24 -Tudo fez formoso em Seu tempo.
Alex fez o devocional da noite e sem sono olhava as poucas estrelas no céu, quando eram crianças amavam 'acampar' no jardim da mãe e ficar olhando o céu estrelado, nem o céu era mais o mesmo, suspirou saudoso olhando as horas, ligara mais cedo para a irmã, mas ela não estava e havia deixado o celular, frustrado voltou para o quarto, ligaria para ela no dia seguinte.
Saia do banheiro quando a irmã retornou a ligação, apressadamente pegou o celular.
- Oi. – Atendeu ofegante.
- Oi, desculpe-me pela demora em retornar sua ligação, estávamos na casa da Bel testando nossas habilidades com doces. – Disse rindo.
- Por favor, me diga que não serão estes os docinhos servidos no seu casamento. – Disse também rindo.
- O quê? Está duvidando da nossa capacidade de produzir doces bastante doces?
- A quantidade de açúcar nos seus doces sempre foi o problema mana querida.
- A Mel não me deixou colocar o açúcar então tem grandes chances de ficarem bons.
- Ainda não experimentou? – Perguntou sorrindo. – Coitado do meu sobrinho tem grande chance de ser ele a cobaia.
- Ele, o Ricardo e o Davi.
- Coitadas das crianças, as mães fazem as experiências e quer usar as próprias crias como cobaias, isso deveria ser proibido.
- Eles estão ansiosos para liberarmos as guloseimas.
- Misericórdia! - Os dois riram. - Azar da Mel que ela própria terá que consumir a parte que coube a ela.
- Maldade! Só por esse comentário, eu vou guardar e levar para você a semana que vem. - Disse gargalhando.
- Ainda bem que terei tempo para conversar com o meu sobrinho e poderei preparar o meu psicológico. - Respondeu sorrindo lembrando-se que iria encontra-la na semana seguinte em Goiânia, ele iria ajuda-la com a nova casa.
- E então mano, fala aí, o que você queria falar comigo? O Paulo disse que sua voz estava tensa.
- Como você está lidando com a mudança? Ainda está com medo? - Perguntou cauteloso.
A irmã não gostava de mudanças tanto quanto ele, e naquele momento ela estava passando pela maior mudança que passara desde que se descobrira grávida aos treze anos e fora mandada para morar em São Paulo com a avó paterna.
- Estou bem agora, ainda com medo. Eu fico com medo de falhar, de decepcionar o Pedro e o Paulo, de tudo o que está sendo preparado sair do controle e tudo dar errado, sei lá, queria uma coisa bem simples como foi o seu casamento, mas tudo isso está tomando uma proporção gigantesca.
- A cerimônia do meu casamento não pode servir como base, eram outras circunstâncias, e tenho certeza que seu casamento será lindo, exatamente como vocês merecem depois de tantos anos nada mais justo que o amor de vocês seja celebrado em grande estilo.
- Espero em Deus que você esteja certo. - Ele sorriu pelo tom de voz dela, visualizando-a corada. - E o que aconteceu você está apenas preocupado comigo ou aconteceu mais alguma coisa? - Perguntou mudando de assunto.
- O Helder quer abrir uma filial no Tocantins e estou pensando em ir, mas não sei se é a Vontade de Deus ou a minha própria vontade. - Respondeu.
- Deus ainda não falou nada a respeito disso com você? – Perguntou séria, quando o assunto era Deus a irmã era sempre muito responsável.
- Há um mês mais ou menos o pastor falou sobre estarmos estagnados no mesmo lugar por medo do desconhecido, e não é a primeira vez que surge a oportunidade para eu mudar daqui, mas é a primeira vez que eu quero aceitar e também a primeira vez que surge a oportunidade de eu voltar para lá, até o momento em que o Hélder me disse onde ele queria abrir a filial, eu nunca havia pensado realmente em ir embora daqui, nem mesmo quando as meninas brincaram de nos mudar para o Tocantins por causa do horário de verão.
