25 - Deus é a fortaleza do meu coração.
Naquele dia Claudia não foi trabalhar. Como ela imaginara clinicamente ela não tinha nada, e o doutor Mauro aconselhou que ela voltasse para a terapia, muito contra a vontade ela concordou, e quando ele disse que iria marcaria a consulta com o psicólogo de sempre, ela disse que queria mudar de psicólogo, mas que ele não se preocupasse, pois ela iria mesmo fazer isso.
Marcelo quis ligar para os tios, mas ela o proibiu, assim como o proibiu de adiar sua viagem, Luciana garantiu cuidar dela e mantê-lo informado. Ela não estava bem o bastante para dirigir, e queria ir até o aeroporto com o primo, e imaginava que Luciana também quisesse ir, então foram todos de táxi.
- Gostaria que você fizesse uma coisa, por mim e por você. - Pediu Marcelo no aeroporto.
- Se eu puder fazer, é claro que eu farei. - Respondeu suavemente.
- Vai para a igreja com a Luciana, busque a cura, para a sua alma. "O Senhor sara os corações partidos, e cura as feridas". Tenha fé, não desista de si mesma, Deus tem planos maravilhosos para você.
- É mesmo necessário eu ir à igreja? - Perguntou em dúvida.
- Sim. A Luciana vai te explicar a importância de ir à igreja, e quando você começar a ir, você mesma vai me falar da sua experiência de ir à igreja, vai por mim, eu sei o quanto é maravilhoso viver em comunhão com a igreja.
- Eu vou tentar, eu prometo. - Respondeu abraçando-o. - Agora vai se despedir dela, eu sei o quanto você vai sentir saudades dela. - Disse sorrindo.
- Obrigado, pela hospedagem! Eu te amo, não esqueça jamais disso! - Pediu emocionado.
- Eu também te amo! E obrigada, por esses dias. - Disse também emocionada.
- Qualquer coisa, é só ligar ou mandar uma mensagem. - Disse beijando o alto da sua cabeça.
- E eu vou ligar mesmo! - Disse se afastando e piscando pra ele.
De mãos dadas eles foram até Luciana, Claudia percebeu que ela chorava, mas ignorou e seguiu em frente, afastou-se o bastante para dar espaço aos dois, quando se virou pra eles, estavam abraçados, ele fazia carinho nos cabelos dela, e falava algo pra ela, algo naquela cena doeu fundo em seu coração, e ela virou as costas para os dois.
Ficou olhando as pessoas passando de lá pra cá, pessoas de todos os tipos, indo para todos os lugares, e muitas delas assim como ela, apesar, de estar indo a algum lugar, não conseguiam sair do mesmo lugar, estavam aprisionadas em suas mentes, um lugar onde elas mesmas se aprisionavam, gerando assim os mais diferentes distúrbios.
- Oi! - Disse Luciana ao seu lado, não a vira chegar. - Podemos ir? - Ela se virou, mas não viu o primo em lugar nenhum.
- Vamos! - Disse tão triste quanto a outra.
Voltaram de táxi pra casa. E Claudia decidiu que essa semana, Luciana iria começar aprender a dirigir. Encostou no vidro da janela e ficou observando a paisagem.
Artur e Victória mandaram mensagem perguntando como ela estava, dona Benta havia dito que ela estava de atestado, e ambos estavam preocupados.
Mensagem para artur:
Estou bem melhor! Amanhã estarei de volta à escola.
Eu posso te ver hoje? Amanhã é o dia daquele congresso sobre inclusão social. Passarei o dia fora da escola, lembra? - Ele respondeu a mensagem.
Ela esquecera, os dois professores de educação física, e a psicóloga iriam participar desse congresso, e era para a coordenadora pedagógica também ir, mas como as inscrições foram feitas no final do ano e a escola estava sem coordenadora pedagógica, assim sendo a escola não teria esse representante neste ano.
Hoje não será possível, lamento. - Ela respondeu.
Tudo bem! Fique boa logo. Beijos! - Ele respondeu, e ela suspirou. Voltando a olhar a paisagem.
Ao chegar em casa ela ligou para Victória, que atendeu no terceiro toque.
- Oi, Claudia! Está melhor? Ficamos preocupados. - Atendeu.
- Oi, Vick! Eu estou bem, obrigada! Você está ocupada? - Perguntou nervosa.
- Não! Pode falar. - Disse atenta.
- Eu sei que como minha colega de trabalho você não pode me clinicar, para não se envolver emocionalmente com o meu problema. Mas mesmo assim, você poderia me atender? Mais como amiga do que como psicóloga? Se você me disser depois disso que meu caso é grave, e eu preciso mesmo de ajuda profissional eu prometo que buscarei ajuda, se você não puder me ajudar.
- Se você me der a sua palavra, de que me levará a sério, e de que no momento, em que eu achar que estou envolvida demais e não posso mais te ajudar, você buscará alguém que possa fazê-lo, eu terei o maior prazer em tentar te ajudar.
