35 - As armas de cada um.
O delegado Abraão olhava as fotos que o filho e Rafael lhe mostraram depois de lhes narrar sua aventura noturna, passara a amanhã preenchendo papelada sobre um suicídio e agora descobria que na verdade acontecera um assassinato.
- Rafael por que você não me disse enquanto estávamos lá investigando o local? - Perguntou encarando-o.
- Não sabíamos se as fotos haviam ficado boas, por mais que o Isaac seja fera em sua profissão estava escuro e nossa posição não era favorável, sinto muito. - Respondeu envergonhado.
- Ainda assim poderia ter me contado o que vocês estavam aprontando. – Censurou.
- O que o senhor vai fazer? - Perguntou Isaac ansioso ignorando a irritação do pai.
- Por mais que as fotos colocam o carro nos dois lugares, infelizmente não temos fotos deles carregando o corpo para dentro da farmácia, se ao menos tivéssemos a placa! – Disse exasperado.
- De qualquer modo precisamos fazer alguma coisa, não podemos deixar essa criatura continuar a fingir que está em coma. - Disse Rafael.
- Eu preciso de homens para guardar a porta do Evil, mas quem eu mando para lá? Periga eu mandar um policial vigia-lo e ele ajuda-lo a fugir. - Disse desanimado.
- Ainda que não possa afirmar que o corpo enrolado naquele tapete seja o do Jerônimo, essas fotos provam que o Evil não está em coma, é só ir lá e tira-lo do hospital. - Disse Rafael irritado. O delegado mandou uma mensagem e suspirou.
- Não sei rapazes e se não realidade ele estiver em coma? - Perguntou o delegado.
- Não entendi. - Disseram juntos.
- Pai, as fotos provam que o Evil saiu do hospital, um homem em coma não sai andando por aí. – Disse Isaac irritado.
- E se ele estiver em coma induzido? Na verdade sabemos que para alguns poderosos é melhor que ele esteja impossibilitado. – Respondeu o delegado calmamente.
- E o que? Do nada resolveram que precisavam dele, e o tiraram do coma? - Perguntou Rafael, neste momento a porta se abriu e Eliana adentrou.
- O que houve querido? - Perguntou se colocando ao lado do esposo. - O que foi? – Perguntou encarando as carrancas dos jovens. - Vocês estão com umas caras?
- Foi isso! - Disse o delegado mostrando-lhe as fotos.
- Mais essas fotos foram tiradas ontem a noite! - Exclamou surpresa. - Esse cara não está em coma?
- Era o que todos nós pensávamos. - Respondeu o delegado.
- Ok! E você quer uma ordem de prisão contra ele. - Afirmou.
- Exatamente. - Disse o delegado frustrado.
Eliana mordeu os lábios olhando as fotos, o delegado pedira uma autorização para mantê-lo preso à cama, mas um advogado aparecera e os convenceu de que isso só atrapalharia o serviço da saúde, porque ele era inofensivo naquele estado e ela acreditara.
- Eu faço isso assim que eu chegar ao fórum. Mais o que exatamente significa isso, que o farmacêutico não cometeu suicídio?
- Sim. - Responderam novamente os dois jovens.
- O que você me diz? - Perguntou o delegado, visivelmente aflito.
- Vocês querem a opinião da juíza ou da mãe e esposa? - Nervosa perguntou olhando para cada um.
- A opinião que será levada a sério. - Respondeu Rafael.
Ele sabia que aquela mãe ali, jamais permitiria que acontecesse algo com o aval dela que pudesse de alguma maneira por a vida do filho em perigo, e aquelas fotos levariam os holofotes diretamente para Isaac.
- Nesse caso, por enquanto, vamos guardar essas fotos, se eles ficam sabendo que vocês andaram os seguindo cidade a fora, os dois estarão em perigo e, não queremos que isso aconteça, não é mesmo? - Perguntou ao esposo voltando o olhar em seguida para os dois.
- Você está certa. - Respondeu o delegado aliviado.
- Mais... - Começou Isaac, Rafael segurou seu braço.
- Se não trazemos os holofotes para nós temos mais liberdade para investiga-los. - Comentou o encarando. - Além disso, meu disfarce a essa altura já foi descoberto por todos do bando, precisamos de outro plano.
