07 - O Amor tira o medo.
Jemima olhava todas aquelas fotos e documentos ainda em choque. Quando o Luciano lhe dissera que o Bruno havia apresentado a mulher como sua esposa, ela deduziu que fosse sua amante, como ela poderia imaginar que ele estivesse dizendo a verdade? Que o seu casamento não era válido? Que o homem com quem casara já era casado com outra mulher? Que ele mentira sobre a própria família?
Em meio a todos aqueles papéis e fotos havia um envelope, escrito à mão: 'Para Jemima', tremendo ela abriu e pegou o conteúdo, uma carta de próprio punho.
Anapólis - GO, 10 de Outubro de 2006.
Jemima...
Espero que você leia essa carta o mais rápido possível, não que eu esteja ansiosa para morrer, mas eu gostaria mesmo que você decidisse o mais rápido possível pela separação, eu sei que se eu tivesse te entregue esse dossiê em suas mãos você iria se divorciar e logo, e me perdoe por permitir que você continue casada com este filhote de Nabucodonosor, mas eu realmente não sei como lidar com essa situação, eu pensei muito se te contaria o que eu descobri sobre o seu marido ou não, e no final foi a minha visita a você que me fez decidir por não te entregar agora este conteúdo, talvez eu esteja equivocada, mas eu senti que você se envergonha por eu ter uma vida boa e agradável, enquanto você está sofrendo dessa maneira tão monstruosa, não sei se você tem consciência disso, mas ninguém merece viver assim, aprisionada e amedrontada, desculpe-me estou divagando. O meu amigo é de extrema confiança e perdoe-me por isso também, mas ele precisará vigiar você, veja bem, isso é apenas para a sua segurança, qualquer coisa que ele perceber que a sua vida esteja em risco ele irá interferir, não tenha medo ele vai cuidar de você. Não tenha medo de se livrar desse cafajeste, se eu ainda estiver viva quando você receber esse dossiê, me procura, será um prazer colocar essa criatura no seu devido lugar. É a segunda vez que eu falo em morrer, você deve estar achando que eu sou alguma louca, mas não é o caso, eu estou mesmo morrendo, foi este o motivo que me levou até a sua casa outro dia, 'outro dia', quantos dias terá se passado até você estar lendo está carta? Eu sei que você ficou curiosa quanto ao real motivo para eu te procurar depois de tanto tempo, eu vi isso em seu olhar, talvez um dia o Alex te conte o que aconteceu naquela noite, ou talvez não, como ele nunca me contou os detalhes da noite de vocês dois, sim, eu sei que vocês fizeram amor às vésperas do nosso casamento, e eu sempre me perguntei se ele havia tomado a iniciativa com você, e no dia em que nos falamos na sua casa, eu percebi que assim como fui eu a responsável pela nossa primeira vez, foi você a responsável pela primeira vez de vocês também. Ele nunca mentiu para mim, e creio que nem para você, mas ele jamais nos colocaria em uma situação delicada. Busque a sua felicidade, confie no Deus que você serve e se você ainda ama o Alex como eu imagino que o ama, não desista dele se você tiver a chance de tê-lo em sua vida outra vez, vocês merecem viver este amor que ainda arde em seus corações.
Atenciosamente
Valéria.
- "Talvez você e o Alex ainda tenham a chance de serem felizes". - Lembrou-se do que ela dissera naquela ocasião.
- Meu Deus! Ela sabia que estava morrendo, e veio me dizer a verdade, por que sabia que o Alex jamais iria me dizer e eu iria continuar pensando que ele havia tomado a iniciativa consciente de me trair. - Disse a si mesma emocionada. Pegou o celular e ligou para Felipe.
- Oi. - Atendeu o irmão no segundo toque.
- Preciso de um bom advogado, para cuidar do meu divórcio conhece algum?
🚲🚲🚲
Morta de vergonha por tê-lo beijado, ela o soltou e saiu correndo. Fugiu dele por toda a semana, mas toda vez que se lembrava dele apertando-a no abraço e a beijando, seu coração acelerava e seu interior se agitava. Claro que ele daria um jeito de vê-la, afinal ela o beijara e saíra correndo feito uma louca desgovernada, e por isso ela evitava a qualquer custo essa aproximação, não sabia o que dizer a ele, não havia justificativa para o injustificável.
