20 - Muitos são os planos no coração do homem.
O que nos afasta do caminho em que fomos ensinados a trilhar, o que nos afasta de tudo o que acreditamos e nos leva a nos tornarmos pessoas totalmente diferentes do que sonharam para nós ou do que nós mesmos sonhamos?
Um dia nós somos autênticos, sabemos o que queremos ser quando crescer, e também o que as pessoas esperam de nós e sabemos principalmente, que podemos dar a elas exatamente o que elas esperam, até o momento em que percebemos que nossa vida foi por um caminho que não tinha nada haver com os seus planos originais.
O que fazer quando desperta e percebe que todos os projetos e sonhos que você acreditou que havia sido perfeito e saído conforme os planos feitos para e por você foram todos errados, e que nada saíra como o planejado e você se perdeu no caminho que você próprio escolheu?
Você não pode culpar ninguém, afinal você o escolheu se olhar um pouquinho com mais atenção perceberá que Deus tentou te alertar, mas você estava ocupada demais fazendo as suas próprias escolhas, acreditando que era grande e independente o bastante para fazer o que quisesse do que restou da vida que você julgava perfeita.
Mal sabendo que não existe vida perfeita mais que você pode ter uma vida saudável e agradável se ouvir a Voz do Espírito Santo que não Se cansa de alertar e aconselhar e ainda assim você prefere ignora-Lo e fazer suas próprias escolhas.
Escolhas que te levam para momentos de total confusão e percas, e não há ninguém com quem dividir a culpa, pois fora você que fizera isso consigo mesmo e só te resta lamentar pela falta de sabedoria e discernimento, pela arrogância de acreditar que era autossuficiente e não precisaria da ajuda de ninguém, e finalmente cair em si mesmo e voltar para aquEle que pode te ajudar e humildemente se humilhar, para assim ficar outra vez de cabeça erguida e sentir-se digna de ser outra vez chamada de filha.
Jemima pensava nisso no exato momento em que levantou a cabeça e viu Bruno parado à porta olhando-a com um sorriso torto, por mais que pensara estar preparada para se encontrar com ele depois do fiasco do último encontro, o frio em sua espinha dorsal indicava que não estava nem um pouco preparada para encontrar-se com o ex-marido, o senhor Henrique havia conseguido uma medida protetiva, mas o Bruno insistira tanto com ele para voltar a encontra-la pela última vez antes da anulação do casamento que ela concordara em se encontrar com ele.
Com um sorriso iluminando todo o rosto ele se aproximou, deixando-a mais tensa, olhou atrás dele desejando que o senhor Henrique chegasse logo, se arrependendo momentaneamente por não ter esperado como ele sugerira, não tinha mais medo dele como antes, mas também não queria dar a ele a oportunidade de agredi-la como fizera anteriormente.
- "Meu Deus, me dê sabedoria e discernimento, dê-me coragem para fazer o que certo". - Pensou enquanto ele caminhava em sua direção.
- Você cortou o cabelo. - Disse ele tentando beijar seu rosto, ela se afastou nervosa.
- Você não pode se aproximar de mim. - Respondeu baixo, ele riu sarcástico sentando de frente para ela.
- Ainda sou seu esposo, que tipo de mulher não permite um beijo do próprio marido? - Perguntou cínico, e pensar que teve uma época em que ela se emocionava, e outra, em que se sentia culpada com aquele olhar.
- O tipo de mulher que perdeu as contas das vezes que fora agredida física e psicologicamente por este marido. - Tentou manter a voz firme, mas o pânico era evidente.
- Está com medo de mim? - Perguntou colocando os cotovelos na mesa e cruzando as mãos no queixo encarando-a. - A última vez que nos falamos você estava tão corajosa que pensei que eu não te afetasse em mais nada! - Disse cínico, ela o encarou tentando controlar o nervoso.
- Eu só não quero problemas, a única coisa que eu quero é resolver isso e ficar livre de você para sempre. - Ele pegou o braço dela apertando-o, com o olhar faiscando de ódio.
- O nosso casamento deveria ser para sempre, você prometeu diante de um pastor que seria para sempre, você me deve isso! - Resmungou entredentes.
