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37 - Em tempos de adversidade não ficarão decepcionados.

Jemima sentou-se no sofá pensando na menina Erica e na menina que lhe dera uma maravilhosa cesta de doces, esse pensamento agradava-lhe o coração, lamentava não ter lhe perguntado o nome, seu coração fechou angustiado com os pensamentos que invadiram seu ser, não conseguia parar de pensar nas duas, na que fora agredida e na que agredira, o normal seria sentir pena de uma e raiva da outra, mas seu coração se condoía pelas duas, ironicamente tudo indicava que a agressora precisava de ajuda mais que a agredida.

- Seja o que for que esteja acontecendo não é da minha conta. - Disse se levantando. - Mais e se estiver acontecendo o pior? - Disse voltando a se sentar.

Frustrada decidiu fazer um chá, arrependera-se de ter ligado mais cedo para Alex, se não tivesse feito isso teria ligado para ele quando chegasse da igreja e, não teria saído e se encontrado com a menina, pensativa bebericava seu chá.

- "Eu nunca ligo para ele antes de ir à igreja, o que me deu hoje?" – Intrigada pensou indo para a cama.

Rolou de um lado para o outro sem conseguir dormir, leu a Bíblia, orou e nada. Pegou o celular e ficou passando de uma mão para a outra, sem pensar ligou para ele, estava quase desligando quando ouviu sua voz sonolenta, sentiu-se mal por acorda-lo, mas seria pior desligar na cara dele, ele ficaria ainda mais preocupado.

- Desculpe-me pela hora. – Sussurrou constrangida.

- Jemima? O que aconteceu? – Perguntou visivelmente preocupado e alerta.

- Perdoe-me, por favor, não fique preocupado. – Disse sentindo-se egoísta e tola.

- Você pode ligar a qualquer hora por qual motivo for, eu fiquei preocupado porque você não tem o hábito de me ligar neste horário, está tudo bem com você?

- Sim, está tudo bem comigo. – Respondeu constrangida.

- Ótimo! Agora vamos conversar sobre o que está te preocupando e, por favor, não se sinta mal por me ligar, - disse com um tom de riso, - eu estou imensamente feliz por você ter me ligado; não sei se você sabe mais homem é um bicho muito estranho, gostamos que nossas amadas nos procurem quando estão preocupadas ou apenas querendo conversar, isso faz com que nos sentimos importantes. – Concluiu rindo, ela também riu.

- Obrigada meu amor, você é muito importante e maravilhoso. – Disse deitando-se, sempre ficava meio boba quando falava com ele, até se esquecia dos problemas, focou no motivo que a levou a ligar para ele. - Eu realmente estou preocupada, conheci uma garota, na verdade conheci duas garotas, uma eu não sei nada sobre ela, mas eu sei que é uma garota amada e bem cuidada por causa do modo como fala do pai e, a outra eu não tenho certeza, pode ser coisa da minha cabeça, mais eu acho que ela sofre violência doméstica e Deus que me perdoe, mas acho que ainda é pior que isso. – Disse sentindo-se mal por pensar mal de pessoas que não conhecia.

- O que exatamente aconteceu para que você tivesse essa impressão?

- O jeito que a menina ficou quando o pai chegou, ela ficou apavorada, infelizmente eu vi aquele olhar refletido no espelho por várias vezes, não era um olhar apenas de medo, por que ainda não tinha ido para casa conforme o combinado e seria castigada de alguma maneira como acontecia conosco quando éramos crianças, era um olhar de pavor, sem contar as reações corpóreas, eu me vi naquela situação toda vez que o Bruno estava em casa e acontecia qualquer coisa que eu sabia que iria sobrar para mim.

- Como o olhar e o tique de passar a unha ao redor da aliança que eu vi quando minha irmã teve a brilhante ideia de colocar os casais separados na noite de jantar do noivado do Pedro e da Ariane? – Perguntou tranquilamente, mas ela notou a tensão em sua voz.

Ela olhou o anel que usava onde antes usara a aliança, ainda havia a marca não apenas pelo uso diário da aliança, mas também das feridas que ela causava com a unha, ele estava equivocado em um detalhe; ela não passava a unha ao redor da aliança ela cravava a unha no dedo, a pele era mais fina e protegida, vez ou outra ela enfiava tanto a unha que sangrava, sentiu as lágrimas esquentar seus olhos.

