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67 - Deus é maior que a nossa consciência.

A mãe respirou fundo mais não disse nada. Claudia abaixou-se ao lado dela.

- A senhora não entende, mas eu tenho orado para Deus por o perdão em meu coração; e estou feliz por não odia-lo, apesar de que não sei exatamente como me sinto em relação ao Jorge, mas eu sei que Deus resolverá tudo da melhor maneira possível.

- Minha filha, você está ouvindo o que está falando? - Claudia olhou-a confusa. - Você está deixando as decisões importantes da sua vida nas mãos de uma divindade!

- Claro que não mamãe! - A mãe a olhou desconfiada. - Deus não é uma divindade mamãe! Ele é o Senhor Supremo da minha vida, o Deus Único e Imutável que sempre esteve comigo mesmo quando eu nem imaginava que era assim.

- Minha filha o que fizeram com você? Você é uma pessoa racional e adulta, sabe que temos que lutar pelo que queremos, como pode acreditar em uma força misteriosa e mística que age na sua vida tirando tudo do lugar? Isso é fanatismo!

- Não sei te explicar e não conheço todos os versículos da biblia que te ajudaria a entender, mas eu te entendo, eu era assim, eu me recusava a aceitar que Deus poderia ter alguma coisa com a minha vida, principalmente depois de tudo pelo qual eu passei, e hoje eu dou graça pelo Espírito Santo ter me convencido do Seu Amor. Olha bem para mim, a senhora não vê a mudança?

- Claro que eu vejo, até a Carla está diferente, mas eu me preocupo filha, essas mudanças são boas?

- Me diz a senhora! Qual a situação que mais te agrada? Aquela do natal em que a senhora não estava com todas as suas filhas e as que estavam juntas ainda ficavam se agredindo verbalmente, ou está de agora, em que mesmo com tudo o que está acontecendo suas filhas estão juntas e se defendendo? Quando a senhora viu uma de suas filhas arrumando para ir embora e as outras estarem juntas com ela e ainda lamentando a sua partida?

- Verdade! - Disse emocionada. - O que está acontecendo? Eu fiquei surpresa quando elas sugeriram vir com você conhecer o Sérgio. - Ela sorriu para a mãe. - Tudo isso é muito confuso para mim, estou feliz por você e suas irmãs, mas essa Fernanda e o irmão dela! Ele destruiu a sua vida minha filha! - Disse com lágrimas nos olhos.

- Eu sei mãezinha! Mas Deus cuida de mim, e ele cuida dos meus inimigos, li um dia desses com Luciana, que devemos orar pelos nossos inimigos, e eu vou fazer isso, vou orar por cada um daqueles que me machucaram, para que um dia eles sintam a paz que eu sinto agora.

- E se eles não quiserem? Bandido será sempre bandido.

- Se eles não quiserem, só lamentarei por eles, assim como lamento pela senhora.

- Não entendi!

- A senhora já conversou com o meu pai?

- Sobre o quê? Ele mal teve tempo de explicar como foi na delegacia.

- Mamãe, eu não estou falando do meu pai Pablo... - Disse franzindo a testa, a mãe ficou corada, ela sorriu, era a primeira vez que via a mãe corada.

- Ah!

- Ah! E aí quando a senhora vai falar com o meu pai Sérgio? Vai se resolver com ele, perdoar e se por no lugar dele, entender que ele também sofreu, e que ele não havia muita coisa que ele pudesse fazer naquela época!

- Preciso mesmo disso? - Perguntou desconfortável.

- Mamãe! A senhora está na casa do cara, e vai continuar ignorando ele? Continuar agindo como se fosse uma jovem, mimada e imatura?

- Menina você me respeita! Você pode até ter conseguido outro pai, mas mãe, você ainda só tem uma, 'euzinha'. - Claudia gargalhou. - Não existe mais respeito! - Disse dramática.

- A senhora que sabe, só não esqueça que ele é o pai da sua filha, e que ela quer a família reunida sempre que possível, então... - Disse saindo dando de ombros.

- Então o quê? - Perguntou indo atrás da filha. - Você não tem vergonha de chantagear a sua própria mãe? - Ela virou-se para a mãe de olhos arregalados.

- Eu! - Exclamou com a mão no coração. - Chantageando a minha própria mãe? De onde a senhora tira essas coisas mamãe? Quem escuta até acredita! - Concluiu inocentemente, mãe e filha caíram na risada.