No domingo ela ficou de fora do louvor, e todos os olhares especulativos estavam voltados para ela, até imaginava o que eles estavam pensando, mas ela não se importava sua lealdade era para Deus, e lamentavelmente não se sentia bem para estar no altar, havia beijando o seu melhor amigo, havia gostado do beijo e queria tornar a beija-lo, aliás, queria muito beija-lo novamente sentia um frio no estômago só em pensar.
- "Oh, meu Deus! Tira esses pensamentos da minha cabeça." - Pensou triste de olhos fechados, sentiu alguém sentando ao seu lado, estava com tantas saudades dele que sentiu o seu perfume, ainda de olhos fechados inspirou aquele aroma que tanto amava.
- Se você fugir de mim aqui e agora, eu vou até a sua casa e falo para o seu pai tudo o que eu quero falar para você. - Ele disse baixo ela arregalou os olhos encarando-o, ele a olhava triste, e seu coração quase parou. Ele cumprimentou o Marcelo que estava sentado do outro lado.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntou ela alarmada olhando para o altar, os olhos do pai estavam neles. - Meu pai está nos encarando.
- Eu sei. - Respondeu olhando para frente. - Você me deixou com poucas alternativas, era eu te ver aqui ou na sua casa, achei que aqui era menos arriscado que na sua casa.
- Você vai nos deixar em maus lençóis - Disse olhando seriamente para a irmã Cleide, a líder de mulheres que ia abrir o culto ela os mandou abrir a bíblia em Efésios capítulo quatro e versículo dois.
Ele não tinha bíblia, ela abriu a dela e quando se puseram em pé em reverência à Palavra. Ela se aproximou dele para que ele pudesse ler também, seus braços se tocaram de leve e ambos se olharam emocionados, a irmã Cleide começou a ler, e eles voltaram a atenção para a bíblia.
- "Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor". - Ele repetiu baixo só para ela ouvir e triste encarou-a. - Pensei que você devesse levar a sério o que está escrito na bíblia. - Sussurrou ainda para ela.
- E eu levo! - Respondeu no mesmo tom.
- Aqui diz para você me suportar em amor, não diz para você me maltratar.
- Mas diz que eu devo fugir... - Começou e olhou naqueles olhos dourados que tanto amava. - "Como eu digo a ele que devo fugir da aparência do mal sem ofendê-lo? Eu só o estou magoando!". - Pensou triste.
- Fugir do quê? - Perguntou ressentido.
- Acho melhor vocês fecharem os olhos, e começarem a orar antes que o tio Gustavo desça do altar e venha aqui participar da conversa de vocês. - Sussurrou Marcelo.
Ela então constrangida percebeu que as pessoas já estavam orando e o pai a fuzilava com o olhar, fechou os olhos imediatamente.
- Por favor! Alex feche os olhos e deixa para falar comigo depois que terminar o culto. - Pediu constrangida e infeliz, não estava acostumada a se sentir infeliz na igreja.
- Ok! Se você me dê a sua palavra que não vai fugir de mim, eu espero.
- Eu te dou a minha palavra. - Esperou pela resposta dele, mas ele não disse nada. Sentiu-o passar de leve os dedos em sua mão e seu coração saltou. - "Senhor meu Deus, eu de nada sei, sou uma garota tola que não entende nada dos sentimentos entre um homem e uma mulher, não sei o que estou sentindo, em nome de Jesus meu Deus não permita que eu o machuque ainda mais Senhor, me dê sabedoria para eu compreender o que estou sentindo!". – Ela apertou em sua mão, a oração havia sido encerrada e o louvor se preparava para iniciar, mais sentiu que viu o riso em seu rosto quando contrariada ela soltou a mão dele.
Ele não disse uma palavra durante todo o culto, ficou atento ao Louvor e à Palavra, vez ou outra ela olhava seu perfil tão lindo e carismático, no final do culto ele a encarou e apesar do olhar dele ainda estar triste, sua voz era quase normal.
- Eu te vejo amanhã no lugar de sempre. - Disse apertando-lhe a mão, levantou-se cumprimentou Marcelo com um aceno de cabeça e saiu rápido encontrando Ariane e Pedro.
- Não sabia que você viria para o culto, por que não veio com a gente? - Perguntou Ariane segurando-o pelo braço.
- Eu decidi de última hora. Vocês já irão para casa? – Perguntou distraído.
- Hoje é o dia em que podemos ir sozinhos à pizzaria. - Disse a irmã sorrindo abraçando o namorado.