- Você percebeu isso? – Perguntou emocionada, naquela noite pensara que ele nem reparara nela.

- Com certeza eu percebi de onde estava conseguia ver você e todas as suas reações àquele ogro maldito. - O tom usado por ele a entristeceu, pensava que conseguia esconder bem os maus-tratos que recebia.

- Eu sinto muito por isso. - Disse tremendo.

- Sente muito pelo quê? Por não conseguir disfarçar o asco que aquela criatura provocava em você? Não lamente, se você pudesse me vê, perceberia que não era a única a ter tal sentimento. - Disse sorrindo.

Grata ela fechou os olhos, estava feliz por ele não aprofundar naquele assunto e, não jogar na cara dela que ele tentara ajuda-la e ela estupida rejeitara, com pesar recordo da maneira fria com que falara com ele na casa dos pais no final do ano.

- Obrigada por ser tão gentil, enfim, você compreende então do que eu estou falando, quando ele a abraçou ela ficou tão tensa que as veias dos braços dela ficaram expostas, eu me recordo do meu pai me abraçando e eu me sentindo a criança mais protegida da face da terra, aliás, até hoje é assim.

- Você pensa que ele abusa dela? – Ela sentiu a mudança no tom de voz dele.

- Eu não quero ser maldosa e pensar mal de pessoas que eu não conheço, mas as reações dela a ele foram muito estranhas, não é apenas de um pai que é agressivo, ela não tem apenas medo, ela tem nojo não sei explicar, como eu disse pode ser coisa da minha cabeça, as pessoas ao redor não parecera ver nada de estranho; a questão é que eu não consigo parar de pensar nessas meninas, elas são água e vinho, uma é dócil e amável, a outra é agressiva e petulante, só não sei se essa última quer chamar a atenção por algum motivo ou ela quer ser punida por alguma coisa.

- Estranhamente eu me sinto mais ou menos assim em relação à menina que agrediu a Laila, ela tem um olhar de quem está pedindo socorro, só gostaria que ela não tivesse usando minha filha para isso.

- E a Laila como está? O que ela acha da menina?

- O pai dessa menina é agressivo com ela, por isso que a Laila se envolveu nisso, ela viu o pai puxando o cabelo da menina e a arrastando até o carro e ela interferiu.

Jemima se recordou da vez que estivera em uma situação parecida e a mãe da menina a socorrera. - Tal mãe tal filha. – Disse sem pensar.

- Oi? Eu não entendi.

- Nada! Eu estava pensando alto, ela deve ter tido bons exemplos, geralmente as crianças ignoram quando veem situações como essas. – Disse engolindo a emoção. Ele sorriu.

- Não as minhas, - disse sorrindo, - enquanto a Julia não pode ver um animal indefeso que quer levar para casa, Laila quer ajudar qualquer pessoa que vê sofrendo.

Seu coração apertou, ele fora feliz com uma boa mulher, tinha filhas perfeitas, será mesmo que tinha espaço para ela na vida dele? Sentiu os olhos arder.

- "Caí fora inimigo, ele fora sim feliz e louvo a Deus por isso. Não pense que você vai plantar em meu coração a semente da dúvida e do medo, Deus tem o melhor para mim e eu receberei dEle, pois eu creio nisso". – Pensou suspirando.

- Jemima? Ainda está aí? – Perguntou preocupado.

- Estou sim. – Respondeu sorrindo levantando-se, colocou um louvor baixinho. – Algumas vezes eu fico pensando umas coisas que definitivamente não provem de Deus.

- Nesse caso mande embora e foque no que provem dEle.

- Exatamente. – Disse voltando a deitar olhando o teto. – Alex o que você acha que eu deveria fazer?

- Eu deveria te dizer para ficar longe dessa situação, mas eu acredito que Deus coloca certas situações em nossas vidas para que possamos fazer a diferença, então meu amor tente descobrir alguma coisa; Jemima tenha cuidado, pais que maltratam os próprios filhos, não são pessoas de confiança. – Ela fechou os olhos toda derretida com a preocupação dele.

- Eu vou ter cuidado. – Respondeu animada apesar da preocupação com menina.