- Mano, vamos orar para Deus te orientar, mas acho que Deus está querendo te mudar de ares, descansa nEle que Ele te mostrará.
- Vamos manter esse assunto apenas entre nós, por enquanto? Não quero criar expectativa em mim e nem em nossos pais.
- Eles vão ficar radiantes, já estão felizes por que eu vou para Goiânia, que é mais perto, e etc. e tal. Qual é a cidade que você vai?
- Ainda não sei se vou. – Disse com o coração acelerado. – E é para Fátima.
- Já estou profetizando coisas novas para você também. – Disse rindo. – Alex, se for da Vontade de Deus, é o melhor para você e as meninas, não se preocupe, faça como eu, sinta medo, mas não deixe ele te dominar, lembra que uma vez você me disse que gostaria de viver em um lugar mais calmo e tranquilo?
- Nossa! Isso faz tanto tempo. A Valéria ainda era viva, e eu queria um lugar mais tranquilo por causa do trabalho dela. – Lembrou-se das vezes que ficara preocupado com a esposa por causa do trabalho dela.
- Pois o seu trabalho vai te levar para um lugar mais calmo, quem entende como Deus trabalha? A gente apenas agradece e vive, vai dar tudo certo. E as meninas o que pensam sobre isso?
- Estão empolgadas, concordaram em orar e também ficaram um pouco tristes pelo que elas deixarão para trás, nasceram aqui e as lembranças da mãe estão aqui. - Disse pesaroso.
- É verdade, mas elas são crianças especiais e vão superar logo isso, as lembranças mais do que o lugar são o que se guarda na memória.
- Isso é verdade, acho que elas têm medo de perder a memória da mãe, elas eram muito novas quando ela morreu.
- Verdade, mas tem fotos e as famílias para ajuda-las a sempre se recordarem da mãe e mulher maravilhosa que ela foi. - Ele engoliu seco, estava muito sentimental.
- Verdade! Obrigado pela ajuda.
- É sempre um prazer! - Disse sorrindo. - E não fique triste direi ao Paulo para não comer todos os doces, tenho certeza que ele ficará feliz em dividir com o tio.
- Não se preocupe, vou ligar para ele antes dele ir para a escola, e para qualquer eventualidade sempre temos o bom e velho sorvete. - Disse sorrindo, o sobrinho simplesmente ama sorvete.
Mais tranquilo despediu-se da irmã, não queria meter os pés pelas mãos e fazer bobagens que poderiam lhe trazer grandes problemas, entregara sua vida nas Mãos de Deus e gostaria de viver conforme a Vontade dEle.
- Senhor que a Sua Vontade se cumpra na minha vida e na vida das minhas filhas, dê-me sabedoria para o que vem por aí, prepare-me para o que o Senhor tem guardado para mim, obrigado Deus, pois sei que Seus sonhos são maiores que os meus. - Pediu de olhos fechados.
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Alex esperava pelas filhas que estavam ensaiando para o louvor daquela noite, sentiu o celular vibrar, sorriu ao ver o rosto da irmã na tela.
- Olá irmã querida!
- Olá irmão igualmente querido, tudo bem contigo e com minhas sobrinhas lindas?
- Sim. Comigo e com suas sobrinhas, tão lindas quanto o pai. – Sorriu com a risada da irmã.
- Vou ficar quieta, por que apesar do meu filho ser a cara do pai, também digo que é lindo igual a mim. – Disse naturalmente, Alex que estava encostado empertigou-se tenso na cadeira, a irmã nunca falava no pai do filho, nem mesmo para mencionar a semelhança que era obvia.
- Ariane, você está bem?
- Sim. Agora eu estou. Hoje foi um dia difícil, o momento em que todos você me alertaram que um dia chegaria finalmente chegou. – Disse estranhamente calma, ele coçou a cabeça.
- O Paulo quer saber do pai.
- Um pouquinho mais que isso, ele 'quer' conhecer o pai. – Disse perdendo o controle, ele suspirou.
