08 - Porque andamos pela fé.
Jemima franziu a testa ao ver o irmão encostado na bicicleta displicentemente, imaginou que ele fosse procura-la depois que ela lhe pediu para encontrar um bom advogado, mas não esperava que ele deixasse o amado carro em casa e viesse encontra-la de bicicleta.
- Com essa pose você está parecendo com o John Travolta naqueles filmes antigos que amávamos assistir na adolescência. - Disse sorrindo destrancando o cadeado da própria bicicleta.
- Tony Manero ou Zack Melon? - Perguntou rindo.
- Danny Zuco! - Respondeu gargalhando subindo na bicicleta.
- Sério? O Zuco era um babaca! - Gritou acompanhando a irmã, ela olhou para ele sorrindo.
- Ainda assim o meu preferido, até porque a Sandy o põe no seu devido lugar. - Disse ainda rindo.
- Só mesmo você para ainda curtir filmes antigos. - Percorreram o caminho até a casa dos pais comentando sobre os filmes antigos que amavam ver e lhes remetiam agradáveis lembranças.
- O que aconteceu para você descansar o seu pobre e sofrido carro? - Perguntou abrindo o portão da casa.
- Eu queria te fazer companhia, e como você vive me dizendo, exercício faz bem! - Respondeu distraído.
- Felipe, aconteceu alguma coisa? - Parou de repente na entrada da casa fazendo com que o irmão batesse na bicicleta dela.
- Você já decidiu o que vai fazer com a sua casa? O que você pretende fazer?
- Eu vou pegar meus pertences da casa e o resto vou ver o que a justiça decide, afinal compramos a casa juntos, mesmo ele não merecendo nenhuma consideração eu não quero nada dele, graças a Deus não tivemos filhos, não sei o que a justiça vai decidir em relação a casa, o carro é meu, mas como comprei depois de casada também não sei como fica e ainda tem o caminhão que o financiamento é no meu nome, ou seja eu não faço ideia do que fazer até o divórcio ser resolvido; você tem alguma novidade sobre o advogado?
- O que você acha do senhor Henrique? - Perguntou cauteloso.
- O pai do A... - Respirou profundamente. - O pai da Ariane? - O irmão assentiu.
- E o que faz você pensar que ele me ajudaria? - Perguntou tensa.
- E por que não ajudaria? Ele é um advogado e você uma possível cliente. - Disse olhando para os próprios pés.
- O que vocês dois estão tramando que não entram? - Perguntou o pastor Gustavo assustando-os, o pai olhou de um para o outro de testa franzida.
- Deixa de implicância homem! E vamos que estamos atrasados. - Replicou a mãe séria.
- Pensei que não tivesse culto hoje! - Disse Jemima confusa.
- E não tem, estamos indo à da irmã Cleide, você e o Ben preparam alguma coisa para comerem. - Disse beijando a filha. - Vamos até a sua casa também, a Carol te falou? - Perguntou ao Felipe.
- Não, deixei o celular em casa vou conversar um pouquinho com a jemima e já vou para casa, vejo vocês lá.
- Estou te falando mulher, esses meninos estão tramando alguma coisa! - Disse o pastor encarando os dois. - Eles crescem mais as peraltices continuam as mesmas, como se a gente ainda fosse jovens para conseguir acompanha-los! - Disse encarando a esposa que resmungou alguma coisa que os filhos não entenderam e saiu puxando o marido, e Felipe encarou a irmã.
- E então, vai ou não tentar falar com o senhor Henrique?
- Não acho que ele queira me defender, lembro-me muito bem que ele não me suportava. - Respondeu insegura.
- Só tenta! Você sabe que ele é um dos melhores advogados do estado.
- Eu sei, e mesmo se eu quisesse, não tenho o número do telefone e não vou a casa dele, nem vou pedir o número para a Ariane porque sei que se eu envolvê-la nisso ela vai interferir.
- E qual seria o problema se ela interferisse? - Perguntou como quem não quer nada.
- Eu quero resolver isso sozinha, sem a interferência de ninguém, eu me meti nisso sozinha e quero sair sozinha.
