28 - O Senhor põe a Sua mão sobre mim.
Jemima e Alex em silêncio caminharam lentamente lado a lado, ela sentia o toque de sua mão sobre a dele e resistia à vontade de pega-la, cada vez que se tocavam sentia a eletricidade percorrer seu corpo, e sentia-se com dezesseis anos novamente; feliz e despreocupada, sem os temores que a atormentaram nos últimos anos.
- "Obrigada Deus Misericordioso e Bondoso por está nova oportunidade de felicidade, obrigada por não esquecer as promessas que tem para mim". - Pensou suspirando, ele a encarou sorrindo, ela sorriu de volta contagiada pelo sorriso dele.
- Sabe como me sinto? - Perguntou ele baixo, ela negou. - Quando namorávamos e saíamos do ginásio disfarçando para que ninguém nos visse, sinto-me daquela forma.
- Eu também. - Respondeu sorrindo. - Não sei se você sabe, mas não éramos tão discretos quanto pensávamos. – Disse se recordando da desconfiança dos irmãos de ambos e da certeza do pai dele.
- Eu soube. Você desconfiou uma vez que o meu pai soubesse, eu que achei um absurdo. – Disse triste. – Jamais me passou pela cabeça que ele descobriria algo assim e não me perguntaria a respeito, naquela época mesmo com a reação exagerada dele com a Ariane e o Pedro, para mim meu pai era um exemplo de boa conduta e honestidade, na verdade até a gente começar a brigar por causa da faculdade, ele era o meu herói. – Disse tenso, ela o encarou, ele continuou olhando para frente.
- Ele só não queria ter que tomar uma decisão como fora obrigado a fazer com a Ariane, se ele te perguntasse você teria dito a verdade, e ele teria que tomar uma atitude e mais um filho ficaria decepcionado com ele, se eu posso te pedir algo, não fique chateado com ele, se ponha no lugar dele tente entender a situação e, além do mais, nós também não fomos sinceros com nenhum deles. – Disse carinhosamente, ele sorriu corando, o coração dela acelerou como acontecia toda vez que ele ficava corado.
- Vocês estão se dando bem, não estão? – Perguntou encarando-a.
Infelizmente ele não soube o que ela ia responder as vozes chamaram atenção deles, os dois viraram em direção a casa, eles pararam impressionados, as pessoas estavam em pequenos grupos, alguns oravam, outros cantavam e outros liam a bíblia.
Eles entreolharam-se sorrindo, em silêncio tocaram as mãos delicadamente, e ainda sorrindo com seus corações cheios de esperança cada um seguiu para um lado, ela fora na direção da casa e ele para onde as crianças estavam com Melissa e Augusto.
Aumentando o passo ela fora direto para o quarto como uma adolescente apaixonada se jogou na cama olhando o teto, sentindo as emoções acelerarem seu coração, e o frio na barriga a fazia querer rir.
- O telefone! - Disse alto saltando da cama.
Tremendo pegou o aparelho verificando as chamadas, havia inúmera ligações não atendidas, não pegava no celular desde amanhã anterior antes de sair da casa dos pais, pacientemente começou a verificar suas chamadas, finalmente encontrou o número com DDD 'meia dois' sorrindo discou.
- Oi. - Ele respondeu no segundo toque.
- Eu só queria confirmar o número antes de salvar. - Disse nervosa. - Depois a gente se fala.
- Ok! - Respondeu sorrindo, ela sorriu também.
- Tchau. - Despediu, desejando continuar a falar, mas sem saber o que dizer.
- Beijos. - Desligaram e ela se jogou na cama novamente sorrindo. O celular vibrou e sem olhar quem ligava atendeu.
- Até que enfim. - Disse Amanda assustando-a voltou a sentar.
- "Deveria ter verificado quem estava ligando". – Pensou tensa, sabia que ela iria perguntar sobre o livro, ou pior, continuar a falar sobre seu novo emprego.
- Oi. Eu te disse que não iria atender telefone no casamento do meu irmão.
- O casamento foi ontem. - Jemima revirou os olhos, assim como seus pais, Amanda ainda demonstrava insegurança quanto ao seu novo trabalho e morar sozinha.