Na manhã seguinte ela acordou empolgada, chegou ao trabalho mais cedo propositalmente.

- Bom dia Thais paz. – Cumprimentou sorridente.

- Bom dia Jemima, paz. Que sorriso lindo! Viu passarinho verde hoje?

- Não exatamente! – Disse piscando. Séria olhou ao redor estavam as duas sozinhas. – Thaís eu sei que você não gosta de falar da vida dos outros e, por isso mesmo que eu quero te fazer uma pergunta. – Disse constrangida, a outra ergueu a sobrancelha. – O que você sabe sobre a família da vereadora Francisca? Eu vi a Erica, ela não me parece uma menina que corta a outra com um estilete.

- Ninguém está entendendo o que está acontecendo com ela. – Disse Thaís sacudindo a cabeça.

- A vereadora parece passar a mão na cabeça da menina, o pai faz isso também? – Perguntou descontraidamente.

- O pastor Acabe não é o pai dela, mas é como se fosse, a Francisca teve muita sorte, ele não só a ajudou a sair da depressão como trata a Erica com mais carinho que ela própria.

- "Carinho demais para o meu gosto". – Pensou desgostosa. – Então ele é o padrasto e ainda é pastor? – Perguntou interessada. – De qual igreja ele é pastor?

- Daquela perto da sua casa, - disse olhando para os lados, - a Bruna e a Letícia não congregam lá por não gostar da pregação dele, mas você visitou lá não visitou? – Perguntou encarando-a.

- Visitei, mas acho que o dia que eu fui lá não foi ele que pregou. – Respondeu confusa.

- Ah, foi ele sim! Ninguém além dele prega naquela igreja. – Disse zombeteira.

Jemima puxou pela memória tentando ver o homem que vira na noite anterior no homem que vira no púlpito naquela noite, irritou-se por não ter prestado mais atenção nele, ficara tão intrigada com a reação da menina que não observara o homem ao seu lado, mas ainda assim não parecia a mesma pessoa.

- Eu o vi ontem na sorveteria com a Erica, e não me pareceu o pastor que eu vi naquela noite. – Disse confusa.

- Normal, a maioria das pessoas não o reconhece logo de imediato, no culto ele se produz todo, segundo as más línguas da cidade ele usa até maquiagem para ficar mais apresentável no vídeo.

- Que vídeo? – Perguntou ainda mais confusa.

- Todo o culto é gravado e postado no Youtube.

- Você está brincando! – Disse sentindo um mal estar estranho, atualmente era normal ver pregações na internet, então não havia nada demais nesse ato, mas algo a incomodava. – "Provavelmente eu estou implicando com o cara por nada". – Pensou sacudindo a cabeça.

- Não. Estou falando muito sério. – Respondeu Thaís sorrindo.

- As pessoas que congregam lá sabem disso? – Perguntou lembrando-se de que a igreja estava cheia.

- Sim. Deus que me perdoe, mas eu acho que alguns vão lá justamente por isso, para aparecer.

- O que você pessoalmente acha dele?

- Não gosto muito dele como pastor, mas devo admitir que ele é muito bom para a Francisca e a Erica, como eu disse ele foi como um bote salva-vidas para as duas.

- "As pessoas que querem ajudar são as piores". – Dissera Erica. – Então ele ajudou as duas. – Disse pensativa.

- Sim, depois que o Edson fugiu com a melhor amiga da Francisca; ela ficou deprimida e não queria saber da filha, fora ele que a ajudou a sair daquele poço, consequentemente ajudou Erica também.

- Entendo. – Disse distraidamente. - Você sabe que a vereadora não gostou de mim, por causa da minha conduta no episódio da menina ferida.

- A Francisca é assim mesmo, mas não se preocupe ela não é do tipo que fica perseguindo as pessoas por aí. – Disse sorrindo.

- Graças a Deus! – Respondeu sorrindo, duvidando que a vereadora fosse esqueça-la assim tão fácil. - Aceita café? Eu vou pegar para mim. – Disse não querendo apertar demais e levantar suspeitas indesejadas.

- Aceito sim, ainda não tive tempo de ir à cantina. – Disse fazendo bico, ela era movida a café, Jemima sorriu saindo.

O assunto na cantina ainda era o surto agressivo da filha da vereadora, a pergunta que todos faziam era o que estava acontecendo com a menina para que estivesse agindo assim.

