43 - O caminho do homem está diante do Senhor.
Jemima e André despediram-se da família pouco antes de eles irem para a igreja, na manhã seguinte Pedro e João viajaria com suas respectivas famílias, a mãe apertou-a em um abraço caloroso, sentiu um peso no coração ao recordar-se do que ouvira mais cedo.
- Eu gostaria tanto que meus filhos morassem todos aqui pertinho de mim, é muito bom quando eles chegam, mais quando vai embora meu coração fica apertadinho! – Comentara triste com Ana Carolina, a nora apenas a abraçara em silêncio.
Ela fechou os olhos, era muito complicado ser adulto. Quando estava na faculdade, não sentia esse peso ao se despedir deles, talvez por que naquela época em seu coração aquela ainda era a sua casa e ela estava apenas passando uma temporada fora; depois de casada os via todos os dias e se sentia em casa, agora finalmente saíra de casa, seu lar não era mais ali.
- Eu te amo mamãe. – Disse pesarosamente, sentiu o riso da mãe em seu pescoço.
- Eu também te amo minha filha, mas por que você está triste? – Perguntou afastando-a carinhosamente encarando-a, o peito de Jemima apertou ainda mais.
- Não queria ter que me despedir de vocês, mas... – Não sabia como explicar a mãe que sentia muito por ter que ir mais que estava feliz com a escolha que fizera.
- Eu também não queria me despedir de vocês, mas sei que estão felizes com suas vidas e escolhas e isso sim, - ela sorriu beijando a testa da filha - me deixa muito feliz. – Tornou a abraça-la. – Quando a gente cresce e sai da casa dos pais é estranho mesmo, sentimos falta da casa deles, de vê-los todos os dias, mas também nos sentimos felizes pelas conquistas que alcançamos. Crescer não é tarefa fácil minha filha.
Jemima apertou os braços ao redor da mãe, ainda se sentia estranha por sentir-se assim, nunca sentira que estivesse traindo os pais por estar feliz, franziu a testa ao se dar conta que na verdade era a primeira vez que se sentia verdadeiramente feliz, que sentia que estava voltando para casa.
- Iremos visita-la mais rápido do que você imagina. – Disse a mãe levando-a para fora de casa abraçada a ela, aliviada suspirou.
- Vou cobrar a visita. – Respondeu sorrindo.
Do lado de fora Alex e os amigos aguardavam por ela. Sentiu o coração acelerar ao vê-lo conversando com os irmãos, a mãe a deixou para abraçar a neta que correu para seus braços.
- Pronta para ir para casa? – Perguntou Renata ao seu lado, distraída não vira a cunhada. – Não te parece estranho quando uma pessoa começa a passar a sensação de 'casa'? – Perguntou colocando o braço ao redor do pescoço dela.
- Um pouco. – Respondeu encarando-a sorrindo.
- Cadê a chave do seu carro? – Perguntou Leandro vindo em sua direção, confusa, ela sacudiu a cabeça. – Eu vou levar seu carro e você vai com o Alex e as crianças. - Ela olhou na direção de Alex que conversava com Pedro e Ariane.
- Ele está sabendo disso? – Perguntou encabulada.
- Ainda não. Acabamos de decidir isso. – Estendendo a mão a ela ele respondeu sorrindo, tímida ela encarou Renata.
- Eu acho uma ótima ideia! – Respondeu a cunhada erguendo as mãos. Ela revirou os olhos pegando as chaves e entregando-as a Leandro.
- Se vocês acham! – Comentou casualmente, o coração a mil por hora.
Alex não conseguiu esconder o sorriso ao receber a notícia de que teria companhia para casa e o pastor Gustavo não perdeu a oportunidade de alerta-los mais uma vez.
- Espero sinceramente que vocês dois não esqueçam o que os seus pais ensinaram para vocês. – Disse em voz alta fazendo todos os presentes rirem, Alex e Jemima abaixaram a cabeça. – Cuide bem do meu tesouro. – Sussurrou para Alex, ele ergueu a cabeça encarando-o.
