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66 - Eis que faço uma coisa nova.

A primeira coisa que Claudia viu ao chegar à sala foi as pizzas sobre a mesinha de centro, a família estava dispersa pela sala em silêncio, mas a atenção de todos voltaram para as duas no momento em que ela abriu a boca.

- Ninguém está com fome? - Perguntou naturalmente, nem parecia que as paredes das vidas bem organizadas de todos estavam desmoronando, as irmãs reviraram os olhos exasperadas.

- Só mesmo você para pensar em comida uma hora dessas. - Resmungou Carla, ela deu de ombros e apertou a mão da irmã mais nova assentindo.

- Pai, Lucas, eu preciso ver o Víctor Hugo. - Disse Lorena.

- Filha... - Começou o pai constrangido ela aproximou-se dele, com um sorriso triste.

- Por favor, pai! Ele está sozinho, vou ficar com ele só até a Nanda chegar.

- Filha... - Começou novamente coçando a cabeça, Lucas aproximou-se do pai, apertando-lhe o ombro.

- Maninha sabemos que ele jamais machucaria você, mas neste momento ele está revivendo uma situação traumática, ele está cheio de dúvidas e medos, então, apenas para não darmos espaço para o inimigo agir, nós vamos com você, ficaremos afastados, pode ser? - Perguntou gentilmente.

- Sim. Até porque se não for assim, vocês não me deixarão ir, certo?

- Certo! - Responderam os dois, o pai visivelmente aliviado.

- Ok! Então vamos, e vocês dois se comportem! - Alertou ela firme, os dois ergueram as mãos em sinal de rendição.

Claudia sorriu, estava feliz pelas famílias à qual fazia parte, ficou grata pela atitude do irmão, também acreditava que o Víctor Hugo não a machucaria, mas o irmão estava certo era melhor evitar a tentação.

- "Obrigada, ó Deus! Pelas famílias que o Senhor escolheu para mim, obrigada, pela compreensão do meu pai e do meu irmão para com a minha irmãzinha". - Pensou enquanto pegava as pizzas e seguia para a cozinha; lavou as mãos e pegou um pedaço de pizza que já estava fria.

- Meu Deus do céu! O mundo está se acabando em chamas e a pessoa só pensa em comer. - Disse Mariana sentando acompanhada pelas irmãs.

- Que culpa tenho eu, se vocês não sentem fome? - Perguntou de boca cheia, Mariana fungou, Carla e Jéssica sorriram.

- Poderia pelo menos ter esquentado. - Disse Jéssica sorrindo, ela apenas deu de ombros. - Não que você se importe com pizza fria.

- Mas os outros se importam. - Disse Carla colocando a pizza no micro-ondas, o interfone tocou entreolharam-se, e Carla suspirando foi atender.

- Quem será a uma hora dessas? - Perguntou Jéssica assustada.

- EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NO VERÃO PASSADO! - Disse Mariana com a voz grossa no ouvido da irmã que saltou da cadeira indo sentar ao lado da irmã mais velha.

- Bruxa! - Gritou Jéssica.

- Não chame a sua irmã de bruxa, mesmo que ela aja como uma algumas vezes, e Mariana pare de amedronta-la! - Pediu Claudia, ela parou com o pedaço de pizza perto da boca, Carla olhava-a pálida.

- Quem era? - Perguntou devolvendo a pizza para o prato.

- A polícia.

- O quê? - Perguntaram juntas se levantando, Jéssica agarrou-se em Claudia.

- Eu vou ligar para o seu pai. - Disse Mariana; bateram na porta, elas entreolharam-se nervosas, Carla foi na frente sendo seguida pelas três.

- Boa noite. - Cumprimentou Carla.

- Boa noite. Gostaríamos de falar com o doutor Sérgio. - Disse um dos policiais.

- Ele não se encontra. - O policial que falou olhou para as outras atrás dela.

- Ele não atendeu ao telefone. - Disse Mariana no ouvido da irmã.

- Alguma se vocês é Claudia? - Perguntou com um sorriso irônico.