- Quer ir com a gente? - Perguntou Pedro.
-"Será que ele acharia muito estranho se eu disse que gostaria muito de acompanha-los se a irmã dele fosse também?" – Pensou divertido. – "Obviamente que ela me mataria." – Pensou com pesar. - Não. - Respondeu sorrindo triste. - Finalmente eles estão deixando vocês saírem sozinhos, não quero segurar vela, e menos ainda estragar a noite de vocês, vou procurar a Drica.
- Me procurar para o quê? - Perguntou a irmã acompanhada pela Jemima.
- Para irmos para casa.
- Então vamos. - Respondeu se despedindo de Jemima. - E não esqueça Ariane, você está em liberdade condicional um passe em falso e vocês põe tudo a perder. - Disse beijando a irmã e Pedro, abraçou o irmão. - Vamos?
- Sim. Até mais tarde Ariane, tchal Pedro, vê se não perde a hora. - Brincou batendo na mão do namorado da irmã no alto. - Boa noite Jemima.
- Boa noite Alex.
Na manhã seguinte ele chegou na escola mais cedo e foi direto para o ginásio, chegou e jogou a mochila no chão e ficou andando de um lado para o outro.
- E se ela não vir? - Disse passando a mão na cabeça, por pura intuição virou-se para o portão e ela estava entrando, ele engoliu seco. - "Como ela é linda! Como posso me afastar dela, se a cada dia a quero mais perto!" - Pensou.
O coração dela acelerou ao vê-lo, suspirou profundamente quando ele se virou para ela, parou e ficou olhando para ele tão encantador, voltou a andar.
- "O que eu faço? Mal podemos ser amigos, ainda assim não quero me afastar dele." - Pensou. - Oi. - Disse tímida.
- Oi. - Respondeu ofegante.
- Alex/Jemima. - Disseram os dois se aproximando, ambos engoliu seco e ficaram olhando nos olhos um do outro, ele tocou de leve o rosto dela, e fechou os olhos.
- Senti tantas saudades de você! - Disse abrindo os olhos, ela também tocou seu rosto e sorriu tímida, não era comum vê-la tímida, ele sorriu.
- Eu também senti saudades! - Sussurrou rouca, ele pegou seu rosto com ambas as mãos.
- Jemima, por que você fugiu de mim?
- Por que eu estava morrendo de vergonha. - Respondeu corada. - Eu não deveria ter beijado você, eu forcei uma situação que talvez você não quisesse e eu não soube como agir depois.
- Eu lamento muito por ter te provocado esses sentimentos. Eu estava mesmo com ciúmes de você com aquele garoto no supermercado, - disse passando a mão no cabelo dela. - e sinto muito por ser medroso e não assumir o que eu sinto e você está equivocada, - Respirou profundamente. - você não me forçou a nenhuma situação pela qual eu já não estivesse ansioso por ela. – Confusa ela o encarou.
- Não..., eu não entendi... - Foi a vez de ele puxa-la e tocar seus lábios nos dela delicadamente, a puxou para mais perto e a apertou, movendo seus lábios sobre os dela.
Ela o apertou o máximo que pôde, queria verificar se as sensações que percorriam seu corpo quando pensava neles naquela situação era igual de estar sendo beijada e tocada por ele de verdade, não era as sensações era indescritíveis, ela tinha certeza que se ele a soltasse suas pernas não suportariam o seu peso.
Ele a beijou até que suas mãos começaram a ficar audaciosas demais para os limites que seu pai lhe ensinara que não poderia ultrapassar com as meninas até ter certeza de que elas também queriam e estavam prontas para o que aquilo representava.
Ofegante ele afastou delicadamente sua boca da dela sem solta-la do abraço, e encostou sua testa na dela, ambos tentavam controlar a respiração e o desejo de se beijarem novamente.
- Você está bem? - Perguntou gentilmente, ela sorriu assentindo, ainda abraçado nela, ele a levou até a arquibancada. - Jem, não foge mais de mim, eu fiquei totalmente perdido sem você. - Pediu encarando-a.
- Não vou fugir mais de você, e desculpe-me por ter fugido antes. - Ele acariciou seu rosto e beijou sua testa.
- Tudo bem! Não precisa pedir desculpas, eu fui um tolo. - Suspirando ele a trouxe para mais perto em seus braços, e ela deitou a cabeça em seu ombro. - Jem, eu não quero ser apenas seu amigo, quero que seja minha namorada. - Ela levantou a cabeça e o encarou.