- Você sabe que isso não tem nada haver, não sabe? Ninguém está culpando você pelo que aconteceu, e você não precisa passar por isso sozinha.
- Ok. Eu vou falar com a Ariane e pedir o número do telefone do pai dela, apenas para você não dizer que eu sou cabeça dura. E você está esquecendo-se de algo primordial, digamos que aconteça um milagre e ele concorde em me ajudar, como eu vou pagar o melhor advogado do estado?
- Você que está esquecendo-se de algo primordial, Deus não faz milagres pela metade! - Disse piscando e guardando a bicicleta.
Ela o acompanhou pensando no que ele dissera, claro que os irmãos a ajudariam a pagar o advogado, o problema era que ela realmente não acreditava que ele quisesse ajuda-la, o irmão sentou em uma poltrona e pegou o celular fazendo uma ligação, ela sentou em outra de frente para ele.
- Está ligando para a Ariane? - Perguntou tensa.
- Não. Para o senhor Henrique.
- O quê? - Perguntou levantando nervosa.
- Alô! - Ela ouviu a voz grossa e severa do senhor Henrique no viva voz, por um momento sentiu-se tão frágil e insegura quanto se sentira aos dezesseis anos.
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- Boa noite senhor. - Disse Jemima tremendo.
- Boa noite, o que você faz aqui? Seu irmão te mandou aqui? Ele sabe que no decorrer da semana ele não pode ver a minha filha. - Respondeu grosseiramente.
- "Até parece que eles não se veem na escola!" - Pensou frustrada. - Não senhor eu vim falar com o Alex, o senhor poderia chama-lo, por favor!
- O que você quer com o Alex à uma hora dessas de um sábado? - Perguntou encarando-a desconfiado, ela ficou corada até o couro cabeludo, odiava ficar corada.
- Tem um cinema na Praça da Cultura e como ele gosta de filmes pensei que ele gostaria de ir. - Respondeu tímida.
- Ele gosta mesmo de filmes, tanto que ele foi com a Marina e as irmãs. - Disse sorrindo. – Menina eu não sei o que você quer com o meu filho, mas eu te aconselho a não ficar atrás dele, ele não tem planos de ficar aqui.
- Com licença senhor! - Disse quase chorando. - "Nem ouse chorar." - Pensou exasperada.
- Você entendeu menina o que eu disse? Não pense que porque eu concordei com o absurdo que é o namoro da minha filha com o seu irmão que eu quero vocês todos para cima e para baixo com os meus filhos.
- Entendi sim senhor! - Respondeu saindo correndo sem olhar para trás até chegar a casa indo direto para o quarto e se jogando na cama, e chorou tudo o que nunca imaginou ser capaz de chorar.
- Jemima! - Chamou Pedro da porta, ainda chorando não ouvira o irmão bater.
- Oi. - Respondeu com a cara enfiada no travesseiro.
- Você está chorando? - Perguntou se aproximando, ela sentou e o irmão pegou em seu rosto avermelhado. - O que aconteceu? Quem fez mal para você?
- Eu só estou um pouco triste, amanhã eu estarei bem. - Respondeu fungando.
- Você não vai ao cinema? É Grease seu filme preferido! - Disse o irmão triste.
- Você vai se encontrar com a Ariane?
- Não sei! Eu espero que sim, mas sinceramente não sei; infelizmente não me lembrei de perguntar a ela na escola, e como você sabe não tenho permissão para ir à casa dela no meio da semana.
- Eu sei! Vá logo, antes que você se atrase e perca a oportunidade de estar com ela. - Disse sorrindo.
- Isso se ela estiver lá! Tem certeza que não quer ir?
- Tenho sim, eu vou dormir estou muito cansada, e não se preocupe a sua princesa estará lá.
- E como você sabe disso? - Perguntou curioso.
- Eu apenas sei. - Respondeu triste. - E vá, eu estou mesmo bem!
- Não vai mesmo me dizer o que lhe fizeram? - Perguntou encabulado.