Ela tentou filtrar o que ouvia, mas para aquelas pessoas o pastor Acabe era quase um santo. – "Santo do pau oco igualzinho ao rei que levava o mesmo nome". – Pensou frustrada.

No horário do almoço fora à loja veterinária comprar ração para o Fred encontrou Laura.

- Bom dia Laura paz.

- Bom dia Jemima paz. - Ela olhou ao redor curiosa, pela primeira vez entrava ali, estranhamente sentiu-se acolhida e feliz, franziu o cenho.

- Pensei que finalmente iria conhecer seu patrão misterioso. - Brincou.

- Eita! Ele está no horário de almoço. - Respondeu no mesmo tom. - Vocês se darão bem, ambos dois têm um bom coração. - Disse emocionada, Jemima apenas apertou o ombro da moça também emocionada.

- Estamos emocionadas demais, isso é culpa da fome, ela deixa as emoções mais afloradas. - Disse rindo, Laura assentiu.

Trocou ainda mais algumas palavras, comprou a ração e um shampoo antipulga e saíra ainda com aquela sensação agradável.

- "Senhor Deus seja ele quem for que o Seu Santo Espírito continue a fazer morada onde ele e a família estiver". - Pensou colocando o capacete no momento que uma camionete passou lentamente por ela parando logo atrás dela, deu a partida sorrindo sem motivo algum a caminho de casa, simplesmente estava feliz.

Naquela noite era culto dos homens, coincidentemente na igreja de Alex também seria culto de homens, ele só ligaria depois que chegasse da igreja. Chegando do trabalho trocou de roupas, colocou a coleira no Fred e foi correr com ele, correu até a Praça da Bíblia, amarrou-o a um poste, aproximou-se do quiosque da praça para comprar uma água.

Surpreendentemente não ficou surpresa ao virar-se e vê seu filhote 'cão de guarda' lambendo a mão da Erica, sorriu.

- "Belo cão de guarda que aquelas duas me arrumaram". - Pensou indo ao encontro dos dois. - Vejo que o Fred gostou de você. - Disse dando um pouco da água para o filhote na mão.

- Ele é lindo! - Respondeu empolgada. - Quando eu era menor e ainda acreditava em papai Noel, todos os anos eu escrevia uma cartinha pedindo um cachorrinho na noite de natal, obviamente que isso nunca aconteceu. - Disse desolada acariciando a cabeça do filhote.

- Ele também é meu primeiro animalzinho de estimação, eu nunca tive um antes.

- Seus pais não deixavam? - Perguntou curiosa.

- Não exatamente, eu que era grosseira mesmo e não saberia o que fazer com o bichinho. - Disse com um meio sorriso. - Nem sempre eu fui assim simpática e gentil. - A menina encarou-a inclinando a cabeça.

- A senhora agora se acha simpática e gentil? - Perguntou arqueando a sobrancelha.

- Claro que sou! Hoje em dia não há pessoa mais simpática e gentil que eu. - Disse tentando manter-se séria, as duas caíram na risada.

A menina sentou na calçada da praça ainda acarinhando o filhote que deitou a cabeça na perna dela.

- Mais é mesmo muito folgado! Quero só ver ele me defendendo. - Disse sentando do outro lado.

- A senhora precisa que ele a defenda de quê? A senhora que precisa defendê-lo, ele é só um filhote.

- Tem razão, mas minhas amigas me deram ele com a intenção de que ele me defenda no futuro, afinal ele é um cão de guarda.

- A senhora sabe que essa raça na verdade é bem dócil, não sabe? - Perguntou intrigada.

- Sério? - Perguntou fingindo surpresa. - Mas eles ficam enormes!

- Suas amigas deveriam ter pesquisado melhor, se bem que como minha mãe costuma dizer aqui nunca acontece nada. - Disse displicente brincando com Fred.

- E você o que me diz? Acha que eu preciso me preocupar porque meu cão de guarda não guarda nada?

- Aqui cada pessoa tem o seu próprio fantasma no armário, talvez ele te guarde do seu fantasma. - Disse levantando-se, Jemima fez o mesmo.

- Se ele me defender deste fantasma eu já me dou por satisfeita, exorciza-lo eu deixo nas mãos de Deus. - A menina a encarou.

