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64 - Nada fica oculto aos olhos de Deus.

São Paulo - SP, Abril de 1995.

Eu cheguei cedo ao nosso bunker, claro que o nosso 'bunker' se resumia a um balcão enorme onde usávamos nossas porcarias e sonhávamos com uma vida que se não deixássemos aquela em que vivíamos jamais realizaríamos tais sonhos, subi até a lage e fiquei olhando as estrelas, era um dos poucos lugares nessa selva de pedra que era possível ver as estrelas de maneira tão maravilhosa.

- Imaginei que você estivesse aqui admirando as estrelas. Já disse para você parar com essa boiolagem, as pessoas já estão comentando que eu tenho um sobrinho boiola. - Retrucou Jorge, como se eu me importasse com isso.

- Eu não sou seu sobrinho! - Resmungo.

- Mas eu estou no lugar de seu tio, e é melhor você ter mais respeito. - Disse deitando ao meu lado.

- Você nem sabe o que é respeito.

- E você é mal agradecido, eu trouxe um presentinho para você, e veja como você me trata. - Disse me entregando minha preciosidade, olhei de esguelha para ele.

- O que você quer que eu faça? - Ele só me dava drogas de graça quando queria que eu fizesse alguma coisa para ele.

- Estou em um dilema, o Leo quer que eu quebre as pernas do Enrico, porque o playboy está enrolando para pagar a dívida, mas eu não posso fazer isso.

- E porque não? - Perguntei preparando meu lance.

- Porque o senador disse que vai pagar, só está dando um gelo no garoto, e eu namoro a irmã do cara, como que eu posso fazer um negócio desses com o irmão dela?

- Quem escuta até acredita que você é apaixonado por ela.

- Claro que eu a amo! A Érica faz com eu me sinta especial, se eu fosse deixar essa vida por alguém com certeza seria por ela. - Disse sonhador, até eu acreditei.

- Sei! E a loirinha vizinha dela?

- Nem me lembre daquela desgraçada. - Disse furioso.

- Ok, ok! E o que você quer de mim? Sabe que não tem a menor chance de eu quebrar as pernas do playboy.

- Claro que não, você é covarde demais para isso.

- O seu sócio é mais covarde que eu, e eu não vejo você chamando ele de covarde.

- Ele não faz, mas tem quem faz por ele. - Tentei me concentrar, ele não me traria do seu melhor bagulho, para apenas desabafar comigo, isso ele já fazia o tempo todo só para me atormentar.

- Diz logo o que você quer, já o pessoal começa a chegar.

- Quero que você me dê uma solução, um modo que eu tire o Leo do meu pé e não precise fazer nada contra o Enrico.

- Simples, paga a parte que ele deve para o Leo e diga a ele para te trazer a vizinha gostosa dele pra você por sei lá... Uma noite? Ou o quanto você precisar para tirar ela da sua cabeça. - Assustei com ele me empurrando.

- Você é um gênio!

- Sou? - Perguntei confuso.

- Pega, hoje você merece só o melhor.

No dia seguinte, acordei com o Jorge me sacudindo, minha cabeça doía e meu estômago revirava.

- Para cara! Ou vou vomitar na sua cara.

- Eca! - Disse se afastando.

- Eu estou indo para a faculdade, e vou fazer a proposta para o Enrico.

- Proposta, que proposta?

- A que você me sugeriu ontem, eu nem dormi pensando no que eu vou fazer com aquela loirinha.

Fazia muito tempo que eu não via o Jorge tão feliz, e então me lembrei da ideia estapafúrdia que eu disse a ele, mas é claro que aquilo que não iria acontecer, imagine! Foi com certeza a ideia mais ridícula que eu já tive nos auge dos meus quatorzes anos.

- Cara aquela foi a ideia mais absurda que eu já tive, você não pode estar cogitando essa possibilidade. - Falei alarmado diante do olhar dele, ele realmente estava pensando nisso.

- "Que merda foi que eu fiz dessa vez"? - Pensei desesperado, ele bateu em meu ombro e saiu cantando.

Sentei na cama, tudo rodava, meu estômago revirava, mal deu tempo de eu chegar no vaso para pôr para fora o que não havia no meu estômago, pois lembrei que havia saído de casa sem comer nada, e não me lembro de como cheguei em casa, mas com certeza não comi nada quando cheguei, entrei debaixo do chuveiro frio, eu precisava pensar em uma maneira de fazer o Jorge esquecer aquela história.