- Não foi nada! Não se preocupe, vá se divertir com a sua garota. - Respondeu com um sorriso triste, o irmão a abraçou.
- Quando você quiser falar sobre o que te deixou chateada, eu estou aqui se lembre disso sempre. - Ela apenas assentiu, não queria voltar a chorar, e menos ainda na frente do irmão.
Horas depois e ainda não havia conseguido dormir, pelo menos parara de chorar, desistiu de tentar dormir e decidiu assistir televisão, pulou da cama no momento em que ouviu uma pedra na sua janela, furiosa e pronta para dizer todos os impropérios, que levaria o seu pai a coloca-la de castigo pelo resto da sua vida, para quem quer que fosse que estivesse jogando pedra na sua janela abriu-a de uma vez abrindo a boca e fechando imediatamente ao ver quem estava pronto para jogar outra pedra, pela primeira vez desde que o conhecera não ficou feliz por vê-lo.
- O que você está fazendo aqui? - Perguntou chateada.
- Você pode, por favor, vir aqui fora para conversarmos? Ou vamos acordar os seus pais! - Disse displicente como se fosse a coisa mais natural do mundo ele estar ali à frente da sua janela, ela debruçou na janela zangada.
- Eu não estou nem aí! Quero ver você explicar ao meu pai o motivo pelo qual você está jogando pedras na minha janela uma hora dessas! - Desafiou.
- Tem certeza? - Perguntou arqueando a sobrancelha, ela cruzou os braços fechando a cara. - Ok! - Disse saindo do seu campo de visão.
- Desistiu rápido! - Resmungou consigo mesma, pegando na janela para fecha-la, quase enfartou ao ouvir a campainha, saiu em disparada para a sala escancarando a porta. - O que você pensa que está fazendo? - Perguntou empurrando-o.
- Quem está ai? - Perguntou o pai, ela fez um gesto para ele ficar em silêncio.
- Sou eu pai. - Respondeu fechando a porta e indo a sua direção. - Eu acho que foi algum desses meninos da vizinhança que tocou a campainha e saiu correndo, porque eu não vi ninguém. - "Me perdoe Senhor estou virando uma mentirosa!" - Pensou exasperada.
- Eu já te disse para você não abrir a porta fora de hora. - Disse passando por ela que sentiu o sangue gelar.
- Não tem ninguém papai! - Disse pegando em seu braço. - "E agora meu Deus o que eu faço?" - Pensou em pânico. - "Bem feito quem manda fazer as coisas escondido, e ficar mentindo?". - Acusou-lhe a consciência.
O pai abriu a porta e olhou pelo jardim na frente da casa, foi até a rua, e mais uma vez ela gelou lembrando-se de que não havia fechado a janela do seu quarto, surpresa viu a janela fechada, suspirou aliviada por tê-la fechado, mas se perguntando onde o Alex havia se metido.
- O que você está fazendo acordada uma hora dessas? - Perguntou voltando para dentro.
- Eu estava indo à cozinha quando ouvi a campainha, pensei que algum dos meninos tivesse esquecido a chave.
- Eu também pensei. Minha filha seja mais atenta, quando for assim me chama e me espera, nada de abrir a porta para desconhecidos, hoje foi só os garotos da rua, mas e se fosse algum malandro?
- Seria perigoso para o senhor também. - Os dois foram à cozinha beberam água e o pai acompanhou-a até o seu quarto.
- Boa noite papai!
- Boa noite filha! - Ele beijou-a na testa e foi para o seu quarto cantarolando seu louvor preferido, ficou atenta ao som da sua voz, quando não o ouviu mais cantar virou-se para sair novamente e a porta do seu quarto abriu de repente e antes que ela gritasse ele cobriu sua boca com a mão.
- Será um pouquinho mais complicado eu explicar ao seu pai o que eu estou fazendo aqui do seria eu explicar estando na porta pelo lado de fora. - Sussurrou sério. - Você vai gritar? - Ela negou e ele tirou a mão da sua boca, puxando-a para o quarto e fechando a porta. - Desculpe-me pelo susto, imaginei que seu pai iria lá fora então eu ia embora, mas você esqueceu a janela aberta e eu não resisti. - Disse encarando-a.
