28 - O que confia no seu próprio coração é insensato.
Claudia mal sentou e ouviu uma batida na porta.
- Entre! - Disse suspirando.
Ela ficou surpresa quando a porta se abriu e o cunhado de Michael e a ex-cunhada de Artur entraram.
- Bom dia Claudia. Tem um tempinho pra nós? - Perguntou Patrick.
- Sim. Alguma novidade no caso do Guilherme? - Perguntou esperançosa, os agentes se olharam.
- Não exatamente! - Disse Valéria. - Queremos te mostrar uma coisa.
- O Mike comentou comigo, que o Giuseppe te achou achou muito interessante, ele tentou contato com você outra vez? - Perguntou Patrick.
- Não, ele não tentou contato, e eu não diria que ele tenha me achado 'interessante'! - Respondeu confusa. Patrick espalhou algumas fotos sobre a mesa. Eram fotos dela, e o padrasto de Guilherme estava sempre por perto.
- Ele... Ele está... Me... Me seguindo? - Gaguejou nervosa.
- Sim. Veja isso. - Mostrou uma foto antiga de uma mulher de olhos verdes iguais aos dela.
- Quem é essa senhora? - Perguntou aflita. - Os olhos dela, parecem os meus!
- A mãe dele. Ele deixou uma foto igual a essa com todas as mulheres que ele foi casado, dizendo que era a mãe dele. Mas não sabemos que fim ela levou, ou quem era ela, ou de onde ela é.
- E por isso vocês decidiram me seguir também? - Perguntou ofendida.
- Fiquei preocupado depois que o Mike me disse do interesse dele por você, e somos apenas nós dois e a Ashley, o Pietro iria querer te usar como isca, e se concordassemos com isso, o Mike e o Artur nos arrancaria a cabeça fora. - Disse Patrick sorrindo.
- O que vocês acham que ele quer comigo? - Perguntou preocupada.
- Não sabemos! Mas por via das dúvidas vamos ficar de olho em você. E queremos que você use isso o tempo todo. - Disse Valéria, dando a ela um broche.
- Um broche? - Perguntou confusa.
- É um GPS, poderemos te localizar em qualquer lugar. Mas não esqueça de usa-lo, se te perdermos de vista, saberemos onde você estará. - Disse Valéria.
- Claudia, se ele se aproximar de você peça socorro, por favor, não fique sozinha com ele. Ele é extremamente perigoso, e não sabemos o tipo de relação que ele teve ou tem com a mãe, pior ainda não sabemos que tipo de gatilho seus olhos representa pra ele! - Disse Patrick preocupado.
- Eu vou ter cuidado, não se preocupem! - Disse pensativa. - Alguém mais sabe disso?
- Não. O Mike está preocupado com você, mas eu vou falar com ele. Acho que é melhor ficar só entre nós, e como o Giuseppe está te seguindo é melhor não sermos vistos juntos, e você tente continuar seguindo com a sua vida normalmente.
- Ok! - Respondeu angustiada.
Os agentes se olharam preocupados, mas agora era aguardar; despediram e saíram, ela ficou olhando o broche em sua mão, respirou fundo e colocou-o na blusa, sentou calmamente e pegou o celular trêmula, e ligou para a irmã, que atendeu no quinto toque.
- Oi! - Suspirou ao ouvir a voz da irmã.
- Carla, preciso de ajuda! - Disse fechando os olhos.
- Ajuda com o quê? No que você andou se metendo? Você sabe que eu viajo amanhã? - Perguntou a irmã irritada.
- Sim, eu sei que você viaja amanhã, a mamãe me falou. Mas podemos almoçar? E eu te falo no que eu me meti. Mas Carla é sério eu preciso de você, por favor! - Pediu engasgada.
- Ok! Podemos almoçar no nosso restaurante? - Perguntou
receosa.
- Sim. Obrigada mana! - Agradeceu secando uma lágrima que descia por seu rosto.
- Qual o horário que está bom pra você? - Perguntou a irmã parecendo ansiosa, Claudia pensou um pouco.
- Às onze está bom pra você? - Perguntou esperançosa.
- Combinado então. - Concordou a irmã desligando o telefone.
Ela ficou alguns minutos olhando o celular na mão, estava apavorada! Há muito tempo não tinha tanto medo. Secou as lágrimas, e foi ao banheiro lavar o rosto.
Ao voltar do banheiro, mandou uma mensagem para Luciana que não iria almoçar em casa, respirou fundo.
- "Espero que dessa vez Deus, o Senhor esteja do meu lado, eu gostaria muito disso, se for possível, não me deixe sozinha nessa! Por favor!" - Pediu,
e voltou ao trabalho, ainda tremendo.