- O senhor pode ter certeza disso, ela é meu tesouro também. – O pastor sorriu, aliviado Alex despediu-se do sogro.
A viagem de volta foi tranquila, pararam no Pugmil para que os amigos apreciassem o local, tiraram fotos e se divertiram, eles sentiam-se nas nuvens ambos tinham muito que agradecer. Jantaram e aproveitaram o máximo de tempo que tinham para ficar junto, pesarosamente Alex a deixou em sua casa, abraçou-a apertado enquanto o amigo colocava o carro dela para dentro.
- Já chega don juan, a moça precisa descansar e nós também. – Lembrou Leandro batendo no ombro do amigo.
- Boa noite meu amor. – Despediu-se dela beijando-a de leve.
- Boa noite. – Respondeu sorrindo. – Foi um fim de semana no mínimo inusitado.
- Com certeza! Foi melhor do que as expectativas.
- Verdade. Agora só falta sua sogra.
- E então marcaremos o nosso casamento, não quero me despedir de você. – Gemeu abraçando-a.
- Nem eu! Mais agora você precisa ir, está tarde e as crianças tem aula amanhã. – Disse afastando-se, acenou para Leandro que estava encostado no carro, ele acenou de volta.
Alex empurrou-o entrando no carro sorrindo, as filhas dormiam no banco o que o fez sentir-se culpado, Leandro o encarou enquanto ambos colocavam o cinto.
- Você quer me falar alguma coisa? – Perguntou sério, confuso Alex o encarou. – Eu sei que você amava a Valéria, mas eu nunca te vi assim. – Alex tornou a olhar para as filhas. – Elas estão dormindo e, você não precisa falar sobre isso agora, quando você estiver pronto para falar, eu estarei aqui para ouvir.
- Obrigado meu amigo! – Agradeceu sinceramente.
No dia seguinte Jemima chegou ao trabalho alegre e feliz, cantando 'advogado fiel' ela entrou na recepção sem observar quem ali se encontrava.
- Você vai mesmo precisar de um advogado quando eu acabar com você. – Disse o homem puxando-a pelo braço, sentiu o sangue gelar ao reconhecer o padrasto de Erica e sentir o aperto quente em seu braço.
- Pastor! – Gritou horrorizada uma senhora ao seu lado.
Jemima tentou concentrar-se na mulher ao seu lado enquanto tentava desvencilhar-se da mão dele, mas um pânico irracional assolou seu âmago, sentiu a familiar falta de ar, os tremores pelo corpo, os batimentos cardíacos acelerados, as mãos suadas não tinha forças o suficiente para se livrar dele, fechou fortemente os olhos.
- "Acalme-se Jemima, ele não é o Bruno. Ele não pode te fazer mal". – Pensou tentando acalmar-se.
- Ela é uma vadia que quer destruir a minha família. – Esbravejou para toda a Unidade ouvir.
- "Ele está fora de controle, isso não é bom". – Pensou preocupada engolindo a bile. – "Por outro lado, é bom que ele esteja mesmo descompensado!". – Aliviada pensou sorrindo, assumiu o controle do próprio corpo, a respiração voltando ao normal.
- Pastor eu também não gostava dela, mas ela tem se mostrado uma boa médica. – Ouviu-se a senhora ao seu lado, finalmente a encarou, a mulher encarava o homem de cenho franzido e braços cruzados.
- Senhora Beth! – Exclamou frustrada, a senhora a ignorou. – O que o leva a pensar que eu seja uma vadia? – Perguntou irritada ao pastor – Talvez o senhor vá precisar de um advogado antes de mim, - ele a encarou apavorado, o pavor passou rapidamente e ele sorriu cinicamente – eu posso processa-lo por calúnia, a não ser é claro que o senhor possa esclarecer a todos aqui presente de onde o senhor tirou que eu sou uma vadia. – Concluiu ignorando o frio na espinha que seu sorriso lhe causou.
Ele a encarou furiosamente, suspirando olhou ao redor, claramente já estava pensando com clareza e não faria nada que o comprometesse, ela lamentou por isso, ele aproximou-se mais dela e tornou a sorrir fazendo sentir-se novamente um calafrio.