- Eu não esqueci, eu não tive tempo de fecha-la porque você queria que o meu pai me matasse! - Disse esmurrando-o.
Ele segurou suas mãos, enquanto ela tentava se soltar de toda maneira, para não machuca-la ele soltou suas mãos e abraçou-a, com as mãos livres ela esmurrava o quanto podia suas costas.
- Por que você está com tanta raiva de mim? - Perguntou carinhosamente. - Meu amor eu jamais faria qualquer coisa para prejudica-la, mas ouça bem Jem, o fato de eu ter aceitado namorar escondido contigo não significa que essa situação me agrada, eu não tenho nenhum problema em dizer ao seu pai que eu te amo e que sou seu namorado. - Ela parou de bater nele. - Obrigado, por parar de me bater você tem mãos muito pesadas. - Ela deu outro murro nas costas dele. - Você tem mãos muito carinhosas também. - Disse sorrindo e beijando seu pescoço, fazendo-a se derreter, ela o abraçou passando as mãos por suas costas.
- Por que você não está com a 'doce' Marina? - Perguntou sarcástica.
- Ela é mesmo um doce, - Ela o empurrou. - só espero que o Marcelo não tenha tendência à diabetes. - Disse puxando-a para seus braços novamente.
- A Marina e o Marcelo, sério? - Perguntou surpresa, a prima do Alex era toda patricinha e o Marcelo um skatista do tipo largado.
- Como você soube que ela está aqui? Ela chegou já era noite. - Ela se afastou dele e sentou na cama.
- O seu pai me disse.
- Oi? - Perguntou surpreso sentando ao lado dela. - Como assim? Onde você viu o meu pai?
- Eu estive em sua casa, cometi a estupidez de ir até lá te chamar para ir ao cinema comigo, eu queria ver Grease contigo, seu pai disse que não era possível porque você já havia ido com a Ela e suas irmãs.
- Eu sinto muito! O que mais o meu pai disse? - Perguntou desconfiado.
- Nada! Só isso mesmo. - Respondeu abaixando a cabeça.
- Então por que você estava chorando?
- O Pedro é mesmo muito linguarudo. - Retrucou ressentida.
- Ele não me disse nada, eu o ouvi comentando com a Ariane que estava preocupado contigo porque você estava chorando, e você está com cara de quem esteve chorando, me perdoe pelo meu pai eu vou falar com ele.
- Não, por favor! Deixa isso para lá, obrigada por ter vindo. - Ele a abraçou.
- Não está certo ele te fazer chorar!
- Se você me defender só vai fazer com que ele fique ainda mais contra mim, eu fui precipitada ao ir à sua casa, me desculpe por isso!
- Não tenho o que desculpa-la, eu que lamento por não estar lá e recebê-la como você merece. - Disse passando as mãos por seu cabelo.
- E como seria isso? - Perguntou encarando-o. Ele aproximou-se tocando suas bocas e ela o apertou o máximo que pode e delicadamente ele a deitou ainda a beijando.
- Precisamos parar. - Disse beijando-a.
- Hum, hum... - Murmurou ela apertando o abraço, ele levantou-se a levantando com ele, sem deixar de beija-la se afastou ofegante quando suas mãos tocaram sua pele quente por baixo da blusa do pijama.
- Sua pele é quente e macia. - Comentou rouco ajeitando a blusa dela.
- E o toque da sua mão é gostoso. - Comentou no mesmo tom, tocaram suas testas e esperou suas respirações voltarem ao normal. - Eu preciso me concentrar mais nos ensinamentos da minha mãe.
- E eu tenho que ir.
- Fica mais um pouco! - Pediu beijando-o.
- Acho melhor não abusar do nosso autocontrole.
- Você é controlado o suficiente, eu vou me comportar. - Disse se afastando dele.