- Vamos vê suas irmãs. - Disse abraçando a filha.

- Mamãe, nós vamos ao culto hoje com o Lucas e a Lorena, vamos também! - A mãe parou, fazendo-a parar, olhou nos olhos da filha intensamente deixando-a encabulada.

- Eu vou falar com o seu pai, vou fazer um esforço para irmos. E quanto ao Sérgio, você tem razão, está na hora de eu falar com ele. - Ela abraçou a mãe, imensamente feliz.

- Obrigada mamãe! - Beijou a mãe. - Eu vou ver a Lorena e a Fernanda.

🌹🌹🌹

O advogado de Víctor Hugo queria falar com ela, e naquela tarde ela e o pai o encontrou na sorveteria onde falara com o rapaz no dia anterior.

- Estamos muito felizes por você estar viva, se soubéssemos na época que você teria sobrevivido, já teríamos resolvido isso. Quero que saiba Claudia que sou totalmente contra o que aconteceu contigo, mas o Víctor Hugo é filho de uma pessoa muito especial, e eu o amo como a um filho, então mesmo se ele tivesse participado do ato de violência contra você ainda assim eu iria defendê-lo, você consegue me entender?

- Sim. - Ela sorriu. - O senhor disse que 'mesmo se ele tivesse participado', isso significa então que ele não participou do estupro. - Ela olhou para o pai com um sorriso enorme, o pai apenas balançou a cabeça confuso.

- Não, ele não participou.  A propósito ele disse para eu te entregar isso, a decisão é sua do que fazer com ela. - Entregou-lhe um embrulho, ela sabia do que se tratava.

- Por que o senhor não disse a verdade à ele? - Perguntou olhando o pequeno embrulho em sua mão, ali estava todo o horror que ela viveu naquela noite.

- No início eu temia que o rapaz que fez o vídeo tivesse editado, na época não tinha a tecnologia de hoje, mas já era possível fazer isso, então eu o procurei, e ele me disse que nada foi adulterado, ele mandou para o Víctor Hugo, porque não conseguia dormir, ele me disse que quando fechava os olhos tinha pesadelos horríveis, ele sabia que o Víctor Hugo queria denuncia-los, por isso mandou a fita para ele, essa não é uma cópia como havíamos pensado é a original.

- E por que ele próprio não foi a polícia? - Perguntou Pablo.

- Por causa do pai, isso destruiria a carreira dele.

- Isso é verdade. - Disse Pablo pensativo.

- E depois por que o senhor não disse a verdade ao Víctor Hugo? Ele se martiriza pelo que aconteceu.

- Eu sei! Mas ele não me deixa falar nada sobre isso, todas as vezes que eu toco no assunto ele desconversa e se eu insisto ele me deixa falando sozinho.

- O que o senhor acha do Jorge? - Perguntou Claudia.

- Estou surpreso por ele não ter fugido. Falei com ele e a Diana, ele está furioso, porque se ele for preso, vai ser muito difícil manter o registro de medicina, e ser médico é a vida dele.

- Entendo. - Lembrou-se do Sérgio falando que ele era um excelente médico. - O que vocês dois como advogados acham que pode acontecer com eles? - Os dois entreolharam-se, Pablo balançou a cabeça, e o outro deu de ombros.

- Sinceramente? - Perguntou Aziz e ela assentiu. - Eu vou te falar o que eu falei para o seu pai, isso vai acabar em pizza. - Ela olhou surpresa para o pai. - Quando eu procurei o Leonardo, ele me deu todos os nomes envolvidos, e são todos filhos de pessoas importantes, e eu estive de olho neles estes anos, a maioria cresceu e são capazes de defenderem sozinhos, e ainda assim os pais não deixarão de apoia-los, têm dois deles que estão em uma situação delicada, ainda assim duvido que os pais permitam que seus nomes seja jogado na lama com um caso desses, o elo mais frágil dessa corrente é o Víctor Hugo, porque apesar dele ser mais rico que alguns deles, ele não tem conexões políticas ou de grandes empresários, e o que move esse País é o poder político e econômico, lamentavelmente.

- Eu sinto muito minha filha, sei que fui movido pela arrogância, mas eu não queria que você fosse exposta e eu admito que se a decisão ainda fosse minha, eu continuaria a proteger você, essa sempre será a minha meta, posso fazer tudo errado, mas o foco é sempre te proteger.