- E como você está? Pronta para passar um fim de semana comigo na minha casa nova? - Perguntou sorrindo.
- Com certeza, depois que você arrumar a sua mudança. - Respondeu rindo.
- Poxa! E eu pensando que você iria se oferecer para me ajudar. - Disse fingindo desapontamento.
- Não mesmo! Diga-me você pelo menos já começou a ler o livro que eu te dei? - Perguntou mudando de assunto.
- Sim. - Respondeu constrangida. - Vamos falar sobre isso pessoalmente, pode ser?
- Sim. Mas está tudo bem com você? Está tranquilo ler o livro? Não está sofrendo com os gatilhos? – Perguntou preocupada, ela sorriu pelo carinho e preocupação da amiga.
- Sim, está tudo, eu tive que parar por estar muito ocupada. Até agora a leitura está tranquila, - ela se mexeu inquieta - ler sobre uma mulher que sofria violência doméstica não é o problema. Lembra-se de que eu te falei do meu primeiro namorado? - Quando estiveram em Porto Nacional ela falara pela primeira vez sobre seu primeiro namorado, mas não entrara em detalhes.
- Sim. O grande amor da sua vida, que por razões que você não quis me dizer, ele te deixou e você encontrou o traste do Bruno, esqueci alguma coisa? – Jemima riu.
- Não foi exatamente isso que aconteceu, mas compreendo que você tenha entendido assim, agora o que eu não te contei realmente é que o nome dele é Alex, é viúvo e tem duas filhas. - Amanda ficou em silêncio, coisa raríssima de acontecer.
- Você está brincando, não está? – Perguntou cética.
- Não. Estou falando muito sério.
- Esse tipo de coincidência não existe! – Disse descrente. Jemima conseguia imagina-la andando de um lado para o outro.
- Eu já te disse que coincidências não existem. – Respondeu sorrindo, elas já tiveram aquela mesma discursão inúmeras vezes.
- Sei, sei! 'tudo coopera para o bem de quem ama a Deus'. - Imitou a voz da amiga, Jemima ficou séria, era muito difícil para Amanda compreender que Deus amava as pessoas e que as coisas ruins que acontecem com elas na maioria das vezes para não se dizer sempre eram consequências das próprias decisões delas. - Tudo bem, eu vou acreditar nisso, quando você me disser onde está o bem de você sofrer o que sofreu com o seu marido.
- Amanda as coisas que me aconteceram foram consequências das minhas escolhas, e você sabe que foi um milagre eu sair viva da última investida do Bruno, você mesma me disse isso.
- Ok, como você sobreviveu aquilo, e como do nada seu irmão foi à sua casa e encontrou o portão aberto, sinceramente eu não sei, mais sei que você é uma das melhores pessoas que eu conheço e não merecia passar por isso, até eu já fiz coisas que justificariam eu sofrer algo parecido, mas não você. – Concluiu emocionada.
- Ai é que está o problema minha amiga, a gente sempre pensa que a gente merece, por que a gente sabe o que já fez as pessoas só nos mostra o que elas querem que vejamos, e assim não sabemos ao certo o que elas fizeram, sinceramente não sei por que eu sofri o que sofri, mas sei que não coloquei meu casamento na Presença do Senhor, nunca perguntei se ele era bom o bastante para mim, escolhi e continuei casada também por escolha minha.
- Ah, minha amiga! Eu queria ter essa serenidade que você tem. – Suspirou profundamente. – Diga-me como é o seu Alex é tão tentador e maravilhoso quanto o do livro?
- Eu diria que mais. – Disse rindo. – Mais não quero falar sobre isso agora, tenho muitas coisas para falar e quero fazer isso pessoalmente, pode ser? – Perguntou sabendo o quanto a amiga era curiosa.
- Fazer o quê? Eu espero. Você vai ficar perambulando por quantos dias com seu irmão e sua cunhada?
- Uma semana.
- Ok, eu espero, se eu tiver uma sincope por curiosidade quero que saiba que a culpa será sua. – Disse dramática.
- Ok, eu me responsabilizarei diante os interessados. – Respondeu no mesmo tom.
- Amiga ingrata! – Disse sorrindo e despediram-se, mal desligou o telefone a porta abriu e duas de suas companheiras entraram.
