obrigada doutor pelos primeiros socorros naquela manhã, foram vitais para que meus filhos viessem ao mundo com saúde, Deus o abençoe, e que Ele tire as escamas dos seus olhos e que um dia perceba que para ser um grande médico é necessário que Deus permita, o dia que Ele não quiser o homem não faz mais nada.
- Fique em paz doutor. – Disse Alex acompanhando a esposa que já virava saindo.
- Deus me livre, ele faltou pouco pedir autorização para dissecar nossos filhos. – Retrucou Jemima colocando Noah no bebê conforto.
- Se déssemos espaço a ele, faria mesmo isso. – Disse rindo.
- E você ainda ri. – Respondeu sacudindo a cabeça.
- Meu amor, pessoas descrentes sempre vão inventar histórias para os milagres de Deus, e fingir que não estão vendo o que está bem na cara deles. – Disse ainda sorrindo beijando sua esposa linda. Olhou para trás os dois bebês dormiam. – Vamos para casa, para o nosso lar.
Um ano depois.
Adriana decorava a chácara para o primeiro aniversário dos gêmeos. O local estava mais em polvoroso que no dia do seu casamento, a garotada estava fazendo a festa com os balões e com o pula-pula. Jemima sorriu voltando à atenção para Cassandra que contava as novidades da Clínica Veterinária Amigão-Cão fazendo todos os presentes rirem, de repente ela percebeu que gostava dessa movimentação em sua vida até reencontrar Alex não fazia ideia do quanto sua vida era solitária, da varanda onde estava o viu chegar e um sorriso de orelha a orelha iluminou seu rosto.
- Eu quero muito que todas as vezes que eu veja a Katie em meu rosto tenha esse sorriso. – Disse Benjamim encarando-a.
- Não se preocupe! Você fica exatamente assim como um bobo quando a vê. – Disse Felipe sorrindo.
Na onda dos dois todos começaram a falar das caras de bobos uns dos outros, sorrindo Jemima apenas sacudiu a cabeça voltando o olhar para o esposo que descia do carro com uma caixa na mão.
Alex ia empurrar a porta do carro com o pé.
- Eu fecho pai. – Disse Julia.
- Oi meu amor. – Respondeu recebendo um beijo no rosto.
- O que tem nessa caixa? – Perguntou curiosa.
- Eu fui trocar o vidro do porta-retratos que a Zoe quebrou e aproveitei para revelar algumas outras fotos.
- Posso ver? – Perguntou empolgada.
- Com certeza meu amor. – Os dois sentaram-se no sofá, animada a menina começou a colocar as fotos nos porta-retratos novos que o pai comprara.
- Ó pai, por que mesmo que o tema do primeiro aniversário dos gêmeos é do Smilingüido? – Perguntou franzindo a testa enquanto trabalhava habilmente.
- Por que você concordou que sua irmã escolheria o tema do primeiro aniversário e você escolheria do quinto, se recorda? – Perguntou sorrindo.
- Sim, mas eu pensei que minha irmã fosse escolher um tema mais feminino.
- Minha filha, você tem uma irmãzinha e um irmãozinho. É necessário que seja um tema que agrade aos dois.
- Eu tenho certeza que quando o Noah crescer ele vai entender que a Zoe é uma princesa e merece toda a atenção.
- Eu pensei que o Noah que merecesse toda a atenção por ser um príncipe! – Disse sorrindo.
- E ele merece afinal somos três princesas e apenas ele príncipe, mas a decoração de menina é mais bonita que de menino.
- Depois que a tia Drica terminar com tudo você vai ver que ficará lindo. E por que você está chateada? Você também ama o Smilingüido.
- Eu amo, mas estou com medo da festa dos meus irmãos ficar feia.
- Não vai ficar. Você não confia na tia Drica?
- Confio.
- Meu Deus! Qual será o tema do quinto aniversário? – Perguntou o pai sorrindo.
- Eu ainda não sei, mais tenho certeza que será lindo! – Respondeu empinando o nariz.
- Tenho certeza! – Concordou sorrindo.
- Júlia me ajuda a fazer um formigueiro de chocolate? – Perguntou Calebe, o filho mais novo de Adriana.
- Ótima ideia! Eu ajudo sim. - Respondeu sorridente.
Alex os observou a sair correndo e continuou a colocar as fotos nos porta-retratos.
