37 - as alucinações de cada um.
Rafael desejou dar meia volta e voltar para trás assim que adentrou em casa.
- Você está sabendo que a Sofia quer nos tirar a minha neta? - A mãe perguntou assim que o viu, suspirando ele fechou a porta.
- Mãe, ela não está tirando a Bia de nós, está apenas buscando o canto delas, o que é mais do que justo. – A mãe exasperou-se.
- Justo? Justo para quem? Quem que segurou a barra quando seu irmão estava desaparecido e ela desempregada? Quem? Quem tem se matado para manter essa família unida e bem?
Contou até dez para não dizer o que estava na ponta da língua, definitivamente estava ficando difícil a convivência. Aliviado por não precisar respondê-la, pegou o celular no momento que ouviu o bip de notificação de mensagem.
- Mãe, por favor! - Pediu mostrando o celular.
"Tio, a Samara está aqui na Confeitaria, acompanhada por um homem estranho e sem educação. Ela me pareceu nervosa e falava alguma coisa sobre ter sido roubada, ou alguma coisa assim".
Ele virou-se imediatamente de volta para a porta.
- Rafael! Eu estou falando contigo. - A mãe gritou.
- Depois mãe. - Gritou de volta correndo porta a fora a deixando aberta, fungando voltou para fechá-la.
Acelerou até a Confeitaria, freando bruscamente e saiu correndo até a porta, parando freneticamente imaginando que chamaria muita atenção se adentrasse daquela maneira esbaforida, se o homem que estivesse com ela fosse quem ele imaginava, provavelmente sabia quem era ele, melhor não chamar atenção para si, respirou profundamente se acalmando. Os viu e seu coração acelerou definitivamente era Albert, sentiu um misto de raiva e medo.
- "O que ele pode querer com ela?" – Pensou suspirando.
Distraído o homem comia, mas Samara olhou diretamente para ele, intimamente sorriu pensando que talvez ela pressentisse sua presença, assentindo sentou em uma mesa ficando nas costas dele e de frente para ela, ele só precisava de um sinal dela e aquele aprendiz de 'madrasta má' iria se arrepender de ter vindo para Granville.
- O senhor o conhece? - Perguntou Sabrina o assustando.
- É o pai biológico dela. Você ouviu mais alguma coisa?
- Não. Ele não quer dividir a intimidade dele com estranhos. - Disse sorrindo.
- Você ouviu se ela disse o que ele roubou dela? – Temia que ela se expusesse demais.
- Não tio, pelo que eu compreendi, foi ele quem disse que ela foi roubada, tipo sequestrada. – Rafael franziu a testa. - O senhor vai querer o quê?
- Eu quero só um café. Prometi jantar com sua avó, só espero poder voltar para casa com tempo, se ela estava chateada comigo agora está furiosa! - Respondeu tenso se recordando que a deixara falando sozinha.
- Está acontecendo alguma coisa? Eu pensei que ela e minha mãe estivessem se dando bem, mas eu as vi discutindo ontem. – Disse triste. – Estou feliz por ter vocês na minha vida, tenho medo de que minha mãe me proíba de estar com vocês, como ela fez quando vocês chegaram.
- Eu também estou feliz meu amor por ter vocês na minha vida, e não se preocupe, eu vou falar com sua mãe, ela não vai permitir que os problemas com sua avó nos afaste. – Disse pegando em sua mão.
- Obrigada tio, vou pegar seu café.
Ele sorriu para ela e pegou o celular escrevendo rapidamente uma mensagem.
"Isaac, eu estou na Confeitaria. Albert está aqui com a Samara. Você pode ficar de guarda do lado de fora?".
"Sério que ele teve a cara de pau de procurá-la? Estou indo pra aí".
Disfarçadamente ele olhava a mesa à frente, agradeceu à sobrinha pelo café e ficou de olho. Quando ela se levantou, controlou o desejo de ir até lá, nitidamente ela estava nervosa, impulsivamente levantou-se, e frustrado voltou a sentar, pegando o celular.