- Eu sei papai. Deus sabe de todas as coisas, e se Ele permitiu que as coisas fossem esclarecidas só agora, Ele sabe os motivos, eu confio que tudo será resolvido da melhor maneira possível.

- Mas o fato de eu ter escondido isso pode nos acarretar problemas. - Disse o pai calmamente.

- Porquê?

- Como seu pai, eu deveria ser o primeiro a querer todos eles presos, e eu evitei que fossem investigados.

- Acho que tem algo errado com o meu cérebro, pois continuo não entendendo. - Os dois se olharam.

- É possível que alguns digam que você queira aparecer ou se promover. - Disse Aziz.

- Isso é ridículo! - Disse em pânico. - Quem pensaria uma coisa dessas?

- Bem mais pessoas do que você possa imaginar. - Respondeu Aziz.

- Eu corro o risco de algumas pessoas pensarem que eu provoquei aquilo? - Pensou horrorizada, apesar de ter acusado a mãe inúmeras vezes de culpa-la pelo acontecido, em seu íntimo sabia que a mãe não fazia isso.

- Sim.  - Responderam os dois pesarosos.

- Sei que muitas das minhas atitudes e de algumas atitudes de sua mãe, fez você pensar que nós culpavámos você pelo que havia acontecido, mas nunca pensamos isso meu amor, não sabíamos e ainda não sabemos lidar com isso, mas você é a única vítima nisso tudo. E faremos o possível para te ajudar.

- Todas as pessoas envolvidas serão chamadas? Até o Michael? - Perguntou assustada olhando nos olhos do pai que assentiu.

- Quem é Michael?

- O rapaz que a encontrou.

- A vida de todo mundo será virada de ponta cabeça! - Comentou com um gosto amargo na boca.

- Faremos o possível para manter a imprensa fora disso.

- Mesmo o Víctor Hugo tendo feito a denúncia, eu ainda posso retirar a queixa não posso? - Os dois assentiram.

- Eu quero falar com o Víctor Hugo, e depois quero falar com o Jorge, é possível senhor Aziz.

- Sim, é possível. Mas com o Víctor Hugo se você quiser falar com ele será na delegacia, ele só será solto na segunda-feira.

- Eu já imaginava algo desse tipo. - Respondeu encarando o pai que já levantava, acompanhou-o, despedindo-se do advogado.

🚔🚔🚔

- "Meu Deus, mostre-me a direção; que as coisas aconteçam para que aqueles que me fizeram mal possam ter uma chance espiritual; em nome de Jesus não permita que o rancor, o orgulho, a raiva me cegue para o propósito que existe em tudo o que está acontecendo, Senhor coloque o Seu Amor e a Sua Sabedoria em meu coração, para que eu faça somente aquilo que vem de Ti, que eu não faça nada que os afaste de Ti, use-me segundo o desejo do Seu coração, eu Te amo e sou grata, pela ajuda, pela orientação, pelo cuidado, e principalmente pelo Seu Amor, em nome de Jesus eu Te louvo e tudo em mim será para a Sua Honra e Glória". - Orava em silêncio enquanto ia para a delegacia com o pai, o delegado já os esperava, levando-a para ver o rapaz.

- Você está bem? - Perguntou sentando na frente do rapaz.

- Você não deveria vir aqui, isso aqui não lugar para você. - Disse olhando para os lados.

- Por isso que você se recusou a receber a minha irmã e a sua? - Perguntou cruzando os braços, ele a olhou surpreso.

- Sim, aqui não é lugar para elas. - Disse triste de cabeça baixa.

- Víctor Hugo! - Ele levantou a cabeça. - Não afaste as pessoas que te amam, elas estão preocupadas contigo, e tudo que elas querem é te vê e comprovar com os próprios olhos que você está bem.

- Acho que não, a Lorena deve estar me odiando. - Uma lágrima solitária caiu em cima da mesa, ela fechou fortemente os olhos.

- Não faz isso com a minha irmã e consigo mesmo, você deve a ela uma conversa olho no olho, a decisão do que fazer com a sua vida é sua, mas você não pode decidir por ela, você não tem o direito de fazê-la sofrer mais do que ela já está sofrendo.

- Você não se importa de eu falar com ela? - Perguntou intrigado.