- Você tem colocado minha filha contra mim, e eu te prometo que isso não ficará assim. – Sussurrou em seu ouvido, ela o empurrou.
- Eu não fiz nada disso, a sua 'enteada', é perfeitamente capaz de pensar por si só.
- Ela é minha 'filha', sou eu quem cuida dela desde que o pai a abandonou, pode perguntar a qualquer pessoa. – Disse emocionado, ela conteve a vontade de revirar os olhos.
- Gente por que vocês não vão conversar em outro lugar? – Perguntou Thais nervosa. – Vocês estão chamando a atenção.
- Aqui é o meu local de trabalho, não tenho nada para discutir com esse senhor, agora se ele tiver uma consulta marcada ele espere para ser atendido, se não, me procure em outro momento meus pacientes estão esperando. – Disse altivamente, ele a fuzilou com o olhar, ela o ignorou e foi ao consultório.
Ela atendeu aos pacientes esperando que a qualquer momento o nome do pastor Acabe apareceria, mas graças a Deus isso não aconteceu, no entanto ela não tinha ilusões de que ele a deixaria em paz, o que quer que tenha acontecido entre ele e a Erica, ele estava furioso com ela e não a culpava pelo acontecido; o que ela não esperava era que ele e a esposa estariam esperando por ela no portão de sua casa.
- Eu posso ajuda-los em alguma coisa? – Perguntou descendo da moto.
- Eu quero saber o que você disse para que minha filha tentasse matar o pai? – Perguntou a vereadora Francisca.
- Oi? – Perguntou escandalizada. – "Como que ninguém comentou nada comigo na Unidade de Saúde?" – Perguntou-se intrigada.
- Se você está duvidando por que ninguém falou nada contigo no posto de saúde sobre isso, é por que nós não procuramos a saúde eu sou médico e com a ajuda da minha esposa, nós conseguimos extrair a bala.
- Ela atirou no senhor? E onde ela conseguiu uma arma?
- Nós... – Começou a vereadora.
- Isso não é da sua conta, responda o que minha esposa te perguntou.
- Eu não sei de onde vocês tiraram que sou eu a responsável pelas ações da menina Erica, trocamos poucas palavras...
- Ela está estranha e rebelde desde aquela noite em que eu te vi com ela na sorveteria. – Ele a interrompeu, ela apenas cruzou os braços.
- O senhor tem certeza disso? – Perguntou franzindo a testa. – Segundo o que eu sei, ela já era rebelde antes de eu conhece-la caso vocês tenham esquecido, atendi uma criança que ela cortou com um estilete.
- Ela sempre gostou de chamar a atenção na escola, mas em casa ela sempre foi uma boa menina obediente e atenciosa até você aparecer em nossas vidas. – Disse Francisca chorosa, o sangue de Jemima ferveu.
- Sério isso? A senhora realmente acredita nisso e não sabe o que acontece com a sua filha? Ou a senhora é uma escrota filha da mãe? – Gritou irritada, pálido sem um pingo de sangue nos lábios, o pastor a empurrou.
- Vamos embora querida, ela só quer ibope. – Disse calmamente, mas Jemima vira o fogo em seus olhos, ela conhecia aquele olhar.
- "Meu Deus o que foi que eu fiz!" – Pensou enquanto ele levava a esposa para o carro, correu para a casa de Bruna, graças a Deus a outra sempre deixava o portão destrancado.
- Bruna! – Entrou gritando.
- O que foi menina? – Bruna apareceu em sua frente, preocupada secava as mãos em um pano de prato.
- Você precisa ajudar a Erica. - Replicou esbaforida.
- Como assim? O que aconteceu com minha afilhada agora? - Perguntou tensa.
- O padrasto dela, ele vai fazer alguma coisa contra ela. - Bruna suspirou exasperada.
- Do que você está falando Jemima. - Disse puxando-a para a cozinha. - Já percebi que você não gosta dele, também não gosto, mas agora dizer que ele poderá fazer alguma coisa contra a menina, eu acho que já é exagero. - Disse sorrindo.