- O café da manhã já será servido. - Disse Raissa sentando ao seu lado na cama.
- Obrigada. - Respondeu encarando a outra que colocava suas coisas na mala. - Vocês já vão embora? – Perguntou intrigada.
- Não! Nós vamos passar a semana aqui, a Tina está arrumando as coisas dela porque está ansiosa para passar para o quarto do marido. - A outra lhe jogou uma almofada sorrindo.
- Nada haver, eu estou arrumando as coisas, porque estou ansiosa e quando fico assim preciso ocupar minha mente. - Respondeu Betina sentando-se esfregando as mãos uma na outra.
Jemima descobrira que Lúcia a outra companheira de quarto era de fato a dona do quarto e Betina era sua cunhada, para que todos pudessem dormir dentro da casa, os donos da fazenda separaram os casais e, agora com as pessoas retornando às suas casas os quartos seriam desocupados, lembrou-se do escândalo que Bruno dera quando no noivado de Ariane e Pedro, Adriana havia misturado os nomes das pessoas à mesa para que todos interagissem.
- "Graças a Deus aquela pessoa não faz mais parte da minha vida, imagine o barraco que ele iria armar se alguém dissesse a ele que não iríamos dormir juntos?". - Pensou com um amargo na boca, sacudiu violentamente a cabeça. – "Nada haver pensar naquela criatura agora". – Pensou suspirando.
- E você vai embora hoje? - Perguntou Betina a encarando ela assentiu constrangida por ter se distraído.
- Só mais tarde, vamos ajudar a Adriana a desmontar a decoração. – Disse empolgando-se com a ideia de ter Alex por perto mais um tempo.
- Nós todos vamos ajudar. - Disse Betina. - Dá até pena desmanchar tudo aquilo, ficou tão lindo. – Suspirou sonhadora.
- Só espero que a decoração do meu casamento seja ao menos parecida. - Disse Raissa mexendo o anel de noivado.
- Ficou mesmo fantástica, parecia um conto de fadas. – Tornou a suspirar Betina.
- Seu casamento também estava lindo. – Disse Raissa pegando na mão da amiga, fazendo Jemima se recordar de que ela havia se casado recentemente, envergonhada lembrou-se de uma conversa que tivera com o irmão mais novo no aniversário do sobrinho quando soube que a ex-namorada dele casaria no final do mês de maio.
- Você não acha estranho esse casamento repentino? Eles mal começaram a namorar e já vão casar! Sei não, mais acho que essa sua ex-namorada não bate bem da cabeça. – Dissera ela encarando o irmão.
- Eu e Ariane também mal começamos a namorar. – Respondera Pedro franzindo a testa.
- Mais é outra situação. – Disse constrangida.
- Eles se amam e não têm dúvidas de que querem passar o resto de seus dias juntos, além disso, Zeca fez um compromisso com Deus de que se ela sobrevivesse à overdose e O aceitasse como Único e Suficiente Salvador de sua vida ele seguraria na mão dela, casaria com ela o mais rápido possível e só largaria a mão dela quando o Senhor recolhesse um dos dois.
- Sério? – Perguntara emocionada, ele assentiu sério. – Uau! Que lindo! Deus os abençoe e que o casamento deles seja para a Honra de Deus.
Ela não conhecia a mulher com quem o irmão vivera por um período de tempo antes de reconciliar-se com a namorada da adolescência e, tinha uma ideia diferente sobre ela, quando soube que dividiriam o quarto sentiu-se constrangida no inicio, mais conhecê-la foi uma agradável surpresa, seu irmão tinha razão ela era uma mulher incrível surpreendeu-se com o choro de Betina, concentrou-se nas duas.
- Você está melhor? – Raissa perguntava preocupada encarando a outra ainda segurando sua mão, Jemima franziu o cenho.
- Estou. Só não sei por que eu tenho que perdoa-la, fora ela quem abandonou a mim e ao meu pai, sem nem ao menos olhar para trás. – Respondeu engasgada.
- Eu vou... – Começou Jemima levantando-se.
