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61- Creia e será salvo tu e a tua casa.

Claudia estava se preparando para sair da escola no final do expediente quando o doutor João entrou em sua sala visivelmente nervoso.

- Boa tarde, desculpe-me por vir te procurar na hora de você sair, mas eu estava nervoso demais pela manhã, e só agora tive tempo. - Disse nervoso passando as mãos pelos cabelos.

- Está tudo bem, não se preocupe. Sente-se, aceita uma água ou um café?

- Não! Obrigado. Eu só vim te falar que eu estarei na escola quando você estiver falando com a Cris, não se preocupe não é que eu não confie em você nada disso, é apenas para evitar aquela situação como a de hoje.

- Tudo bem. Como a Cristina está? Ela estava um pouco tensa. - Disse constrangida.

- Ela está bem. Conversei com a Vick e vou levar ela ao consultório pelo menos uma vez na semana. - Claudia ficou confusa, se a psicóloga era a mesma da escola, qual a necessidade de pagar por uma sessão! Ele sorriu tímido. - Ela já estará vindo duas vezes na semana à sua sala, se ela começar a ir na sala da psicóloga também, ela deixará de ser a que estava fazendo bullying, e passará a ser a que sofrerá bullying.

- "Talvez ele esteja certo". - Pensou confusa. - Acho que fará bem a ela.

- Você não se importa de eu vir? A Carol disse que você não aceitaria.

- Claro que não! O senhor será bem-vindo, eu não quero a sua esposa aqui, se o senhor conseguir mante-la longe da minha sala eu agradeço profundamente.

- Ouça, se for pelo Mike...

- Não tem nada haver com o professor Michael, a sua esposa é arrogante e desrespeitosa, e atrapalha o desenvolvimento da sua filha, esse é o motivo de eu não querer ela aqui.

- Eu sei que você tem razão, e lamento por isso. Então ficamos assim, a semana que vem eu estarei aqui. Obrigado Claudia, e mais uma vez desculpe-me, pelo meu comportamento no dia em que nos conhecemos.

- Já passou doutor, esquece aquilo, eu já esqueci. - Respondeu sorrindo.

Ele a acompanhou até o carro, e mais uma vez se desculpou por tê-la atrasado, ela sorriu sem graça, depois das dezoito horas o trânsito até sua casa era terrível, mas ela sabia que não era a primeira e nem seria a última vez que atrasaria por causa de um pai ou mãe, ela o tranquilizou e entrou em seu carro acenando para ele.

Ao chegar em casa teve uma surpresa maravilhosa, Marcelo e Hércules, correu para os braços do primo, que a apertou em um abraço carinhoso, sentira saudades!

- Oi, minha querida! Estou tão feliz!

- Eu também! - Separou-se do primo e abraçou o cunhado. - Claro que a minha felicidade nem se compara com a de outras moças que eu conheço. - Disse sorrindo.

- Tem gente que anda tão engraçadinha! - Resmungou Carla.

- Vocês não chegariam só amanhã? Aconteceu alguma coisa? - Perguntou Claudia sentando entre os dois casais.

- Não aconteceu nada, exceto é claro o namorado da sua irmã, que decidiu que encontrará um grupo de amigos nessa madrugada para ir ao Jalapão, então Mariana trocou nossas passagens. - Disse Hércules.

- Acho que ela enlouqueceria se não conseguisse trocar aquelas passagens. - Sussurrou Marcelo intrigado, o sistema de alarme de Claudia disparou.

- Como assim? Que culpa ela teria se não conseguisse troca-las? - Perguntou alarmada, os dois homens trocaram um olhar que a deixou ainda mais aflita.

- Não é nada de mais, apenas achamos ele folgado demais, é só isso. - Respondeu Hércules, fosse o problema qual fosse ela teria que descobrir sozinha, aqueles dois não iriam dizer nada.

- Tudo bem! O que vocês irão fazer nesta noite? - Perguntou mudando de assunto.

- Queríamos sair, mas a mãe nos chamou para jantarmos, e eu disse que iríamos, algum problema? - Perguntou Carla.

- Claro que não. A ideia desse encontro foi para nos unir, certo? Então vamos lá, eu vou tomar um banho. - Levantou-se, e Luciana também. - Lu você também vai. - Disse determinada.

- Sinto muito querida! Temos outros planos. - Marcelo pegou na mão dela.

- Irei conhecer a família dela, sinto muito priminha. - Claudia sorriu.

- Isso é muito bom! Você vai ama-los. - E foi para o seu quarto.