- Você admitiu que ele fosse estranho. - Resmungou cruzando os braços.
- Sim. Ele é estranho, autoritário e possessivo, não gosto dele como pastor a arrogância não combina com o título, mas a Fran tem razão, ele tem sido o pai da Erica, o Edson sempre esteve muito ocupado para cuidar da própria filha e fora o pastor Acabe que esteve ao lado dela. – Ela encarou Jemima. – Eu não concordo com muitas das atitudes da Fran mais ela é uma boa mãe, acredite-me ela faz o melhor pela filha.
- O melhor dela não está sendo o suficiente. – Disse andando de um lado para o outro, respirou profundamente passando as mãos nos cabelos. – Bruna, por oito anos eu sofri violência doméstica a cada dia as coisas ficavam piores chegou a um ponto que pensei que não havia como piorar, eu estava equivocada. - Sentou-se sentindo a pressão no peito que essas lembranças sempre lhe causavam. Ela apertou as têmporas o olhar sanguinário do pastor misturando à do Bruno em sua mente.
- Eu sei que você sofreu com o seu ex-marido, mas querida o pastor Acabe não é como o Bruno. – Bruna a consolou pegando-a pela mão como a uma criança levou-a para sentar tirando seu cabelo do rosto. – Você está a salvo aqui, ele não pode mais te machucar. – Disse carinhosamente.
- Gostaria que você estivesse certa, em ambos os casos, de que o pastor não é como o Bruno e, que o Bruno não pode mais me machucar. – Disse com um sorriso triste, voltou o olhar para a janela. - Houve um dia em que ele não se importou em ser descoberto, em que as pessoas soubessem o que ele fazia comigo, recordo-me do olhar dele antes de me acertar o murro na cara e do meu pensamento ridículo de que ele era sempre cuidadoso em não me deixar marcas que maquiagem não poderia cobrir. – Ela encarou Bruna. – Desde a primeira vez que vi o pastor com a Erica eu desconfiei que ele abusasse dela, mas hoje eu tive certeza, e o olhar dele agora a pouco era o mesmo do Bruno naquela manhã em que ele quase me matou, seja lá o que ele faz com ela, ele perdeu o controle e não se importa em ser descoberto.
Bruna afastou-se nervosa, Jemima não sabia se algo em seu olhar ou no seu tom de voz, mas finalmente havia plantado a semente da dúvida no coração da boa mulher, obviamente que ela não queria aceitar que a garota que ela amava como a uma filha sofresse algum tipo de abuso e ela nunca percebera. Constrangida abaixou a cabeça, aprendera a amar aquelas pessoas e sinceramente gostaria de estar errada, mas infelizmente sabia que não estava.
- Vamos até lá, assim nós duas ficamos calmas. – Disse Bruna, gritando pelo esposo.
As duas correram até o carro. Bruna bem mais ansiosa do que admitira, acelerava e buzinava para os pedestres e ciclistas. Jemima mandou uma mensagem a Alex dizendo que estava indo à casa da vereadora, ele não visualizou, ela guardou o celular na bolsa no momento que o carro entrou na rua da casa do pastor, Jemima apertou a bolsa com o coração acelerado, as duas mulheres entreolharam-se em pânico, a rua estava em polvorosa.
- Meu Deus! – Exclamaram saindo do carro apressadamente.
- O que aconteceu? – Perguntou Bruna a uma das vizinhas.
- Não sabemos. Ouvimos gritos, já liguei para a Fran e o pastor, mas nenhum atende. – Respondeu nervosa.
- Vou chamar a polícia. – Disse Jemima procurando a bolsa, largara no carro.
- Já chamamos doutora, eles devem estar chegando.
- Alguém tentou entrar na casa? – Perguntou Bruna indo na direção do portão.
- Sim, o portão está trancado. – Respondeu outra pessoa. – O que é estranho, eles nunca deixam esse portão trancado, a casa do pastor é aberta para todos que precisam e, agora ele e a família estão precisando de ajuda e nós estamos aqui fora sem poder ajudar. – Lamentou.