- Talvez devêssemos trocar essas fotos de lugar. – Disse Jemima o beijando.
- Não. – Disse sorrindo. - Eles vão aprender afinal as pessoas não ficarão trocando as coisas de lugar por causa dos nossos filhos.
- Verdade. – Concordou sentando-se ao seu lado. – Daqui a pouco teremos que trocar o aparador, se você continuar colocando fotos em porta-retratos desse jeito. – Disse o ajudando.
- Eu amo vê os rostos felizes de vocês pela casa. – Disse beijando-a fazendo-a rir.
- Eu também... – interrompeu-se com uma foto na mão. – Alex, e essa foto? – Perguntou sentindo-se arrepiar.
Ele olhou a foto, Laila e Julia corriam à frente deles no pomar que sua sogra plantara com as meninas naquela primeira semana que eles ficaram na casa dele, era uma de suas fotos favorita, por isso ele fizera duas revelações uma para ficar em casa e outra no seu escritório na loja.
- Você não se lembra dela? – Perguntou confuso.
- Eu não a conhecia. – Disse emocionada.
- Está tudo bem meu amor? Eu acho ela linda! Foi o Ben que tirou, no final de semana que você marcou o almoço com as famílias para anunciar a gravidez.
- Eu me lembro desse dia. – Disse ainda encarando a foto. – Eu só não sabia que o Ben havia tirado a foto.
- Jem, qual o problema? – Perguntou preocupado.
- Você se recorda das cartas que a Valéria nos deixou? – Ele assentiu confuso. – Alex o sonho, que a fez ter certeza que seria eu a mulher para quem ela deveria escrever.
- Na sua carta ela descreve o sonho. – Recordou-se arregalando os olhos.
- Só um minuto. – Pediu saindo correndo, ele ficou ali parado olhando encarando a foto. Não se recordava dos detalhes da carta direcionada a Jemima.
- Leia. – Assustou-se com o envelope na sua cara, ela cruzando os braços.
Ele leu e pegou a foto novamente. Encarou-a com os olhos marejados e leu em voz alta.
- "No meu sonho vocês dois de mãos dadas andavam em meios a árvores que me pareceu ser um pomar, mas não tenho certeza as árvores ainda não estão produzindo frutos, as meninas estão à frente de vocês, elas não são mais crianças, mas também não estão tão maduras, Deus me mostrou o que espera vocês se permitirem, claro, que Ele guie vocês".
- Ela sonhou com esse momento, Deus mostrou a ela. – Disse emocionada com os olhos também embaçados. Ele a abraçou. – Deus nos deu uma família linda.
- Eu O louvo todos os dias por isso. – Ele beijou seus lábios, juntos eles terminaram de guardar as fotos, ela guardou sua carta e mais uma vez agradeceu a Deus pelo recomeço que Ele lhe permitiu.
Naquela noite muito tempo depois de as crianças e os mais novos já terem se recolhido, os casais ainda estavam lá fora contemplando as luzes das estrelas e a lua, cercados pela decoração do Smilingüido, que, aliás, como Alex previra realmente ficou lindo.
- Que Deus continue a nos abençoar e que sejamos bons pais para os nossos filhos. – Disse Jemima abraçada nele.
- E que nossos filhos sejam um grande homem e grandes mulheres de Deus. – Respondeu a beijando.
- Eu simplesmente amo, poder te beijar quando e onde eu quiser. – Disse ela sorrindo, ele sorriu.
- Eu não me importo, pode beijar quando e onde quiser. – Ela puxou sua cabeça o beijando.
EU só posso olhar para frente, só posso fazer, sou egoísta de uma maneira estranha ninguém faz nada para 'EU', EU acumulo tarefa, pois me sobrecarrego ao sentir que sou multifuncional, e no final do dia estou solitário, pois não tenho com quem dividir.
VOCÊ pode olhar o que está atrás de mim, pode fazer e receber, pode dividir e até acumular, ser multifuncional se quiser, mas sempre vai ter 'EI, VOCÊ ', VOCÊ nunca está sozinho.
DEUS Ser Supremo, que criou o homem e deu a ele inteligência e capacidade para criar todos os pronomes e assim, homens e mulheres terem como se pronunciar uns com os outros e perceberem que nunca estarão sozinhos e, que DEUS sempre permite haver NOVOS COMEÇOS, basta se voltar para ELE.
FIM.
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