- Não sou não! - Puxou-a para seu colo, ela ficou corada fazendo-o sorrir. - Como você pode sentir não é tão fácil quanto você pensa. - Sorrindo deitou-a na cama deitando em cima dela, olhou nos olhos azuis que brilhavam mais que o normal, seu coração acelerou ainda mais. - Eu te amo, e sempre vou te amar. - Beijou-a calorosamente. - Boa noite amor da minha vida. - Disse pulando de cima dela, e correndo para a janela pulou para fora.
Ela correu até lá, e ele em pé aparentemente intacto sorriu para ela, acenou, pôs as mãos nos bolsos e foi embora, ela fechou a janela sorrindo e se jogou na cama, definitivamente precisava ser cautelosa, agora entendia o que a mãe dizia sobre ter cuidado ao querer namorar, pois algumas vezes bastava um toque para o corpo humano entrar em erupção, e pensar que ela pensara que a mãe estava apenas tentando assusta-la, fechou os olhos e ainda sentindo o gosto e o calor dele adormeceu.
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Ela parou em frente ao 'herdeiros da Promessa', o supermercado e panificadora do seu irmão Felipe, também com uma lanchonete e uma grande praça de alimentação, no outro dia quando estivera ali com o amigo da Valéria estava assustada porque estava acompanhando um desconhecido, e agora estava assustada porque iria encontrar-se com um conhecido que era quase tão desconhecido quanto.
Ficara extremamente surpresa quando gentilmente ele concordara em falar com ela, no passado quando ela namorava o filho dele, ele fora desagradável com ela em todas as ocasiões em que eles se encontraram claro que ele nunca soube que ela namorava o filho, mas o que custava ser simpático? Se bem que o pai também nunca fora simpático com o Alex.
Obviamente as coisas haviam mudado desde que Ariane e Pedro retornaram à cidade e se reencontraram fazendo as pazes e trazendo harmonia entre as famílias, mas no passado eles meio que haviam aceitado o namoro dos dois, e as coisas terminaram do jeito que terminaram claro que esses pensamentos não tinham nada haver ela estava assustada e apenas tentava se justificar.
Suspirando lembrou-se com alegria que o senhor Henrique a havia cumprimentado pela ideia do natal solidário e na ocasião sentira que ele estava sendo sincero, não havia motivo para pânico, nenhum deles eram mais os mesmos e tentando deixar o passado no lugar dele fechou os olhos.
- "Me ajuda Deus! Dê-me sabedoria, tolerância e discernimento, seja o Senhor comigo e com ele, em nome de Jesus nos ajude, e seja o Senhor na direção dessa reunião e que o meu 'eu' não seja maior que o Seu Espírito em mim, em nome de Jesus eu te agradeço, pois o Senhor permitiu que ele viesse até aqui me ouvir, e se for da Sua Vontade que seja ele o instrumento para o Senhor me tirar desse lamaçal em que me coloquei". - Pediu em oração e entrou no estabelecimento do irmão.
Procurou pelo irmão ou a cunhada, estava adiantada e ficou extremamente surpresa ao vê-lo conversando e rindo com o irmão, como se fossem velhos amigos, franzindo a testa olhou o relógio, faltava dez minutos para o horário combinado.
- "Será que meu relógio está atrasado? Ou me equivoquei com o horário?". - Pensou pegando o celular na bolsa, a mesma hora. Respirando profundamente foi até eles.
- Bom dia. - Cumprimentou chamando a atenção dos dois, ambos olharam para ela sorrindo.
- Bom dia. - Responderam ainda sorrindo. Ela encarou os dois, e como acontecera em todos esses anos, motivo pelo qual ela evitava o máximo possível ver o sogro do irmão, seu coração acelerou ao sentir aqueles olhos castanhos dourados fixo nela, era impressionante a semelhança entre pai e filho.
- Venham comigo, por favor! Acho melhor vocês conversarem no escritório. - Levou-os até lá. - O que desejam comer?
- Eu só quero um café. - Pediu Jemima.
- Eu também. - Disse o senhor Henrique.
- Eu vou trazer, fiquem à vontade. - Disse saindo, por alguns segundos os dois ficaram ali parados se encarando sem saber o que fazer ou falar.