- Você falar com ela não, mas você fazê-la sofrer isso sim me importa, e muito!

- Às vezes eu imaginava que você estava viva e me encontrava, mas na minha imaginação você não era tão simpática! - Ela gargalhou.

- Você tem uma ótima imaginação. - Disse contendo o riso, pois o policial que estava de guarda olhou de cara feia para ela. - Se eu te encontrasse a seis... - Ela pensou melhor. - Seis não, há quatro meses, eu nem ao menos teria ouvido o que você tinha para me falar, eu teria feito um escândalo tão grande! Que a população iria querer te apedrejar. - Ela ficou séria e pensativa. - Eu tinha um ódio tão profundo por vocês, que por muito tempo eu não me olhava no espelho, apesar de não ter mais nenhuma cicatriz no rosto, eu olhava as cicatrizes que eu ainda tenho e a minha vontade era fazer cada uma delas em vocês, eu torcia para que acontecesse alguma coisa bem pior com cada um de vocês, você já assistiu 'sleeper - A vingança adormecida'? - Ele assentiu às lágrimas, ela abaixou a cabeça envergonhada. - Eu desejei que vocês fossem presos e que sofressem as mesmas coisas que aqueles garotos sofreram. - Ela colocou as mãos no rosto, e só então percebeu que também chorava.

- Você tinha motivo para desejar que nos acontecesse aquelas coisas, se levarmos em conta o motivo pelo qual eles foram presos, e o que nós fizemos, acho que nós mereceríamos aquelas coisas. Não fique triste, nós te machucamos, você apenas estava reagindo à sua dor. Eu posso te fazer uma pergunta pessoal? - Ela assentiu. - O que mudou? Por que você não me odeia mais?

- Eu deixei Cristo lavar meu coração de toda a dor e amargura, eu sei agora que não sou responsável pelo que os outros fazem comigo, mas eu sou responsável pelo que eu faço depois disso, perdoar vocês, a mim mesma, meus pais e etc e tal, foi muito complicado, eu tinha muita raiva de Deus, por Ele ter permitido que aquilo acontecesse comigo.

- Nada acontece sem o consentimento dEle. - Ele sussurrou. - Quando eu estava na clínica este era o meu grande questionamento, por que ele deixou que nós fizéssemos aquilo?

- Por que a permissão até pode ser dEle, mas a decisão foi de vocês. Eu acredito que se você não estivesse drogado, você jamais teria dado aquela ideia ao Jorge, poderia até ter pensado, mas não diria a ele, as coisas que nos acontece é um reflexo das nossas próprias decisões e das decisões de outras pessoas que afetam as nossas vidas, e foi isso que finalmente eu compreendi, a decisão de me perder ou não, por causa das escolhas de outras pessoas, é minha minha, sempre será minha. Você escolheu se refugiar nas drogas para esquecer o abandono de seus pais, as maldades da sua madrasta, e veja onde isso te levou! Eu escolhi ficar remoendo a dor e a triste, e isso me afastou das minhas irmãs que eu tanto amo, fez com que minha relação com os meus pais se tornasse em um campo minado, Louvado seja a Deus que abriu os meus olhos para tudo o que eu estava perdendo, e finalmente eu entendi que ficar alimentando sentimentos ruins, só me destruiria.

- Você parece tão em paz! - Admirou-se.

- E eu estou em paz.

- Também gostaria de estar em paz.

- Eu te falo por experiência, só Deus pode te dar essa paz. - Ele a encarava admirado, ela ficou constrangida, ainda era estranho para ela as pessoas olharem-na com admiração. - Por que você veio à polícia? - Perguntou mudando de assunto.

- Não sei exatamente! Eu fiquei muito assustado quando te vi entrando no carro do doutor Sérgio, mas depois que eu falei com a minha irmã até que me acalmei, mas o Jorge chegou lá me falando um monte, disse que iria me internar novamente que eu estava totalmente fora de controle, que eu sou um covarde da pior espécie, que não assumo o que faço e ponho a culpa das minhas atitudes nos outros, que mais uma vez a vida dele seria destruída por minha causa; sei lá o que me dei, eu perdi a cabeça, e quando me dei conta estava na delegacia contando tudo para o delegado.

- Você deveria ter esperado para conversamos hoje, como havíamos combinado, ou ido até a casa do Sérgio.