- O nosso casamento não é válido você se esqueceu? Eu não te devo nada e agradeça a Deus por eu não te cobrar o que você me deve! - Disse no mesmo tom puxando o braço. - E nunca mais toque essas suas mãos asquerosas em mim.
Por alguns minutos ele ficou apenas encarando-a surpreso, ela jamais havia falo com ele naquele tom, jamais o havia contrariado, sempre tudo fora do jeito dele não importava o quanto ela queria algo se ele não quisesse então não aconteceria, ele levantou-se devagar sorrindo de lado, o sorriso que fazia seus ossos gelar, pois ela sabia o que viria, mas para seu total espanto naquele momento ela não teve medo, o nervoso de momentos antes se esvaiu, os dias de temer por tudo e por nada acabaram.
- "Obrigada Deus, por cuidar de mim". - Pensou encarando-o, vendo o homem real à sua frente pela primeira vez. Um homem inescrupuloso que enganara duas mulheres em nome dos seus próprios desejos e fantasmas.
- Você perdeu a noção do perigo? - Perguntou baixo aproximando perigosamente, por um momento ela sentiu pena daquele homem que escondia sua verdadeira personalidade, atrás de um rosto bonito e gestos simpáticos de pura hipocrisia, e sentiu pena de si mesma por ter se tornando em uma pessoa tão dissimulada quanto ele, sorriu triste.
- Eu lamento, por você, por mim e até mesmo pela sua esposa, mas neste momento você só tem uma escolha, você quer sair daqui livre de mim ou preso? - Perguntou firme. Ele olhou em volta, havia poucas pessoas, mas várias circulavam pelo ambiente entrando e saindo o tempo todo. Percebendo a intenção dele, ela sorriu. - Não se esqueça de que basta eu dizer a um desses guardas que eu tenho uma medida protetiva contra você, e você terá problemas. - Ele se afastou com o rosto tremendo.
- Isso. Não. Vai. Ficar. Assim. - Disse pausadamente tremendo a mandíbula.
- Tem certeza? O nosso acordo beneficia mais a você do que a mim, pode ser que eu também resolva cancela-lo, o que você acha? - Ele ficou pálido e voltou a sentar.
- Por que você está fazendo isso comigo? O meu único erro foi amar você, você estava perdida e eu te ajudei e olha como você retribuiu! - Disse pesaroso.
- "Obrigada meu Deus por eu não sentir mais culpa por essa chantagem emocional barata, obrigada por finalmente me mostrar a manipulação por trás das palavras que me deixavam com tanto remorso". - Pensou cruzando os braços. - Eu sei que você me ajudou e sou grata por isso, mas agora eu sei também que você não fez nada daquilo por mim, você queria ter alguém para descontar a frustração que você sentia com uma mulher dominadora e violenta e eu fui perfeita para isso, lamento pela sua situação com a sua esposa, mas assim como a minha situação contigo era uma escolha minha a sua com ela é uma escolha sua, espero sinceramente que um dia você consiga se livrar dela para o seu bem e quem sabe o dela também, eu não caio mais na sua chantagem emocional, eu fiz tudo o que era possível para que o nosso casamento desse certo, foi você que estragou tudo com suas mentiras e violência. Eu sinto muito pela vida miserável que você leva mais isso não é problema meu e nem é culpa minha.
- Está tudo bem por aqui? - Perguntou o senhor Henrique. - Você sabe que não precisa falar com ele.
- Só estamos decidindo se continuamos como havíamos planejado ou exijo ser reparada por todo o dano que ele me fez sendo casado com outra.
- Eu não vou fazer nada, continuamos com o planejado não há necessidade de minha esposa saber de você. - Disse levantando. - Isso aqui foi pura perca de tempo, nos vemos diante do juiz. - Saiu rápido.
- O que foi isso? - Perguntou o advogado confuso. - Pensei que ele queria discutir comigo algo do seu interesse.
- Que nada! Ele só queria verificar se ainda me aterrorizava o bastante para me amedrontar. - Respondeu passando as mãos na cabeça. - Ele insinuou ainda que esse "divórcio" não irá ficar assim. - Disse pensativa. - E se ele perder o medo da esposa e vir atrás de mim?
- Vamos manter a medida protetiva, e vamos ver o que mais podemos conseguir com o juiz. - Ela se lembrou de um sonho que tivera logo depois de decidir-se pelo divórcio, um lugar tranquilo onde ela não tinha medo.