- Eu particularmente preferiria que vocês dois parassem de bancar os heróis investigadores. - Resmungou o delegado.
- Chefe eu sou um investigador. - Rafael lembrou sorrindo.
- Seja um investigador não um herói. - Retrucou irritado.
- E cadê a graça? Sem glória sem honra! - Exclamou sorrindo, o delegado revidou os olhos, Isaac gargalhou e Eliana sorrindo segurou o braço do esposo.
- Por isso que vocês dois se dão tão bem, são iguaizinhos. - Disse Eliana bagunçando o cabelo do filho. - Mais o delegado tem razão, vocês precisam ter cuidado, meu filho eu tenho a impressão de que seja lá quem estiver por trás de tudo isso é muito mais perigoso do que qualquer criminoso que você já tenha conseguido pegar.
- Eu também já percebi isso mãe. - Respondeu Isaac sério, o que fez sua mãe ficar ainda mais preocupada.
- Amor como conseguiremos mantê-lo preso à cama sem uma justificativa? - Perguntou o delegado.
- Verdade. - Disse desanimada, Rafael deu um meio sorriso.
- O Eric vai descobrir que ele foi removido do hospital e vai chamar a polícia, ele vai alegar que não tem como protegê-lo se ele sair do hospital sem a devida proteção e, para evitar que ele volte a sair colocando a própria vida em perigo, o delegado vai pedir a promotoria a prisão provisória dele. - Disse Rafael ficando sério.
- Excelente ideia. - Disse Eliana franzindo logo a testa. - Isso não trará problemas para o Eric com o conselho do hospital? - Perguntou Eliana.
- Ele já está tendo problemas com o conselho, ele não consegue aceitar a contratação do Caetano, e parte do conselho está irredutível quanto a isso. - Disse Isaac.
- Eu vou guardar essas fotos, meu filho cadê os negativos? - Perguntou Eliana. Isaac lhe entregou os negativos que estavam na bolsa.
- Vocês não comentem o que viram com ninguém, nem mesmo com o Eric ou a Natália compreendeu meu filho? - Perguntou ela preocupada.
- Compreendi sim mãe. - Disse beijando seu rosto. - Não se preocupe não farei nenhuma tolice, lembre-se que eu tenho um casamento para ir. - Disse risonho, Eliana sorriu também.
- Alegra-me que você se recorda desse compromisso. - Disse o abraçando. - Almoça conosco Rafael?
- Não senhora, a minha mãe está esperando por mim, esses dias eu tenho sido um pouco negligente com ela e a Bia.
- A Sofi chega hoje não é? Encontrei a Bia e sua mãe ontem no supermercado e a pequena me falou. – Comentou Eliana encantada, todos na cidade caíram nas graças da pequena.
- Ela já deve ter chegado. - Respondeu Rafael se despedindo.
O almoço com a família foi adorável, a mãe se comportou maravilhosamente bem, ele não saberia dizer se sentira falta da cunhada pela pessoa dela ou pela paz à mesa. Envergonhado ele sacudiu a cabeça focando na pequena Beatriz que monopolizava a conversa ela estava com saudades da mãe.
Naquela tarde Sofia o procurou na delegacia, preocupado ele se conteve para não se levantar e correr até a cunhada, precisava se acalmar, nem tudo era tragédia.
- Oi cunhado. - Cumprimentou sorrindo.
- Oi. - Respondeu aliviado pelo menos dessa vez realmente não parecia nada trágico.
- Tem um tempo para um café comigo?
- Sim. - Respondeu levantando.
Eles sentaram no café em frente à delegacia, nervosa ela torcia as mãos, ele aguardou. A paciência para ficar quieto observando a pessoa à sua frente refletir se falava ou não, ainda ou como falar, era uma característica que apenas ele tinha, se fosse um dos irmãos ali já teria enchido ela de perguntas.
- Desculpe-me por te tirar do trabalho, mas eu queria falar contigo antes de falar com a minha sogra. - Começou tímida.
- O que aconteceu Sofia? - Perguntou preocupado.
- Durante essa viagem eu tomei duas decisões importantes para a minha família. - Disse o encarando. - Veja bem, não estou dizendo que você e minha sogra não seja família é só que... - Interrompeu-se abaixando a cabeça.
- Eu sei Sofi que somos sua família, mas sei também que você anseia por viver somente com seu esposo e sua filha. - Disse tranquilo. - "Só não sei se minha mãe vai aceitar isso tão bem". - Pensou triste.
