72 - Descansa no Senhor e espera nEle.
Nos dias seguinte a vida seguiu seu rumo normal, todos eram quase pessoas normais outra vez, dois dias sem atender a filha, finalmente dona Marta resolveu fazer as pazes com ela; o pastor concordou em batiza-la no sábado seguinte, ela estava radiante! Na quarta-feira daquela semana ela decidiu visitar a igreja em que Michael congregava, foi um pesadelo, as pessoas a trataram como se ela fosse uma pária, o pastor fez uma pregação sobre o texto Bíblico de Atos capítulo vinte, versículos de vinte e oito a trinta, foi uma pregação confusa, até porquê ele literalmente estava pregando para ela, o que a deixou confusa e intrigada, ela não entendia bem o que ele estava tentando falar a ela, e quando ele pediu para ler Mateus capítulo sete versículos de quinze a vinte, ela ficou ainda mais confusa, franzindo a testa ela o encarou, e Michael ao seu lado apertou-lhe a mão, ele também não estava confortável com aquela situação.
- As nossas igrejas estão cheias de ovelhas sendo tragadas pelos lobos esfomeados e não se dão conta disso, e quando nós pastores tentamos abrir os seus olhos, traze-los à razão, à segurança do aprisco, essas ovelhas se voltam contra a autoridade constituída, e por isso estão padecendo, como diz o versículo dezoito de Mateus sete, é impossível a árvore boa produzir frutos ruins, assim como como não será possível a árvore ruim produzir frutos bons, não se iludam irmãos com a bela aparência do mal... - Dizia o pastor.
Claudia mexeu-se inquieta no banco, Michael apertou ainda mais sua mão, tentando passar um pouco de confiança, apesar de que a vontade dele também era levantar e ir embora, ela sorriu tímida, ele correspondeu ao sorriso carinhosamente e respirando fundo voltou a prestar atenção no pastor, no momento não havia muito o que fazer.
- Eu gostaria de ir ao banheiro. - Sussurrou para ele.
- Claro que sim querida! Eu vou acompa...
- Por favor! Eu vou sozinha. - Disse levantando, saiu da igreja de cabeça baixa constrangida com os olhares dirigidos à ela.
Perguntou ao rapaz na porta onde ficava o banheiro, e seguiu na direção indicada, e só então percebeu o quanto tremia. Lavou o rosto e ficou esperando, não queria voltar para lá, desde a primeira vez que fora a uma igreja, essa foi a primeira vez que desejou sair de lá correndo.
- "Perdoe-me, Senhor se eu entendi mal o que o pastor disse, mas eu tive a triste impressão de que ele queria me humilhar, eu não entendo muita coisa da Sua Palavra ainda, mas eu não sou uma árvore ruim, ou sou Senhor? A Luciana me disse sobre a importância de se submeter às autoridades, eu não quero ser um empecilho na vida espiritual do Michael, em nome em Jesus, me ajuda. Se eu não for uma bênção na vida dele, que o Senhor nos separe, nós queremos fazer a Tua Vontade Senhor, não queremos afrontar ninguém, em nome de Jesus, não me deixa sozinha, mostre-me o que eu devo fazer, em nome de Jesus vem ao meu socorro". - Orou em silêncio. Ouviu vozes e entrou na primeira porta fechado-a.
- Você tem que concordar que ela é linda!
- Sou muito mais eu! O que eu não entendo, é como ele pôde me rejeitar para ficar com ela. Ela é sem graça, é uma mosca morta!
- Você foi muito lenta, deveria ter feito alguma coisa há muito tempo! Não sei o que você tanto esperava, esperou tanto que veio uma espertinha não sei de onde e fisgou o bonitão.
- Ele nunca se interessava por ninguém, eu era a solteira mais próxima dele, como eu poderia imaginar que essa enviada de Lúcifer iria aparecer e estragar meus planos?
- Se você tivesse feito o que eu falei, ele estaria comprometido contigo agora, e não todo apaixonadinho pela loira oferecida.
- Se eu tivesse feito o que você me aconselhou, meu pai teria expulsado a mim e a ele da igreja!