- Sou eu. - Claudia afastou do abraço de Jéssica e ficou ao lado de Carla, o policial surpreendeu-se e olhou para os colegas que também olhavam surpresos para ela.

- Hum! Algum parentesco com o doutor Sérgio? - Perguntou o policial que parecia ser o líder por ali.

- Filha. - Respondeu Claudia fazendo os três policiais arregalarem os olhos.

- A semelhança é incrível! - Admirou o policial encarando-a. - Bem, o jovem Víctor Hugo de Bragança Costa, foi até a delegacia e nos contou uma história muito interessante, e precisamos que a senhora esclareça alguns pontos importantes.

- Se ele já contou a história, qual a necessidade da minha irmã estar lá. - Resmungou Carla.

- Pelo visto vocês sabem do que se trata! - Disse arqueando a sobrancelha. - Carla abriu a boca para responder, mas outro policial a interrompeu.

- Ele não parece bem, nós só precisamos entender o que é real e o que é fantasia, será apenas alguns esclarecimentos, não precisam se preocupar. - Disse o policial gentilmente.

- Está tudo bem meninas, eu vou com os policiais, vocês fiquem aqui e esperem pelos outros. - Disse Claudia passando às irmãs uma calma que ela estava longe de sentir, beijou o rosto das três que estavam visivelmente em pânico.

🚔🚔🚔

As horas seguintes, foi um terror, a polícia lhe fez mil e uma perguntas, ela precisou repetir tudo o que se lembrava sobre aquela noite, por várias vezes, ela foi colocada de frente ao Víctor Hugo, e fizeram perguntas aos dois ao mesmo tempo, aparentemente eles estavam duvidando de ambos; em dado momento ela perdeu a paciência.

- Por que eu estou aqui? Fui chamada por que sou a vítima ou para vocês me tornarem em uma cúmplice? - Perguntou furiosa.

- Só queremos entender como que um de nossos melhores médicos de repente se tornou um estuprador. - Explicou o delegado cansado.

- Pois pergunte a ele? - O delegado ficou vermelho.

- Não pense que porque a senhorita é filha do nosso também querido e amado doutor Sérgio, você está acima da lei! - Replicou autoritário.

- Jamais! Eu nunca pensaria algo desse tipo, fui criada para respeitar as leis e as autoridades, mas isso não significa que eu não saiba os meus direitos, e que eu não brigue por eles.

- Não entendo porque vocês estão atormentando ela com essa história eu contei a vocês o que aconteceu naquela noite, por que estão fazendo isso com ela? - Perguntou Víctor Hugo fraco.

- A única coisa que você nos disse que está muito clara, é que você era um viciado e estava muito doidão naquela noite. - Disse o delegado irônico. - Leve ele daqui. - Disse a um policial, e apontou o dedo para o outro. - E você fica de olho nela, eu vou tomar um café.

- O doutor Sérgio quer vê-la. - Disse o policial.

- Eu vou falar com ele. - Ele saiu e ela colocou as mãos no rosto.

- Eu sinto muito! Não entendo o que o delegado está tentando fazer, você quer alguma coisa? - Perguntou tímido.

- A minha irmã, a Lorena, como ela está?

- O Lucas conseguiu leva-la para casa, mas ela estava muito nervosa, ela é amiga do Víctor Hugo, é mesmo uma lastima o que está acontecendo.

- Verdade! - Ela olhou bem o policial, definitivamente ele não estava gostando daquela situação. - Pelo visto minha irmã não é a única amiga dele.

- Eu sei que ele está falando a verdade, ele jamais mentiria sobre algo tão grave, e compreendo que você deve odia-lo, e talvez me odeie também pelo que eu vou falar, mas não acho justo ele está preso, assim como o Jorge está livre ele também deveria estar, ele é um bom garoto e tenho certeza que ele não fugirá, já não podemos dizer o mesmo do Jorge.

- Pensei que o Jorge fosse o 'bam bam' dos médicos, por aqui! - Comentou.