- Eu também quero muito ser sua namorada, mas o que nós vamos fazer? Agora que nossos pais estão se acostumando com o namoro dos nossos irmãos, se aparecermos na frente deles dizendo que somos namorados eles vão enfartar. - Disse preocupada.
- Verdade! O que você sugere? O seu pai é mais severo que o meu, então você decide. - Ela o abraçou.
- E se eu te pedisse para ir à minha casa falar com o meu pai? - Perguntou séria.
- É só você me dizer a hora que eu posso ir até lá falar com ele que eu irei. - Respondeu passando o indicador por sua bochecha.
- Sério que você iria falar com o meu pai? - Perguntou emocionada.
- Eu quero estar com você, e na verdade a melhor maneira seria enfrentando logo os nossos pais, principalmente o seu. -Ela sorriu com os olhos marejados e o abraçou.
- Obrigada! Mas podemos namorar escondido por algum tempo? - Perguntou escondendo o rosto em seu peito, ele sorriu já esperava por isso.
- Ok, namorada! Mas isso significa que eu terei que manter distância? Que não poderei andar de mãos dadas com você? - Ela o encarou.
- É só até encontrarmos uma maneira de convencê-los de que somos bons um para o outro, não será por muito tempo. - Disse esperançosa, ele a encarou não tinha tanta esperança assim.
- Acredita mesmo que conseguiremos convencê-los a nos aceitar? - Perguntou tenso.
- A Ariane e o Pedro estão conseguindo.
- Isso é verdade! - Disse sorrindo ficando sério logo em seguida. - Seu pai falou alguma coisa sobre eu ter sentado ao seu lado da igreja?
- Sim, ele perguntou o que tanto nós dois conversávamos para que eu não me atentasse para a oração.
- Eu lamento por ter tirado sua atenção, eu sei o quanto os cultos são importantes para você, desculpe-me por isso.
- Mas você não me atrapalhou. E você conseguiu pegar alguma coisa no culto? Ou não ouviu o pastor? - Perguntou deitando no peito dele de novo.
- Ouvi tudo o que ele falou, talvez eu apareça por lá mais vezes, e não se preocupa que eu não vou ficar conversando contigo, talvez eu converse com o Marcelo. - Disse sorrindo.
- Também não é uma boa ideia.
- Meu sogro não vai gostar disso, e provavelmente vai me expulsar da igreja.
- Sogro? - Perguntou levantando-se.
- Sim! O Pedro me disse que cristão namora para casar, então seu pai será meu sogro. - Ela o beijou entusiasmadamente e ele a puxou para o seu colo, até seu corpo alerta-lo que estava ultrapassando os limites, colocou-a de volta na arquibancada ambos corados.
- Acho que eu preciso aprender a me conter um pouquinho, desculpa! - Disse tímido tocando seu rosto, ela fechou os olhos e respirou profundamente. - Você precisa me ensinar como é esse negócio de namoro cristão. - O sinal tocou.
- "Que hora para tocar sinal?" - Pensou sacudindo a cabeça. - Na verdade eu também não sei nada sobre namoro, tudo o que sei é só o que a minha mãe me disse. - Disse tímida.
- Não tem problema, a gente aprende junto. Vamos. - Disse se levantando e pegando na mão dela.
- Alex, nós somos mesmo namorados? - Ela perguntou nervosa. Ele se aproximou e a beijou de leve.
- Sim, somos namorados. Acho que poderíamos falar para o Marcelo, afinal, vamos precisar de alguém para nos ajudar, e também ele poderá nos dar umas dicas de como eu devo me comportar. - Disse saindo de mãos dadas com ela.
- Verdade, falaremos com ele no intervalo. Eu sei de uma coisa, acho que não deveríamos nos beijar igual nos beijamos ainda a pouco. - Disse sorrindo.
- Será? - Perguntou sério.
- Eu tenho certeza que sim
- Vou me conter.
- Eu também.
Os dois sorriram e andaram de mãos dadas até saírem do ginásio e como sempre com um sorriso, cada um seguiu em uma direção a diferença naquela manhã estava em seus sorrisos e olhares.