- Por favor, fique. – Pediu Betina. – Você acha possível perdoar alguém que nos destruiu de maneira irreversível? – Perguntou a encarando. – Sei que estou sendo dramática, pois creio que Deus está me curando e, um dia serei totalmente curada, mas o dano que ela me causou foi além do humanamente aceitável. – Disse em meio a lagrimas.
Nervosa Jemima sentou novamente, por essa não esperava. Nos últimos dias vinha pensando sobre isso, sobre liberar perdão ao Bruno, respirou profundamente. – "O que eu faço agora Senhor?" – Pensou desolada, então começou a rir descontroladamente, confusas as duas amigas entreolharam-se.
- O que aconteceu? – Perguntaram as duas.
- Nada! Só que na minha leitura diária de ontem, - voltou a rir – li sobre perdão. Marcos: capitulo onze, eu marquei. – Levantou e pegou a bíblia. – Versículos vinte e cinco e vinte e seis. "E, quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial perdoe os seus pecados. Mas, se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está nos céus não perdoará os seus pecados".
- Quer dizer que eu sou obrigada a perdoar a minha mãe? – Perguntou Betina irritada.
- Não! Você não é obrigada a nada. – Disse séria. Voltou a se sentar ao lado de Raissa de frente para Betina. – "Senhor eu própria preciso liberar perdão e mesmo o Senhor me mostrando na Sua Palavra que eu preciso abrir meu coração para o Senhor trabalhar em mim, eu não compreendi, obrigada por manda-las até aqui para que eu deixe o Senhor fazer a Sua Boa Obra em mim, para que assim eu seja instrumento da Sua Vontade para o Seu Reino". – Pensou encarando os olhos luminosos mais azuis que os seus.
- Eu não estou entendendo, afinal eu tenho que perdoar ou não? – Perguntou confusa. - Tudo isso é muito novo para mim, até o final do ano passado eu nunca havia cogitado a possibilidade de um dia fazer parte desse meio cristão você entende? Estávamos agora a pouco orando em grupo, não sei se você viu, - ela assentiu – pois é, e do nada o rapaz estava orando e me tocou no ombro olhou nos meus olhos como se pudesse ver dentro de mim e disse: 'você precisa liberar perdão Deus tem grandes coisas para você, mas é necessário que você queira fazer a Vontade dEle', mais eu não já estou fazendo? Não já O aceitei, me batizei, estou indo à igreja, estudando a bíblia o que mais eu preciso fazer? – Perguntou encarando-as.
- Pelo visto perdoar. – Disse Raissa arqueando a sobrancelha, Betina revirou os olhos.
- Como eu disse você não é obrigada a perdoar ninguém, assim como eu também não sou, no entanto, Deus também não é obrigado a nos perdoar, mas ao contrário de nós Ele quer nos perdoar, a Bíblia nos conta a história de um devedor que implorou por perdão e o seu senhor misericordioso o perdoou, saindo de lá ele encontrou a alguém que o devia bem menos do que ele devia ao seu senhor e quando o seu devedor pediu clemencia ele fora incapaz de perdoa-lo, e quando o seu senhor soube do ocorrido mandou chama-lo e o condenou até que pagasse sua divida.
- Eu serei condenada por não perdoar a minha mãe? – Perguntou assustada.
- Não. Você será condenada por não permitir que o Espirito Santo faça morada em seu coração; coração que é morada do Espirito Santo não tem espaço para magoas e ressentimentos. Perdoar é a coisa mais difícil de fazer e não conseguiremos se o Espirito Santo de Deus não o colocar em nós. Deus nos ama incondicionalmente, o seu perdão não está condicionado ao nosso, pois somos incapazes de amar ou perdoar como Ele, mas está condicionado ao fazermos do nosso corpo templo do Espirito Santo e obedecermos à Sua Palavra, precisamos nos abrir para o perdão, aos outros e a nós mesmos, as bênçãos de Deus não alcança um coração trancado, pois Ele não viola ninguém, Ele quer que nós o escolhamos livremente, que nos livremos de tudo que nos afasta dEle para que Ele possa verdadeiramente habitar em nós.