- Eu sabia que a senhora era boa demais para ser verdade. - Disse se afastando.

- Erica! - Chamou pegando no braço da menina. - O que eu disse que te ofendeu?

- Como eu disse ontem, eu gostei mesmo da senhora, mas não se preocupe eu não vou mais incomoda-la.

- Você não incomoda. - Disse triste por vê-la se distanciando e se fechando.

- Adeus doutora. – E saiu correndo.

Voltou para casa arrasada, sentia que estava alcançando-a, mas do nada ela se esquivou como água pelos dedos, encontrou Bruna e Letícia na rua conversando.

- O que houve? Saiu tão empolgada correndo e voltou tão borocoxô! - Argumentou Letícia.

- Encontrei a menina Erica, estávamos conversando e de repente ela se afastou como se eu tivesse dito algo terrível. - Disse desanimada. As mulheres entreolharam-se.

- O que exatamente você disse? - Perguntou Bruna, ela disse rapidamente o diálogo que tivera com a menina.

- Você disse 'Deus'. - Disse as duas juntas, confusa ela olhava de uma para a outra.

- Erica não gosta mais de ir à igreja, não gosta quando falamos de Deus para ela. – Disse Bruna triste.

- Mais por quê? – Perguntou intrigada.

- Venha, não podemos ter essa conversa aqui fora. - Disse Letícia empurrando-a portão adentro.

- Eu vou guardar meu cachorro...

- Não se preocupe. - Disse Bruna pegando a corrente de sua mão. - Tudo bem Fred? Vem conhecer a Nina. - Bruna carregou o Fred e Letícia a levou até a cozinha.

- O que nós vamos te falar, nunca falamos para ninguém, até por que a única pessoa que tentamos fazer isso, disse que nós estávamos ficando loucas e fofoqueiras. - Disse Letícia colocando uma chaleira no fogo.

- "Ah, mulher para gostar de chá!" – Pensou Jemima, Bruna chegou e sentou ao seu lado.

- Não sei o que você soube sobre o pastor Acabe e a Fran. - Começou Bruna. - A Fran sempre foi o tipo de garota de causa inveja nas outras garotas e o desejo nos garotos. - Jemima recordou-se de Telma a garota que pensava que todos os garotos corriam atrás dela.

- Mais de todos os garotos ela quis justamente aquele que aparentemente não a queria. - Disse Letícia sentando-se de frente para Jemima. - Quando ela engravidou, ele fez o que todos nós esperávamos, casou com ela e acreditávamos que eles estivessem felizes, até o dia em que ele fugiu com a Flávia a melhor amiga de Fran.

- Jemima, veja bem, o que eles fizeram foi terrível, afinal havia a Erica e, eles simplesmente compraram uma passagem para Portugal e nunca mais voltaram, mas em defesa deles, eu sei o quanto eles se esforçaram para ficar longe um do outro. - Disse Bruna encarando Letícia que assentiu.

- Ela não decidiu apenas destruir uma família, há muito mais por trás disso tudo, - começou Letícia, - mas o foco no momento é a Erica, ela sempre foi um amor de criança, até o pai ir embora e a mãe começar a ignora-la, ela acreditava que o Edson partira por que ela ficara feia depois da maternidade, e por mais de ano, ela se trancou do mundo, se isolou e consequentemente a filha também, conforme mãe murchava a filha definhava junto, até a chegada do pastor Acabe.

- Todos acreditam que deixamos de ir à igreja aqui perto por que não gostamos do sermão dele, o que é um fato, mas a grande verdade, é que não gostamos dele com a Erica. - Confessou Bruna.

- Graças a Deus! Pensei que eu estivesse sendo maldosa e maliciosa, por pensar assim. - Desabafou Jemima.

- Você também acha estranho o jeito dele com ela? E as reações dela quando ele se aproxima? É atemorizante! - Sussurrou Letícia.

- Por que você está cochichando? - Sussurrou Bruna.

- Você também. - Disse Letícia sorrindo. - Esqueci-me que o Carlos está para a casa da mãe com o Eliabe. Diga-nos o que ele fez para que você também o achasse asqueroso, por algum motivo obscuro essa cidade não vê nada de estranho no comportamento dele.