Claudia soltou o ar que nem percebera, que estava segurando, suspirou aliviada.
- Podemos nos encontrar hoje depois do expediente? - Perguntou Claudia ansiosa.
- Sim. Você se importaria de ir no meu consultório? - Perguntou Victória cautelosa.
- Não! É só me mandar o endereço.
- Te mandarei por mensagem. Qual o melhor horário pra você?
- O que for melhor pra você. Tenho um compromisso para o almoço e depois estarei à sua disposição.
- Que tal as dezoito?
- Pra mim está ótimo! Mas vai dar tempo de você ir em casa quando sair da escola? - Perguntou atenciosa.
- O meu consultório é em casa! Te espero lá às dezoito horas, ok!
- Ok! Obrigada Vick! Junto com o endereço você me manda o valor da consulta!
- Vamos apenas conversar! Então se você precisar e quiser algumas seções aí falaremos de valores, tudo bem?
- Tudo bem! Estarei lá pontualmente.
- Certo! Até mais querida. - E se despediram e desligaram
🍛🍛🍛
Claudia encontrou a dona Conceição as treze horas em um restaurante perto da casa dos pais, ela explicara que Carla estava voltando para casa naquela semana, e exigiu que ela fizesse um almoço especial, pois convidara os sogros para almoçar na casa dos pais, e por isso só poderia encontra-la depois do almoço da irmã.
- Oi Nana! - Cumprimentou nervosa, era a primeira vez que a via desde que descobrira o laço de sangue que as unia.
- Oi minha filha! Ainda bem que o sogro da sua irmã almoça cedo. - Comentou sorrindo. - Desculpe não ter conseguido sair mais cedo.
- Meus pais poderiam, contratar outra cozinheira, a senhora já trabalhou demais, merece um descanso. - A boa senhora apenas sorriu nervosa.
- Você deveria ter escolhido outro restaurante, aqui é muito chique. - Comentou tímida.
- Aqui é discreto, e podemos ficar à vontade, e vamos comer bem! Nada daquelas porções para passarinho. - Disse Claudia encaixando seu braço no da avó.
O maître veio ao encontro das duas, e sorridente as levou até a mesa reservada. Elas almoçaram em harmonia, como era esperado de duas pessoas que se amavam e se respeitavam.
- O restaurante está quase vazio, daqui a pouco nos põe pra fora. - Sussurrou dona Conceição.
- Não vão não! O dono é amigo da Carla, e ele separou a algum tempo, e com o divórcio ele ficou na pior, e a Carla quis ajudá-lo, mas o Hércules não deixou que ela se tornasse sócia, pois é um negócio de risco, então ela me convidou para entrarmos as duas como sócias, e com algumas condições acabamos entrando os três em um acordo. - Disse sorrindo.
- Tipo a quantidade de comida no prato! - Argumentou sorrindo.
- Sim! É claro que ainda tem os pratos caros de petiscos, mas fazer o quê? Não se ganha todas, mas o restaurante está indo muito bem, segundo o Gaspar minhas ideias são ótimas.
- E o Hércules sabe dessa transação da Carla? - Perguntou preocupada.
- Sabe, mas ele detestou a ideia, ele disse que ela vai acabar com a herança que a vovó deixou pra ela tentando salvar negócios falidos. - Comentou sorrindo.
- Mas até aonde eu sei, ela tem um bom faro para negócios, não tem? Afinal é este o ganha pão dela. - Disse defendendo Carla, Claudia era o xodó de dona Conceição, mas a boa senhora amava imensamente as irmãs dela.
- E ela tem mesmo, raramente ela erra! Eu acho que ele só queria que ela dependesse um pouquinho mais dele. - Respondeu pensativa.
- Aconteceu alguma coisa Claudia? Você nunca me convidou para almoçar, ou algo do tipo. - Disse constrangida.
- Eu sinto muito por isso! - Disse também constrangida. - E a senhora tem razão, aconteceu alguma coisa. - Disse olhando-a nos olhos.
Ela não sabe o que a boa senhora viu em seus olhos, mas os olhos da senhora lacrimejou e ela abaixou a cabeça.
- E o que foi que aconteceu! - Não foi bem uma pergunta o que ela formulou.
- Meus pais me disseram quem é a senhora, e porque nunca nos abandonou, quero dizer porque nunca me abandonou. - Disse emocionada.
Dona Conceição olhou pra ela, as lágrimas desciam livremente por seu rosto, emocionada ao ver as lágrimas da avó, começou a chorar também, definitivamente havia algo de muito errado com seus hormônios.
As duas levantaram e se abraçaram, não era a primeira vez que elas se abraçavam, mais era a primeira vez que avó e neta se abraçavam.