- É mesmo muito sonsa! Você tinha que fazer o pastor acreditar que ele havia te seduzido, ele iria ficar decepcionado com o perfeito e imaculado Mike por algum tempo, mas do jeito que o pastor o ama, logo ele o perdoaria.
- Vocês e essa mania de ficar fuxicando no banheiro. - Disse uma outra voz. - A mamãe está te chamando.
- Já estou indo. - Respondeu a voz que queria ficar com o Michael. - O Mike já saiu com a loira aguada?
- Não! - Respondeu em um tom levemente preocupado. - Eu não a vi com ele.
- Tomara que ela tenha se tocado que o papai estava pregando para ela e se mandado. - Disse rindo.
- Foi maldade do papai fazer aquilo, não a conhecemos, e duvido muito que o Mike se envolveria com alguém sem antes colocar na presença do Senhor.
- Nós e nossa mania de fuxicar no banheiro e você e sua mania de querer ser santa!
- Não sou santa, mas busco a minha santidade diariamente, e você deveria fazer o mesmo! Vamos ver o que a mamãe vai achar, de você falando mal da namorada do Mike.
- Quem está sendo a fuxiqueira agora? - Perguntou a outra voz. - A sua irmã está mal pelo desprezo do Mike, e você só sabe atormenta-la.
- E você só sabe coloca-la em encrenca.
Claudia ouviu os passos delas saindo ainda discutindo, saiu devagar observando se o local estava vazio. Encostou-se na pia, uma coisa era ela imaginar que o pastor estava chamando-a de fruto podre, outra bem diferente era ela ter a confirmação. Lavou o rosto e saiu de fininho, as pessoas concentradas na frente da igreja, não a viram e discretamente ela foi para o carro.
Estou te esperando no carro! - Mandou a mensagem para o Michael.
📖📖📖
Ele a procurou entre as pessoas, perguntou para os amigos e nem sinal dela, intrigado se perguntou se ela ainda estaria no banheiro; viu três irmãs vindo do banheiro, eram as filhas do pastor e a irmã Graziela aproximou-se delas.
- Boa noite, vocês viram a Claudia no banheiro? - As duas mais velhas se olharam assustadas.
- Não Mike, não havia ninguém no banheiro. - Respondeu Rute a mais nova do pastor. - A propósito, a sua namorada é muito linda! Você está de parabéns, vocês formam um lindo casal!
- Obrigado Rute, você sempre muito gentil. - Disse sorrindo, a irmã mais velha olhou os dois de cara feia e saiu pisando duro. - Não liga para ela, o papai faz demais as vontades dela, e aí ela fica assim achando que o mundo gira em torno dela. - Ele apenas meneou a cabeça, pegando o celular ao receber uma notificação de mensagem, sorriu.
- Ela está me esperando no carro. Boa noite Rute, a Paz do Senhor.
- A Paz do Senhor, que Deus abençoe seu namoro. - Sorrindo ele acenou para ela e foi ao encontro de Claudia.
Ela estava triste e havia chorado, ele beijou-a na testa e em silêncio saiu de lá. Ela não disse uma palavra até a casa dela, estava inquieto, não sabia o que falar e menos ainda como agir naquela situação, sabia que ela estava chateada e com razão, o pastor deixara bem claro para quem quisesse entender que ela era o lobo disfarçado que estava afastando a ele da presença de Deus, já não sabia mais o que fazer para que o pastor compreendesse que ela era uma luz de Deus na vida dele, e não apenas na vida dele, ela era uma luz por onde passava, erroneamente ele pensou que quando o pastor a conhecesse, ele mudaria de ideia, mas ele nem ao menos deu a ela uma chance, nem sequer dirigiu a palavra a ela, e ainda fez todas aquelas insinuações, se alguém lhe dissesse que o pastor que ele amava e respeitava um dia seria capaz de algo daquele tipo, ele discordaria sem nem ao menos pensar.
Ele ficou com ela até Luciana chegar da escola; em silêncio ela ouviu o que os dois disseram do culto, Luciana pegou na mão dela e a convenceu de que em definitivo ela não era uma árvore ruim, e menos ainda um fruto podre.