Jemima contara o que acontecera na sorveteria, e a tristeza por tê-la afastado momentos antes.

- No início a gente pensava mesmo que ele era uma boa pessoa, mas observamos que a Erica começou a ficar retraída, falar menos, a causar na escola, a Fran põe panos quentes e só piora as coisas e, quando fomos falar com ela sobre nossas inquietações ela nos chamou de loucas e fofoqueiras.

- E o que vocês fizeram? - Perguntou de olhos arregalados.

- Nada! Se a mãe acha normal a menina ficar verde por que o padrasto se aproxima, quem somos nós para fazer alguma coisa? - Perguntou Letícia confusa.

- "Verdade, fazer o quê? Como ir contra pessoas importantes e bem influenciadas?" - Se perguntou frustrada. - Eu não sei como, mas se houver um meio de descobrir a verdade e ajudar aquela menina eu vou fazê-lo.

- Se precisar de ajuda pode contar comigo. - Disse Letícia sorrindo.

- E comigo também. - Disse Bruna empolgada. - Ela proibida a Erica de vir até aqui em casa, o pastor não acha que ela deva ter uma madrinha.

- Mais a criança não precisa mesmo de uma madrinha. - Disse Jemima olhando de uma para a outra, as duas riram.

- A Erica não é batizada, - disse Bruna tensa, - quando ela foi apresentada na igreja o Edson me convidou para ser madrinha dela e eu os acompanhei como tal entendeu? Apenas um título para alguém que os pais confiam seus filhos, - ela encostou-se, - A Fran acredita que não sou mais uma boa influência para a filha.

- A Fran acredita no pastor Acabe, e o resto é o resto. – Disse Letícia triste.

- Vocês todos se conhecem da vida toda, não é mesmo? – Perguntou interessada, apesar de ter praticamente passado a vida inteira na mesma cidade, as únicas pessoas que levara para a vida adulta foram Amanda e Regina e ainda assim, por muito tempo Amanda fora apenas sua chefe.

- Sim, aqui é muito pequeno e todo mundo conhece todo mundo, o único intruso é o pastor Acabe. – Respondeu Letícia fazendo uma careta.

Naquela noite ao falar com Alex ela desabafou que não soubera conquistar amizades duradouras, e que as únicas amigas que tinha ainda assim eram distantes e ela tinha receio em confiar nelas, ele falara sobre os amigos que fizera depois da faculdade e no quanto eles eram importantes para ele.

- Eu quero muito que essas amizades que eu estou criando aqui criem raízes e se fortaleçam. – Disse entristecida.

- Apenas seja você mesma e deixe fluir, você é maravilhosa e tenho certeza que será uma boa amiga para elas, deixe Deus guiar você para uma amizade saudável, - ele pigarreou, - Jem as pessoas que nos amam se preocupam conosco, então é normal elas perguntarem, se preocuparem, tá bom? Não vai assustar as pessoas. – Disse reticente, ela gargalhou.

- Não sei de onde você tirou que eu não sou extremamente compreensiva e gentil com pessoas querendo meter o bedelho na minha vida. – Disse irônica.

- Imagine, talvez do tempo que passamos juntos e eu via a maneira como você tratava as pessoas até mesmo seus irmãos. – Respondeu no mesmo tom.

Ela fechou os olhos recordando-se do tempo que ela pensava que não precisava de nada nem de ninguém, que ela era suficiente em si mesma, que talvez no máximo ela fosse precisar do seu namorado lindo e charmoso, ledo engano, ela fora incapaz de viver sozinha e ainda trouxera vergonha para a sua família.

- Eu não sou mais assim e, esse é o problema, na verdade eu estou preocupada em que elas não me aceitem justamente porque eu quero me meter na vida dos outros, pelo menos minhas vizinhas estão do meu lado, elas também pensam que há algo de errado com a menina da qual eu te falei, eu vou tentar descobrir mais coisas e te falo.

- Eu fico preocupado de você se machucar. – Disse preocupado.

- Eu vou ter cuidado, confie em mim. Eu só irie até onde Deus me permitir, não farei nada que poderá por a mim ou a criança em perigo.

- Estarei em oração por vocês. Não se esqueça de que estou aqui esperando por você.