- "Não importa o quanto se foge, mais cedo ou mais tarde o passado mal resolvido volta como um fantasma". – Pensou triste desejando estar ao lado dela para conforta-la. - E o que você pretende fazer?
- Eis o motivo da minha ligação. Quero te fazer um convite, eu sei que você raramente vai à Paraíso e desde a morte da Valéria você vai menos ainda, mas gostaria que você fosse passar alguns dias lá comigo, quero todos os meus irmãos do meu lado.
Involuntariamente ele começou a tossir compulsivamente engasgando com a própria saliva, alguns dos pais que estavam próximos aproximaram para ajudar, ele levantou a mão em sinal de que estava bem, engasgara não por que a irmã queria os irmãos ao seu lado, mas pela expectativa de voltar ao Tocantins depois do último encontro com Jemima.
- Alex, você está bem? – Perguntou preocupada.
- Sim. – Respondeu rouco. – E quando você pretende ir?
- Na primeira semana de dezembro.
Ninguém poderia dizer que a irmã mais nova não era decidida, se tinha que fazer alguma coisa simplesmente fazia nada de procrastinar, a única situação que ela quis procrastinar ele a forçara a revelar, envergonhado lembrou-se do dia em que ela contou da gravidez à família.
- Ariane, eu não sei se você sabe, mas o Pedro também não é um visitante casual de Paraiso. - Comentou cauteloso, ainda não sabia até que ponto o ex ainda era 'persona non grata'.
- Acabei de saber disso. – Disse nervosa, ele fechou os olhos, ela ainda ficava nervosa quando ele era mencionado. – O Paulo já falou com os gêmeos e eles vão fazer essa ponte.
- Imagino a alegria do Adriano e do Felipe. – Comentou distraído, pensando também em qual seria a reação de Jemima, ela sonhara tanto em conhecer esse sobrinho que ela não sabia nem o sexo.
- Alex está me ouvindo? – Assustou-se com a irmã.
- Desculpe-me o que disse?
- Eu perguntei se os dois ainda são amigos?
- São. – Respondeu recordando-se de quando os encontraram na 'Herdeiros da Promessa'. - Ainda que nossos pais continuem sendo contra essa amizade.
- Você acha que eles ficarão chateados com o Paulo porque ele quer conhecer o pai?
- Não, provavelmente eles não vão gostar, mas eles sempre te disseram que este dia chegaria. A grande questão deles será a sua reação ao Pedro, quanto a isso eu acho que eles vão chiar.
- Eu não tenho estrutura para pensar nisso ainda, foi muito difícil contar tudo ao Paulo, há anos que eu não pronuncio o nome dele, e falar sobre ele, lembrar-me dele, foi muito mais doloroso do que eu imaginei que seria.
- Você tem certeza de que está bem? - Perguntou preocupado.
- Estou bem. Nervosa, amedrontada, mas aliviada, você precisava ver o constrangimento do meu filho me pedindo algo que era de direito dele, e o meu constrangimento em expor uma situação que faz de mim a maior egoísta de todos os tempos.
- Você não é, nem nunca foi egoísta. Você estava sofrendo e tomou uma decisão pensando no que seria melhor para o seu filho, assim como agora pensando no melhor para ele vai permitir ele conhecer a família paterna.
- Obrigada, meu irmão. – Agradeceu aliviada. – E então você vai também?
- Com certeza! Só não sei se consigo ir junto contigo, mas eu vou sim. – Respondeu feliz pela irmã, e ansioso diante da expectativa de voltar a ver Jemima e o marido.
Os dias que se seguiram à ligação da irmã, ele só pensa no retorno à Paraiso, depois da morte da esposa várias vezes pensara em voltar lá, mas a verdade era que temia sua reação à ela se por ventura a encontrasse por lá, durante todos os anos em que fora casado, nas raras vezes em ia à casa dos pais tinha o máximo de cuidado para não se encontrar com ela, só saia com a Valéria e em lugares que seria pouquíssimo provável ela ir e conseguira ficarar sem vê-la por todos aqueles anos.