Enquanto falava seu coração aquecia e as memórias passavam por sua mente, ela precisava liberar perdão não apenas ao Bruno mais a si mesma também, havia voltado para os braços do Pai, mas ainda era reticente ao que sofrera, em alguns momentos ainda sentia pena e raiva de si mesma, e outras sentia um ódio terrível do Bruno, até desejar que ele sofresse um acidente e morresse e nunca mais cruzasse o seu caminho já desejara. Betina levantou-se devagar foi até a janela.
- "Perdoe-me Senhor, por dar tanta importância à dor que sinto e já senti, perdoe-me por focar nos meus sentimentos e esquecer que já não sou eu quem vive, mas o Senhor que vive em mim, e o Senhor é um Deus zeloso e misericordioso e limpará meu coração de toda dor e angustia, e me aquebrantará para que eu seja um templo do Espirito Santo, puro e abençoado que abençoará em Seu Nome. Seja o Senhor comigo e com Betina, Senhor sara as feridas que ambas carregamos, seja o Senhor a nos curar e faça conosco conforme a Sua Vontade". – Pensou enquanto Betina olhava a movimentação lá fora.
- A minha mãe nos deixou quando eu tinha quatro anos, - ela começou a falar sem olhar para as duas mulheres que encaravam suas costas - eles se casaram muito jovens, meu pai contou que ela não aguentou a pressão, meus avós a abandonaram sem nenhuma ajuda quando ela descobriu que estava grávida, o meu pai deixou faculdade e arrumou um emprego, ela terminou a faculdade e arrumou um emprego melhor que o dele, e lá conheceu um homem e nos deixou por ele. Ela nunca quis saber nada sobre mim, eu sonhava com o dia em que ela viria me buscar, e tola que eu fui que descontei na minha madrasta que fora uma mãe maravilhosa para mim toda a raiva que sentia dela, e também tinha muita raiva por que meu pai não me dava mais a mesma atenção de antes deles se casarem, cresci e comecei a odiar a mim também, afinal se não fosse eu meus avós não teriam colocado ela para fora de casa, ela não teria casado e não teria família para abandonar. - Ela voltou à atenção para as outras o rosto molhado pelas lágrimas.
- Nada do que eu disser vai aliviar a dor que você sente, mas quero que saiba que nada disso é culpa sua e, estou feliz por você estar aqui e ter nos dado a honra de fazer parte da sua vida. – Disse Raissa emocionada indo até ela e a abraçando, Jemima levantou-se indo até elas.
- Não se preocupe, apenas deixe Deus continuar a agir em sua vida, e o perdão virá naturalmente, não porque sua mãe merece, ou que você vai começar a justificar o que ela fez, mas porque Deus te ama e também ama a ela e Cristo nos justifica para Deus, mesmo que a gente não compreenda como isso acontece, e Ele quer que você sinta que é uma filha amada e dedicada dEle, que permite que trate todas as suas feridas e te embale quando estiver chorando. – Disse Jemima secando as lágrimas dela, e pela primeira vez desde que soubera da existência dela na vida do irmão pensou seriamente sobre o que poderia ter acontecido para que ela tivesse seguido o caminho que seguiu e tentado contra a própria vida.
- Obrigada! – Respondeu tímida. – Eu não sei o que seria da minha vida se Deus não tivesse sido misericordioso comigo e colocado pessoas tão especiais na minha vida. – Disse chorando, as duas a abraçaram.
Por algum tempo Jemima ficou ali abraçada naquelas duas mulheres que olhando de longe nada tinham haver com ela, uma noiva esperando o noivo marcar a data do casamento, outra recém-casada e ela divorciada de esposo violento e abusivo. – "O Senhor coloca pessoas improváveis em nossas vidas para que vejamos o Agir dEle a todo momento". – Pensou. Quantas vezes pensara que ela não merecia outra chance com Alex nem com ninguém, pois tinha uma história marcada e jamais perdoaria ao Bruno pelas marcas deixadas em sua alma, imaginou Jesus sofrendo dores que não merecia por ela, quando se deu conta estavam as três chorando.
- Deus é bom até mesmo quando fazemos coisas que O deixa triste, - disse Raissa se afastando - veja você, por exemplo, era um chute naquele lugar quando chegou e agora estou eu aqui chorando contigo. – Disse sorrindo limpando o rosto.