- Talvez esteja na hora de eu procurar outro lugar para morar, um lugar onde eu possa começar uma vida nova sem o fantasma do Bruno. - Disse baixo, o advogado sentou ao seu lado.
- Gostaria de te dizer que fugir não é a solução, mas acho que em algumas situações é melhor se afastar e orar para que ele te esqueça.
- Pensei que o senhor ia dizer que iria fazer o possível para ele ficar bem longe de mim. - Disse com um sorriso triste.
- E vou fazer! Não quero te assustar mais medidas protetivas nunca salvou ninguém.
- Eu sei, não salvou a minha tia nem a família dela. - Suspirou lembrando-se da família de Benjamim. - Eu creio que Deus tem o melhor para mim, e eu vou à busca deste melhor. Dessa vez não vou fazer nada por impulso.
- Fico feliz por ouvir isso. – Disse sorrindo. – Deus ainda tem grandes coisas para você garota.
- Amém! – Respondeu sorrindo também.
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O casamento de Alex afastou Jemima de vez de Paraíso, ela não queria vê-lo com a esposa e conforme se afastava da casa dos pais se aproximava de Bruno, quando ela começou a fazer estágio perdera o contato com ele e ela sentiu-se pesarosa, lamentava não poder conversar com ele e por alguns dias sentiu-se triste e deprimida, mas logo passou, afinal havia se conformado em ficar sem o homem da sua vida, por que não ficaria sem um homem que acabara de conhecer? Só por que ele era bonito e um bom ouvinte?
Depois de formada e saber que Alex e a esposa nunca iam à cidade ela resolveu voltar para casa e focar no trabalho, não havia nada mais importante para ela que o trabalho, pensamento este que deveria tê-la despertado para o rumo que ela estava levando sua vida, mas ela dizia a si mesma que aquele era o rumo natural das coisas, ir à igreja aos dias de culto em que não estava trabalhando e a escola bíblica, fazer seu trabalho bem feito, o que mais queriam dela?
E naquela manhã de domingo em que ela faltou à escola bíblica por estar de plantão ela teve certeza de que Deus estava feliz com as escolhas dela e estava cuidando para que ela finalmente fosse feliz. A equipe da noite ainda não havia ido embora quando as pessoas envolvidas no acidente chegaram, e entre os acidentados estava o Bruno e tudo em que ela pensava era que Deus estava cuidando dela.
- Jemima! - Surpreendeu o rapaz sorrindo apesar dos ferimentos.
- Oi. Era para ser um sorriso ou uma careta? - Brincou ela.
- Desculpe-me! Dói um pouco quando eu rio. - Disse ainda rindo.
- Então pare de rir, vou cuidar desses ferimentos. - Ele pegou em seu braço delicadamente.
- Estou feliz por este acidente, ele me trouxe você, pensei que nunca mais te veria.
- Eu também pensei. - Concordou emocionada. E assim começou o que para ela fora o inicio de um romance perfeito.
Bruno era um namorado encantador, o pai ficara com um pé atrás no começo era natural, ela nunca tinha apresentado um namorado para a família. Ele pensava sempre no bem-estar dela e fazia de tudo para ela ficar bem, até o dia em que ele a pediu em casamento, ela deveria ter lido melhor os sinais.
Ele a levou para jantar fora e como sempre fora extremamente carinhoso e atencioso, saiu do restaurante de mãos dadas com ela, nenhum dos dois tinha carro, mas isso era irrelevante para eles, andara até a casa dos pais dela, e para sua surpresa ele a puxou e a beijou apaixonadamente no meio da rua, sempre muito discreto ele evitava demonstrações de afeto exageradas em público, então aquele ato fez com que ela se sentisse ainda mais especial.
- Uau! O que deu em você? - Perguntou sorrindo quando ele a afastou de leve.
- Eu estava louco de saudades. - Disse puxando-a para seus braços. - Eu te amo Jemima, e quero passar o resto dos meus dias ao seu lado. - Disse ao ouvido dela, afastou-se dela, tirou um objeto do bolso e ajoelhou-se à sua frente. - Quer casar comigo?
Ela ficou muda, não esperava por isso. Gostava bastante dele, mas não o amava, pelo menos não como amara ao Alex, havia tido tantas expectativas em relação ao seu romance anterior que agora não pensara em nada disso com o Bruno.