Quando decidira finalmente ir ver os pais, tinha certeza que estava pronto para vê-la se isso acontecesse, afinal não sentia mais nada por ela, e a única razão de fugir dela era a promessa que fizera à Valéria antes do casamento, ele tinha tanta certeza disso, que se sentira sem chão no momento em que esbarrara nela e sua convicção se esvaiu, ali ele percebeu que mais uma vez sua esposa estivera certa, ele nunca se esquecera dela, perceber isso o fez se sentir indigno do tempo que estivera casado, e agora que finalmente estava bem consigo mesmo sua irmã que jurara nunca mais voltar a Paraíso e nem olhar na cara do pai do seu filho estava voltando para casa e consequentemente trazendo a família do sobrinho amado para suas vidas, afinal assim como ele sobrinho dele, era sobrinho dela também.
A imagem do troglodita do esposo dela empurrando-a invadiu sua mente e seu sangue ferveu, sabia que ela continuava casada, vez ou outra perguntava alguma coisa para o irmão, e alimentava a esperança de que ele havia mudado, e contra todas as expectativas ele desejava que aquele houvesse sido um caso isolado e que ele estivesse apenas imaginando coisas e que ela tivesse um casamento feliz.
Ele apertou as têmporas uma leve dor de cabeça começou a incomoda-lo, suspirando voltou a encostar-se a cadeira, mas ao contrário de antes não conseguia se concentrar no ensaio das crianças, fechou os olhos e estranhamente recordou do sonho da filha antes de descobrirem a doença de Valéria, sacudiu forte a cabeça levantando-se, com as mãos nos bolsos da calça foi até a janela, e mais uma vez tentou concentrar-se no ensaio das filhas.
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Os amigos o encaravam como se não o reconhecem, e firme ele aguentou o olhar deles, o único que compreendia apesar de lamentar era Vinícius, compartilhavam da mesma fé, compreendia que Deus era o Senhor e mentor de suas vidas.
- Não acredito que justo você vai nos abandonar. – Reclamou Cassandra. – Eu até entendo que um lugar novo vai te fazer bem, talvez você até arrume uma namorada! – Ela sorriu. – Mais você compreende que você é a base da nossa amizade, você nos juntou. – Concluiu emocionada.
- Você tem certeza mesmo disso? O Helder não está te ameaçando, está? – Perguntou Leandro esperançoso. – Se tiver a gente dar um jeito nele. – Vinícius o empurrou sorrindo.
- Que ideia Leandro! – Disse Alex sorrindo. – Eu realmente quero ir, vai ser bom para mim e vamos continuar amigos, não deixaremos de ser amigos por que estou me mudando de cidade, ou vocês vão me esquecer?
- Claro que não! – Responderam juntos. Cassandra o abraçou e os dois a acompanharam em um grande abraço. Alex temia por essa escolha, que Deus o abençoasse, combinara com Helder em se encontrarem no Tocantins naquele fim de semana.
- Eu vou para lá neste fim de semana. – Disse e eles se afastaram.
- Mais já? Porque toda essa pressa? – Perguntou Cassandra.
- Nós vamos olhar localização para a clínica, casa para eu morar, escola para as minhas filhas, esse tipo de coisa.
- E quando você pretende fazer a mudança? – Perguntou Vinícius.
- No inicio do mês. – Disse os encarando.
- Precisa de ajuda com alguma coisa? – Perguntou Leandro.
- Na verdade vou precisar de todos vocês, precisarei de ajuda com a organização e montagem de clínica, entrevistar pessoas para trabalhar comigo, me ajudar com a casa, nunca montei uma casa antes.
- A parte da casa pode deixar comigo e com a Bella. – Disse Cassandra empolgada.
- Como você está comprometendo minha filha sem falar com ela? – Perguntou Vinícius cruzando os braços.