- Graças a Deus que você compreende, mas como sabia que era sobre isso que eu queria falar? - Perguntou sorrindo.
- Essa decisão pareceu óbvia, mas não faço ideia da segunda.
- A segunda já conversamos sobre, se recorda quando eu disse que era desgastante ficar viajando a trabalho? E no quanto era difícil deixar minha pequenina, por mais que eu saiba que contigo ela está bem protegida. - Concluiu sorrindo.
- Recordo-me, e me lembro de também você me dizer que aqui não havia emprego para uma pessoa do telemarketing.
- E não há, mas eu recebi uma proposta de emprego e graças ao seu irmão eu tenho um certificado de secretária, obviamente que não tenho nenhuma experiência mais posso aprender.
- Que benção Sofi! - Disse verdadeiramente feliz.
- O senhor Tobias foi mui... - Rafael engasgou com a própria saliva. - Misericórdia! – Exclamou Sofia aflita batendo nas costas do cunhado.
Rafael não parava de tossir e nervosa Sofia pediu uma água, mas ele não conseguia beber de tão nervoso e tossindo constantemente, as pessoas já estavam aglomerando ao redor dos dois o que o deixou ainda mais nervoso, finalmente conseguiu controlar a tosse e dispensou as pessoas voltando a sentar.
- Cunhado meu coração é resistente, mas não precisa exagerar na tentativa de testa-lo.
- Desculpa. Caramba não há nada pior do que engasgar com saliva. - Disse sorrindo tentando disfarçar o próprio medo. - Interrompi sua narrativa foi mal, conte-me como você chegou até o novo patrão? - Disse encostando-se.
- O seu Sebastião me apresentou a ele. - Disse impressionada. - Você precisa conhecê-lo, ele é tão simpático e gentil, enfim, ele disse que já morou aqui anos atrás e quando foi embora não abriu mão dos negócios, o sonho dele é voltar para cá, disse ter lembranças maravilhosas daqui. – Narrou encantada.
- E onde você vai trabalhar? – Perguntou tentando soar o mais tranquilo possível, mas seu desejo era manda-la largar imediatamente esse emprego.
- Na construtora Hefesto. Já começo na próxima semana, Rafa eu estou tão empolgada, é um bom emprego bem remunerado, quem diria que a insistência do seu irmão para que eu fizesse um curso de secretariado afinal fosse realmente uma boa ideia! – Disse com os olhos brilhando.
- Ele sempre teve certeza da sua capacidade intelectual e ele é ótimo leitor de pessoas. – Disse orgulhoso apesar de temer pela segurança da cunhada. - "Por que será que não estou surpreso da Hefesto ser sua propriedade senhor Tobias?" - Pensou angustiado. - Mais a ideia de morar sozinha tem alguma haver com o novo emprego? – Perguntou inquieto.
- Mais ou menos. Com o aumento que haverá no meu salário eu posso alugar um apartamento. - Respondeu feliz. – E eu quero esperar pelo Thiago no nosso cantinho.
- Eu entendo e fico feliz por vocês, mas ele não te ofereceu nenhum apartamento ou algo do tipo, ou ofereceu? - Perguntou casualmente.
- Oferecer ele ofereceu. – Respondeu ficando séria. - Mas se tem uma coisa que a vida me ensinou, é que se a esmola for muito grande é melhor desconfiar e sair correndo, e como quero muito esse emprego achei melhor colocar alguns limites. - Disse firme.
- "Essa é a minha cunhada!" - Pensou orgulhoso. - É melhor mesmo, afinal por mais gentil que ele seja a verdade é que não o conhecemos.
- Foi exatamente o que eu pensei. Além disso, você já imaginou a situação? Eu explicando ao seu irmão que um homem que não seja você ou ele paga meu aluguel! - Exclamou gargalhando.
- Eu que não queria estar no seu lugar, até você explicar a ele que focinho de porco não é tomada, já teria passado todo o arco-íris na cara e ele ficando pálido como um defunto. - Disse rindo, aliviado por ela estar tão descontraída e não perceber o desconforto dele, e principalmente por ela ser esperta o suficiente e não cair na lábia do Tobias.