Dona Benta mandou chamá-la logo depois do intervalo do recreio.
- "Deus eu não sei se minha atitude maid cedo foi certa ou profissional, e eu me lembro de Marcelo e Luciana, dizendo que devemos respeitar nossas autoridades, e a dona Benta é minha superior, então o que ela decidir, me ajuda a aceitar, eu não quero ficar guardando mágoas ou rancor, eu só quero fazer as coisas direito e ficar em paz, ser uma boa profissional, e fazer bem o meu trabalho. Me ajuda a aceitar o que eu não posso mudar, e me dê forças para fazer o que está em minhas mãos para eu fazer. Por favor, Deus me ajuda!" - Ela respirou fundo e foi para a sala da diretora.
- Dona Benta! - Disse da porta.
- Entra minha filha! - Disse dona Benta sorridente. Indicando a cadeira.
- Está tudo bem? - Perguntou intrigada, sentando.
- Sim está tudo bem. Mas eu estou com um problema. - Disse franzindo a testa.
Claudia esperou inquieta, será que havia colocado a diretora em uma situação constrangedora, com suas atitudes impensadas? Ela mordeu o lábio aflita.
- O doutor João e o senhor Stivie, me pediram para deixar em suas mãos a decisão do que fazer com as crianças.
- O quê? - Perguntou assustada.
- Na verdade eu não me preocupo com a Katie, o Mike é bem rígido com a educação da filha, então...
- Só um minuto. - Claudia a interrompeu nervosa. - Mike, é o Michael professor de educação física? Ele é o pai dela? - Perguntou nervosa queria chorar de novo. - "Afinal qual é o meu problema?" - Pensou exasperada.
- Sim! Você não sabia? - Perguntou dona Benta intrigada.
Em nenhum momento passou pela sua cabeça, que Michael fosse pai daquela menina, agora compreendia porque achara o olhar da menina familiar.
- Não, eu não sabia! Mas o que a senhora vai fazer com as crianças? - Perguntou tentando se concentrar.
- Eu não sei! Por isso eu te chamei aqui, e você causou uma boa impressão nos cavalheiros, para eles exigirem a sua opinião na disciplina das meninas. - Disse sorrindo. - O que você me sugeri? - Perguntou gentilmente, Claudia se mexeu na cadeira.
- Na verdade, eu acho que o problema não são as crianças, aquele doutor João é preconceituoso e ele passa isso para a filha. - Argumentou cautelosamente.
- Eu sei! Mas não podemos interferir na educação que os pais dão para os seus filhos. - Respondeu dona Benta.
- Não podemos, mas podemos trabalhar os danos dessa educação. Se a senhora me permite, deixamos as crianças como estão eu vou pensar em alguma coisa, eu acho que é importante fazer a criança entender que ela pode sim discordar de uma pessoa ou de uma situação, e discutir isso de maneira saudável sem se reprimir ou oprimir os outros. - Ponderou Claudia.
- Interessante! Mas como vamos fazer isso? - Perguntou cética.
- Ainda não sei! Mas vou pensar em alguma coisa. - Disse com um meio sorriso. - "Aliás vou ficar de castigo até o meu baile de debutante, se eu for ganhar um ainda. Meu pai vai ficar arrasado." - Lembrou do que a menina disse. - Dona Benta, a senhora acha que o Michael vai ser muito duro com a filha? - Perguntou tensa.
- Possívelmente! Ele é muito exigente com ela.
- Entendo! - Disse pensativa.
- Então ficamos combinado assim, as crianças voltam às aulas normalmente. E eu aguardo as suas ideias para ajudarmos as nossas crianças.
- Ok! - Disse se levantando, lembrou do almoço com a irmã. - Dona Benta, eu gostaria de sair mais cedo hoje, seria possível? - Perguntou sem jeito.
- Claro querida! Hoje foi uma manhã tensa. - Respondeu sorrindo.
Claudia assentiu sorrindo e saiu da sala da diretora, fechou a porta devagar encostando na parede suspirando. Pegou o celular e escreveu uma mensagem.
Oi. Por favor! Se possível, eu gostaria de falar com o Michael antes de ele ir pra casa dele. Eu fico aguardando. É importante! - Enviou a mensagem, e foi para a sua sala.
🌹🌹🌹
Michael parou bruscamente com Artur puxando-o pelo braço.
- How! O que foi? - Perguntou sorrindo, Artur entregou-lhe o celular.
- Leia! - Disse sério. Michael franziu o cenho ao ler a mensagem de Claudia.
- O que será que ela quer comigo? - Perguntou intrigado.
- Só há uma maneira de saber! Liga pra ela. - Disse pegando o celular de volta.