Estava extremamente nervosa quando chegou na casa dos pais, não entendia porque do nervosismo, mesmo com as implicâncias e alfinetadas das irmãs, jamais ficava nervosa por estar com elas, algumas vezes furiosa e com ódio, mas nervosa, era a primeira vez.

- O que aconteceu com vocês duas? Agora são inseparáveis, tipo, Timão e Pumba? - Perguntou Mariana desconfiada aproximando das irmãs.

- Descobrimos que é muito bom ter e ser irmã, você vai vê. - Respondeu Carla puxando-a para um abraço.

O comentário de Carla deixou Claudia confusa, ela sabia que a relação das irmãs não era o conto cor de rosa que ela um dia imaginara, mas ainda assim pensava que era bem melhor do que aquele comentário indicava, sacudiu a cabeça, ela estava imaginando coisas, com certeza!

- Quero que vocês conheçam o meu príncipe. - Disse Mariana radiante, pegando na mão das irmãs e puxando-as para dentro. - Amor...

Um rapaz muito bonito, levantou sorrindo, ele olhou direto para Carla, e murchou o sorriso.

- Eu te conheço. - Afirmou de um modo que não agradou a Claudia, Carla olhou-a assustada, e ela imaginou o que a irmã poderia estar pensando, suspirou exasperada.

- Acho muito difícil amor, essas são minhas irmãs mais velhas, Claudia e Carla. - Disse Mariana apontando para as irmãs respectivamente.

- Tenho certeza que te conheço, só não estou lembrando no momento de onde, mas vou lembrar. - Disse apertando a mão de Carla, e ficando um tempo maior que o necessário segurando-na. - Sou Charles Philip, o príncipe da Mariana.

- Modéstia pra quê? Isso fica para o príncipe de Gales. - Sussurrou Claudia.

- O que disse? - Perguntou ele confuso.

- Coincidência seu nome, só faltou o 'Arthur George'. - Disse sarcástica.

- Eu sou de uma família de diplomatas, então, é natural homenagear pessoas importantes, e meu nome é mesmo em homenagem a ele, infelizmente não poderia ser todo. - Disse esnobe.

- Pra mim isso se trata de falta de originalidade. - Retrucou olhando para os lados. - "Onde foi parar todo mundo"? - Pensou agoniada.

- Não me interessa a sua opinião. - Retrucou bravo.

- Uau! Um diplomata que não preza pela diplomacia! Que interessante!

- Claudia o que você pensa que está fazendo? - Perguntou Mariana entredentes.

Claudia respirou fundo, lembrando que implicar com o namorado da irmã não era um bom começo para se entender com ela, e pensar que ela havia pedido para Carla pegar leve com o namorado da outra, e agora era ela que estava a ponto de por tudo a perder.

- Desculpem-me, eu vou procurar o meu pai, com licença.

- Eu vou contigo. - Disse Carla.

- O que deu nelas? - Ouviu a irmã, sentiu um aperto no peito e voltou-se.

- Foi um prazer Charles, e desculpe-me, eu sou assim mesmo, eu falo sem pensar, seja bem-vindo.

- Seja bem-vindo. - Disse Carla tensa, Claudia pegou na mão da irmã, e quando já estavam afastadas o suficiente perguntou.

- Você lembra de conhecê-lo?

- Não. Mas isso não significa nada, nem sempre eu estava sóbria. - Respondeu com os olhos marejados, a irmã puxou-a para um abraço.

- Não chore. Se ele te conhece ou não, isso não importa, você não é mais aquela garota, e isso sim é o que importa.

O jantar foi no mínimo tenso, Charles não parava de olhar para Carla, e não deixava nenhuma oportunidade de falar que iria lembrar de onde a conhecia. Jéssica definitivamente não queria estar ali, não parava de lamentar que a uma hora daquelas era para ela está nas montanhas gaúchas tomando um chimarrão e não naquele calor infernal, a sobremesa foi pior, Charles começou a falar da pobreza das sobremesas brasileiras, exausta Claudia levantou e foi para a cozinha.

- Oi vozinha! - Disse abraçando a avó.

- Pensei que você viria me vê quando eu estivesse menos ocupada, agora eu não posso te dar atenção. - Disse andando pela cozinha.

- Eu te ajudo, e conversamos. - A boa senhora sorriu e abraçou a neta.

- Tá bom. Se você prefere assim.

- Sim prefiro. Nana, sabe o que está acontecendo com a minha mãe? Ela está muito quieta hoje, justo hoje que precisamos de toda a energia dela para por aquele namorado da Mariana no lugar dele.