- Eu quero ouvir o seu lado da história. - Pediu quando as duas voltaram a sentar. - Digo quero ouvir o lado do seu filho da história.
🥀🥀🥀
Michael passou toda a manhã inquieto. Depois que saíra da sala de Raquel, sentiu um calafrio percorrer seu corpo, e uma sensação desagradável tomar o seu coração. Não vira Artur, pois ele estava fazendo um trabalho individual com alguns garotos especiais. Encontrou Raquel na saída do ginásio.
- Antes que você diga que eu estou fazendo fofoca, quero que saiba que só estou aqui, porque sei que você não falou nem com a Vick e nem com o Artur, pois você está sem celular. - Explicou ela.
- Ok, Raquel eu deixei meu celular na sala dos professores carregando, o que você quer me contar? - Perguntou sarcástico.
- A Claudia não veio trabalhar hoje, está de atestado. - Disse naturalmente.
- Mas atestado de quê? - Perguntou Michael aflito.
- Não sei, só sei que ela está de atestado. - Disse com desdém.
- E você não se interessou em saber? - Perguntou sarcástico.
- Na verdade não. Por que eu deveria fazer isso? - Perguntou ressentida.
- Desculpa! Você pode ligar ou mandar uma mensagem pra ela? - Perguntou aflito.
- Não sei se ela quer receber uma ligação minha, nós não nos damos muito bem. Por que você mesmo não liga?
- Eu não tenho o número dela, e você pode ligar, ela é uma boa pessoa, e não vai te maltratar. - Ela ficou encarando Michael, e pegou o celular.
-Oi, Claudia. - Cumprimentou Raquel.
( ... )
- Sim sou eu mesmo. Eu só estou ligando pra saber como você está? Você está bem?
( ... )
- Graças a Deus! Então não é nada grave.
( ... )
- Entendo! Mas se precisar de alguma coisa avisa que faremos o que for possível para ajudar.
( ... )
- Beijos, fique com Deus.
( ... )
Enquanto Raquel falava ao telefone, eles caminharam até a sala dos professores. Michael entrou na sala e pegou o celular, fingia não prestar a atenção na conversa da colega, se ele não fosse tão estúpido ele próprio poderia ligar pra ela, era só pegar o número e ligar, mas ele temia estragar tudo!
- Ela disse que está bem melhor, a febre que foi o motivo de ela ir ao médico já passou, e ela tem certeza que amanhã estará ótima, e virá para a escola. - Disse e saiu da sala.
- Raquel! - Chamou e ela se virou para ele. - Obrigado!
- Não por isso! - Disse com um meio sorriso.
Enquanto se dirigia ao estacionamento, viu que Artur, Victória e Patrick haviam ligado, e também havia mensagens; os dois amigos deixaram mensagens dizendo que Claudia estava de atestado médico, e a mensagem do cunhado dizia que iria almoçar com o sogro. Ele retornara a mensagem dizendo que ficara sabendo de Claudia estava de atestado, e que soubera também que ela estava bem e que estaria de volta na manhã seguinte.
Ele chegou em casa exausto. Katherine esperava por ele ansiosa para contar as novidade do fim de semana com a mãe. Ele ouviu as histórias da filha, e ela estava radiante pela presença da mãe.
- O que você acha de jantarmos com a sua mãe e o seu avô? - Perguntou, e a filha bateu palmas de alegria, e pulou nos braços do pai.
- Boa ideia pai! Meu avô vai ficar muito feliz! - Disse séria.
- Você acha? - Perguntou no mesmo tom.
- Eu tenho certeza! Ele perguntou pelo senhor, e disse que o senhor trabalha demais, precisa aproveitar mais a vida.
- "Talvez a Michelle tenha razão ficar dois anos sem ver o pai, é tempo demais, não estou sabendo aproveitar a companhia das pessoas que Deus tem me dado, e o pior estou tirando da minha filha o prazer do convívio com a mãe". - Pensou apertando as têmporas.
- Você liga pra eles, eu vou tomar um banho e almoçamos, certo? - Disse sorrindo.
- Claro! - Disse já pegando o celular. - Vamos jantar aqui mesmo ou em um restaurante.
- Um restaurante. Cadê a dona Neuza?
- Lá pra cima. - Respondeu já ligando. Ele a encontrou saindo do quarto de Katherine.
- Oi meu filho, já vou servir o almoço. - Disse sorrindo.
- Ok! Dona Neuza, e hoje a senhora não precisa se preocupar com o jantar, eu e a Katie vamos jantar com meu pai, e vou chamar o Patrick também.
- Tudo bem meu filho. Divirta-se! Pelo menos a pequena eu sei que vai se divertir, desde que a mãe a deixou aqui ela não fala de outra coisa, que não seja a mãe e o avô. - Disse sorrindo apertando o ombro dele.
Ele sorriu de volta e foi para o quarto, tomou um cefalium e foi para o banho.
Continua...
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