- Eu esqueci meu celular em casa, e além disso não tenho o número dela. - Respondeu nervoso.
- Estou morrendo de fome! - Exclamou Victória abraçando os dois. - Vamos! O que foi? - Perguntou olhando de um para o outro.
- A Claudia quer falar com o Mike. Pega liga do meu celular. - Disse Artur.
Michael ficou tenso, não só pela expectativa de falar com Claudia, mas pela cara de Victória ao ouvir o nome de Claudia, ela sorriu tensa ao perceber que ele a encarava.
- Liga logo, que eu também estou faminto! - Disse Artur se afastando com Victória. Nervoso Michael ligou pra ela.
- Oi! - Cumprimentou ela no segundo toque, e ele fechou os olhos nervoso.
- Oi! É o Michael, você queria falar comigo. - Disse tenso.
- Oi Michael! Obrigada, por me ligar antes de ir pra casa, imagino que você deve estar ansioso para ver sua filha.
- Sim eu quero ver minha filha, mas porque eu estaria ansioso para vê-la? - Perguntou ainda mais tenso.
- A Lorena disse que tinha te mandado mensagem!
- Eu esqueci o celular em casa! O que aconteceu com a minha filha? - Perguntou preocupado.
- Desculpe-me! Eu pensei que você já soubesse. - Disse constrangida. - Houve um problema com a sua filha e a menina Cristina, mas o avô e a mãe dela, já estiveram na escola e resolveram tudo, e eles irão te explicar tudo. O motivo pra eu te ligar é porque a Katie ficou muito preocupada com o fato de você ficar decepcionado com ela. Eu sei que não é da minha conta o modo como você educa a sua filha, e nem eu deveria está me metendo, mas eu gostaria, por favor, como colegas de trabalho, que você ouvisse a sua filha, e não fosse muito duro com ela. Sua filha é adorável! - Concluiu nervosa.
- Obrigado! - Agradeceu orgulhoso, e feliz por ela ter gostado da filha dele. Apesar, da preocupação com a filha, ele estava com um sorriso bobo no rosto. - Eu vou ouvi-la, e não serei muito duro com ela, tem a minha palavra.
- Obrigada! E me desculpa por me meter em um assunto tão pessoal.
- Está tudo bem! Fico feliz por você se preocupar com a minha filha. Podemos conversar sobre isso amanhã? - Perguntou ansioso.
- Claro! Nos vemos amanhã na escola.
Ele desligou o telefone, e foi ao encontro dos amigos, estava radiante por ter falado com ela, e o mais importante ela defendera a Katherine. Bem ele estava se comportando, ficara o mais longe possível dela, foi ela quem ligou pra ele, então ele não estava sendo desleal, ou estava? Afinal ele a chamara para uma conversa no dia seguinte, mas era sobre a filha dele, não tinha nada haver com o que ele sentia por ela.
- E aí tudo bem? - Perguntou Artur pegando o celular.
- Mais ou menos! Me parece que a Katie perdeu a paciência com a Cristina. - Disse seguindo para o carro junto com os outros.
- Irado! Até que enfim ela ouviu meus conselhos. - Disse Artur rindo.
- Cala a boca! - Disse Victória empurrando-o. - E eu espero Mike que você não vá colocar a Katie de castigo por causa disso!
- Não vou não! - Disse distraído. Os três despediram e foi pra casa ansioso para abraçar sua filha.
Chegando em casa ele entrou quase correndo, encontrou o pai na sala.
- Oi pai! Cadê a Katie? - Perguntou aflito.
- No quarto com o Lauren. Você esqueceu o celular. - Disse o pai com censura.
- Sinto muito! Ela está bem? - Perguntou preocupado.
- Ela está bem, mas preocupada com a sua reação.
- O que houve exatamente? - Perguntou sentando ao lado do pai.
O pai contou-lhe o que acontecera na escola, e Michael tentava conter a fúria pelo ocorrido, quando a filha desceu a escada correndo, acompanhada pela mãe. Ele levantou e abriu os braços e a filha se jogou nos braços dele.
- Eu lamento muito pai, não era a minha intenção agredi-la, mas ela me disse aquelas coisas, eu sinto muito mesmo pai, mas eu não consegui me conter, me desculpa, eu sei que isso não é justificativa.
- Eu sei meu amor que você não tinha a intenção de feri-la, mas filha você conhece as regras! - Disse triste, era sua obrigação ensinar a filha que violência não era a solução para nada.
- Eu sei pai. Mas dessa vez ela exagerou. - Disse a menina triste, ele apertou a filha em um abraço.
- Vamos almoçar e você me conta tudo certo? - Perguntou sorrindo. - Alguém sabe do Patrick?