- Exatamente! E quando meu marido voltar para casa, recuperaremos o tempo perdido e seremos felizes, não vou levar desavenças para o meu novo e harmonioso lar. – Disse descontraída, ela estava feliz e isso era o que de fato importava.
- Eu tenho certeza que vocês serão muito felizes, Deus cuidará de tudo o tempo todo. - Disse brincando com o guardanapo. - Sofi, qual é mesmo o nome do seu novo patrão? - Perguntou despretensiosamente.
- Tobias Toledo Macedo. - Disfarçadamente ele bebeu seu café com a desagradável sensação de que eles estavam todos na mira de Tobias, e ele queria que eles soubessem disso.
Despediu-se dela voltando para sua mesa. O delegado estava fazendo alguma coisa fora da delegacia, ele precisava falar com alguém, não poderia ser com Eric ou Isaac, porque eles iriam querer saber o motivo de tanto nervoso por causa de um emprego, apenas ele se atentou para as iniciais nos documentos encontrados na casa da Natália por saber sobre o Tobias, e o delegado ainda não conversara com os filhos sobre o tal 'chefe'.
O senhor sabia de quem é a construtora Hefesto? - Escreveu uma mensagem para o delegado.
Claro! Por quê?
Rafael franziu o cenho para aquela resposta, obviamente era um 'laranja'.
E quem é o dono?
O Ricardinho.
Segundo a mais nova contratada da construtora, a Hefesto é propriedade do senhor T. T. M.
Mensagem visualizada, mas nada de resposta. Nervoso olhava para a tela do celular como se a mensagem fosse aparecer magicamente.
- Esperando mensagem da namorada? - Perguntou Luciano o assustando, ele virou o aparelho enfrentando o olhar do outro.
- Precisa de alguma coisa? - Perguntou desconfiado.
- Não. Só achei estranho você não estar com o delegado, você parece a sombra dele. - Resmungou displicente.
- Eu não sou a sombra dele, e nem sei onde ele está se é o que você quer saber. - Respondeu voltando-se para o computador.
- Então estou em vantagem sobre você. - Disse passando o polegar pela tela do computador, Rafael fingiu desinteresse.
- Bom para você.
- Tem certeza que não sabe onde o delegado está? - Perguntou desconfiado.
- Cara qual o seu problema? Se eu estou falando que não sei é porque não sei.
- Entendo, mas não precisa ficar enciumado ele não me disse, eu descobri por outras fontes. - Disse sorrindo. - Mais duvido muito que ele consiga o que quer. - Disse saindo às gargalhadas.
Quem é a nova contratada deles?
Cadê você, garoto?
Garoto não me faz ir até aí!
Suspirou ao ler as mensagens, olhou na direção da mesa de Luciano ele o olhava de lá sorrindo.
A Sofia. Depois conversamos sobre isso. O Luciano estava aqui me provocando dizendo saber onde o senhor está.
O que a Sofia tem haver com esse cara?
Nada. O antigo patrão dela apresentou os dois, mas ela está encantada com o 'mister' simpatia.
E como o Luciano soube onde estou?
Não sei. Mais com certeza da maneira como ele descobre todas as coisas, através de um informante.
Estou no fórum. Achei melhor procurar logo o Eric e explicar a situação, ele ficou furioso, se não fosse pela segurança de vocês ele iria causar um estrago naquele hospital.
Vai ser difícil para ele guardar esse segredo.
A juíza está me chamando. Rafael precisaremos ficar de olho na Sofia.
Com certeza!
Apagou todas as mensagens e guardou o celular no bolso da jaqueta. Pela visão periférica viu o colega levantar-se e seguir em sua direção.
- Rafael por que não somos amigos? Trabalhamos no mesmo lugar, e quase nunca conversamos. - Disse sentando-se.
- E sobre o que você quer conversar? - Perguntou se virando para o outro.
- Ah, sei lá! Sobre namoradas, por exemplo, não me leve a mal, mas você parece jogar no outro time.
- Jogar no outro time como assim? - Perguntou verdadeiramente confuso.
- Todos esses meses em que você está morando aqui inúmeras mulheres se insinuam para você o tempo todo e você ignora uma a uma.
- E daí? - Perguntou ingenuamente.
- Cara você é mesmo muito sem noção. - Disse rindo, levantando saiu ainda rindo.
- Tolo! - Sussurrou.
Continua...
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