- Eu não tinha condições para enfrentar a Lorena, e além disso, eu fiz a besteira, tenho que encarar isso. - Disse passando a mão na cabeça. - Eu entendo o delegado desconfiar de mim, mas por que ele desconfiou de você? Aquilo foi muito estranho. - Comentou mudando de assunto.

- Ele deve acreditar que estupro coletivo é o sonho de qualquer garota. - Disse irritada. - Fiquei surpresa pela sinceridade do Jorge, você soube?

- Sim, ele veio falar comigo, se o tio Aziz não estivesse com ele, eu jamais acreditaria nele, mas estou feliz por ele ter falo a verdade. O tio Aziz disse que mesmo eu e o Jorge falando a verdade, precisaremos que os outros confirmem, e que tudo isso pode te deixar em uma situação muito constrangedora. - Ela assentiu.

- Pelo que eu entendi, me parece que as pessoas pensam que as mulheres são estupradas porque provocam propositadamente a libido dos homens, e os coitadinhos não são capazes de se controlarem, então teoricamente, me parece que eles apenas estão pegando o que lhe foi oferecido, agora eu te pergunto por que as mulheres no Afeganistão ou Paquistão que são obrigadas a usar burca são estupradas? Ou em outros países de cultura islâmica, que mesmo que não usam burca, mas são as mulheres mais cobertas do mundo, e ainda assim sofrem todo tipo de violência, o que elas estão oferecendo? - Ela passou a mão no rosto furiosa para secar as lágrimas. - "Estou mais sensivel que o normal". - Pensou triste.

- Perdoe-me por passar por todo este constrangimento e dor, tudo isso é culpa minha. Se você soubesse o quanto eu sinto! - Colocou a mão no rosto, ela tocou na mão dele delicadamente.

- Não fica assim, eu já perdoei você, agora você precisa se perdoar. - Ambos ficaram em silêncio por alguns segundos. - Eu tenho um desafio para você.

- Que desafio? - Perguntou sorrindo.

- Você verá a Lorena e a Fernanda amanhã, porque na segunda-feira quando for liberto, já teremos ido embora, como você provavelmente já sabe, você vai trata-las com todo o amor que você sente pelas duas, e vai receber todo o amor que elas têm por você, e quando minha irmã vir aqui novamente e ela te convidar para ir à igreja você irá com ela.

- Você está me desafiando a ir à igreja? - Perguntou cético.

- Não. Estou te desafiando a ouvir o que Deus tem para te falar.

- E se Ele não tiver nada para me falar? - Perguntou triste.

- Pode ser que você não queira ouvi-Lo, mas eu te garanto que Ele tem muita coisa para falar para ti, e o mais importante são coisas boas que transformará a sua vida e te trará paz.

- Você fala igual a Lorena. - Ele deu um daqueles sorriso bobos que ela própria dava quando pensava no Michael, e ela sorriu, era bom saber que a irmã era amada, agora era orar para que ele deixasse Deus cuidar da vida dele, e deixar o passado no passado. - Vocês duas se parecem muito e não é apenas na aparência.

- Obrigada! Fico muito feliz em ser parecida com ela, ela é uma garota corajosa. - Disse orgulhosa da irmã, ele sorriu também orgulhoso.

- Chega de conversa! - Disse o delegado, os dois se olharam revirando os olhos.

- Sim, eu aceito o seu desafio, vamos ver o que Deus tem para mim. - Disse sorrindo, e ela percebeu que o olhar dele já não estava tão frio como no dia anterior.

- Eu vou cobrar! - Ofereceu a mão à ele que ele apertou firme. - Nos veremos Víctor Hugo.

- Sim, nos veremos! Faça uma boa viagem Claudia. - O policial o levou e ela ficou olhando até ele sumir do campo de visão.

- Se tudo o que vocês disseram for mesmo verdade você é uma pessoa muito estranha. - Disse o delegado assustando-a.

- Ainda acha que estamos mentindo, e chantageando o Jorge? - Perguntou seguindo-o.

- Não sei o que pensar, o Jorge veio depor até pediu para eu solta-lo, ma infelizmente não posso fazê-lo sem a autorização de um juiz.

- Ou seja, sem uma fiança! - Provocou.

- Ele confirmou a história de vocês. - Continuou ignorando-a. - Ele disse que era o culpado pelo Víctor Hugo ter se entregado para a polícia, e que ambos estavam muito nervosos e não estavam pensando direito.