- E ele é um ótimo médico e uma boa pessoa, mas ele não tem o carisma que o Víctor Hugo tem.

- Entendo! E ele já deu algum esclarecimento?

- Não. Ele está de plantão, virá pela amanhã. - Respondeu frustrado.

- Eu gostaria de um pouco d'água, por favor! - Ele assentiu e foi em outra sala.

Ela suspirou, só esperava em Deus que tudo isso, não estragasse tudo o que aquele rapaz conquistou e ele acabasse voltando aos velhos hábitos. O policial retornou com a água e em silêncio esperaram o delegado voltar.

Chamaram um psicólogo para falar com os dois, a grande dificuldade de todos era o fato de ambos não lembrarem de muita coisa, principalmente dela não lembrar de Jorge na cena do acontecido, levando em conta que ela já o conhecia.

- Eu simplesmente não me lembro! - Suspirou esgotada.

- Você e o Víctor Hugo não estariam apenas tentando prejudicar uma pessoa inocente? - Perguntou o delegado, ela respirou e contou até dez.

- Se é isso ou não, o seu papel é investigar e descobrir, e provar quem é inocente e quem é culpado. - Disse calmamente.

- Mais uma gracinha dessa, e você dorme aqui. - Retrucou entredente.

- Ótimo! Eu estou muito cansada mesmo! - Respondeu sarcástica. - Quem vai me levar? - Perguntou com um meio sorriso, ele levantou encarou-a e saiu batendo a porta. - "Meu Deus me ajuda! Eu estou cansada". - Pensou frustrada.

Quando finalmente foi liberada, já era madrugada, ela estava esgotada física e emocionalmente, Sérgio a esperava, ele veio ao seu encontro e a abraçou, e com este gesto suas forças minaram, e involuntariamente as lágrimas escaparam molhando a camisa dele, por algum tempo ele ficou ali parado no meio da delegacia afagando seus cabelos e sussurrando palavras carinhosas em seu ouvido, até ela se acalmar.

- Vamos para casa, você precisa dormir para descansar a mente e o corpo. - Disse ele beijando-a na testa.

- Parece que eu nunca mais vou dormir, me sinto como se eu estivesse naquele hospital acordando daquele pesadelo. - Ele respirou fundo. - Eu sinto muito por tudo isso. - Disse tensa.

- Nada disso é culpa sua, você sabe disso, não sabe? - Ela desviou o olhar com vontade de chorar, ele pegou no queixo dela virando seu rosto para olha-lo nos olhos. - Filha, não se esconda de mim, deixe-me cuidar um pouquinho de você, está bem? - Ela assentiu e abraçada a ele foi para o carro, quase arrastada.

- E a Lorena? - Perguntou no carro.

- Lucas a levou para casa, ela estava muito aflita, eu pedi para um colega administrar um medicamento nela e na Fernanda. - Ele se mexeu inquieto e olhou-a nervoso, ela franziu a testa. - Minha filha, eu a convidei para ficar lá em casa, pelo menos até o pai dela chegar, a discussão dela com a mãe foi horrível.

- A irmã do Víctor Hugo?

- Sim. Tudo bem para você, podemos manda-la para um hotel...

- Não! Claro que não! Imagine! Ela é amiga da Lorena, e tudo isso deve estar sendo muito difícil para elas, deixe que elas se apoiem.

- Obrigado minha querida! - Ele a puxou a para um abraço de um braço só sorrindo. - Você é muito especial!

A chegada em casa foi mais tranquila do que ela imaginara, estava esperando por uma torrente de perguntas das irmãs, mas elas não disseram nada, ajudaram-na a tomar banho, e Jéssica penteava os seus cabelos, quando uma batida na porta a sobressaltou fazendo-a pular.

- Acalme-se! Você está segura, está em casa. - Disse a irmã acarinhando seu rosto. - Entra. - Pediu mais alto.

- Eu te trouxe um calmante, ele não vai te derrubar, mas vai te ajudar a se acalmar e dormir um pouco. - Disse Sérgio, ela tomou o remédio em silêncio. - Eu posso ficar aqui até você dormir?