🚲🚲🚲
O horário do almoço era o momento mais complicado na casa do Alex, ele e as crianças geralmente chegavam juntos, ele precisava retornar para o trabalho e precisava deixar as filhas nos cursos que faziam no período vespertino, e naquele dia tudo estava um caos, a senhora Olga sua ex-sogra, mas que ainda se considerava sua sogra principalmente quando queria pegar no seu pé, viera visita-los e sempre que isso acontecia tudo saia dos trilhos.
- "Não pude estar com minha neta no seu aniversário e você não pode me proibir de estar com elas". - Resmungara.
Ele jamais tiraria das filhas a convivência com a família materna. Felizmente as coisas entre eles já não eram mais tão tensas quanto ficou quando a Valéria faleceu, mas também não voltou a ser tão leves quanto eram antes.
Atualmente os dois se respeitavam e se tratavam bem, mas não faziam nenhuma questão da companhia um do outro, se não fossem as crianças com certeza eles não se falariam mais e menos ainda se veriam.
- Alex você precisa arrumar uma empregada. - Disse a senhora Olga ajudando-o a pôr a mesa, ele preferiu fingir que não ouvira.
Recebeu uma notificação de mensagem e pegou o celular para ver de quem era, franziu a testa confuso, era o Patrick! Ele e a Valéria estiveram juntos trabalhando em um caso de pedofilia em Palmas e se tornaram grandes amigos, mas Alex não tinha notícias dele desde o velório da esposa, abriu a mensagem.
*Estou indo à Anápolis amanhã para vê-lo, quando chegar aí aviso.
*Algum problema? Fiquei preocupado. - Respondeu no automático.
*Nenhum problema! Só quero ver você e as crianças.
*Ok, então! Estarei te esperando.
*Minha esposa e minha filha irão comigo tudo bem?
*Tudo bem, serão bem-vindos.
*Obrigado!
Irritada a senhora Olga de mãos na cintura o fitava, ele se conteve para não revirar os olhos.
- Você ouviu o que eu disse? - Ele decidiu acabar logo com o assunto.
- Sim dona Olga eu ouvi, e já temos alguém que faz a faxina da casa três vezes na semana, exatamente como fazíamos quando a Valéria estava viva, é o suficiente para nós. - Respondeu largando o celular na mesa, ignorando a cara de sofrimento da senhora. - "Eu também ainda sofro a falta dela e nem por isso fico atormentando as pessoas". - Pensou irritado, ela respirou fundo e mudou de tática.
- Olha essa correria meu filho! As meninas precisam se alimentar melhor. - Disse dramática.
- Elas se alimentam bem dona Olga! - Exclamou tentando manter a calma.
- Aposto que só jantam pizza. - Disse sarcástica.
- Na verdade comíamos mais pizza quando a mamãe estava conosco. - Retrucou Laila entrando e encarando a avó.
- Laila não seja malcriada com a sua avó. - Disse Alex sereno.
- Eu só estou dizendo a verdade. - A menina respondeu pegando os pratos. - Papai seu celular está vibrando.
- Por favor, filha veja quem é. - Respondeu atravessando a cozinha com uma travessa.
- É um senhor Felipe papai, é o tio do Paulo? - Perguntou curiosa.
- Sim. - Respondeu pegando o celular que ela o entregava. - Obrigado querida. Só um minuto Felipe. - Atendeu e voltou à atenção para a filha. - Procure a Júlia e podem almoçar, não vou demorar. - Disse se afastando da cozinha.
- Quem é Felipe? - Ouviu a sogra perguntando, mas não ouviu a resposta da filha, pois entrou no escritório e fechou a porta.
- Oi Felipe, aconteceu alguma coisa? Há dias que você não me liga, está tudo bem com a Jemima?
- Sim está tudo bem com ela, é sobre isso mesmo que eu quero falar, finalmente ela decidiu que entrará com o pedido de divórcio, mas ela quer um advogado de confiança que seja bom e que os honorários caiba no bolso de uma médica, e sinceramente não conhecemos muitos advogados e os que conhecemos não são familiares.
- O Marcelo é o quê? - Perguntou lembrando-se que o amigo era advogado.
- Criminalista, ele conversou com ela, não sei o que ela está escondendo, mas ele a aconselhou a procurar um advogado da vara da família.
- Por que você acha que ela está escondendo alguma coisa?
- Apareceu um nova-iorquino aqui há alguns dias, e desde então ela está estranha.
- Um nova-iorquino? Ela disse o nome dele ou você o viu? - Perguntou lembrando-se da mensagem que acabara de receber.