- Jemima, eu estou esperando uma resposta. Aceita se casar comigo? - Perguntou bruscamente, ela franziu a testa.
- Você não acha que seja muito cedo? - Respondeu tentando levanta-lo, ele empurrou violentamente suas mãos, surpresa ela deu um passo para trás.
- Não me toca. - Disse ríspido. - Como assim? Cedo? Estamos namorando há quanto tempo?
- Não nos conhecemos o suficiente, eu não conheço sua família, na verdade não sei quase nada de você.
- Você conhecia a família do seu ex-namorado e sabia tudo sobre ele, e de que isso lhe adiantou? Ele te meteu chifre e engravidou outra.
- Isso foi golpe baixo Bruno. - Retorquiu magoada.
- Amanhã a gente se fala, não quero fazer ou falar nada que possa te magoar ainda mais, boa noite. - Aproximou-se pegou o rosto dela entre as mãos e beijou de leve seus lábios. - Não se esqueça de que eu te amo. - Virou-se e fora embora sem dizer mais nada, deixando-a confusa e magoada.
No dia seguinte ele ligou convidando-a para almoçar e lhe pediu mil perdões pela grosseria e falta de modos, e nos dias seguintes ele agiu como se nunca tivesse falo com ela sobre casamento. Ele precisou viajar o que já era esperado a vida de caminhoneiro é na estrada e se despediu dela como sempre com a promessa de que não demoraria e teria cuidado.
Dias depois, ele retornou e marcou um jantar com toda a família dela com o pretexto de apresentar os pais, era filho único então não tinha muito que fazer. Os pais dele eram adoráveis e aparentemente amaram a namorada do filho, e o jantar fora perfeito.
- Esta noite é muito importante para mim. - Disse Bruno sorrindo, levantou-se estendeu a mão para a namorada que recebeu de bom grado sorrindo. Ele a puxou para seus braços e cochichou em seu ouvido sorrindo. - Apenas entre na onda, nem ouse me envergonhar. - Sussurrou sorrindo, ela sentiu um arrepio pela espinha.
Havia algo em seu tom que a deixou nervosa, o gelo em sua voz não combinava com o sorriso, mas combinava com o brilho frio do olhar e pela primeira vez ela teve medo dele, ele ajoelhou-se como na outra noite, mas ao contrário daquela noite, seus olhos não sorriam e o toque em sua mão não era caloroso, tudo o que ela queria era fugir daquele lugar.
- Jemima meu amor, aceita casar comigo. - Ela não sabia o que responder, queria dizer não, mas não queria envergonha-lo na frente de ambas as famílias, ele apertou sua mão com tanta força que por um momento pensou que tivesse quebrado seus dedos. - E aí amor...
- Sim. - Respondeu tensa.
Ele levantou a abraçou rodopiando pelo ar, e todos deram os parabéns aos dois, ela não conseguia pensar direito, só pensava em como dizer a ele que ainda não estava pronta para casar e na dor que sentia na mão que ele apertara, decidiu que no dia seguinte conversaria com ele.
A conversa que ela tanto queria só fora possível dois dias depois, quando finalmente os pais dele foram embora e ela teve uma oportunidade de falar com ele.
- Bruno eu não acho que eu esteja pronta para casar agora. - Começou receosa.
- Mais não vamos casar agora, você ouviu nossas mães, ainda vai demorar um pouco. - Disse acariciando a mão que machucara.
- Você machucou minha mão. - Retrucou mais ressentida do que pretendera.
- Eu sei, e lamento profundamente. Eu fiquei em pânico com o seu silêncio e temi que você dissesse não.
- O que teria acontecido se eu tivesse dito não? Eu senti a sua ameaça e saiba que não gostei!
- A ameaça realmente existiu, mas não contra você, contra mim. Se você se recusar novamente a se casar comigo, eu me mato.
- Deus me livre de uma coisa dessas! Você diz cada coisa.
- Jemima eu não posso viver sem você, se você me rejeitar será o meu fim.
- Não diga isso nem de brincadeira. - Disse abraçando-o.
- Eu estou disposto a passar por qualquer coisa com você e te ajudar a superar qualquer dificuldade, não importa quais feridas você tenha eu estarei com você e junto curaremos todas as nossas feridas.