- Verdade, mas você sempre me amou. – Respondeu empurrando-a de leve.
- Era fácil eu te amar eu não moro lá. – Confusa Jemima olhava de uma para a outra, o irmão não entrou em detalhe sobre sua 'namorada', mas imaginara que ela se desse bem com os vizinhos. – Tina foi a primeira, corrijo, a primeira não, a única namorada que o Pedro levou para conhecer a galera do prédio, e todos a detestaram. – Disse sorrindo, a outra ficou corada.
- Você a está deixando constrangida. – Disse Jemima solidaria.
- Na verdade estou constrangida, mas porque ela está certa, foi exatamente assim, eu era extremamente possessiva com o Pedro, e se um dia você puder nos visitar, você perceberá que todos é como se fosse uma grande família, e para mim aquilo era muito surreal, eu não conseguia compreender que garotas tão linda, fossem apenas amigas de uma pessoa tão linda e especial como ele.
Jemima olhou Raissa, ela a irmã, Lúcia e outras moças que moravam no prédio que o irmão nunca os levara para visitar, eram realmente muito bonitas, mas Betina era linda! Como era possível ser tão insegura? Betina encostou-se à parede e Jemima cruzou os braços ainda olhando de uma para a outra.
- Todas nós em algum momento eu acho que tivemos uma ou outra fantasia com o Pedro, o que são aqueles olhos verdes? – Disse Raissa se jogando na cama, preocupada Jemima encarou Betina que gargalhou.
- E o pior é que todas elas agiam como se eu fosse louca! – Disse rindo.
- Claro! Ele nunca deu moral para nenhuma de nós e caiu de amores por você. – Respondeu a outra ainda rindo. – Ele sempre nos tratou a todas como irmãs – disse sentando – e acabamos nos tornando mesmo meio que irmãs dele, e nos preocupávamos com o relacionamento de vocês, você não parecia ser boa o bastante para ele, é uma pena que você tenha demorado tanto para se mostrar verdadeiramente para nós.
- Eu também acho. – Disse também séria. – E estou feliz por finalmente ser eu mesma, não só com todos vocês mais comigo também, e gosto dessa pessoa que eu sou.
- Ei, o que vocês estão fazendo? – Perguntou Regina da porta franziu a testa olhando as três mulheres. – Tina Zeca está te chamando para tomar café com ele. – Disse entrando no quarto. – Está tudo bem?
- Sim. Eu que me emocionei com a oração do grupo que eu estava. – Disse Betina. – Eu vou só lavar o rosto e estou indo.
- Tem certeza que está tudo bem? – Perguntou encarando a irmã. – Ela não me parece bem.
- Está tudo bem, ela estava falando sobre a mãe. – Respondeu pulando da cama.
- Esse assunto é muito doloroso para ela. – Disse distraída, esperou as outras se preparem para o café e as quatro saíram juntas.
O fervilhar de gente por toda parte, era bem mais do que na manhã anterior, algumas pessoas já estavam se preparando para ir embora, outras tomavam café tranquilamente e outras ainda estavam em grupos, orando, cantando ou simplesmente conversando.
Seu coração disparou, Alex estava sentado afastado conversando com uma garota, não tinha muita certeza mais parece que era filha de um dos amigos dele, a menina olhou diretamente para ela deixando-a constrangida, virou o rosto e viu o irmão lendo a Bíblia em um grupo e como ainda não havia feito a sua leitura naquela manhã decidiu ir até lá, João fora o único filho do pastor Gustavo que quis seguir os passos do pai, sorriu contendo-se para não espionar Alex e despediu-se das outras.
- Bom dia pastor João. – Disse abraçando o irmão.
- Bom dia. – Respondeu beijando o rosto da irmã. – Andou chorando? – Perguntou preocupado.
- Algumas vezes é difícil fazer a Vontade de Deus, e aí Ele nos lembra de que não importa o quão difícil seja não somos nós que vamos fazer, vamos apenas deixar o Espirito Santo fazer através de nós, só precisamos confiar e esperar.
- Só algumas vezes? – Perguntou sorrindo arqueando a sobrancelha. – Ele é perfeito, e nós, imperfeitos e apressados.
Contínua...
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