- E a Lorena? - Perguntou constrangida, queria o carinho do pai, mas não queria tira-lo da irmã.

- Ela está dormindo, a Carla e a Mariana apagaram no sofá, eu acho melhor não incomoda-las, pode ser que elas tenham dificuldades para voltar a dormir.

- É melhor mesmo. Boa noite maninha - Disse Jéssica beijando o rosto da irmã. - O Lucas terminou com a cozinha?

- Ele ainda estava lá!

- Eu vou ajuda-lo. - Levou a irmã até a cama. - Apenas relaxe, e lembre-se do quanto todos nós te amamos, e estamos aqui para você.

- Dorme meu amor, amanhã será um novo dia. - Disse Sérgio beijando-a na testa, sentou ao lado dela e ficou passando a mão em seus cabelos.

Ela não sabe em que momento da manhã dormiu, mas tinha uma leve sensação de ver o dia clarear através da janela aberta, e sua cabeça doía.

- "Talvez, se eu permanecer de olhos fechados, ela pensa que eu ainda estou dormindo, e para de doer". - Pensou apertando os olhos.

A respiração em seu rosto, a impedia de se concentrar no sono, abriu os olhos pensando encontrar uma das irmãs, mas quem a olhava era sua mãe, seu coração acelerou, não por ver a mãe ali, ela sabia que as irmãs avisaria os pais, o que a surpreendeu de fato foi o olhar da mãe, a última vez que vira aquele olhar equilibrando amor, preocupação e zelo foi naquela fatídica manhã que mudara a vida de todos eles.

- "Talvez as coisas estejam mudando, de novo". - Pensou fechando os olhos, ela afagava seus cabelos como fazia quando ela era criança. - Oi mamãe.

- Oi minha filha.

- Desculpe-me! Pelo visto eu consegui estragar com o feriado de todo mundo.

- Se não tivéssemos sido tão tolos há quase dez anos, provavelmente não estaríamos passando por nada disso.

- Eu fiquei chateada quando soube que o papai não deu respaldo para investigarem o Enrico, mas agora eu acredito que Deus tem sempre o melhor para a gente, Ele permitiu que as coisas acontecessem assim, porque era o melhor.

- O melhor para quem minha filha? Olha o seu estado? Não bastava a humilhação daquela noite, ontem você passou praticamente a noite toda em uma delegacia! Diga-me minha filha, onde está o melhor disso tudo?

- Não sei mamãe! A senhora tem razão ontem foi horrível, as lembranças que eu tive que buscar, as emoções que eu precisei reviver, foi tudo muito doloroso, mas ouvir a história do Víctor Hugo também foi doloroso, e talvez, só talvez Deus tenha permitido tudo isso para salvar a mim e a ele...

- O quê? - Gritou a mãe pulando da cama. - Definitivamente você enlouqueceu.

- Mamãe Acalme-se, por favor! - "Oh, Senhor me dê sabedoria! Estava indo tudo tão bem com ela, ajuda-me a falar as coisas acertadamente, coloca em minha boca as palavras certas, para que ela compreenda a situação, assim como eu compreendo". - Pensou alarmada. - Mamãe... - Tentou levantar, mas sentiu uma tontura e voltou a cair na cama.

- O que foi? - A mãe a ajudou preocupada. - Você está sentindo alguma coisa?

- Só fiquei tonta quando tentei levantar rápido.

- Venha, você precisa se alimentar. - Disse ajudando-a até a cozinha.

- Que horas são? Por que está tudo tão silencioso?

- São onze e dezessete. - Disse olhando no relógio. - E saiu todo mundo, seus pais estão na delegacia, Lorena e a irmã daquele marginal...

- Mamãe, por favor! - Interrompeu gentilmente.

- Não me peça para ser gentil com aquele estuprador, e não me venha dar uma de Marcelo para cima de mim, não quero me estressar com você. - Disse deixando-a na cadeira.

- Tudo bem! E o Lucas e as meninas?