- Não sabemos qual a intenção desse pastor e nem para quem o Espírito Santo estava direcionando essa Palavra, mas não era para você, não se deixe abater dessa forma. - Disse Luciana carinhosamente. - E se era para você, era para que você compreendesse que não são todas as pessoas que estão indo à igreja estão fazendo a vontade de Deus, infelizmente!
- Ele falava aquelas coisas olhando nos meus olhos, acredite-me não era impressão minha, era para mim eu sei que era! - Constatou com os olhos cheio d'água. - E não era nesse sentido em que você está falando, ele foi a primeira pessoa da igreja que me levou para o fundo do poço.
Michael engoliu seco, definitivamente era hora de procurar outra igreja, jamais se imaginou mudando de igreja por não concordar com o pastor, mas vê-la daquele jeito estava quebrando seu coração, já falara com o Marcelo vezes o suficiente para saber de todas as inseguranças que ela tinha antes de finalmente o Espírito Santo começar a trata-la, e justo o pastor dele havia deixado-a insegura e pior ainda, às vésperas do batismo dela, ele olhou desolado para Luciana que deu um meio sorriso.
- Infelizmente minha querida, existem sim pessoas nas igrejas fazendo levante contra pastores, líderes, tem pessoas usando a Palavra de Deus de maneira distorcida para o seu próprio bem ou para oprimir as pessoas ou ainda para tirar proveito delas, Jesus falou delas também na parábola do joio e do trigo, elas estão lá, às vezes até sabemos quem são, mas Jesus disse para não ceifa-las pois apenas o Senhor no dia da colheita poderá fazer isso, para que não venhamos a cometer erros, e tirarmos o trigo junto com o joio; o pastor está assustado, ele está acreditando que você irá desviar o Mike, mas quando ele te conhecer melhor vai perceber a bênção que você é, ele enxergará a luz que há em você, ele vai ver e compreender os milagres que Deus já fez e ainda fará na sua vida, e através de você. - Concluiu sorrindo.
Michael ficou impressionado com o modo como Luciana a acalmara, e mesmo ficando feliz por Claudia estar mais tranquila ainda sentia a tristeza aumentar em seu coração, pois pela primeira vez desde que chegara ao Brasil cogitava a possibilidade de mudar de igreja, talvez até de denominação.
- "Senhor Seja o Senhor a me orientar, e que eu não faça nada para o meu próprio prazer ou por orgulho, que a decisão que eu venha tomar, seja a decisão que o Senhor colocar no meu coração, para o nosso bem no propósito que o Senhor tem para as nossas vidas; eu Te amo, e para sempre quero estar ao Seu lado, em nome de Jesus, guia-me pela Verdade da Tua Palavra, amém". - Refletiu enquanto saia do prédio de Claudia.
🥀🥀🥀
Na sexta-feira à tarde ela, Victória e Raquel não foram trabalhar, elas iriam juntamente com Sarah, escolher seus vestidos de madrinhas para o casamento de Elisabete, com a própria noiva; no sábado na casa de Victória, ela convidara Claudia para ficar ao lado de Michael que seria seu padrinho, ela ficara emocionada e aceitara feliz. Ela não se recordava de já ter se divertido tanto fazendo compras como naquela tarde, na verdade fazer compras nunca foi o seu forte, mas ela amou verdadeiramente cada instante com as amigas.
Elas encontraram Edna com a filha Daniela e Katherine que haviam ido também às compras pelo casamento, e todas resolveram fazer um lanche, as meninas queriam ir à sorveteira do outro lado, e Edna pediu que elas esperassem, Claudia se ofereceu para leva-las.
- Tem certeza? - Perguntou Edna cansada. - Essas duas me cansaram hoje!
- Tenho sim, vamos meninas!
As duas tagarelaram sem parar até chegar ao destino, ela decidiu pegar um sorvete também, quando uma voz fez o seu coração esfriar, ainda não conhecia essa pessoa, mas reconheceria essa voz em qualquer lugar.