- Você está bem? - Perguntou erguendo a sobrancelha, ela assentiu e engolindo seco passou as mãos pela cabeça e sentou indicando-lhe para sentar-se também.
- Obrigada! Por me atender, o meu irmão já disse ao senhor que eu preciso de um advogado. - "Claro que disse eu estava lá". - Pensou exasperada.
- Sim. - Respondeu de frente para ela. - Como você sabe nesse lugar todo mundo sabe da vida de todo mundo, então é de conhecimento público o que aconteceu que te levou a ficar hospitalizada, ainda assim eu preciso te perguntar, você tem certeza que quer mesmo se divorciar?
- Sim, eu tenho certeza. - Respondeu desconfortável.
- E por que demorou tanto para pedir o divórcio? - Perguntou encarando-a, ela mexeu-se inquieta.
Não tinha resposta para essa pergunta. Saíra do hospital, decidida a pedir o divórcio e se livrar do esposo, mas ele simplesmente havia sumido, as pessoas que ela conhecia que poderia lhe dar notícias dele não sabiam dele, e os dias foram passando e ela foi deixando para lá, e se não fosse o dossiê da Valéria talvez ela ainda estivesse procrastinando essa decisão.
- Eu só estou te perguntando isso para ter certeza que é isso mesmo que você quer que não exista a menor possibilidade dele aparecer e te convencer a voltar atrás, se vamos entrar nessa luta é para você vencer, e não para desistir no meio do caminho, se você está esperando que ele se arrependa e volte atrás no que fez, preciso que seja sincera comigo.
- O senhor pretende me defender? - Perguntou surpresa.
- Não é para isso que estamos aqui? - Perguntou com um meio sorriso, ela sorriu também.
- Não existe a menor possibilidade de ele me fazer voltar atrás nesta decisão. - Respondeu firme.
- Você está mesmo certa disso? - Perguntou sério, ela assentiu. - Você sabe que no momento em que ele souber da sua decisão ele vai tentar dissuadi-la.
Ela abaixou a cabeça, foi exatamente o que acontecera no final do ano, quando estava tão decidida a se divorciar.
- Eu sei, mas não vai acontecer dessa vez será para valer. - Respondeu decidida. - Senhor Henrique, eu quero muito que o senhor me defenda, mas e quanto aos seus honorários?
- Ah, já estava esquecendo. - Abriu uma pasta e pegou um papel entregando a ela. - Aqui está o contrato. - Ela pegou e começou a ler franzindo a testa conforme avançava com a leitura.
- Aqui diz que o senhor não me cobrará nada, com exceção de ajuda com os gastos em cartórios e com o detetive para encontrar o Bruno.
- Exatamente, precisamos urgentemente de um bom detetive, encontra-lo é primordial para nós...
- Eu sei onde ele está. – Tímida ela o interrompeu, ele a encarou sério.
- Jemima, o que você não está me contando! - Disse calmamente.
- Eu contarei ao senhor o que eu sei, quando o senhor me explicar o que é isso. - Disse severa, erguendo os papéis. - O senhor não tem fama de quem faz caridade, então por que vai me ajudar sem cobrar? - Perguntou desafiante, ele sorriu.
- Eu não estou fazendo caridade, definitivamente não estou. - Disse descruzando os braços e se aproximando dela, Felipe chegou com os cafés e ele voltou à posição anterior.
- Desculpem-me pela demora. - Disse Felipe olhando se um para o outro intrigado.
- Sem problemas. - Respondeu o senhor Henrique, Jemima apenas sorriu tímida para o irmão que franziu a testa e saiu visivelmente preocupado.
- Se o senhor não está fazendo caridade o que o senhor está fazendo?
- Tranquilizando a minha consciência. - Respondeu bebericando o café, ela arqueou a sobrancelha confusa. - Eu sinto muito por tudo isso! - Disse surpreendendo-a.
- Eu não entendi! O que exatamente o senhor lamenta? - Perguntou mais confusa, aproximando-se como ele fizera momentos antes.