- O Lucas e a Jéssica foram ao supermercado com o Marcelo, a Luciana e a Conceição, não gostei do jeito que aquele rapaz olha para a sua irmã. - Claudia revirou os olhos. - Não vai falar nada? Não vai defender o seu irmão? - Perguntou irônica.

- Se 'eles' precisarem com certeza! O que o Marcelo e a Luciana estão fazendo aqui?

- Vieram todos, até o insuportável do cover do príncipe de Gales.

- How! O encanto já se desfez?

- Pelo amor de Deus! O que é aquela criatura? - Claudia apenas sorriu, ficando logo séria.

- As meninas não deviam incomodar vocês. Já bastava o estrago que eu fiz aqui.

- Na verdade elas não nos avisaram, seu namorado...

- Céus o Michael! - Disse indo para o quarto, o celular não estava na bolsa, voltou para a cozinha. - A senhora viu meu celular?

- Não. Que bom que a tontura passou! - Claudia a olhou irritada. - Está bem! Não precisa se irritar, quando foi a última vez que você o viu? - Ela sentou e respirou fundo.

- Na delegacia! - Exclamou levantando novamente. A mãe a fez sentar.

- Ótimo! E o que aconteceu?

- O Michael estava me ligando, e fui para atender e o delegado pediu o celular, e não me entregou. - A mãe pegou o celular e ligou para o esposo.

- Amor, o delegado ficou com o celular da Claudia.

(...)

- Sim, ela está mais calma. Ansiosa para falar com o namorado.

(...)

- Óbvio que eu farei isso amor.

(...)

- Está bem, vocês vão demorar?

(...)

- Beijos! - E desligou. - Ele pegará o celular com o delegado, e depois que você comer alguma coisa você liga para o Mike do meu celular. - Disse escrevendo no aparelho.

- E a senhora tem o número dele?

- Não. Mas a Carla tem, e ela vai me mandar. - Disse largando o aparelho, o que fizeram com a sua mãe? Ela entregou-lhe a única coisa que sabia fazer na cozinha, sanduíches, Claudia sorriu.

- Obrigada mamãe. - Agradeceu comendo, sentiu o coração aquecer, aquele era um daqueles sabores que lhe lembrava a infância. - E aí, o que tem o meu namorado?

- Ah! Ele não conseguia falar contigo e nem com a Carla, então ligou para o seu pai, ele disse que estava com um mal pressentimento, e você sabe como o seu pai leva a sério esse negócio de mal pressentimento. - Ela assentiu. - Então ele ligou para o Marcelo que também não tinha noticias de vocês, sei que ficou todos tentando ligar até que finalmente, Carla retornou a ligação do Hércules, e disse o que estava acontecendo, resultado? Todos nós na casa do Sérgio. - Concluiu como se aquele acontecimento fosse o mais absurdo de todos os que estavam acontecendo, Claudia sacudiu a cabeça, era sempre complicado tentar acompanhar o raciocínio da mãe.

- Estou feliz por vocês estarem aqui. A senhora não está mesmo brava comigo? Não vai dizer que eu só faço besteira? - Perguntou cautelosa, desde que acordara estava esperando a mãe explodir com ela.

- Não. - Ela sentou de frente para a filha. - O Marcelo me tirou do sério estes últimos dois dias, mas ele me abriu os olhos para o modo como eu tenho agido com você e com as suas irmãs, na minha tentativa de proteger vocês, principalmente você, eu exagerei, você sabe que eu não sou boa com as palavras como o seu pai, e as vezes eu não sei como me expressar, e sinceramente eu não percebia que eu passava a impressão de que as meninas eram mais importantes para mim do que você, perdoe-me minha filha. - Claudia pegou na mão da mãe emocionada.

- Eu entendo mamãe, não sei se a senhora falou com as meninas, mas elas também acreditam que a senhora prefere a mim à elas.

- Eu sei. Não tive oportunidade de falar com a Mariana e a Jéssica ainda, mas aquela conversa que eu tive com a Carla foi muito esclarecedora.