"Isaac, ela está saindo. Você pode segui-la? Micaela disse que elas iriam jantar juntas, quero apenas ter certeza de que está tudo bem".
"Ok. A Natália e a Isabella também vão a esse jantar de meninas".
Albert virou-se para olhar Samara, Rafael abaixou a cabeça, na posição que ele estava se olhasse para o lado veria que estava sendo observado. Ele chamou Sabrina pegando o celular e voltando à posição anterior.
Observou Sabrina levar a conta e um pacote para viagem, aparentemente ele gostou do doce, Rafael esperou ele se levantar, mas continuou sentado falando ao celular.
"Ela entrou no restaurante. Aconteceu alguma coisa? Ela parece nervosa".
"Não sei. A Sabrina também comentou que ela estava nervosa".
"Onde você está?".
"Ainda aqui, ele está sentado no mesmo lugar falando ao celular".
"Partindo dessa criatura boa coisa não deve ser". - Imediatamente Isaac mandou outra mensagem.
"As meninas estão saindo, aconteceu alguma coisa elas estão muito alvoroçadas".
"Palhaçada! E eu aqui vigiando esse energúmeno".
"Fique de olho nele, eu vou seguir a Samara, imagino que elas estejam indo para o mesmo lugar".
Ainda pensava se iria atrás de Samara ou não, quando Albert levantou, sem pensar, levantou-se o seguindo. Franziu o cenho, o Rei das Pedras Preciosas não tinha problemas com multas de trânsito dirigia igual um louco.
- Qual o problema dessas pessoas? Por que não procuram por lugares limpos e movimentados? - Se perguntou quando Albert parou na pousada desativada, pegou o celular e tirou algumas fotos, não ficariam tão boas quanto às tiradas por Isaac, mas daria para o gasto.
Franziu o cenho ao ver Caetano o abraçando. Sabia que o médico estava no Hospital doutor Eric Martinelli para eliminar Samara, mas pelo que compreendera imaginou que outra pessoa o houvesse indicado, jamais passou por sua cabeça que eles tivessem algum tipo de relacionamento próximo.
Pela felicidade dos dois ao adentrar o lugar, aquela amizade era de longa data. Esperou pacientemente para ver se mais alguém chegava ou saía, já estava com vontade de ir embora, ansiava por notícias de Samara. Aliviado ouviu o bip de notificação do celular.
"Elas vieram todas para a casa da Bela. Agora não sei se vou embora ou espero mais um pouco. A Natália vai querer meu fígado se souber que as segui até aqui".
"Ela vai entender, é só dizer a verdade".
"Eu vou esperar dez minutos e vou embora. Onde você está? Ainda na Confeitaria?".
"Não. Eu segui o Albert até a pousada onde o Jerônimo foi morto".
"E o que ele faz aí?".
"Só Deus sabe. O Caetano veio recebê-lo na entrada, e pela atitude deles essa amizade é antiga".
"Estranho isso, eu pensei que fosse através de outra pessoa que o Caetano tivesse entrado nessa história".
"Eu também, mas parece que estávamos enganados. Estou quase indo embora".
"Aguente mais um pouco, o mais provável seja que eles estejam ai para encontrar alguém, ou essa pessoa já esteja lá dentro ou ainda vai chegar".
"Eu sei. Mas e a Samara?".
"Não se preocupe com ela, eu vou entrar na casa e ver o que está acontecendo, acalme-se nós cuidaremos da sua 'branca de neve".
Rafael sacudiu a cabeça, nem em um momento como esse Isaac ficava sério ou entrava em pânico.
"Obrigado Isaac. Apenas verifique que ela esteja em segurança, por favor!".
"Pode deixar, minha amada também está lá dentro. Eu fico aguardando notícias, e qualquer novidade aqui eu te aviso".