- A única coisa que eu sei minha filha é que ela teve uma discursão com a irmã.

- Por quê? Minha tia não dá o ar da graça desde que foi embora!

- Por causa do seu pai. Ela acredita que você e ele irão destruir a imagem do pai delas, e isso não é bom pra ela.

- Ah, claro! Ela pensa que isso poderá afetar o casamento dela! Que lindo que a condessa que está mais para uma fruta está tão preocupada com a família!

- Não seja sarcástica minha filha, você sabe que tem ser a esposa de um nobre não é fácil.

- O Brasil está cheio de pessoas sem títulos que são mais nobres que aquele senhor, e pelo andar da carruagem mais nobres que a esposa dele também.

- Vamos mudar de assunto? Fale sobre o seu trabalho. - O rosto de Claudia iluminou-se.

- Eu não conseguia te tirar da cozinha antes, agora é que não consigo mesmo. - Disse a mãe momentos depois. - Tem espaço pra mim? - Perguntou aproximando-se.

- Também não aguentou seu novo genro? - Perguntou Claudia sorrindo, enquanto colocava água quente nos sachê de chá, a mãe pegou uma xícara para si.

- De onde veio aquela criatura? Coitada da minha filha, e o pior ela acha que ele é o máximo, ela não percebe as atrocidades que ele fala.

- Ela me defendeu quando ele foi grosseiro comigo. - Disse dona Conceição tímida.

- Ele foi grosseiro com a senhora? - Perguntou Claudia indignada.

- Não se preocupe, sua irmã me defendeu.

- Foi o mínimo que ela fez, levando em conta que ela que trouxe o idiota esnobe para dentro de casa.

- Não fale assim da sua irmã, ela não tem culpa de ter se apaixonado por ele, assim como você não tem culpa de está apaixonada pelo filho de um criminoso. - Claudia deixou a chaleira delicadamente no fogão, respirou fundo e voltou-se para a mãe.

- Nem ouse comparar o Michael com o Charles, e o Stivie não é mais criminoso.

- Eu sei. Eu só quero que você entenda que sua irmã está em uma situação delicada. - Respondeu cansada, Claudia preocupou-se com a mãe, definitivamente ela não estava bem.

- Tudo bem mamãe, vamos tomar nosso chá para acalmar os ânimos, pois minha intuição me diz que este seu possível genro ainda vai nos causar grandes problemas. - Disse beijando a testa da mãe e ajudando-a a sentar.

As três tomaram chá, riram e conversaram até Mariana ir atrás delas na cozinha.

- Mamãe! Vocês estão fazendo pouco caso do Charles? É isso mesmo? - Perguntou histérica.

- Claro que não filha!

- Eu já estou indo para casa. Você está lembrando que vocês irão tomar café da manhã comigo, não está? - Perguntou aflita.

- Lembro sim. Eu só espero que vocês não falem mal do meu namorado, porque se for para isso que você tomar café da manhã comigo, eu já te aviso que te deixarei falando sozinha.

- Não tenho nenhuma intenção de falar o que quer que seja sobre o seu namorado.

- Assim, estaremos lá logo cedo.

- Obrigada! - Abraçou a irmã. - Até amanhã.

Despediu-se de todos e foi para casa com a irmã e o cunhado, Carla não deu uma palavra e a tristeza em seu rosto e a preocupação no rosto do Hércules eram visíveis. E naquela noite, ela orou pela sua família com um fervor que nem sabia que tinha, tudo o que ela queria era que sua família tivesse paz.

☕☕☕

Mariana e Jéssica não piscavam, no início da narrativa de Claudia elas fizeram uma ou outra pergunta, mas conforme a irmã avançava em sua triste história o silêncio tomava conta das irmãs e as lágrimas desciam por seus rostos.

Claudia detestou ver as irmãs naquele estado e por várias vezes, tentou deixar aquela história pra lá, mas Carla dizia "continua", e com o coração doendo ela continuava, no fim de todo aquele horror, as duas a abraçaram, lamentando todo o sofrimento pelo qual a irmã passara.

- Sentimos muito, nossos pais não deveriam ter escondido isso de nós. - Resmungou Mariana entre as lágrimas.

- Eu não me lembro de muita coisa daquela época, mas me lembro de nós três falando mal de você. - Disse Jéssica em prantos.

- Você quer dizer, eu e a Mariana falando mal dela e você grudada no seu coelhinho de pelúcia chupando o dedo e nos olhando assustada.