- Já conversamos sobre isso, e ela e a Laila já pensaram em tudo. – Disse ela desafiadoramente.
- Como vocês fizeram isso? Ele ainda não tinha dito sim. – Resmungou Leandro. - Até parece que vocês estão ansiosos para ele ir embora.
- A gente tinha esperança de que ele ficasse, e até planejamos um pouco de chantagem emocional para cima dele, mas sabíamos que ele iria no dia em que ele disse que iria falar com as crianças. – Disse Cassandra séria.
- Aff! – Resmungou Leandro. – Ok, o que podemos fazer para te ajudar. – Todos voltaram a sentar e voltaram a praticidade que anos de amizade e trabalho juntos permitiam.
Todos viajaram juntos para o Tocantins, Alex ligou para os pais irem encontra-lo na cidade onde no segundo semestre se tornaria seu novo lar, as filhas estavam empolgadas com a cidade, ele particularmente não via nada de interessante, não era atoa que os tocantinenses diziam que havia um sol para cada morador, olhou as filhas e os amigos na piscina do hotel e pela milionésima vez pensou em dar um mergulho, mas não gostava de piscinas de hotéis, assim como não gostava de mudanças, com pesar lembrou-se da discursão que tivera com Valéria depois do casamento.
- Onde vamos morar? – Perguntara ela com as mãos na cintura.
- Como onde? – Respondera estendendo os braços pela sala do apartamento, os pais de ambos alugara e mobiliara um apartamento para eles, enquanto estivessem na faculdade.
- Você ouviu nossos pais, isso aqui é temporário.
- Sim! E daí? Quando terminarmos a faculdade, nós arrumamos um emprego e pagaremos nossas próprias contas.
- Você não me entendeu não quero morar aqui, nem em Lins e nem em Paraíso, só para você ficar ciente. – Dissera saindo e deixando-o sozinho.
- Compreendo você não querer ir para Lins ou Paraíso, mas qual o problema de morarmos aqui? Já conhecemos o lugar, as pessoas... – Dissera indo atrás dela.
- Exatamente por isso, quero ir para bem longe daqui, logo depois da formatura. – Respondera sem ao menos olhar para ele.
Ele sentira tanta raiva dela naquele momento, aliás, ele sentira raiva dela em vários momentos logo depois do casamento, até o dia em que eles decidiram aceitar a Deus como o Único e Suficiente Salvador de suas vidas e entregar todas as dúvidas e dores nas Mãos dEle, muitas vezes ele teve vontade de gritar com ela e sumir da vida dela e nunca mais voltar a vê-la, tempos depois quando se recordavam desses momentos eles riam e agradeciam a Deus por todas as maravilhas que Ele fizera em suas vidas.
- Vovó, vovô. – Assustou-se com os gritos das filhas que saiam da piscina e sorridentes corriam para os avôs, distraído não os vira chegar.
Passaram a tarde olhando casa para alugar ou comprar, por sugestão do pai não iria vender a casa de Anápolis e compraria uma, Hélder iria se encontrar com eles no dia seguinte, já haviam separado alguns pontos para montar a clinica.
Sorriu intimamente, nos últimos dias as lembranças estavam vívidas em seu coração, quando terminaram a faculdade e Helder o procurara com a oferta de abrirem um negócio juntos, a única razão para ele aceitar e pedir a ajuda do pai, fora Valéria, naquela época ele só queria que ela fosse feliz, e agora se perguntava por que estava embarcando nessa, e se ele estivesse entendendo tudo errado e não fosse nada disso que Deus quisesse para ele?
Naquela noite eles foram a uma igreja que lhe indicaram. Constrangido sentia-se um peixe fora d'agua, desde que se convertera fora membro apenas de duas igrejas, a igreja em que aceitara a Jesus em Campinas, e a igreja na qual se batizou e se tornou realmente a 'igreja' do Senhor, que era a de Anápolis onde estava até aquele momento, sentiu um aperto no coração diante da ideia de deixar tudo para trás, no momento em que fechasse a compra do local que estava querendo para viver com as filhas e do local onde seria a clínica tudo se tornaria definitivo.