- Eu entendo que a senhora só queria me proteger, e que vocês se sentem culpados pelo que me aconteceu, porque estávamos sozinhas em casa, mas não foi culpa de vocês, estávamos protegidas em casa, e Louvado Seja a Deus, que o pior não aconteceu, e que nada aconteceu com minhas irmãs, eu amo tanto vocês, estou feliz porque a senhora e o papai, decidiram ficar comigo, sou grata por todo o amor e atenção que vocês sempre tiveram comigo. Mas eu cresci, vou cometer erros, vou me machucar, vou chorar, e sei que vocês sempre estarão aqui para mim, como agora, vocês deixaram tudo para estarem aqui comigo, e eu sou infinitamente grata por isso, mas preciso que a senhora me deixe seguir minhas escolhas, pode me aconselhar, me orientar, mas a decisão final mamãe tem que ser minha, a senhora entende?

- Entendo! Acho que o mais difícil é porque eu vivi tempo demais em função de você, e agora me sinto sozinha e sem ação.

- Eu sinto muito por isso; e por ficar sempre à minha disposição esqueceu de suas outras filhas, esqueceu do seu marido, do seu casamento, até de si mesma.

- Quando você me disse aquelas coisas no hospital, sobre eu não te dar espaço, e nem está o suficiente com suas irmãs, eu fiquei tão chateada, e pensei que você não me queria mais por perto, mas agora eu entendo, e eu sinto muito, não garanto cem por cento, mas você tem a minha palavra que eu vou me conter quanto a invadir a sua vida. Pega liga para o seu namorado, a Carla mandou o número.

- Obrigada, mamãe! - Disse pegando o celular, a mãe saiu deixando-a sozinha.

- Alô! - Atendeu no segundo toque.

- Oi! Perdoe-me por não ter falo com você ontem.

- O que houve? Fiquei preocupado!

- Sinto muito, mas eu não queria te preocupar, por isso não te falei nada pela manhã... - Interrompeu-se para refletir.

- Nada de bom saí de uma conversa dessa. - Respondeu angustiado.

- Você lembra dos meu sonhos? - Perguntou aflita.

- Quais? Os do porta-malas e da lojinha de utilidades?

- Esses mesmo. - Disse impressionada. - Pois então, eu vi os dois rapazes dos sonhos.

- Conte-me tudo nos mínimos detalhes, por favor! - Pediu angustiado.

- Saí pela manhã com o meu pai, para irmos à panificadora...

Ele ouviu tudo em silêncio, interrompendo-a vez ou outra para uma pergunta, às vezes ele fungava e ela sabia que ele estava se controlando para não deixar as emoções tomarem conta de si.

- Como você está? Emocionalmente? - Perguntou tenso.

- Eu estou melhor do que eu imaginei que estaria, foi tudo muito rápido e confuso, eu havia pensado em procurar o advogado do Víctor Hugo, ele está com a fita, achei que com a fita seria mais fácil encontrar as outras pessoas envolvidas, admito que não passou pela minha cabeça que ele se entregaria desse jeito.

- Querida, tem certeza que quer ver essa fita? Se você não quiser a justiça não pode usa-la, é a sua imagem e você era menor. - Disse preocupado.

- Eu não sei o que fazer! Estou esperando meu pai e o Sérgio chegarem, não faço ideia do que esteja acontecendo, eu dormi a amanhã inteira, acordei agora.

- Eu vou para aí...

- Não, por favor! Eu admito que eu gostaria muito que você estivesse aqui comigo, mas você está com a sua família e eu quero que você continue aí com eles, amanhã a noite nos veremos falta pouco, aproveita cada minuto com sua avó, seu pai, sua irmã, seu cunhado e deixe a Katie aproveitar a companhia da mãe dela.

- Não sei Claudia, eu já estava inquieto, imagine agora!

- Você estava inquieto porque não sabia o que estava acontecendo, não se preocupe, eu realmente estou bem!

- Ok! Mas eu quero saber tudo o que está acontecendo. Quando o seu pai chegar você me conta tudo o que ele disser, combinado assim?

- Combinado!