Mal leu a mensagem, um farol se aproximando chamou sua atenção, um táxi parou atrás do carro de Albert, Rafael arregalou os olhos ao reconhecer Bernardo saindo do veículo.
- Mais que merda é essa! - Exclamou pulando do carro e correndo até ele que ia na direção da entrada, não poderia gritar porque chamaria a atenção de quem estava lá dentro, nervoso aproximou-se o suficiente.
- Que raios você está fazendo aqui? - Perguntou o puxando pelo braço.
- Rafael? O que você está fazendo aqui? - Perguntou surpreso olhando os lados.
- Garoto eu perguntei primeiro. - Respondeu tentando puxa-lo para o seu carro, enquanto ele tentava a todo custo se soltar.
- Não posso ir contigo, eu preciso entrar e, por favor, você tem que sair daqui imediatamente, se eles te virem vão mata-la. - Disse chorando.
- Pelo amor de Deus garoto do que você está falando? Eles quem? E vão matar quem? Você por acaso voltou a usar aquelas porcarias? – Perguntou o puxando fortemente.
- Por favor, Rafael minha irmã está lá dentro. - Rafael parou tenso.
- A Valentina? - Perguntou nervoso olhando na direção da porta, estranhando que ninguém ainda havia saído.
- Não a Samara.
Rafael sentiu uma leve tontura, sacudiu violentamente a cabeça pensando rápido. Isaac disse que ela estava na casa do Eric, não tinha motivos para duvidar da palavra dele, mas, e se ele não quisesse, deixa-lo preocupado? Recriminou-se, o que estava pensando? Jamais o Isaac iria mentir sobre algo tão grave e colocar a vida da Samara em risco.
- Vamos dar o fora daqui, eu te garanto que a sua irmã não está aqui. - Disse o puxando ainda forte, o garoto tinha força, nesse momento ouviram o primeiro tiro. - Merda! - Praguejou Rafael correndo arrastando Bernardo que não falava coisa com coisa. - Você tem a minha palavra que a sua irmã não está ali dentro. - Gritou.
Jogou-o no carro batendo a porta correndo para dar a volta sentiu o impacto no dorso sendo jogado para frente, sentiu-se amparado não caindo, a mesma sensação de amparo sentiu ao ser ajudado a entrar no carro, sacudiu a cabeça olhando para os lados, apenas os dois estavam ali em meio à rajada de tiros, não tinha tempo para pensar em quem o ajudara, nem na dor que sentia ou no sangue que manchava sua camisa branca, ele acelerou o máximo que pode.
Foram seguidos e seus seguidores continuaram a atirar, as balas acertavam constantemente o carro enquanto Bernardo gritava, à entrada da cidade, ele viu o carro atrás deles dar a ré e voltar, aliviado sorriu para Bernardo, mas sentiu uma vertigem e bateu a cabeça no volante, ouviu o grito ao seu lado, mas não conseguia distinguir quem gritava. Os gritos cessaram e uma voz longínqua muito familiar sussurrou em seu ouvido tentou recordar de quem era, mas não conseguia.
- Rafael me ajuda cara, você é muito pesado. - Dizia a voz. - Cara, por favor! Se eles voltarem nós estaremos mortos, desculpe-me, mas eu não sou um herói como você.
A voz chorava, ele tentou dizer que não era herói, mas a voz não saiu, também queria ajudar mais era para ajudar no que mesmo? Abriu a boca várias vezes, mas não havia nenhum som.
- Mas é mesmo um imprestável! Não consegue fazer nada sem receber um tiro. – Ouviu a voz do pai.
Irritado, fechou os olhos. Por que reconhecia a voz do pai e não reconhecia a do rapaz que estava precisando de ajuda? Queria tanto ajudar, mas não conseguia sentir o braço e todo seu corpo parecia sem vida. Tentou pedir desculpas, mais uma vez a voz não saiu.