A igreja era pequena mais muito calorosa, o louvor foi magnifico e ele se preparara para a Palavra, pois sentia que o Espirito Santo tinha muito para lhe falar naquela noite.
- Abram a Palavra de Deus em Gênesis capítulo doze dos versículos um até o quatro. – Disse o pastor. Alex pôs-se de pé acompanhando a leitura da Bíblia.
- "Obrigado Senhor por me mostrar a Sua Vontade para a minha vida, eu sei que a Sua Vontade é Boa, Perfeita e Agradável para mim". – Pensou quando o pastor mandou que sentassem.
- Meus irmãos e irmãs, eu quero que nesta noite vocês pensem neste homem que honrou a Deus com sua obediência, quem de nós hoje simplesmente deixaria tudo para trás apenas para obedecer a Deus? Está difícil obedecer a Deus para sair de casa e vir à igreja ou para evangelizar alguém que é um pouquinho mais difícil do que nós fomos antes de conhecermos a Cristo, imagina então sairmos não apenas da nossa zona de conforto, mas da nossa cidade, deixar a nossa parentela, os amigos que fizemos com tanto apreço, o emprego que nos deixa confortável e nos dar alivio financeiro, para um lugar onde não sabemos a localização, sem estimativa de emprego, sem ter a menor ideia do que poderia encontrar por lá, Abrão fez isso, ele obedeceu a Deus. Tudo o que Deus quer de nós é a nossa disponibilidade, a nossa obediência, a nossa fidelidade, Abrão deixou tudo para trás até o nome ele deixou para trás e quando precisou deixar o sobrinho amado ele também deixou, ele não questionava a Deus, ele vacilava como todo mundo, mas era um homem de fé, a sua obediência vinha disso da sua 'fé'. Porque temos tanta dificuldade em obedecer a Deus, em ouvir o que Ele está nos falando? 'Por que nos falta fé'. Hebreus, capítulo onze, versículos do oito ao dez está escrito: "Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus". A nossa fé não está no que recebemos agora, mas no que receberemos na eternidade, aqui tudo é passageiro, em qualquer lugar que estivermos, com quaisquer pessoas, em qualquer emprego, tudo aqui é para que se cumpra a Vontade dEle para as nossas vidas, tudo é um treinamento para quando estivermos frente a frente com ele, como está a sua obediência diante das ordens de Deus? O que tem sido mais importante? O que você pensa que tem agora, ou o Senhor que te deu o que tens e pode ainda te dar coisas melhores? Pela fé somos obedientes, pela fé cofiamos nossa vida a Deus, pela fé buscamos a voz dEle em meio à multidão, pela fé nosso apego está apenas nAquele que nos dá e também se quiser pode nos tirar.
Enquanto ouvia o pastor Alex se recordou do que pensara momentos antes quanto ao que deixaria para trás, nada do tinha era de fato seu, ele era apenas o mordomo cuidando do que o seu Senhor colocara em suas mãos, envergonhado, abaixou a cabeça.
- "Perdoe-me Senhor, por esquecer de que sou seu servo, e de que apesar do Senhor realizar o desejo do meu coração, e sempre cuidar de mim para que eu receba o melhor desta terra e de me tornar em vencedor em Cristo, ainda sou um mísero e infame pecador e preciso de Ti, preciso do seu Espírito Santo me exortando para que eu não me esqueça de quem eu sou em Ti, perdoe-me Senhor, Santo e Misericordioso és o Senhor na minha vida, obrigado por cuidar de mim mesmo falhando com o Senhor. Graças eu te dou, por não se afastar de mim, e por me dar a sua Sabedoria sempre que eu preciso, em Nome de Jesus seja o Senhor a me guiar nesta minha nova jornada, seja o Senhor a mostrar a direção em que devo seguir eis-me aqui para fazer a Sua Vontade neste lugar". – Orou silenciosamente.