Jemima franziu a testa diante do pesar daquelas pessoas, todos ali acreditavam que estava acontecendo algo com a família, que algum malfeitor estivesse mantendo-os cativos ou algo pior, mas sabendo eles que o pior era o pastor mesmo.
- E essa polícia que não chega! – Resmungou irritada. – Talvez devêssemos pular o muro.
- Não mesmo! – Respondeu alguém furiosamente. – Quer colocar a vida de todos eles em perigo? – Perguntou encarando-a, ela ergueu as mãos, Bruna a puxou delicadamente.
- Cuidado com o que vai dizer, aqui é território do pastor, essas pessoas veneram o chão que ele pisa. – Sussurrou no ouvido dela.
- Mais um motivo para saber que há algo de podre nele. – Sussurrou também. – Graças a Deus! – Exclamou com a chegada da polícia.
Jemima cruzou os braços, uma cena digna de Hollywood desenrolou-se à sua frente, a polícia não queria invadir a casa para não colocar a família em perigo, não se sabia quem ou quantas pessoas estaria mantendo a família cativa e, eles poderiam por em risco a vida deles, as pessoas solicitas estavam em silêncio cada um com uma ideia mais estapafúrdia que a outra, revirando os olhos ela se afastou, ninguém com exceção de Bruna estava prestando atenção nela.
- Onde você pensa que vai? – Perguntou puxando-a pelo braço.
- Vou pular o muro, você sabe tão bem quanto eu que não há ninguém ai dentro além deles três e, tem grandes chances dos gritos que os vizinhos ouviram ser da Erica ou da mãe. – Disse olhando para os lados, ninguém olhava para ela.
- Você só pode estar de brincadeira! – Sussurrou Bruna descrente.
Jemima a ignorou analisando suas alternativas, ela precisava pensar rápido, aquelas pessoas não ficariam muito tempo envolvidas com os policiais, mordendo os lábios avaliou as árvores plantadas próximo ao muro, havia oiti e ipê sorrindo saltou para o oiti mais próximo, observou Bruna arregalar os olhos, mas já estava no muro pulando para dentro, mesmo preparando-se para o impacto sentiu as dores nas pernas, para dentro o muro era mais alto do que ela esperava.
Na clínica a manhã fora tranquila, depois de despedir-se dos amigos e deixar as filhas no ponto de ônibus Alex dirigiu-se para o trabalho, precisou conter-se várias vezes para não ligar ou mandar mensagens para Jemima, ele parecia um garoto novamente, sorriu indo para casa no horário do almoço, ansioso para chegar lá e ligar para ela, ele não pensava em outra coisa.
Infelizmente precisou ajudar a filha com a cadela que parira enquanto eles estavam em Paraíso esquecera-se completamente desse detalhe, Julia viera encontra-lo antes de sair do carro, deixando sua necessidade de falar com sua amada para mais tarde, estranhou que ela não lhe mandara nenhuma mensagem ainda, agora que eles estavam oficialmente namorando não precisavam mais se falar apenas a noite.
- Tomar banho para almoçar. – Disse entrando na casa, a filha mais nova sorriu encarando o pai.
- O senhor também está precisando de um banho. – Disse sorrindo colocou a mão na barriga. – Eu estou com fome, a Laila já deve ter terminado de preparar o almoço.
- Ok, senhorita. Eu te encontro na cozinha mais tarde.
Laila já havia colocado a mesa quando ele adentrou a cozinha, abraçou-a calorosamente.
- Obrigado meu amor! – Agradeceu beijando o alto de sua cabeça.
- O senhor poderia ter chamado a tia Jem para almoçar com a gente. – Disse Julia sentando-se.
- Não falei com ela hoje ainda, mas podemos convida-la para jantar, o que vocês acham? – Perguntou sentando-se.
- Muito bom. – Responderam sorrindo. O telefone de Laila tocou no balcão da cozinha.
- Ainda não começamos a almoçar. – Disse encarando o pai pegando o aparelho. – A tia Ariane. Oi tia. - Alex e Julia esperavam por ela para orar e iniciar a refeição. – Papai a tia Ariane quer saber qual o problema com o seu celular. – Ele franziu a testa.