- Oi Daniela! Está com a sua mãe ou com o seu pai? - Perguntou a voz atrás dela.
- Com nenhum deles, estou com a Katie e a namorada do tio Mike, a minha mãe está na lanchonete do outro lado. - Respondeu a menina tranquila. Claudia virou-se na direção da voz, a moça morena de longos cabelos negros e lisos, olhou em seus olhos com desdém, seus olhos castanhos eram frios e duros.
- Olá! - Cumprimentou a moça irônica. - Eu sou a Rebeca e você é? - Perguntou sarcástica.
- Olá! Eu sou a Claudia.
- Não te conheço, estranho a Edna e principalmente o Mike deixar a filha sair com qualquer uma. E a propósito cadê a Katie? - Claudia olhou para os lados, e a menina não estava.
- "Jesus! Só falta eu ter perdido a menina". - Pensou exasperada, e graças a Deus a menina saiu de trás da Rebeca.
- Oi irmã Rebeca, estou bem aqui! - A moça assustou-se.
- Não vi você e fiquei preocupada, sei o quanto o seu pai é atencioso com a sua segurança.
- Estou muito segura não se preocupe, ela não é qualquer uma, é a namorada do meu pai, você não a viu quarta-feira na igreja com o meu pai? - Perguntou Katherine se aproximando de Claudia e pegando na mão dela. - O que é muito estranho, porque ela não é do tipo que passa despercebida, você não acha? - Continuou e a moça ficou corada, Claudia não saberia dizer se de vergonha ou de raiva.
- Não prestei atenção em quem estava lá, mas observei que você não estava. O que houve, estava sentindo alguma coisa? - Perguntou inocentemente abraçando a menina.
- Graças a Deus eu estava bem, eu fui para outra igreja com a dona Neuza.
- Vocês deixaram de ir à igreja de vocês para ir à outra igreja? - Perguntou visivelmente irritada.
- Nós estávamos na casa da Jaciara, e a igreja é mais perto de lá, eu já havia ido com a minha mãe e o meu avô, é muito bom lá, não é tia Claudia? - Perguntou sorrindo, Claudia ficou rubra diante do olhar furioso da mulher.
- Sim minha querida lá é muito bom.
- Então você frequenta essa igreja? - Perguntou sarcástica.
- Sim. - Respondeu sentindo a tensão aumentar.
- E foi o Mike que te convidou para ir à nossa igreja? - Perguntou franzindo a testa. - Ou você pretende frequentar a nossa igreja?
- O Michael me convidou, houve algum problema com a minha visita? - Perguntou franzindo o cenho, neste momento o celular de Katherine tocou.
- Oi papai! - Respondeu a menina. - A atenção das duas mulheres se voltaram para ela.
- (...)
- Já compramos meu vestido o senhor precisa ver é lindo!
- (...)
- Ainda não! Encontramos a Lisa e as madrinhas do casamento, e agora eu e a Dani estamos com a tia Claudia na sorveteria...
Claudia deixou a menina falando com o pai e voltou sua atenção para a taça de sorvete que tinha na mão, desligou-se da conversa da menina, afastando-se um pouco pensando em qual seria o problema com essa moça; pelo que ela entendera no banheiro, ela era filha do pastor, ouvira várias vezes Marcelo e Edith discutindo por causa de filhos de pastores, Edith acreditava que eles deveriam se comportar como santos, Marcelo acreditava que era uma carga muito grande para eles, afinal eles eram filhos de ovelhas como era os filhos de qualquer outro membro da igreja, e ela própria não tinha experiência nenhuma para falar alguma coisa, mas estava surpresa com o comportamento da moça, sendo filha de pastor ou não, com certeza ela tinha mais tempo de Evangelho que Claudia, e até ela sabia que aquele não era o comportamento que Deus esperava de um de seus filhos, assustou-se com a moça puxando seu braço.
- Que negócio é esse de você ser madrinha da Lisa? - Perguntou furiosamente, Claudia olhou para as meninas que a olhavam assustadas.