O casamento aconteceu antes do que ela imaginara e os primeiros anos foram perfeitos, até ele pedir um filho, apaixonada ela concordou com ele, mesmo pensando que ainda era cedo, eles estavam cheio de empréstimos e ela estava fazendo uma segunda graduação para pediatria, tudo o que ela queria era agrada-lo.
Os meses passavam e nada dela engravidar, então ele começou a fazer comentários maldosos sobre ela não ter o ventre abençoado, que o antigo namorado tivera sorte por cair fora logo, que ela era incapaz de fazer a felicidade completa de um homem, e sem ela que se desse conta a violência psicologia começou a se tornar física, todas as discursões era devido ao bebê que não vinha, e em meio a essas discursões ele começou a empurra-la, puxar os cabelos dela para gritar ao seu ouvido, era violento após o ato do amor, pois dizia que ela servia apenas para o prazer, cobrava dela organização da casa e perfeição em tudo, assim Jemima agradecia a Deus quando o esposo estava viajando, e ficava apreensiva com tudo quando ele estava em casa.
Ele nunca a agredia para ficarem marcas ou batia exatamente nela, mas mordia a apertava, e conforme ela murchava em casa se afastava da igreja, parou de louvar, de evangelizar, de ir à congresso, enfim, ia aos cultos e escolas bíblicas e nesta entrava muda e saia calada, a garota questionadora que estimulava seus professores a aperfeiçoarem deixou de existir, os pais desconfiaram que havia de errado com a filha, mas ela nunca disse nada e eles começaram a ficar frios com o genro, o que a levou a sofrer mais nas mãos do marido que acreditava que ela estava caluniando ele para os pais, os puxões de cabelos passaram a ser arrastada pela casa ou corredores de hotel, como quando ela conheceu a Valéria a mulher que ela acreditava ter lhe tirado tudo, ainda assim ele se arrependia jurava que iria buscar ajuda e ela o perdoava, não importava o tamanho do medo ela acreditava que ele iria mudar, ela acreditava que ele só reagia ao fato de ela não ama-lo como ainda amara ao Alex. Ela estava pronta para viver aquilo que ela escolheu para si mesma.
Soube da morte prematura da esposa de Alex e chorou por ele, e pelas filhas que ela deixara, sabia pouco sobre eles, e o que sabia era o que pegava sem querer das conversas de Felipe e Adriano, ficara dias tristes e pela primeira vez desde que o deixara naquele quarto de hotel desejou falar com ele, abraça-lo, conforta-lo naquele momento tão doloroso, obviamente que não fez nada disso seguiu com sua vida atormentada.
Sete meses após saber da morte de Valéria, ela soube pelo irmão que Alex estava na cidade, Bruno estava viajando e para evitar encontra-lo ela só saia de casa de carro, deixando sua amada bicicleta guardada, certo dia saíra às compras e apressada esbarrara em alguém, ou ele esbarrou nela, as sacolas caíram, e furiosa ela começou a brigar e falar todos os palavrões que aprendera com o Bruno sem ao menos olhar quem era a pessoa que pedia desculpas sem parar, então ele tocou em seu braço, ela nunca soube qual reconhecimento chegou ao seu coração primeiro se a voz que ela finalmente ouviu, ou o toque dele em sua pele, quando ela o viu ali mais lindo do que ela conseguia se lembrar, esqueceu-se de tudo, jogou o que ainda tinha nas mãos no chão e se atirou nos braços dele, ele cambaleou mais a segurou firme e a apertou nos braços.
- Oi jem! – Disse ele rouco sorrindo em seus cabelos.
- Oi Alex! – Sussurrou emocionada se afastando constrangida.
- Você parece bem. – Disse cruzando os braços.
- Pareço? – Perguntou franzindo a testa, ele assentiu, ela abaixou juntando as sacolas, ele abaixou-se para ajuda-la. – "Se você soubesse o inferno que eu vivo, não creio que eu pareceria bem para você". – Pensou amargurada. – E você, como está?
- Eu estou bem, tentando me recuperar. – Respondeu triste.