Sentia muito pelo garoto, mas não conseguia fazer nada, ele poderia ir embora e deixá-lo ali sozinho, mais o que queria mesmo era que o pai sumisse e nunca mais aparecesse.
- Você está delirando cara, seu pai não está aqui, estamos nós dois e precisamos sair logo daqui e eu não vou a lugar nenhum sem você. - Repetiu a voz.
- "Será que eu estou falando? Como não ouço minha própria voz" - Pensou confuso.
- Meu Deus o Thiago me disse uma vez que o Senhor é o Deus do impossível, então, por favor, me ajuda com o Rafael, ele salvou a minha vida, não o deixe morrer. - Pedia a voz.
- "Então ele conhece meu irmão? Será que ele sabe onde meu irmão está? Minha mãe e a Sofia sofrem tanto com saudades dele" - Pensou sentiu os olhos arder.
Abriu os olhos ou não? Não tinha certeza de mais nada, exceto de que viu um homem ajudando o garoto, ou tudo isso seria apenas uma alucinação como o seu pai? Esperava sinceramente que não fosse.
- "Esse garoto deve ser um bom amigo, talvez finalmente encontremos meu irmão e, para a Honra de Deus, com vida". - Pensou sorrindo.
- Você nunca saberá o que é ter amigos, por que não os têm nem terá. - Provocou o pai gargalhando. - Veja, como são as coisas, nem seus irmãos são seus amigos, os dois te abandonaram por que não te suportavam. – O pai continuava a falar em seu ouvido, sentiu o calor das lágrimas em seu rosto mergulhando na escuridão.
🍎🍎🍎
Gritando por Bernardo e Leonardo, Samara entrou correndo na casa, sendo seguida pelas demais, correu até o quarto do irmão, a porta estava trancada, entrou em pânico ao ouvir os gritos vindos de lá, nervosa não conseguia destrancá-la.
- É a voz do Léo! - Disse Isabella pegando em sua mão. - Acalme-se. - Pediu destrancando-a, furiosamente Leonardo as encarava.
- Aquele seu irmão é um bruto ingrato! - Resmungou irritado.
- Léo, o que aconteceu? - Amparando Samara, perguntou Isabella, suspirando Leonardo passou as mãos na cabeça.
- Eu vim para impedi-lo de sair como a Samara me pediu. Quando entrei no quarto ele estava falando ao celular extremamente nervoso, perguntei o que havia acontecido ele disse que nada, mas que precisava sair. Eu disse a ele para não sair que você estava vindo para cá, - disse encarando Samara - mas ele estava fora de controle e disse que precisava fazer alguma coisa para te ajudar e que jamais se perdoaria se alguma te acontecesse por causa dele, tolo, eu me aproximei dele, quando fiz isso ele correu para a porta me trancando, sinceramente não sei como ele conseguiu ser tão rápido. – Concluiu admirado.
- O que está acontecendo aqui? - Perguntou Eric da porta ao lado de Isaac
- Bernardo, ele foi atrás do Albert. - Respondeu Samara chorando.
- Como assim, atrás do Albert? - Perguntaram os dois homens.
- Como você pode ter tanta certeza disso? – Perguntou Isabella ainda abraçada nela.
- Samara conte-nos o que está acontecendo? – Perguntou Eric.
Ela narrou o que acontecera depois que saíra do hospital.
- E cadê o meu irmão? Muito estranho ele te deixar sair assim da Confeitaria depois de te ver com esse homem! - Disse Micaela tensa.
- Na verdade, - começou Isaac - ele me pediu para ficar a postos do lado de fora e eu a segui até o restaurante e depois até aqui.
- Por isso você estava andando feito uma barata tonta na porta? - Perguntou Eric, enquanto Natália encarava o noivo.
- Não exatamente! - Disse desviando o olhar de Natália.
- Amor, por que você não me disse nada? – Ela perguntou ressentida.