Minha madrasta me olhava de cara feia como sempre, e meu pai nem ao menos me olhou, tudo o que eu queria era um dia ir embora dessa casa, fazer o que minha mãe fez, sair pela porta da frente e nunca mais voltar ou mesmo dar notícias.

- Da próxima vez que você chegar aqui como chegou ontem, você vai dormir do lado de fora, eu não sou obrigada a cuidar de um viciado nojento igual a você.

Olhei para o meu pai que continuava de cabeça baixa, senti meus olhos arderem por causa das lágrimas e o ódio invadiu meu coração.

- Não ligo a mínima para você, mas você tem razão, não sou obrigação sua, mas antes que eu durma do lado de fora, você dormirá lá, pois caso você tenha esquecido esta casa é minha, vocês dois estão morando aqui de favor! - Grito a plenos pulmões.

Meu pai que era um paspalho que nunca fazia nada da vida, resolveu fazer algo neste exato momento, senti o ardor do tapa na minha cara, e por mais que eu tentasse as lágrimas não ficaram quietas e desceram pelo meu rosto.

- Eu vou ligar para o advogado, e vou por vocês dois para fora daqui. - Grito agora furioso.

- Vamos vê o que ele dirá quando souber o que você faz com o dinheiro que ele te dar. - Minha madrasta disse sorrindo.

- É mesmo? Você vai dizer que eu sustento vocês e o seu irmão? - Ela parou de sorrir olhando para o meu pai.

- Você vai deixar o seu filho falar comigo desse jeito? - Perguntou furiosa, ele apenas levantou e saiu resmungando.

Minha mãe foi embora com um amante, mas ela é podre de rica, então ela deixou um advogado para cuidar do meu bem-estar e das minhas finanças, na verdade eu banco meus vícios, a casa, meu pai imprestável e minha madrasta cruel, até a faculdade do Jorge sou eu que pago, mas essa é a única coisa boa que eu faço com o meu dinheiro, ele é um cara esforçado e merece sair dessa vida em que se meteu por falta de grana.

Peguei minha mochila e fui para a escola, eu amo estudar, mas hoje tudo o que eu queria era ir para o bunker, mas eu não poderia fazer isso, o tio Aziz, o advogado que cuidava de mim, era muito exigente com a escola e eu não gostava de desaponta-lo, eu acho que ele sabe que sou dependente químico, mas nunca conversamos sobre isso e enquanto for possível eu quero evitar tal assunto.

Os dias passaram e não me lembrei mais do assunto da loira, até que um dia eu estava no bunker com outros camaradas, e o Jorge chegou furioso, dizendo que iria ensinar àquela patricinha, o resultado do pouco caso dela.

- Ficou louco cara falando sozinho! - Brinquei, ele veio pra cima de mim como um búfalo e levantou-me pelo colarinho, ele é um homem de estatura mediana mas é forte e claro que eu não tenho a menor chance, apesar de ser mais alto que ele.

- Tá bom, eu estou brincando! O que aconteceu para você estar tão nervoso?

- Reuna todo o pessoal, eu tenho uma proposta para todos.

Reuni todo mundo, e simplesmente não acreditei no que eu ouvia, e todos ficaram empolgados, chamei ele em particular.

- O que pensa que está fazendo? - Perguntei angustiado.

- Colocando em prática a sua sugestão.

- A minha sugestão não tinha nada haver com estupro! - "Meu Deus! Como que eu tiro essa ideia da cabeça dele"? - Pensei em pânico.

- Não? E o que você imginou que eu iria fazer com ela? Convencê-la a fazer amor comigo? Ela não me quer, ela deixou isso bem claro, ela prefere a morte, pois bem eu vou dar a ela o que ela quer, mas antes eu vou mostrar a ela que tem coisas pior que ficar comigo.

- Jorge, por favor! Reconsidera, você sabe que isso é loucura, nós não somos criminosos.

- Qual é o criminoso pior, o que executa ou o que tem a ideia? - Perguntou sarcástico.

- Eu não dei nenhuma ideia de estupro coletivo.

- Ah! Então você admite que deu a ideia do estupro?

- Pelo amor de Deus cara! Eu estava drogado, eu estava falando coisa com coisa, como você pode querer fazer isso?

- Querido vai curtir a vida, essa é por conta da casa. - Disse me passando a droga, eu queria jogar fora, mas a vontade de usar falou mais alto.