- Nenhum. Eu acho. – Respondeu refletindo onde largara o aparelho, pegou o celular que a filha lhe entregava. – Oi mana.
- Seu telefone está no silencioso? – Perguntou sorrindo.
- Sinceramente não sei, mas vou dar uma olhada, assim que eu lembrar onde o deixei.
- Eu só liguei apenas para te falar que o Bruno estava em Paraiso ontem.
- O quê? – Disse levantando-se. – Filhas vocês, por favor, orem e comecem sem mim? É urgente o que a tia precisa falar com o papai, mas serei o mais breve possível, certo? – As duas entreolharam-se e assentiram. – Como é isso? – Perguntou afastando-se.
- Depois do culto nós fomos à pizzaria e ele estava lá com dois amigos.
- E por que ninguém não disse nada? Vocês falaram para a Jemima?
- Não. Meus sogros acharam melhor não dizer nada a ela, vocês já haviam ido embora, o chato é que íamos encostar ai, mas ficamos com medo de que ele ou algum dos amigos, pois ninguém conhece os homens que estavam com ele, estivesse nos seguindo.
- O que será que ele estava fazendo lá?
- Não fazemos ideia, mas graças a Deus ele não encontrou a Jem.
- Na verdade não sabemos e, se ele estivesse lá apenas para disfarçar? E se na verdade ele mandou alguém nos seguir? – Perguntou exasperado. – Meu Deus! Estou ficando paranoico.
- Não apenas você, o papai também, ele pensou a mesma coisa.
- Não entendo porque só agora você está me contando, será que os pais da Jem avisaram a ela?
- Creio que não, todos concordaram em não contar nada para vocês, eu estou te avisando, por que não acho certo deixar vocês no escuro e se não for paranoia sua e do papai e realmente ele tenha mandado alguém seguir vocês?
- Você está certa. Obrigado maninha eu vou ligar para a Jem.
- Ah, o papai e a mamãe vão passar uma temporada ai contigo. – Disse voltando a sorrir.
- Sério isso? E por quê? – Perguntou imaginando a resposta.
- O papai acha que pode proteger vocês, precisava ver a discursão dele e do pastor Gustavo sobre qual dos dois deveriam ir protegê-los.
- Misericórdia!
- Fale com a Jem, e vá almoçar as crianças estão te esperando. – Despediu-se da irmã, lembrando onde deixara o celular correu para o carro, a irmã tinha razão estava no silencioso, nem se recordava de tê-lo colocado nesse modo, aflito passou a mão na cabeça, havia uma mensagem de Jemima.
'Oi meu amor. Eu e Bruna estamos indo à casa da vereadora Francisca, vamos apenas nos certificar de que está tudo bem com a menina Erica'.
- Brincadeira Jemima! - Exclamou correndo para dentro. - Laila eu preciso sair, cuida da sua irmã até a Camila chegar, por favor!
- Claro papai, aconteceu alguma coisa com a minha tia Ariane?
- Não meu amor, graças a Deus está tudo bem com sua tia. - Respondeu beijando as cabeças das filhas. - Espero não demorar. - Saiu correndo, do carro ligou para Camila.
- Oi Alex.
- Tive um problema e estou saindo de casa, as meninas estão sozinhas; você pode ir mais cedo, por favor!
- Posso sim, já vou para lá.
- Obrigado. - Desligou, acelerando para a clínica. - Laura. - Chamou, surpresa ela apareceu em seu campo de visão. - Venha comigo, preciso que você me leve à casa da vereadora Francisca. - Disse fechando o estabelecimento.
- O que aconteceu? - Perguntou preocupada o acompanhando.
- Isso é o que eu quero saber, a Jemima e a Bruna foram para lá.
- E qual o problema? Bruna é madrinha da Erica. - Comentou confusa.
- Acredite-me, Jemima não iria lá se alguma coisa grave não tivesse acontecendo. - Respondeu friamente.
- Ok, vamos lá! - Disse o ajudando a fechar a clínica.