- Por que aparentemente estava tudo sob controle, - passou as mãos na cabeça. - eu e o Rafael estávamos nos falando por mensagens, era para eu seguir a Samara apenas para garantir que estava tudo bem e que não havia ninguém atrás dela, além de mim é claro! Mesmo vocês vindo para cá alvoroçadas daquele jeito, me parecia que estava tudo bem, vocês estavam seguras aqui, então eu ia esperar por alguns minutos e ia embora, mas o Rafael seguiu o Albert até uma pousada abandonada que tem fora da cidade.
Eric o olhou surpreso de todos os presentes, apenas ele sabia que o policial e o jornalista haviam estado na noite anterior nesse mesmo lugar, respondendo à pergunta não verbalizada do irmão, Isaac assentiu.
- Com 'pousada abandonada', você está dizendo aquele resort abandonado que há mil e umas histórias mirabolantes a respeito do seu fechamento? – Perguntou Natália.
- Esse mesmo. - Respondeu a encarando.
- Amor, eu nasci e vivi nessa cidade, acredita mesmo que eu não conheço todas as histórias daqui? - Perguntou cruzando os braços, ele aproximou-se, a puxando para seus braços.
- E como o pai da Samara, uma criatura que nunca esteve aqui sabe desse lugar se eu que moro aqui há quase três anos, só estou sabendo disso agora? – Perguntou Isabella.
- Verdade! – Concordou Micaela. – A não ser que não seja a primeira visita dele a Granville.
- Amor, por que segundo o Eric você estava igual a uma barata tonta na porta? – Perguntou Natália preocupada.
- Por que eu mandei uma mensagem para o Rafael e ele não visualizou.
- Ele não pode simplesmente não ter olhado o celular ou ter descarregado! - Cogitou Samara aflita.
- A mensagem foi entregue e, ele estava muito preocupado, estávamos respondendo a mensagem um do outro em tempo real.
Angustiada pelo irmão e agora por Rafael, ela sentou na cama, suas pernas não suportavam seu próprio peso.
– "Meu Deus que nada tenha acontecido ao Rafael nem ao meu irmão, por favor, Deus em Nome de Jesus cuida desses dois onde eles estiverem". Pensou em súplica.
Ela parecia um zumbi, observou Micaela e Eric ligando sucessivas vezes para Rafael apenas para se frustrarem com o resultado. Isabella havia conduzido todos para a cozinha, e naquele momento o silêncio ao era interrompido pelo teclado de um ou outro celular, tanto Rafael não atendia ao celular e Bernardo deixara o seu no quarto.
Rosa estava na casa dos pastores com os gêmeos. Aquela noite era para ser especial, elas iriam jantar e depois todas iriam para a casa da Natália ajudá-la com os convites que seriam entregues no dia seguinte. Frustrados, todos sentaram ao redor da mesa redonda com seus celulares expostos, quando um deles começou a vibrar todos o encararam imaginando de quem seria, nervoso Leonardo pegou o aparelho com todos os olhares sobre ele.
- Alô! - Atendeu ao número desconhecido.
(...)
- Bernardo! – Gritou Leonardo se levantando, todos o imitaram. – Cadê você cara, nós estamos todos...
(...)
- O quê? – Perguntou encarando todos os olhos fixos nele.
(...)
- A Samara está bem, ela está aqui na minha frente.
(...)
- Eu jamais mentiria sobre isso.
(...)
- Estamos indo para aí. – Desligou.
Samara segurou firmemente na cadeira emocionalmente se preparando para o pior, a cara do amigo era de quem tinha péssimas notícias, pelo menos o irmão estava vivo.
– Ele está no hospital, tentou ligar para a Samara, mas ela não atendeu, - só então ela se lembrou que deixara a bolsa com o celular dentro no carro, - o Rafael foi baleado e está sendo operado. – Seu mundo escureceu, e ela não viu nem sentiu mais nada.
Continua...
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