Nos dias seguintes, a coisa ficou tensa no bunker e em casa também, eu e o Jorge nunca brigávamos, éramos nós contra o mundo, mas isso havia mudado.

- Eu vou contar para a Diana o que você vai fazer. - Esbravejei no quarto dele certo dia.

- E eu direi a ela e ao seu pai que a ideia é sua e eu tenho tentado tirar isso da sua cabeça. Aliás eu direi a eles que acabei de saber, e estou tão destruído quanto eles, por você ter se tornado essa pessoa má e desalmada.

Eu sabia que não tinha a menor chance, qualquer história que o Jorge criasse eles acreditariam nele, até dias atrás eu mesmo acreditaria cegamente nele.

Naquela noite em questão eu estava em casa, não vi Jorge o dia todo, e eu estava farto daquele assunto asqueroso, então, fazendo um esforço sobre-humano eu estava em casa, comendo pipoca e assistindo a um filme, pelo menos tentando assistir, acho que cochilei não tenho certeza, mas assustei-me com ele me empurrando, ele estava que era a alegria em pessoa.

- Eu te trouxe, para demonstrar a minha gratidão por tudo o que você faz por mim.

- Não quero. Hoje eu só quero ficar quieto.

- Tem certeza? É da melhor qualidade e não vai te custar nada.

-Tenho certeza sim Jorge. Eu não vou fazer nada para ou por você. - Gritei.

- Está louco? Quer que a Diana ou o seu pai venha aqui ver o motivo do seu chilique? - Perguntou preocupado.

- Eles não estão em casa.

- Então aproveita bobo! Dessa vez eu não quero nada, quero mesmo apenas te agradecer. - Disse colocando a minha preciosidade na mesinha de centro, aquilo era a minha perdição, mas eu não fazia ideia do quanto, até aquela noite.

- E aí? Vai ficar em casa mesmo? - Jorge me perguntou algum tempo depois. - Estou saindo! - Completou feliz.

- Vou com você. - Eu não conhecia o real significado da palavra arrependimento, até aquela noite.

Nos éramos quinze jovens entre quatorze e vinte e cinco anos, eu era o mais novo e o mais tolo, o mais romântico e tolo, o mais ingênuo e tolo, se eu fosse um cara esperto como eu pensava que era, eu tinha dado o fora dali, no momento em que entrei e ouvi os sussurros e os comentários desagradáveis.

- Por que você trouxe ele? - Um dos meninos perguntou.

- Ele vai estragar tudo. - Disse outro, calando-se quando o Leonardo ergueu a mão aproximando-se de nós, batendo no ombro do Jorge.

- Até que enfim cara! Você pensa que é fácil manter essas raposas longe da sua galinha! - Disse Leonardo zangado. - Você sabe que eu odeio sujar minhas mãos.

- De todos nós apenas você não levantaria suspeita. - Disse Jorge alegre.

- Eu sei. - Disse com um sorriso debochado, eu não sei a origem da maioria dos outros garotos, mas de todos o mais esnobe é o Leonardo. 

- "Playboy filhinho de papai"! - Pensei.

- Já sentiram a falta dela? - Perguntou Jorge rindo, ele realmente estava curtindo aquilo ali.

- Não. O Enrico vai ligar. - Disse sorrindo. Eu só concordei com isso, porque você disse que eu posso gravar.

- Claro que pode! Você não poderá usar essa gravação contra mim, porque eu tenho as gravações de nós planejando esse evento, ou seja, você e o Enrico não estarão nessa gravação, mas estão nas gravações do planejamento.

- "É cobra engolindo cobra, o que eu estou fazendo aqui, porque não fiquei em casa"? - Penso me juntando aos outros que apenas olhava de um para o outro, ouvindo aquela discussão ridícula.

- Não precisa me ameaçar, você sabe que eu jamais farei qualquer coisa contra o meu sócio. - Dizia Leonardo irritado.

- Assim eu espero. - Jorge puxou-me pelo meu braço e saiu praticamente me arrastando.

- Para cara! O que está acontecendo? Por que vocês dois estão discutindo?

- Por nada! Pega, use o quanto você quiser, e divirta-se, porque hoje eu vou me divertir! - Disse colocando em minhas mãos bem mais do que eu costumava consumir por noite, dei de ombros e fui me divertir também.