- Espero em Deus que esta espera esteja perto do fim. – Ela sentou lembrando-se de algo. – Alex para onde você se mudou? – Seu celular desligou. – Não acredito! – Resmungou olhando o aparelho desligando. – Sério Pai? – Perguntou olhando para cima. – Justo agora que eu me lembrei de perguntar onde ele mora! – Resmungou colocando o celular para carregar, frustrada jogou-se na cama.

O dia seguinte ela iria iniciar visitas a domicílios na zona rural, chegara mais cedo na Unidade de Saúde não gostava de deixar as pessoas esperando, voltara no final da tarde esgotada física e emocionalmente, tomara banho e ficara pensando se iria ou não à igreja, estava tão cansada queria apenas dormir, olhou-se no espelho, o olhar cansado, o semblante desanimado.

- Jemima! – Ouviu Letícia gritando no portão.

- Oi! – Respondeu abrindo apenas um pouco do portão, afinal estava apenas com um roupão.

- Desculpe-me, eu liguei seu celular está desligado.

- Desliguei na fazenda e esqueci-me de ligar. – Respondeu lembrando que precisava liga-lo.

- Você vai à igreja? O Carlos decidiu ir à igreja da mãe dele e eu não quero faltar ao culto e a Bruna não vai hoje. – Lamentou. – Às vezes eu acho que minha sogra faz de proposito.

Jemima ficou em silêncio, desde que vira a senhora Beth pela primeira vez percebeu que a boa e gentil senhora não fazia nada sem um propósito definido.

- Não tem problema vamos juntas.

- Obrigada. Tenho que correr para terminar de arrumar o Eliabe.

- "Obrigada Pai, por não me deixar faltar ao Seu Culto, que todo o cansaço e desanimo seja dissipado fora e, eu esteja pronta para Te ouvir, Te honrar e cultuar a Ti ó Deus". – Pensou voltando para casa.

Durante o culto todo o cansaço e desanimo dissipara-se, sorriu agradecida pelo cuidado de Deus para com ela. No final do culto ficara à porta falando com a pastora e Letícia, precisou se concentrar nelas, pois tudo o que lhe passava pela cabeça, era chegar à sua casa ligar para Alex e perguntar onde ele estava morando certificara de que o celular estava carregado, sorriu constrangida abaixando a cabeça, as mulheres falando de um assunto sério e ela pensando no namorado.

- "Tem misericórdia da pessoa Senhor". – Pensou focando na conversa.

- O que você acha Jemima? –Perguntou a pastora, ela ficou corada até a raiz dos cabelos.

- Perdão, mas eu não ouvi, do que vocês falavam? – Perguntou morta de vergonha.

- Sobre a comemoração do dia dos pais, queríamos fazer alguma coisinha só mesmo para não passar em branco. – A pastora respondeu encarando-a, ela ficou corada de vergonha.

- Até porque todo ano a gente faz uma grande festa em comemoração ao dia das mães. – Lembrou Letícia.

- E seria no domingo mesmo ou outro dia? – Perguntou interessada.

- Queríamos para este domingo. – Responderam.

- Por isso queríamos a sua opinião. – Disse Leticia.

- Eu acho melhor no dia, o que precisarem é só me falar. – Disse passando a mão na nuca, um estranho arrepio percorreu sua espinha e, uma estranha sensação de que alguém a observava a invadiu passou as mãos pelos braços arrepiados.

- Está com frio querida? – Perguntou a pastora preocupada, afinal estava muito quente.

- Não, apenas uma sensação estranha. - Pôs a mão no coração.

- Que tipo de sensação? Uma sensação boa ou ruim? – Perguntou Letícia.

- Estranhamente uma sensação agradável. – Disse olhando ao redor, virou-se à direita olhando para dentro da igreja e, seu olhar foi de encontro ao dele, segurou no braço da pastora que era o apoio mais próximo. – Não é possível. – Sussurrou no momento que a menina largou o braço dele e veio correndo até ela. Presa no olhar dele, ela assustou-se com a menina a abraçando.

- Oi doutora! – Exclamou a menina alegremente, ela sem fala apenas abaixou e a abraçou ainda olhando para o homem que lentamente vinha em sua direção. Seu coração disparava acelerado.

- "Como é possível isso?" - Pensava tentando organizar as ideias.

Continua...

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