- Ele ligou, vai almoçar no trabalho. - Disse Katherine.
- Bem! Já que você está em casa, nós vamos indo. - Disse Stivie.
- Não! Vocês podem almoçar aqui com a gente? - O casal se olhou e Lauren assentiu.
- Tudo bem! Se não for nenhum incômodo para vocês. - Disse Stivie.
- Incômodo nenhum, venham! - E todos seguiram para a mesa que já estava servida.
- Eu faço a oração. - Disse Katherine feliz. - "Senhor meu Deus, obrigada por essa refeição. Abençoe-nos para que nunca nos falte o alimento, e que sejamos gratos pelo Senhor não deixar que nos falte o necessário, e que sejamos solidários com aqueles que não têm, obrigada Senhor, pela minha família reunida. E obrigada pela nova coordenadora pedagógica que me ajudou muito hoje. Em nome de Jesus, amém." - Orou.
- Podemos a buscar a Katie na academia hoje? - Perguntou Lauren se servindo.
- Claro! Sem problemas. Aliás eu estive pensando, vocês poderiam ficar aqui em casa, com uma casa desse tamanho, não faz sentido vocês ficarem hospedados em um hotel. - Disse Michael naturalmente.
- Ah, meu filho! Não sei se isso é uma boa ideia! - Disse o pai apreensivo.
- Pois eu acho uma ótima ideia! - Vibrou Katherine.
- Será uma honra tê-los hospedados aqui. Pai, Lauren, por favor, pensem com carinho. - Pediu Michael.
- Eu gostaria! Eu ficaria mais tempo com a Katie. - Argumentou Lauren. Stivie pegou a mão da esposa e beijou-a.
- Se realmente não for constrangedor para você filho. - Disse Stivie ainda em dúvida.
- Não é pai, é sério! Vocês serão bem vindos.
- Então sim, viremos pra cá! - Disse Stivie, e Lauren o beijou sorrindo.
- Obrigada amor! - Disse carinhosamente.
- Pai o meu avô conhece a nova coordenadora. - Comentou Katherine, mudando totalmente de assunto.
- De onde o senhor a conhece pai? - Perguntou Michael intrigado.
- Eu conheço o pai dela.
- O pai dela não é um desses seus amigos que...
- Não meu filho! O pai dela é uma das pessoas mais cabeça dura, e teimosa que eu conheço, mas é extremamente honesto. - O pai o interrompeu.
- E quem é ele? Eu o conheço? - Stivie e Lauren trocaram um olhar que não passou despercebido à Michael. - Algum problema pai? Se ele não é um daqueles seus amigos duvidosos qual o problema me dizer quem é ele?
- Pai ela foi maravilhosa comigo, o senhor precisava ver ela empurrando o pai da Cristina e tirando a mão dele do meu braço. - Disse Katherine inocentemente alheia aos olhares do pai e do avô.
- Como assim? Tirando a mão dele do seu braço? Pai o senhor não me contou esse detalhe. - Acusou Michael furiosamente.
- O assunto já foi resolvido, você precisa voltar para o congresso, me informei sei que a tarde você voltará pra lá. E acredite-me a Claudia soube como resolver o problema, ela nos colocou em nossos devidos lugares. - Disse com orgulho.
Michael franziu a testa, as únicas pessoas que deixavam o pai orgulhoso eram a filha e a neta. E agora ele estava todo sorrindo feliz e orgulhoso porque uma mulher o colocara em seu devido lugar? Tinha alguma coisa errada aí.
Olhou para Lauren, que parecia indiferente ao súbito carinho e admiração do marido pela outra mulher, ela conversava com a filha sobre o ocorrido naturalmente, como se não tivesse uma loura espetacular fazendo seu marido ficar com aquele sorriso bobo.
- "Deus meu! Eu não acredito, que estou com ciúmes do meu pai! Ah, não! De novo não, ninguém merece! Nem com o Artur eu não fico com essa paranoia, qual o meu problema? Meu pai ama a esposa, meu Deus, tira esses pensamentos absurdos da minha cabeça, não permita que eles se enraízam no meu coração." - Pensou desolado.
- Pai ele não me machucou, ficou um pouco vermelho onde ele apertou, mas não foi nada grave. Eu estou bem, eu só comentei porque ela foi maravilhosa comigo. Amanhã eu quero ir na sala dela cumprimenta-la. E quero levar chocolates pra ela. - Pediu sorrindo.
- Claro filha! - Respondeu sorrindo também, pelo visto as duas causaram uma boa impressão uma na outra, e distraído em seus pensamentos, ele não percebeu o olhar intrigado do pai para ele.
Continua...
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