Eu gostaria de dizer que lembro com certeza o que aconteceu, mas eu estava tão doidão que não sei o que foi real, e o que foi fruto da minha imaginação, o Jorge disse que eu participei da 'brincadeira', cada vez que ele se referia ao acontecido como uma 'brincadeira' minhas entranhas se reviravam, o pior é não lembrar o que é verdade e o que não é, claro que o Leonardo me mandou a gravação, mas nunca tive coragem de ver, não sei se eu suportaria ver aquelas cenas de filme de terror, as lembranças que me atormentavam verdadeiras ou não já eram o suficiente.

O que lembro-me com clareza é Jorge me pedindo para ajuda-lo, e eu rindo feito um idiota e dizendo a ele que não sabia em que eu poderia ajudar, eu mesmo não estava me aguentando em pé, mas como sempre acontecia quando ele me pedia ajuda eu fui ajuda-lo. Recordo-me bem de querer sair dali correndo quando vi o estado em que ela se encontrava, mas eu não sabia o que fazer, em silêncio colocamos a garota no porta-malas, e ele me arrastou para o carro com ele, eu não conseguia pensar direito, minha cabeça estava pesada, e meu coração acelerado, tentei controlar a respiração pois parecia que eu iria desmaiar a qualquer momento.

- Jorge não quero participar disso. - Choraminguei em um determinado momento.

- Não seja um bebê chorão, isso tudo é culpa sua. - Ele gritou furioso.

- O quê? Você enlouqueceu? - De repente toda a droga no meu corpo evaporou-se e fiquei extremamente lúcido. - Não tenho nada haver com isso, você e aqueles loucos, que fizeram aquilo com ela. - Ele gargalhou histérico, se ele usasse drogas eu diria que ele estava drogado.

- Você não tem nada haver com isso? A ideia foi sua, e a sua participação no fato?

- Eu não participei... - Comecei a falar, mas parei confuso, pois não me recordava de ter me aproximado ou não da garota. - Eu participei? - Perguntei enojado.

- Claro que participou! Só não cortou ela porque eu não deixei...

- Pare o carro. - Gritei, ele me conhecia bem o bastante, parou imediatamente. Eu pulei já vomitando.

Quando eu já não tinha mais o que vomitar e chorar, voltei para o carro e seguimos em silêncio. Ele parou o carro bruscamente, muito contrariado saí, não havia muita coisa a fazer naquela situação. Tiramos ela do porta-malas e a jogamos no chão, o remorso assolou o meu coração, mas eu não conseguia pensar em nada que pudesse ser feito para ajuda-la, o Jorge tinha razão, eu era o responsável por ela estar naquele estado, o farol do carro iluminava o seu corpo e a bile veio até a minha garganta, engoli de volta, eu precisava tentar alguma coisa.

- Não podemos deixar ela assim, ela não vai resistir, é melhor matar ela logo. - Falei engasgado, não sabia se era a bile, o medo, a raiva, a culpa, eu não sabia ao certo o que estava preso em minha garganta.

- Nós não matamos ninguém! Não somos assassinos. - Ele me respondeu, como se o fato de deixarmos uma pessoa naquele estado naquele lugar deserto fizesse de nós melhores que assassinos.

- Não somos assassinos? Deixar ela aqui é crueldade cara! - Gritei furioso. - "Por que eu não fiquei em casa? Por quê"? - Pensei desesperado, pela segunda vez naquela noite, ele gargalhou descontroladamente.

- Você está muito sentimental, vamos embora antes que você resolva nos entregar para a polícia. E não esqueça que a ideia da gostosa aí ser a forma de pagamento do playboy foi sua; e é muito engraçado você achar crueldade deixar ela aqui largada, mas não achou crueldade o que fizemos com ela. - Disse ainda rindo.

- Eu não estava raciocinando direito. - Resmunguei confuso, sem lembrar ainda se eu havia de fato participado daquela atrocidade.

- Por isso que o chefe, não te deixa ficar sóbrio, você só funciona 'noiado'. E vamos logo, antes você se entregue e nos complique. - Retrucou me puxando para o carro.

- O que foi? O Leonardo virou chefe de novo? - Perguntei sarcástico.

- Não. Isso foi só uma maneira de falar, mas nós sabemos que você só funciona quando está doidão.

Ignorando-o olhei para o outro lado, e fomos em silêncio até o bunker.

- Vamos comemorar!  - Disse me abraçando.

- Eu vou tomar um pouco de ar. Acho que vou vomitar de novo.