- Vamos fazer assim, você me diz o que sabe e tratamos do seu divórcio e depois eu te falo sobre o que eu lamento, pode ser assim? - Perguntou inquieto.
Ela o encarou por alguns segundos, afinal o que ela esperava? Orara a Deus para que a Vontade dEle prevalecesse, então não seria ela a tola que iria contra a Vontade de Deus, esperaria pela explicação no futuro, de preferência, divorciada, livre daquela pessoa que lhe mentira tão vergonhosamente.
- Ok, como o senhor quiser, mas saiba que eu não vou esquecer. - Disse assinando o contrato que já estava assinado por ele. - "Espero sinceramente que a Ariane e o Pedro não tenham nada haver com isso!". - Pensou. - Ele tirou outro papel da pasta e estendeu a ela.
- Aqui está a procuração para que eu comece com a ação. - Ela leu rapidamente e assinou, devolvendo-lhe uma via e ficando com a outra. - Ok. - Disse sorrindo. - Veja bem, um processo de divórcio é lento e doloroso, o ideal seria se conseguíssemos fazer com que ele concordasse logo, assim não precisaríamos expor a intimidade de vocês.
- Não creio que ele dificulte às nossas vidas. - Comentou tirando o dossiê de uma pasta parecida com a dele, e entregou-lhe, ele recebeu intrigado.
Patrick não apenas tinha pessoas espionando-a, ele tinha espiões na cola do Bruno também, e por isso ela sabia onde ele estava desde que a deixara inconsciente em casa, louvado seja Deus que enviou o irmão naquele momento.
O senhor Henrique mudava de cor conforme avançava na leitura e via as fotos, em dado momento ele olhou-a nos olhos, constrangida ela abaixou a cabeça, sem compreender o olhar dele, havia compaixão e solidariedade o que é compreensível na situação dela, mas por um momento lhe pareceu que ele estava arrependido.
- Isso aqui é real e verdadeiro? - Perguntou em um fio de voz assustando-a, assentiu envergonhada. - Com licença. - Sussurrou e saiu da sala deixando-a sozinha e confusa.
Ela suspirou triste, ele tinha motivos para estar enojado com tudo aquilo e para acha-la uma tola, afinal o homem com quem ela fora casada por oito anos, não era nada do que ela pensava, o casal que ela pensava que eram seus sogros, era um casal de vigaristas, ela era a mais idiota de todas as mulheres.
- Desculpe-me por sair assim. - Disse sentando sem encara-la, mas percebera que ele estava com o rosto avermelhado. - Ainda hoje eu vou entrar em contato com ele, e vamos acabar com a raça miserável dele.
- Senhor Henrique, eu só quero me livrar dele, e que ele nunca mais me procure.
- O que ele fez é crime...
- Eu sei, mas eu só quero paz, eu o deixo com a justiça de Deus. - Disse serena, sem nenhuma mágoa ou rancor, e naquele momento ela soube que Deus realmente estava com ela, ajudando-a. - O senhor pode me ajudar a me livrar dele?
- Posso. E que Deus me ajude, para que eu continue na Graça quando estiver diante dele, afinal eu posso mantê-lo longe de você, mas como seu advogado não será possível mantê-lo longe de mim. - Disse encarando-a. - Vamos encontrar um meio para que ele nunca mais te procure. - Concluiu apertando-lhe a mão.
Estranhamente ela sentiu-se segura e grata, por algum motivo desconhecido ela sabia que ele estava sendo sincero e pela primeira vez desde que vira o dossiê preparado pela Valéria sentiu que poderia mesmo se livrar do esposo.
- "Obrigada Senhor por enviar-me o senhor Henrique, que o Senhor seja com ele e para a Sua Honra e Glória saiamos vencedores desta batalha e Pai, cuide para que ele não saia da Sua Graça por causa do Bruno". – Pensou suspirando.
- Obrigada senhor, que Deus nos ajude. – Disse sorrindo.
- Seu irmão me chama agora de Henrique não vejo motivo para você não fazê-lo, por favor! – Pediu, ela sorriu acenando.
- Vou tentar. - Respondeu sincera.
Continua...
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