- Meninas terminam de montar o sorvete de vocês, pesem e procurem uma mesa, enquanto eu converso com a moça aqui, por favor! - Disse entregando a taça para Katherine, as meninas entreolharam-se e dando de ombros se afastaram, Claudia pegou de leve no braço da outra puxando-a. - O que você pensa que está fazendo? Está todo mundo olhando para nós.
- Não ligo a mínima, responde a minha pergunta! - Crispou furiosa.
- Ela me convidou e eu aceitei, a Michelle que o acompanharia não se importou, por que você está fazendo esse espetáculo?
- Porque se a Michelle não viesse eu iria ocupar o lugar dela, estava tudo combinado.
- A Michelle virá, então eu não estou tirando nada de você.
- Você está me tirando o Mike! - Gritou a plenos pulmões.
- Já chega Rebeca! - Retrucou Edna ao seu lado.
- Por causa dela, eu não vou ficar ao lado do Mike no casamento da sua irmã, por causa dela ele nunca vai reparar em mim. - Retrucou chorosa, Claudia abaixou a cabeça constrangida.
- Não querida, nada disso é culpa dela! Você acha mesmo que seu pai vai ficar feliz quando souber que você está chamando atenção desse jeito?
- Por que ela tinha que aparecer? Por que ela não ficou quieta no lugar dela? - Disse às lágrimas, Edna conversando delicadamente com ela conseguiu tira-la de lá, e sairam as duas conversando, a vontade de tomar sorvete havia passado, foi procurar pelas meninas, encontrou-as em uma mesa lá fora.
- Desculpa tia, mas achamos melhor ligar para a minha mãe, a irmã Rebeca não estava bem.
- Tem razão querida, ela não estava mesmo bem, obrigada por chamar sua mãe. - Olhou para a rua, as duas estavam chegando onde as outras estavam.
- A senhora está bem? - Perguntou Katherine triste, ela assentiu sorrindo. - Não fica triste, o meu pai não a ama. - Katherine a abraçou.
- Tudo bem querida. - Respondeu abraçando-a de volta. - "Senhor será que a minha mãe tem razão, e a única coisa que eu faço nessa vida é destruir a vida dos outros? Fazer todo mundo sofrer"? - Pensou sentindo os olhos arderem. - Vamos pagar os sorvetes?
- Já pagamos. - Respondeu as duas.
- E o seu? - Perguntou Katherine, mostrando a taça vazia.
- Mudei de ideia. - Ela sentou e aguardou que elas terminassem. As meninas voltaram em silêncio, totalmente ao contrário da ida, ela sentiu-se mal, por ser a responsável pelo desânimo delas.
- Eu já vou, vejo vocês amanhã na igreja! - Retrucou Rebeca se levantando assim que Claudia chegou com as meninas.
- Vai com Deus querida! - Disse Edna pensativa.
- Eu sinto muito por tudo isso! - Disse Claudia olhando na direção em que a moça sumia.
- Nada disso é culpa sua. - Disse Victória.
- Estranho o comportamento dela. - Disse Elisabete.
- Também achei muito estranho. - Disse Sarah no mesmo tom, Victória e Edna apenas se olharam, Edna chamou as meninas para ajuda-la a levar as sacolas até o carro.
- Lisa, realmente foi uma honra ser convidada para ser madrinha do seu casamento, mas eu realmente não me importo do Michael ficar ao lado dela na cerimônia.
- A ideia de que ela poderia ser a acompanhante dele foi do pai dela, porque não tínhamos certeza se a Michelle poderia vir, então mesmo se você não fosse a namorada dele, ou se você tivesse recusado o meu convite, a Michelle que o acompanharia. - Explicou Elisabete.
- O Michael não gostou da ideia dela ser acompanhante dele na época, imagina agora que ele sabe que o pai dela queria casar os dois. - Resmungou Victória.
- Isso que eu não estou entendendo, pensei que isso fosse ideia do pastor, não imaginei que ela realmente fosse interessada no Mike! - Disse Sarah distraída.
- Sarah! - Exclamou Elisabete, Sarah olhou para Claudia constrangida.