- Lembro-me de acreditar que vocês estavam certas. - Resmungou. - Perdão por sermos mimadas e egoístas. - Pediu à irmã mais velha.

- Como nunca achamos estranho você sumir por tanto tempo e voltar totalmente diferente? - Perguntou Mariana triste.

- Até que achamos, mas éramos mimadas e egoístas demais para fazermos coisa coisa a respeito. - sussurrou Carla.

- Meninas, eu contei tudo isso para vocês, porque a Carla insistiu, no entanto, estou feliz por ter falo, é bom não ter segredo com minhas irmãs amadas.

- Enquanto estávamos pensando mal de você, você estava preocupada com o nosso bem-estar! - Disse Mariana chorando.

- Por favor! Não fiquem assim. Não quero que vocês fiquem se sentindo mal, ou que vocês sofram por causa disso, já passou e estou tão feliz por vocês estarem aqui comigo. - As três pularam em cima dela. - Eu amo vocês. - Disse emocionada.

Naquele momento deitada no chão da sua sala, com as três irmãs em cima dela, ela sentia-se a mais sortuda das mulheres.

- "Obrigada meu Deus por este presente. Obrigada"! - Pensou sorrindo.

- Por que você resolveu contar tudo para a Carla antes, por que não esperou para contar tudo agora? - Perguntou Jéssica afastando das outras.

- Eu precisei da ajuda dela, e acabei contando tudo, para que ela compreendesse a situação e me ajudasse. Além disso, foi ela que me convenceu a contar para vocês. - Respondeu, as irmãs saíram de cima dela.

- E ela te ajudou? Ajudar nunca foi o forte da Carla. - Disse Mariana com escárnio.

- Não é bem assim. - Disse Carla de cabeça baixa.

- É sim! Você nunca estava em casa, e quando estava, era trancada dentro do quarto mal-humorada. - Retrucou Jéssica ressentida.

- Desculpem-me por isso. Eu fui horrível com todas vocês e lamento profundamente.

- Acho que nenhuma de nós foi mais a mesma depois daquela noite, mesmo sem saber o que realmente acontecera, todas nós fomos atingidas irremediavelmente. - Lamentou Mariana.

- Eu não diria que 'irremediavelmente', mas foi traumático para todo mundo, incluindo para os nossos país. - Disse Carla.

- O que fizeram com você? - Perguntou Mariana franzindo a testa. - Você vivia falando que nossos pais não se importavam conosco e etc e tal.

- Eu não sabia de todas as culpas e remorços que eles carregavam. - Disse triste.

- Que bom que a Carla te convenceu a nos contar a verdade, lamentamos por tudo pelo qual você passou, e por não termos te dado o apoio necessário. - Disse Jéssica. - E melhor ainda, é saber que minha mãe tinha uma preferência especial por você, porque você realmente precisava dela, e não porque não me amava como eu pensava. - Concluiu com um meio sorriso.

- É sério que você também pensava que a mamãe amava mais a mim? - Perguntou Claudia confusa, olhando de Jéssica para Carla.

- A mamãe ficava o tempo todo com você, tudo o que você fazia ela estava com você, até a sua faculdade, ela te ajudou a escolher, foi com você fazer a matrícula, não tinha como não pensarmos isso. - Disse Mariana dando de ombros, Claudia gargalhou.

- Definitivamente nunca vemos as coisas como elas realmente são. Enquanto vocês acreditavam que eu era a preferida, pelo fato da mamãe estar sempre comigo, eu sempre pensei que vocês eram as preferidas, justamente porque ela confiava em vocês e sempre deixou vocês fazerem o que queriam.

As quatro olhavam de uma para a outra surpresa, e começaram a rir. As quatro ficaram o resto do dia juntas, elas pediram almoço pois Luciana saira com Marcelo logo depois do café e só voltaria à tarde, para as irmãs ficarem sozinhas Hércules foi para a casa dos sogros, elas ficaram conversando e se conhecendo, riram e choraram, falaram sobre os pais biológicos de Claudia, sobre os problemas de Carla, e Mariana e Jéssica falaram dos seus medos, da falta que as irmãs mais velhas fizeram para as duas, da agonia de acreditar que o problema era delas pela mãe e pelas irmãs não as amarem, enquanto Carla fazia tudo que ela sabia que os pais odiariam, as mais novas faziam de tudo para agrada-los.