- Sim, eu o vi ele é um homem alto, do tipo atlético, ruivo...
- Patrick. - Sussurrou Alex interrompendo-o.
- Sim, é esse mesmo o nome dele! Você o conhece? - Perguntou intrigado.
- Pode se dizer que sim, ele era amigo da Valéria. – Exasperado passou a mão na cabeça. - "O que o Patrick poderia querer com a Jemima? Seria alguma coisa sobre o Bruno?". - Pensou em pânico. - Não se preocupe com o Patrick ele é uma pessoa decente e um excelente agente da Interpol.
- Tem certeza que esse cara não é perigoso? - Perguntou preocupado.
- Tenho. Para você ficar mais tranquilo eu vou falar com ele e vejo o que está acontecendo, e quanto ao advogado, pede para a Jemima falar com o meu pai.
- Será que o seu pai vai querer defendê-la?
- Tenho certeza que sim! Meu pai é profissional e quando ele souber da verdade sobre o Bruno ele vai querer acabar com ele, vai por mim!
- Não temos nada a perder mesmo, eu vou falar com ela. E você está bem?
- Estou bem. Quase enlouquecendo com a minha sogra que decidiu passar alguns dias aqui em casa. – Disse suspirando, Felipe riu.
- Felizes os viúvos sem filhos que também ficam viúvos de sogras, o que não é o seu caso meu amigo, mas veja o lado bom da situação, ser pai compensa ter uma sogra a tiracolo.
- Eu acho que você está passando tempo demais com o Adriano, a gracinha dele está passando para você, vou pedir aos nossos pais para proibir essa amizade de novo, assim vocês ficam menos tempo junto. – Disse sorrindo, Felipe gargalhou.
- Não somos mais crianças, graças a Deus! - Respondeu empolgado. - Boa sorte meu amigo com a sua sogra. Ah! E lembre-se de que não era apenas a minha amizade com o Adriano que era proibida naquela época. - Disse rindo.
- Estou dizendo? Igualzinho ao meu irmão. - Disse rindo também, despediram-se e Alex ligou para o pai.
- Oi filho! - O pai atendeu sorridente.
- Pai o senhor poderia defender a Jemima no caso do divórcio dela? - Perguntou rápido.
- Finalmente ela decidiu se livrar daquele ser imundo?
- Sim. Se ela...
- E como você está sabendo disso Alex? - Perguntou divertido.
- "O meu pai está se divertindo às minhas custas?". - Pensou intrigado. - O Felipe me ligou perguntando se eu conheço algum advogado bom, que seja de confiança e que tenha um preço acessível.
- Filho eu sou bom e de confiança, mas meu preço não é acessível.
- Eu sei! Mas o senhor poderia fazer um preço camarada para a cunhada da sua filha que sofre violência doméstica. - Respondeu como se não tivesse nada haver com aquele pedido.
- Qualquer tipo de violência é degradante. Eu posso ouvi-la e vamos ver o que eu posso fazer por ela.
- Obrigado papai! - Agradeceu aliviado.
- Tem certeza meu filho que eu deveria ajudar essa moça só pela sua irmã? - Aquele mesmo tom divertido na voz do pai, ele franziu o cenho.
- "Todos estão estranhos desde que Ariane voltou para casa". - Pensou sorrindo. - E pelo seu genro também, né papai? - O pai gargalhou alto. - "Definitivamente ele está se divertindo às minhas custas". - Pensou sacudindo a cabeça e batendo a mão na testa.
- Se você está dizendo meu filho! - Disse se esforçando para parar de rir. - Eu te amo fica com Deus.
- Eu também te amo, fica com Deus. - Respondeu desligando, virou-se na direção da porta, à qual alguém batia de leve, abriu a boca e antes que qualquer som saísse de sua boca, a senhora Olga entreabriu a porta.
- Com licença, você não vai almoçar? - Perguntou séria.
- Vou sim, estou falando com o meu pai e já vou. - Sem dizer nada ela saiu deixando a porta aberta, ele passou a mão na cabeça, respirou profundamente e escreveu uma mensagem:
*Eu vou te enviar o número do meu pai, ela estará em boas mãos.
Enviou a mensagem e o número do celular do pai, deixou o celular em cima da cama e foi almoçar, já estava em cima da sua hora chegaria atrasado ao trabalho.
Continua...
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