No dia seguinte apenas ele, Leandro e Helder foram até o possível local para a clínica, as filhas e os outros foram atrás de um lugar para morar. Fecharam o negócio para a clínica e resolveram todas as coisas relacionadas a clínica que era possível em um domingo, Helder ficaria até o dia seguinte para todos os tramites legais, pois Alex não poderia por causa da escola das filhas, encontrou-se com os outros no horário do almoço e as filhas estavam radiantes com um lugar que haviam encontrado para morar.
- Uma chácara? – Perguntou chocado, jamais imaginou as filhas querendo morar em uma chácara.
- Papai é perto da rua, e é linda! O senhor vai amar. – Disse Laila empolgada.
- Depois nós vamos lá ver. – Disse pesaroso, não sabia se conseguiria comprar uma chácara sem vender a casa de Anápolis, como se pudesse ver a preocupação na face do filho o senhor Henrique pegou na mão dele.
- As crianças tem razão, o local é maravilhoso. Depois do almoço eu vou lá com você, ou você também está cansado e quer descansar antes de por o pé na estrada? – Perguntou sorrindo, ele sorriu tímido.
- Nós vamos lá. - Respondeu constrangido.
Conforme combinado com o pai, os dois foram até o lugar em questão, eles tinham razão, o lugar era encantador. Anos antes conversara com Valéria sobre a possibilidade de viver em um lugar como aquele, mas a esposa era totalmente urbana e contra a ideia de morar na zona rural, ainda que fosse praticamente dentro da cidade. Triste pensava como dizer às filhas que provavelmente não poderia comprar aquele lugar.
- O que foi? – Perguntou o pai, estavam os dois sentados debaixo de um pé de manga.
- Manter esse quintal limpo deve ser um problema. – Disse sorrindo desconversando.
- Com certeza! Sei que você não gosta de estranhos na sua casa, mas acho que você precisará de alguém para te ajudar a manter este local.
- Pai, eu não posso comprar este lugar.
- Claro que pode!
- Só se eu vender a casa ou penhora-la.
- Nem uma coisa nem outra. Eu e sua mãe conversamos e decidimos entregar parte da sua herança, sabemos que você escolheu deixar a herança da Valéria para as crianças e achamos justo, assim como também achamos justo vermos nossos filhos produzindo e sendo feliz com o que construímos para eles.
- Pai...
- Já decidimos. Você gostou do lugar?
- Sim. – Respondeu emocionado.
- Pois bem, vamos fechar negócio.
- Pai, nós podemos fazer um empréstimo, como fizemos para abrir a clínica de Anápolis. – Tentou tímido.
- Não, naquele momento você precisava aprender a ter responsabilidades, saber que nada é fácil nessa vida, e você aprendeu muito bem meu filho, eu estou muito orgulhoso de você, e por isso eu quero fazer isso por você, na verdade queríamos te dar de presente, mas sabemos que você não aceitaria.
- De certo modo é um presente. – Disse inquieto.
- Sim, mas um presente comprado com o seu dinheiro. – Disse o pai sorrindo.
- Combinado então! – Disse apertando a mão do pai. Sorrindo os dois seguiram para o carro.
- Filho, você não vai me perguntar pela minha cliente mais linda? – Perguntou entrando no carro, o coração de Alex acelerou e firme encarou o pai.
- Não sei quem é sua cliente mais linda papai, eu só conheço uma das suas clientes. – Disse sentindo um frio no estomago.
- Justamente essa é a mais linda. – Sorrindo o pai começou a dirigir. – Meu filho, seja mais gentil com ela no casamento da sua irmã, não precisa trata-la com toda aquela frieza que você a tratou no aniversário do Paulo.
- Eu não fui frio com ela, ela era uma mulher casada e como tal eu a tratei. – Disse nervoso.
- Agora ela é uma mulher solteira. – Disse piscando, constrangido o filho olhou para o outro lado, fingindo interesse na paisagem.
Continua...
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