O dia estava quase amanhecendo, quando finalmente esgotadas vieram a adormecer, Claudia estava agitada em um sonho desagradável quando ouviu vozes alteradas, pensou que era parte do sonho e tentou concentrar-se no que estava sonhando, e então reconheceu a voz da Luciana e abriu os olhos desperta, as irmãs dormiam, e o que quer que fosse aquele barrulho, estava vindo da sala, saltou do colchão que haviam colocado no chão para todas, e correu porta afora. Hércules e Luciana tentavam acalmar o Charles, ele parecia bem alterado e nervoso.

- "Essa criatura não estava no Jalapão"? - Pensou intrigada. - O que está acontecendo aqui? - Perguntou aproximando-se.

- Eu vim buscar a minha namorada, cadê ela?

- Ela está dormindo, e não sei onde você pensa que está, mas te aconselho a falar mais baixo.

- Não vou ficar aqui discutindo com você, vou procurar minha namorada. - Disse avançando um passo, Claudia bloqueou a sua passagem.

- Ouououou! Você não vai a lugar nenhum. Se quer ver minha irmã, espere aqui.

- E quem vai me impedir! - Hércules se pôs ao lado da cunhada.

- Claro! O armário sem noção. - Os dois se olharam e Hércules riu.

- Você acha que eu estou aqui para protegê-la? - Ele gargalhou. - Você não poderia estar mais equivocado, mas já que você acredita que pode lidar com ela, fique à vontade! - E se afastou, Charles tentou avançar mais uma vez, e dessa vez Claudia puxou-o pelo braço torcendo fazendo-o gritar de dor.

- Eu disse que você não vai a lugar nenhum, eu não te conheço e na minha casa só circula por ela pessoas da minha confiança.

- Você é louca! - Gritou furioso.

- Tudo bem amor! - Disse Mariana aproximando-se. - Que gritaria é essa?

- Sua irmã é louca, ela quase quebrou o meu braço. - Ela olhou confusa para a irmã que apenas deu de ombros.

- O que houve? Você não iria ficar esses dias com os seus amigos?

- Sim. Mas você lembra o que eu disse quando eu vi sua irmã? - Ela assentiu. - Pois é, meus amigos me ajudaram a lembrar de onde eu a conheço.

- Entendo, mas o que tem isso haver com essa gritaria? - Perguntou surpresa.

- Eu não quero a minha futura esposa acompanhada de uma vagabunda. - Ela olhou assustada para Claudia e Hércules que se olharam confusos, e disseram juntos.

- Como é que é? - O homem apontou o dedo para Hércules.

- Não se faça de desentendido, você sabe muito bem do que eu estou falando, eu sei que sua esposa não passa de uma vagabunda drogada.

E boquiaberta Claudia presenciou uma cena que jamais imaginou possível, com uma rapidez impressionante, o cunhado que desde que ela conhecera era a pessoa mais calma e tranquila que ela já havia visto, deu um murro na cara do outro que caiu inconsciente.

- Meu Deus! Você ficou louco Hércules? - Gritou Mariana correndo até o homem inconsciente.

Luciana correu para a cozinha e voltou com sua maleta de primeiros socorros, e logo chegaram Carla e Jéssica, Claudia sentou e ficou olhando aquela confusão. Mariana choramingava ao lado do namorado, enquanto Luciana cuidava dele, Carla conversava ao lado com o esposo e Jéssica encolhida em canto de cabeça baixa, ela respirou fundo e foi até a irmã caçula.

- O que você acha de tomarmos um café para revigorarmos os ânimos? - A irmã chorava. - Ei! Não chore, está tudo bem.

- Não está não! - Levantou e foi à cozinha. - Eu estava tão feliz, nós quatro juntas, você e a Carla confiando em nós, e agora aquele don juan dos infernos vai estragar tudo.

Na cozinha Claudia serviu café puro para as duas, e sentaram uma na frente da outra.

- Por que você acha que ele vai estragar tudo?

- A Mariana está tão apaixonada por este idiota, que não percebe o quanto ele é insuportável, esnobe e preconceituoso. Não me surpreenderia se ela começasse a agir como ele.

- Ele me pareceu mesmo um pouco arrogante. - Comentou distraída, pensando no estrago que poderia acontecer entre as irmãs se ele insistisse que não queria as duas juntas. Os gritos retornaram.

- O príncipe do Morumbi acordou. - Disse Jéssica com desdém. - Se o príncipe de Gales imagina que tem uma criatura tão barraqueira com metade do nome dele, ele o processaria. - Concluiu rindo.

- Ele talvez não, mas a rainha...