- Eu soube da sua esposa e sinto tanto pela sua perca, pela sua dor, queria falar contigo, mas não sabia como, não sabia se você queria alguma condolência minha depois daquele último encontro. – Ele a encarou por alguns segundos, envergonhada ela colocou as sacolas no chão, temia derruba-las novamente. - Se eu pudesse tiraria toda a dor do mundo só para você não sofrer. – Disse às lágrimas.
- Eu sei, por que eu também queria tira-la do mundo só para você não sofrer. – Respondeu com os olhos cheios d'água.
- Pena que isso é impossível, precisamos assistir ao outro sofrer e nada fazer a respeito. – Disse passando a mão no rosto. – "Estou muito sentimental esses dias". – Justificou-se, surpreendendo-se com o abraço dele, ela apenas se deixou a abraçar novamente e chorou, ao contrario do que chorara nos últimos anos, era um choro de paz não de dor.
Sentiu o aperto em seu braço e o puxão, seu coração falhou uma batida. – "Estou morta" – Pensou em pânico sendo jogada longe.
Levantou-se apressadamente, na tentativa de fazer alguma coisa, mas o Alex esmurrava Bruno, as pessoas começaram a se aglomerar e ela se encolheu envergonhada, sentindo o sangue descer em sua cabeça, Alex olhou na direção dela, empurrou o Bruno e correu para ela, sendo seguido pelo Bruno.
- Meu amor, perdoe-me! Chamem a ambulância! – Gritava Bruno.
- Um de vocês dois estão de carro? – Perguntou Alex.
- Eu estou. – Respondeu Jemima.
- Ótimo! Onde está seu carro? – Perguntou pegando-a nos braços.
- Ei, minha esposa pego eu! – Reclamou Bruno empurrando Alex.
- Não depois de ter derramado o sangue dela, se ela quiser falar contigo depois de ser atendida, ela fala. – Disse indo em direção onde ela dissera ter deixado o carro. Bruno sorriu pegou as coisas de Jemima e os seguiu, abrindo o carro.
- Obviamente que eu vou com a minha esposa, você sabe dirigir, não sabe? – Perguntou sarcástico, Alex nada respondeu.
No hospital Jemima disse ter caído, Bruno confirmou e ainda incrementou a queda, Alex olhava de um para o outro estagnado. Ambos aguardaram em silêncio ela ser atendida, graças a Deus não fora nada sério, mas ela ficaria em observação, ambos entraram no quarto.
- Posso falar contigo em particular por um momento? – Pediu Alex.
- Alex...
- Por favor, é rápido.
- Eu espero lá fora meu amor. – Disse beijando-a e deixando-os.
- Jemima o que significa isso? – Perguntou furioso.
- Nada, foi apenas um acidente, ele não gostou de ver a esposa dele nos braços de outro você não pode culpa-lo por isso.
- Não, mas isso não era motivo para ele te jogar como se fosse uma bola. – Sentou-se ao lado dela. – Jem...
- Esquece isso entendeu? Isso não é da sua conta, a minha vida não é da sua conta, volta para a sua vidinha perfeita e me deixa em paz. – Disse com as lágrimas molhando seu rosto, ele secou-as delicadamente.
- Perdoe-me por isso. Se eu soubesse...
- Alex, por favor, não diga a ninguém sobre o que aconteceu. – Pediu tentando disfarçar o temor.
- Claro! Como você quiser. – Beijou-a na testa e saiu, ela secou rapidamente as lágrimas, Bruno não poderia ver que ela havia chorado, mas ele não voltou até ela ser liberada, não disse nada e andou na frente visivelmente tenso.
- Gostaria de ir à casa de meus pais. – Pediu tentando adiar o retorno para casa.
- Vamos para casa, não estou a fim de ficar explicando aos seus pais o seu acidente. – E não disse mais nada até entrar em casa. – Então aquele é o bastardo que te trocou por outra? – Perguntou dando um murro na barriga dela.
A dor a deixou sem ar, ela caiu no chão encolhida, ele levantou a cabeça dela pelos cabelos, e deu uma cabeçada em seu nariz, o sangue manchou sua blusa azul celeste que lembrava a cor de seus olhos, e ironicamente ela se lembrou do quanto o Alex dizia que ela ficava linda de azul, e riu histericamente, deixando-o ainda mais furioso, e descontroladamente ele começou a chuta-la, ela apenas se encolhia e chorava silenciosamente.
Continua...
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