- "Meu Deus dê-me sabedoria e discernimento, não permita que o meu 'eu' fale mais alto que o Seu Amor em mim". - Pensou preocupado.
Seguindo as orientações de Laura ele dirigiu em silêncio. Seu coração parou e acelerou ao vê o movimento à frente.
- Meu Deus! - Exclamou Laura.
O tumulto na frente da casa era frenético, ele saiu correndo do carro empurrando as pessoas, o coração batendo violentamente, a polícia na entrada, uma ambulância saia da casa com as sirenes ligadas, as pessoas falando coisa com coisa, mas o medo o impossibilitava de ouvi-los ou compreende-los, ele só queria saber onde estava sua amada, tentou entrar na casa, mas a polícia não deixou.
- Eu preciso saber da minha namorada, ela veio para cá.
- Alex! - Reconheceu a voz da Bruna.
- "Por que a Bruna, por que não a Jemima?" - Pensou alarmado virando-se na direção da voz.
Bruna estava em prantos, ele caiu sentado sem forças nas pernas, Bruna e Laura chegaram juntas até ele, por algum motivo o ar não chegava a seus pulmões, o barulho ao redor tornou-se um zunido insuportável irritando seus ouvidos.
- Eu sinto muito Alex! - Disse Bruna chorando. - Na verdade eu não acreditei que ela realmente fosse fazer aquela loucura.
- O que está acontecendo aqui Bruna? - Perguntou Laura nervosa, tentando ajudar Alex. - Cara tu é pesado! - Ele esforçou-se para respirar e levantar-se.
- "Meu Deus que ela esteja bem. Meu Deus que ela esteja bem". - Pensava freneticamente.
- Cadê a Jemima? - Perguntou Laura.
- Ela, a Francisca e a Erica foram levadas para o hospital. - Respondeu voltando a chorar.
- Afinal mulher o que aconteceu? - Tornou a perguntar Laura irritada.
- O que aquele lixo fez? - Perguntou Alex finalmente conseguindo respirar e manter as pernas firmes. – "Deus está cuidando da Jemima, eu tenho certeza de que ela está bem". – Pensou respirando profundamente.
As duas mulheres encaravam-no perplexas, era compreensível a surpresa delas, como era possível que ele que novato conseguira ver quem aquela criatura era de verdade e elas nunca haviam desconfiado de nada?
Ele deu de ombros para elas olhando ao redor, as pessoas tinham seus semblantes decaído, definitivamente todas aquelas pessoas haviam sofrido um baque muito grande ao se deparar com a verdadeira face do pastor Acabe.
- O que ele fez com ela? - Perguntou sério encarando Bruna.
- Não sei exatamente, quando ouvimos os tiros a polícia invadiu o lugar, não nos deixaram entrar e, quando percebemos a ambulância estava chegando, a Cleide me disse que ele está lá dentro algemado e que as três seriam levadas para o hospital, vocês não passaram pela ambulância?
- Quando chegamos uma ambulância estava saindo. - Respondeu Laura pegando no braço de Bruna. - E como raios a Jemima foi parar lá dentro? - Perguntou confusa.
- Ela pulou o muro. - Laura arregalou os olhos, Alex sorriu, era bem a cara dela!
- Bruna quem é Cleide? Você não perguntou o que aconteceu?
- Cleide é da Civil e, sim eu perguntei, mas ela não soube me falar, - respondeu constrangida olhando de Alex para Laura, - ela só me disse que ela estava suja de sangue. – Ele sentiu a vertigem e o tremor nas pernas, mas aguentou firme.
- O sangue era dela? – Perguntou tenso.
- A Cleide não soube me falar, ela não teve contato com a Jemima. – Respondeu igualmente tensa. – Mais ela me disse que Jemima e Fran estavam conscientes. – Concluiu encarando Laura.
- E a Erica... – Começou tremendo.
- Não sei. – Respondeu exasperada.
- Eu vou para o hospital, só lá teremos as respostas. - Disse Alex.
- Eu vou contigo. - Retrucou Laura.
- Eu vou esperar o Alfredo, não tenho condições de dirigir, ele já está vindo e também iremos para lá.
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