- Por que vocês prenderam o Víctor Hugo e não prenderam a ele?

- Chamamos o doutor Jorge para esclarecimentos e ele compareceu, ele respondeu a todas as nossas perguntas e não apresenta perigo a ninguém, não temos porque prende-lo, pedimos para que ele não saia da cidade, e ele não sairá.

- O senhor está surpreso. - Afirmou olhando-o de lado.

- Admito que sim, eu esperava que ele fugisse, foi uma surpresa quando ele apareceu aqui hoje pela manhã, ele veio do plantão direto para cá.

- O senhor acredita mesmo que eu inventaria uma história dessas? - Perguntou cautelosa.

- Não! Mas eu tinha que eliminar todas as probabilidades, para a sua própria segurança, e depois que o senhor Aziz me deu a relação dos acusados, eu fiquei ainda mais preocupado com que pode te acontecer, a sua melhor defesa é a fita que o senhor Aziz disse que te entregou.

- Eu não vou usa-la, ainda não dei um fim nela porque ela pode provar quem não me tocou naquela noite.

- Então você vai usa-la sim.

- Não, além do Marcelo que gravava e do Enrico que não estava presente, três rapazes não participaram do estupro segundo o senhor Aziz que viu a fita, claro que eles responderão pelo que cabe a eles, mas não pelo estupro. Eu mostrarei a eles, e se isso for adiante, meu pai conseguirá com que eu mostre apenas ao juiz. - O delegado sorriu.

- O que foi?

- Conheço pessoas que se gabam por ter 'um' pai importante, você tem 'dois'.

- Pois é, eu tenho dois pais importantes, e eles estão preocupados que eu seja engolida pela justiça, imagine as garotas que não tem ninguém 'importante', do lado delas! - Ela disse chegando na saída, sorriu, seus dois pais importantes a esperavam. - Obrigada delegado por me deixar falar com ele.

- Não foi nada, e desculpe-me por ter pegado tão pesado com você.

- Tudo bem. O senhor estava fazendo o seu trabalho, e me preparando para o que vem por aí.

- Lamento, mais não será fácil, é melhor você se preparar para o pior. - Ela sorriu desanimada despedindo-se dele, indo ao encontro dos pais.

- Como você está? - Perguntou Sérgio. / - Ele te maltratou? - Perguntou Pablo. - Ela abraçou os dois.

- Eu estou bem. - Beijou o rosto do Sérgio. - Ele não me maltratou. - Beijou o rosto do Pablo. - E então alguma novidade do senhor Aziz?

- Eles estão te aguardando. - Respondeu Pablo. - Tem certeza, minha filha?

- Tenho papai. Vamos?

🍦🍦🍦

O senhor Aziz e Jorge os esperavam na sorveteria, a dona do local a olhou atravessado, e ela abaixou a cabeça constrangida. Pablo e Sérgio a acompanhavam um de cada lado, e apertaram sua mão. - "O Senhor é bom comigo, obrigada"! - Pensou levantando a cabeça. O senhor Aziz levantou para cumprimenta-los, Jorge ficou de cabeça baixa.

- Eu posso falar a sós com ele?

- Não! - Responderam os pais juntos.

- Vocês estarão a uma mesa de distância, não se preocupem!

- Sua mãe já está querendo me matar porque eu concordei com esses encontros, imagine se ela sabe que eu te deixei sozinha com ele. - Replicou Pablo.

- Papai vai ficar tudo bem.

- Vamos Pablo. - Disse Sérgio puxando-o pelo braço. - Nós estaremos de olho. - Ela sorriu nervosa, os três homens sentaram em uma mesa próxima, suspirando ela sentou.

- Olá Jorge! - Ele levantou a cabeça, seus olhos estavam vermelhos e com olheiras.

- Olá Claudia! O que você quer falar comigo? - Perguntou desanimado.

- Eu tenho algumas perguntas.

- Pode fazer. - Disse olhando-a nos olhos.

- Você vai me responder com a verdade?

- Sim.

- O que você teria feito se tivesse me encontrado sozinha, naquela livraria ou em qualquer outro lugar? - Ele desviou o olhar.

- Eu faria qualquer coisa para te convencer a desaparecer e esquecer essa história.

- Eu entendo! É melhor ter vários cadáveres no armário do que permitir que alguém descubra o primeiro cadáver. - Ele sorriu triste.