- O jovem Víctor Hugo, você acredita no arrependimento dele?

- Sim. Eu acho que ele não participou do que fizeram comigo. - Disse colocando em palavras pela primeira vez o que a estava incomodando desde que falara com ele, Michael ficou em silêncio por alguns instantes deixando-a aflita.

- Você sente isso ou você quer que ele não esteja envolvido?

- Eu não quero que ele esteja envolvido, mas não é só isso, alguma coisa no olhar dele me faz pensar que ele não participaria de uma coisa como aquela.

- Meu amor eu também quero muito que ele seja inocente, mas você precisa pensar que a pessoa que ele é hoje não é a pessoa que ele era a quase dez anos atrás.

- Eu sei! Você acha que eu sou tola por não ter raiva dele, mesmo ele tendo admitido que a ideia foi dele? - Perguntou sentindo um nó na garganta.

- Não. E estou muito orgulhoso de você.

- Mas não sinto o mesmo em relação ao Jorge. - Disse confusa.

- Compreensível, o Víctor Hugo se arrependeu, te pediu perdão, está sofrendo pelo que fez, e você tem um coração sábio e generoso que Deus tem cuidado e colocado amor e perdão nele, e por isso você consegue perdoa-lo e seguir em frente, e deixa-lo seguir também, de preferência pagando o que deve para a justiça dos homens, já o Jorge, não me pareceu que isso tenha acontecido com ele.

- Não mesmo. Eu acho que ele seria capaz de me jogar dentro do rio para as piranhas me comerem. - Disse sentindo um arrepio desagradável.

- Espero em Deus que ele fique bem longe de você. Eu queria tanto estar aí com você!

- Eu também. - Disse manhosa.

- Claudia... - Chamou o pai.

- Meu pai chegou, "Já vou pai", - Gritou. - Eu vou falar com ele e depois te ligo.

- Ótimo! Estarei o tempo todo com o celular. Eu te amo, estarei pensando em você, eu e minha família oraremos por vocês. Eu já disse que te amo?

- Sim, mas você pode repetir quantas vezes quiser, porque eu também te amo, como eu jamais imaginei que fosse possível amar alguém.

- Beijos meu amor, muitas saudades!

- Beijos cheios de saudades. - Desligou com o coração apertado de saudades.

🌹🌹🌹

Abraçou apertado o pai, era sempre bom estar nos braços dele, era sempre seguro e confortável.

- Sinto muito por este transtorno todo. - Disse com a cabeça no ombro do pai.

- Nada disso é culpa sua, você sabe disso, não sabe? - Ela sorriu.

- O senhor e o Sérgio combinaram isso?

- Não mesmo! - Ela assustou-se ao ouvir a voz do Sérgio, ele estava na porta encostado, com um sorriso triste, e cheio de olheiras.

- "Ele não pregou o olho a noite toda". - Pensou triste, foi até ele e o abraçou também. - Obrigada! Por ter estado comigo ontem.

- Foi um prazer, lamento por não ter ajudado mais. - Disse ainda triste.

- Está tudo bem? - Perguntou preocupada.

- Tudo bem. - Respondeu com um meio sorriso.

Lucas e Jéssica chegaram com Marcelo e Luciana, Claudia abraçou os dois, estava com tantas saudades que parecia que não via os dois há anos, Sérgio e Pablo saíram de fininho, deixando eles arrumando as compras.

- E a nana?

- Encontramos Carla e o Hércules, e eles a carregaram. - Respondeu Jéssica enciumada.

- Ciumenta! - Brincou a irmã bagunçando seu cabelo que sorriu.

A paz e a harmonia na casa do Sérgio com certeza já não existia mais. O clima entre o Hércules e o Charles era tão tenso, que todos ficavam apreensivos quando os dois estavam no mesmo ambiente, para surpresa de todos Mariana decidiu voltar para o Rio de Janeiro naquela tarde.

- Nós vamos embora amanhã, por que você não espera? - Perguntou Jéssica.