- Desculpe-me. - Pediu Sarah. - Mas foi vocês que começaram falando do interesse do pastor em tê-lo como genro.
- Não se preocupem, que ela é apaixonada por ele isso eu já percebi, o que eu não estou entendendo é o que o pastor tem haver com isso! - Encarou as três.
- Desde que o pastor conheceu o Mike, que ele sonha em tê-lo como genro. - Começou Victória. - Eu particularmente acho que ela não é apaixonada por ele coisíssima nenhuma, ela só está assim por suscetibilidade.
- Sei não! A Rebeca sempre foi mimada, e ela sempre foi apegada ao Mike, o que me surpreendeu foi a agressividade dela, ela não costuma ser assim.
- Verdade, ela foi desnecessária, mas ver o pai fazendo as atrocidades que ele tem feito ultimamente, eu acho que ela começou a pensar que poderia fazer o que queria do jeito que queria - Refletiu Elisabete.
Edna voltou com as meninas e elas mudaram de assunto, mas Claudia não conseguia parar de pensar na mulher que parecia ser perfeita para o Michael ou para qualquer outro homem, linda, sem traumas, sem cicatrizes, sem um passado vergonhoso.
- "Pare com isso Claudia, Deus está restaurando a sua vida, amanhã você vai descer às águas, vai declarar publicamente a sua fé em Jesus, vai declarar que você o reconhece como o Salvador da sua vida, todo o seu passado vergonhoso Ele tomou para Si, para que você pudesse ser salva e tivesse a vida eterna, não ponha tudo a perder porque está com medo e enciumada, Deus te ama, tudo o que vier é providência dEle para você" - Pensou, respirando profundamente e voltou a atenção para as outras, e fez o possível para ter uma tarde inesquecível, e foi exatamente o que aconteceu, teve uma tarde inesquecível com pessoas inesquecíveis.
A manhã seguinte amanheceu linda e espetacular, Claudia olhou-se no espelho e sorriu lembrando-se da imagem que vira no seu primeiro dia de trabalho, ela se achara linda naquela manhã, e ficara feliz por estar tão bem e plena, nos últimos tempos ela tem se sentido feliz e plena, tem se amado de uma maneira como não se amara por muitos anos, e o mais interessante era que ela conseguia amar as outras pessoas, e não entrava em pânico, quando as coisas não saiam como o planejado, pois agora ela sabia, que o planejar era dela, mas o agir era de Deus.
- Bom dia! - Cumprimentou radiante.
- Bom dia. - Respondeu Luciana sorrindo. - Uau! Você está brilhando literalmente.
- Sinto que estou brilhando! - Disse rodopiando. - Pronta?
- Sim, estou pronta! Ainda não me conformo que você não me deixou preparar o almoço.
- Você é minha convidada, e além do mais, você precisa aproveitar o seu namorado que já vai embora amanhã.
Pegou pelo braço da amiga e saiu cantarolando. Marcelo já esperava por elas lá embaixo, iriam tomar café da manhã na casa dos pais, Michael e Katherine iria encontrar com ela lá, era a primeira vez que a mãe iria passar algum tempo com ele, ela estava um pouco apreensiva, mas o pai pediu para dar um voto de confiança à mãe, e era o que ela estava fazendo.
Eles e a igreja iriam almoçar na chácara de uma das irmãs e passar todo o dia por lá, o batismo estava marcado para depois do almoço, e cada irmão era para levar algo para o almoço e para o lanche da tarde, Carla e Jéssica que também vieram para prestigiar a irmã neste momento tão especial ficaram de organizar a comida e prepararam tudo no restaurante, dando um pouco de descanso para Luciana.
- Bom dia. - Cumprimentou o primo com um sorriso de orelha a orelha. - Obrigada por ter vindo. - Abraçou-o.
- Bom dia! Não poderia deixar de vir, estou tão feliz por você. - Apertou o abraço sorrindo, e ela gargalhou ao se afastar dele e ver o sorriso bobo dirigido para a amiga.
- Olá! Como está minha amada? - Perguntou carinhosamente.
- Saudades do meu amado. - Sussurrou Luciana corada.