- É mais ou menos isso!

- O que aconteceu que você resolveu dizer a verdade? - Ele ergueu a mão direita, e só então ela viu a aliança.

- Há quatro meses eu fiquei noivo, quando eu decidi pedi-la em casamento a minha sobrinha me fez dizer a verdade a ela, a Nanda acreditava que não seria justo pedi-la em casamento com uma grande mentira entre nós. - Ele abaixou a cabeça. - Quando eu contei a ela, pensei que fosse morrer, ela ficou furiosa, magoada, decepcionada, nunca imaginei que fosse sofrer tanto depois do que eu sofri quando minha sobrinha soube, mas eu estava enganado. - Ele respirou profundamente. - Ela me perdoou, e quando a pedi em casamento ela aceitou, com a condição de que eu jamais voltaria a mentir para ela, e ontem quando eu te vi, eu entrei em pânico, eu não poderia dizer a ela que você estava ali, e nem poderia mentir para ela. Eu não deveria jamais ter dito aquelas coisas para o Víctor Hugo, foi por minha causa que ele procurou a policia. - Ele mexia com a aliança enquanto falava. - Foi a minha noiva que foi ao hospital me avisar o que ele havia feito, e ela me pediu para não decepciona-la, me beijou e foi embora, como você vê eu não poderia mentir, mesmo sabendo que meus sogros me odiariam e me proibiriam de vê-la, exatamente como aconteceu.

- E ela? 

- Ela disse para eu não me preocupar, que ela estará ao meu lado, que é justo eu pagar o que devo para a sociedade, e que depois disso tudo eu estarei pronto para ser o marido e o pai que ela sabe que eu serei. - Concluiu com as lágrimas molhando o rosto.

- Ela tem razão, se livrar dos cadáveres é a melhor maneira de se perdoar, e buscar o perdão dos outros.

- Você, algum dia me perdoará? - Perguntou entre as lágrimas.

- As feridas que você deixou em mim, são muito mais profundas do que aqueles cortes que você fez por todo o meu corpo, os pesadelos, a magoa, a dor, o ódio por quem me machucou  e por mim mesma, a raiva por não ter uma vida normal. - As lágrimas silenciosamente também começaram a molhar o seu rosto. - Eu fui destruída por vocês, mas eu me permiti viver nos escombros, até finalmente eu perceber isso e compreender que a minha vida era um assunto meu e que só eu poderia tomar a decisão de sair do lugar onde vocês me deixaram, e que a ajuda estava muito mais perto do eu imaginava.

- Você faz tratamento psicológico?

- Não mais. Agora eu tenho uma amiga psicologa que me ajuda, e que fica atenta para o caso de eu precisar voltar a fazer terapia.

- Você parece demais com a Lorena, e não é apenas fisicamente, você fala igual a ela e tem uma luz especial, você não tinha essa luz quando eu te conheci.

- Eu imagino!

- Como você pode estar tão tranquila?

- Na verdade não estou, mas de nada me adiantará ficar nervosa e estressada. Jorge você se arrependeu do que me fez?

- Sim. Eu fui o pior de todos eles, todos eles sem exceção ficaram mal depois do acontecido, a minha ficha só foi cair depois que eu vi o Víctor Hugo na pior, e ainda assim eu tinha tanta raiva de você que colocava toda a culpa em você, e conforme minha sobrinha foi crescendo, finalmente eu percebi o absurdo do que eu havia feito com você, se acontecesse algo parecido com ela eu morreria, foi quando eu comecei a pensar em você, foi quando finalmente minha consciência começou a pesar.

- Ainda assim você queria se livrar de mim.

- Eu não queria mesmo era ter que enfrentar essa situação, mas pelo visto, não dá para continuar fugindo.

- As pessoas não parecem saber de fato o que está acontecendo.

- Ainda não, mas com certeza todos já perceberam que está acontecendo algo fora do comum, toda essa movimentação na delegacia no fim de semana, já gerou mil e uma especulação. - Disse baixo.

- O que você pretende fazer?

- Não sei! - Respondeu passando as mãos na cabeça, ela recebeu uma notificação de mensagem, era da Lorena.

Você não vai à igreja?

Já estou indo, perdi a noção do tempo. - Respondeu.

- Desculpe-me Jorge, mas tenho que ir. - Disse levantando. - Espero que tudo acabe bem.

Continua...

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