- As coisas já estão naturalmente difícil, para eu permitir que o Charles dificulte ainda mais a vida de todo mundo. - Explicou enquanto arrumava as malas.

- Vou sentir tanta falta! - Disse Claudia, e era verdade, sempre que as irmãs iam embora ela sentia que faltava alguma coisa, dessa vez porém era diferente, ela sentia realmente a partida da irmã.

- Eu também vou sentir falta! Na primeira folga que eu tiver a gente se vê.

- Claudia. - Lucas chamou batendo na porta.

- Pode entrar! - Ele entreabriu a porta.

- A mãe de vocês está brigando com a Fernanda. - As quatro saíram correndo porta afora.

Elas ficaram horrorizadas com a agressão verbal da mãe.

- O seu irmão é um bandido da pior estirpe, ele merece a morte, e preste bem atenção, se depender de mim ele vai apodrecer na cadeia. -Dizia a mãe violentamente.

- Eu sei que o que ele fez foi horrível, mas ele já está pagando pelo que fez. - Disse Fernanda com as lágrimas descendo pelo rosto, Lorena estava encolhida em um canto, Lucas foi até a irmã.

-Chega mamãe. - Disse Claudia firme. A mãe olhou-a furiosa. - Por favor! Ela não é responsável pelo que o irmão fez, e as pessoas não deixam de amar umas às outras porque elas erram!

- Sério! Que você acha que o que ele fez foi só um erro? - Retrucou furiosamente. - Qual o teu problema? Você esqueceu tudo pelo que passamos? A situação deplorável que você ficou?

- Não mamãe, eu não esqueci, eu escolhi perdoar e não me envenenar ou aos outros alimentando um ódio que não me trará nada de bom.

- Ele pagar pelo crime que cometeu não é uma coisa boa?

- Sim, é uma coisa boa! E ninguém está falando que ele não pagará pelo que fez, mas maltratar a família dele, não me ajudará e nem à senhora, ela era só uma criança quando isso aconteceu, e a senhora a está ferindo por uma coisa que ela não fez.

- Eu sinto muito pelo que ele e o meu tio fizeram, eu sei que é difícil para vocês acreditarem, mas o meu irmão é uma boa pessoa.

- E o seu tio? - Perguntou Marta cruzando os braços.

- Ele não é tão generoso e carinhoso quanto o meu irmão, mas ele também não é mal. - Marta ficou rubra, Claudia deu um passo à frente.

- É um prazer te conhecer Fernanda. - Disse Claudia estendendo-lhe a mão, a outra apertou a mão dela constrangida.

- O prazer é meu, e desculpe-nos por tudo isso, eu sinto muito.

- Não se preocupe, você não tem culpa do que aconteceu, e desculpe aí pela minha mãe, essa história é muito difícil para ela.

- Eu entendo! Com licença, eu vou pegar minhas coisas, eu vou ficar no hotel com o meu pai.

- Ele já chegou? - Fernanda assentiu saindo.

- Mamãe quando que a senhora vai aprender a ouvir as pessoas? Antes de agredi-las dessa maneira? - Perguntou Jéssica. - A senhora nunca pensa nos sentimentos de ninguém?

- Eu penso nos sentimentos de vocês. - Disse chorosa.

- Será mamãe? - Perguntou Mariana. - Eu vou terminar de arrumar minhas coisas.

- Eu vou contigo. - Disse Carla.

- Eu também. - Emendou Jéssica, Marta olhou ao redor ficara apenas ela e Claudia.

- Podemos conversar mamãe?

- Filha eu só quero te proteger.

- Eu sei. - Abraçou a mãe. - E eu te amo por isso, eu só não quero que a senhora fique magoando as outras pessoas, e nem  magoe a si mesma.

- Também não quero ninguém magoando vocês.

- Mamãe eu preciso fazer uma coisa e vou precisar da sua compreensão. - Começou cautelosa. - Levando a mãe até a sua espreguiçadeira favorita. - Por favor! Me ouça antes de brigar comigo. - A mãe assentiu contrariada. - Eu vou visitar o Víctor Hugo.

Continua...

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