Passando pelos dois Claudia entrou no carro sentando no banco traseiro, colocou o fone de ouvido e ficou ouvindo música, sorriu discretamente quando eles entraram no carro visivelmente contentes por ela aparentemente não estar prestando atenção neles.
O café da manhã foi um sonho, a mãe se comportou maravilhosamente bem com o Michael e a Katherine, e com o coração cheio de alegria por estar recebendo tantas bênçãos ela e sua família seguiram para a igreja, iriam todos sair de lá para a chácara, jamais imaginou que poderia ser tão feliz.
A manhã passou rápido demais, o pastor Mário recebeu maravilhosamente os amigos e os familiares de Claudia, e a tarde quando ela desceu as águas, ela chorou emocionada. Não imaginara que um ato simbólico que representava nascer de novo poderia ter um significado tão grande para ela, chorara quando Marcelo e Luciana abraçaram-na também emocionados.
- Obrigada, por jamais desistir de mim. - Sussurrou para o primo.
- Jamais! Deus tem grandes planos para você. - Respondeu sorrindo.
- E quanto a você, jamais poderei agradecer o suficiente tudo o que tem feito por mim. - Disse à Luciana.
- Deus nos colocou na vida uma da outra, para cumprir com a Vontade dEle em nossas vidas, continue a fazer a Vontade dEle e seja feliz. - Abraçou-a emocionada.
Ela foi até o namorado que observava de longe. O sorriso dele iluminou-se ao vê-la e ela sentiu seu coração aquecer, e com um sorriso tão grande quanto o dele, ela se aproximou abraçando-o, ele a aconchegou em seus braços, aliviado por Deus tê-la trazido para ele.
- Obrigado por fazer parte da minha vida! - Disse escondendo o rosto nos cabelos dela ainda molhados.
- É uma honra fazer parte da sua vida e muito me alegra tê-lo na minha vida, obrigada por estar sempre ao meu lado. - E ficaram ali, apenas curtindo a presença um do outro, até que foram cercados pelos outros e a intimidade foi interrompida.
Naquela noite ela era só sorrisos, aparentemente nada havia mudado com o batismo, mas em seu coração ela sentia que algo mudara, agora ela não era mais apenas alguém que ia à igreja, agora ela era a igreja, pela milionésima vez se olhou no espelho, o cabelo preso em um rabo de cavalo, o vestido estampado em flores pequenas longo e de manga curta, ela era outra mulher, mas o que mais lhe agradava nesta nova mulher era o sorriso e o olhar.
- "Obrigada Jesus, por fazer de mim uma nova criatura em Ti, obrigada"! - Pensou sorrindo. Saia do quarto quando recebeu uma mensagem do Michael.
Estamos aqui na frente do seu prédio te esperando.
Estamos? - Perguntou sorrindo.
Sim, eu e Katie.
Ok! Estou descendo. - Enviou a mensagem e saiu quase correndo, sendo obrigada a esperar, pelo elevador.
- "Como demora! Se eu não fosse suar eu iria pelas escadas". - Pensou agoniada.
Ela foi recebida com abraços e com flores e bombons.
- As flores e os bombons, foram ideias da minha mãe e do meu avô, eles disseram que estão muito felizes pela senhora, e que logo virão aqui vê-la, mas quem escolheu os bombons fui eu e as flores foi o meu pai.
- Obrigada, a todos vocês. Eu vou ligar agradecendo.
Como sempre Katherine conversou toda a viagem, e o coração dela transbordou ao chegar na igreja e ver os pais e as irmãs esperando por ela ao lado do Marcelo e Luciana; foi uma noite perfeita para um dia perfeito, participou da ceia do Senhor e mais uma vez entregou sua vida e as vidas daqueles que lhe fizeram mal nas mãos do Senhor, na terça-feira ela iria estar com eles e dizer-lhes que estaria abrindo mão de entrega-los à justiça dos homens, mas não abriria mão de entrega-los à Justiça de Deus, só esperava que Deus lhe desse sabedoria para que ela soubesse se expressar e eles a compreendessem.
Continua...
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