- Meu Deus! Mas é mesmo muito boiola! - Resmungou entrando, e saí na noite fria, olhei para o céu iria cair um temporal, me encolhi na jaqueta e fui para casa.

Cheguei em casa e fui direto para o banheiro, gostaria de tirar toda a sujeira que havia em mim, mas por mais que eu esfregasse a sujeira continuava, estava muito frio, saí do banheiro sem toalha e molhado me deitei, mas o sono não veio, não sei se devido ao frio ou se por causa da minha consciência pesada, só sei que depois daquela noite, nunca mais dormi direito, o barulho da tempestade me deixou mais angustiado, e pela segunda vez depois que a minha mãe foi embora eu rezei, e pedi a esse Deus, que não escuta todo mundo, mas que talvez dessa vez Ele me escutasse, afinal o pedido de socorro, não era para mim, era para uma garota inocente, que se sobrevivesse nunca mais seria a mesma, mas talvez ainda assim ela quisesse viver.

- "Não estou pedindo por mim, estou pedindo por ela, salve a vida dela. Se ela sobreviver, nem que eu morra, mas eu me entregarei para a polícia. Por favor! Salve ela". - Pensei. E como um mantra fiquei repetindo por inúmeras vezes. - Salve ela. Salve ela. Salve ela. Salve ela. Salve ela.

Antes que o dia raiasse eu fui ao quarto do Jorge, ele não estava, mas eu sabia onde encontra-lo sai quase correndo de casa. No bunker um cheiro insuportável de água sanitária me deixou nauseado, engoli a bile novamente.

- O que aconteceu aqui, por que está fedendo água sanitária? - Perguntei a ninguém em especial.

- O fedor de água sanitária é melhor que de sangue. - Jorge me respondeu, eu senti um calafrio, e o puxei para fora.

- Você vai agora, onde ela mora, e veja o que está acontecendo...

- Não se preocupe! O Enrico disse que lá está um verdadeiro Deus nos acuda, ainda não encontraram o corpo dela. - Disse sorrindo, e foi a primeira vez que eu vi o Jorge como ele realmente era, uma pessoa má.

- Não ligo a mínima para o que aquele idiota disse, ou você vai até lá e descubra o que está acontecendo ou eu vou na policia. - Ele grudou no meu braço irado. - E então cara qual vai ser? - Eu também estava irado, não sei o que ele viu no meu rosto, mas ele largou o meu braço e suspirou.

- Eu vou até lá e, por favor, não faça nenhuma bobagem até eu voltar.

Sem dizer nada, dei a volta e fui para casa. Meu estado estava mesmo lastimável, até o meu pai me perguntou qual era o problema, depois de um banho deitei e esperei, o stress estava me deixando sem ar, fui para a sala, meu pai assistia e reclamava dos noticiários, em silêncio sentei ao seu lado.

- Tem certeza Victor Hugo que está bem? - Tornou a perguntar para minha surpresa e da minha madrasta.

- Tudo bem pai. O que há de tão horrível nos noticiários desta manhã?

- Só tragédia. A tempestade de ontem...

Conforme meu pai falava o desespero tomava conta de mim, em pânico saí correndo para o banheiro, mas não havia mais nada para eu vomitar. Finalmente o Jorge resolveu dar o ar da graça.

- Sinto muito mano, ela não resistiu.

- Eu vi os noticiários com o meu pai, e não tem nada sobre o corpo de uma garota, e nem noticiaram antes de eu chegar ou meu pai teria me falo alguma coisa. - Eu andava se um lado para o outro desesperado.

- O pai dela é muito influente, e não quer um escândalo. Afinal o modo como o corpo foi encontrado...

Saí de lá correndo, corri sem parar até não aguentar mais, o bunker era o meu lugar preferido quando eu estava mal, mas agora ele estava cheio de lembranças horríveis e macabras, depois de andar sem rumo, voltei para casa, não tinha escolha, lá ainda era a minha casa, eu não poderia ir para a casa do tio Aziz, o que eu iria dizer a ele?

Encontrei minha família reunida almoçando e sorrindo, como se nada houvesse de errado, aquilo foi a gota d'água, eu abri a minha boca e as coisas começaram a sair sem que eu pudesse ter o menor controle, todos ficaram tão chocados, que ninguém teve condições de me fazer parar, nem mesmo o Jorge, finalmente ele saiu do transe e foi para cima de mim, consegui me desvencilhar dele, então senti uma tontura e uma picada no braço e não vi mais nada.

Continua...

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