- Eu não acredito! Que enquanto estão quase destruindo a sala, vocês duas estão aqui fazendo brincadeiras com a família real britânica. - Disse Luciana nervosa.

- Desculpa querida! - Disse Jéssica timida. - Não deveríamos estar brincando com coisa séria. Afinal a pessoa até que se sente honrada quando fica sabendo que uma mãe o admira o suficiente para lhe honrar dando o seu nome ao filho, aí, a criatura cresce e vira aquilo ali! - Dissse indicando a sala. - Toda a honraria vai ladeira a abaixo. - As três riram, Luciana serviu-se de café também.

Minutos depois, Mariana entrou na cozinha com lágrimas nos olhos, as irmãs levantaram preocupadas.

- O que foi? - Perguntaram juntas.

- Não vou passar o dia convosco como havíamos combinado...

- É sério que você vai escolher ficar com aquela criatura do que com as suas irmãs? - Perguntou Jéssica indignada.

- Eu sinto muito! Se eu pudesse imaginar uma coisa dessas eu não o teria convidado. - Jéssica sentou virando a cara.

- Tudo bem querida! Apenas se cuide e fique bem. - Disse Claudia abraçando a irmã.

- Desculpe-me! Eu realmente queria que ficássemos o dia juntas.

- Não queria não! Se quisesse não estaria nos trocando por um idiota que você conheceu no carnaval. - Jéssica saiu pisando duro.

- Não entendo porque ela não gosta dele, ele faz de tudo para agrada-la, mas ela não cede de jeito nenhum. - Claudia apenas franziu a testa.

- Eu realmente tenho que ir, sinto muito.

- Na verdade você não tem que ir, mas se você quiser ir tudo bem, nos vemos depois, eu também lamento por isso, mas entendo. - A irmã abraçou-a forte, e ela apertou o abraço também, sentira tanta falta disso no decorrer dos últimos dez anos. - Eu te amo. - Sussurrou.

- Eu também te amo. Eu vou resolver isso, tá bom?

- Tá bom, confio plenamente em você.

- A Jéssica...

- Não se preocupe com nada, eu vou falar com ela.

- Obrigada! Eu vou dar um jeito nisso. - Repetiu triste, Claudia ficou parada olhando o vazio enquanto a irmã desaparecia pela porta.

- Você sabe que tudo isso está totalmente fora do seu controle, não sabe? - Perguntou Luciana, tirando-a do transe.

- Foi tudo tão perfeito! E agora isso. - Argumentou passando as mãos na cabeça.

- E vocês vão deixar de se divertirem por causa disso? Apenas deixe as coisas acontecerem naturalmente, e ore para que Deus cuide de tudo, tenha fé minha querida. - Suspirando Claudia sentou.

- Seria pedir muito uma família normal? - Perguntou sorrindo.

- E o que seria uma familia normal? - Perguntou no mesmo tom. - Famílias são complicadas, várias pessoas juntas com personalidades diferentes, opiniões e desejos diversos, não é fácil manter a harmonia, mas quando a gente percebe, que assim como os outros são loucos e sem noção para nós, nós também somos loucos e sem noção para eles, tudo é uma questão de respeitar e esperar, se queremos convencer um familiar de que estamos certos, é necessário paciência para esperar, amor para ouvir e tranquilidade para falar.

- Esperar, ouvir para então falar! - Luciana gargalhou.

- Exatamente! - Exclamou ainda rindo.

O café da manhã não foi nada do que haviam imaginado, Hércules e Luciana haviam preparado um café maravilhoso para elas, infelizmente ninguém parecia apreciar o momento, Claudia amava o cunhado como a um irmão, mesmo com todos os problemas que ela tinha com a irmã quando os dois começaram a namorar, ele sempre foi gentil e atencioso, Claudia sempre o provocou dizendo que um dia ele acordaria e perceberia que havia se casado com uma fera e sairia correndo sem olhar para trás, e Carla apesar da raiva que nutria pela irmã, jamais proibiu o esposo de falar ou estar com ela; naquela manhã olhando para ele fazendo de tudo para que a irmã comesse um pouco, seu coração encheu de amor por aquele rapaz enorme e tatuado, que apesar da saudade passara o dia sem a esposa e dormira sozinho para que ela tivesse um momento com as irmãs, e aquele filhinho de papai, aparecera para insulta-lo e humilha-lo, como se algum dia ele pudesse ser metade do esposo ou do homem que o Hércules era.

- Com licença! - Pediu e saiu quase correndo.

Continua...

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