23 - O perdão ao irmão de cada um.
Por alguns segundos o garoto ficou encarando-o, parecia refletir se fora uma boa ideia procura-lo, finalmente respirou profundamente, abaixou a cabeça e começou a falar.
- Eu nasci privilegiado, sempre pensei que tinha uma família perfeita, pais que me amavam e faziam tudo por mim e uma irmã mais velha que cuidava de mim e me protegia de maneira sem igual, até o dia que acidentalmente descobri que nada na minha vida era real. - Levantou a cabeça encarando Rafael, o olhar vazio. - Naquela manhã eu deveria estar na aula de karaté, mas estava muito cansado e driblei meus pais fazendo-os acreditar que o outro havia me levado. Antes não tivesse feito tal travessura, naquela manhã descobri que minha mãe tinha um caso com o meu cunhado, obviamente que os confrontei, eu era tolo o bastante para acreditar que eles eram decentes o suficiente para ao menos ficar envergonhados por terem sido descobertos, obviamente que fiz um drama, disse que contaria ao meu pai, eu tinha dez anos na época, recordo-me do olhar do meu cunhado para mim, se eu realmente fosse tão esperto como acreditava ser, teria percebido que aquele olhar era minha sentença de morte.
O garoto afastou-se até a janela e ficou olhando para fora, o silêncio perturbador quase permitia ouvir os batimentos do coração de Rafael, os pensamentos que invadiam sua cabeça eram no mínimo conflitantes.
- "Será que Albert não sabia que o garoto era seu filho? Será que estamos todos enlouquecendo e nada é do que estamos pensando?" - Pensou preocupado. - Bernardo o que o seu cunhado te fez? - Perguntou gentilmente, ainda assim ele se assustou e o encarou com os olhos arregalados.
Para logo em seguida sorrir, um sorriso tão familiar para Rafael, era como estar diante do irmão gêmeo depois de uma briga com o pai, aquele sorriso de escarnio de tristeza por não ter o afeto e o cuidado de quem deveria receber diariamente, ainda sorrindo voltou a olhar pela janela. Naquele momento ele conseguiu compreender a amizade daquele garoto com o seu irmão.
- A minha mãe me mandou voltar ao meu quarto, como me recusei, o Albert me arrastou até lá me trancando, eu gritei, chorei, mas ninguém apareceu para me ajudar, então desisti esperando pelo meu pai, ele também não apareceu para almoçar naquele dia e no horário de eu ir à escola, minha mãe deu o ar da graça e disse que conversaria comigo quando eu voltasse, não queria ir à escola, eu não tinha a menor condição, estava totalmente fora de controle, fora a primeira vez que eu vi o Evil, enquanto eu gritava feito o descontrolado que era; ele invadiu meu quarto me agarrou jogando em seu ombro, o Albert esperava do lado de fora encostado em um carro, sorrindo diabolicamente ele abriu o porta-malas e o Evil me jogou lá dentro, chorei, gritei pela minha mãe, e ela só dizia que aquilo era pelo bem da nossa família, eu tive tanto medo!
As lembranças pareciam demais para ele e por mais alguns minutos ele ficou lá olhando pela janela, inerte. Rafael sentiu-se solidário sabia bem o que era não ser defendido por aquela que te deu à luz, em silêncio ficou ao seu lado também olhando para fora. Ele desejou consolar e conforta-lo, mas não sabia o que fazer ou dizer, Rafael não via as lágrimas do garoto, mas vira o próprio irmão chorando vezes o suficiente para compreender os sinais corporais, na verdade era impossível esconder lágrimas de dor ou de raiva.
- Eu sinto muito. - Sussurrou. Se de fato Albert fosse seu pai, e tudo indicava que sim, aquela história ainda seria pior para o garoto quando soubesse de tudo, o rapaz se virou para ele o rosto molhado pelas lágrimas.
- Quando me tiraram do porta-malas, estávamos em um balcão abandonado, o Evil me segurou e o Albert injetou algo em minhas veias, pensei que ia morrer, e antes tivesse morrido. Eu acordava vez ou outra, sentindo dor e frio, minha cabeça parecia que ia explodir, voltei a ter consciência de alguma coisa, se é que pode dizer que aquilo era consciência, uma semana depois em um hospital totalmente destruído, um lixo humano.
- Você disse ao seu pai a verdade? - Perguntou Rafael, triste ao estar mais uma vez diante de pais que enxergavam tudo menos os filhos, no seu caso era a mãe, no desse garoto parecia ser o pai.
- Eu tentei dizer, mas minha mãe já havia dito a ele que eu havia roubado um anel dela para comprar drogas e que ao me pegar em flagrante eu havia agredido a ela e ao Albert, - mais uma vez ele riu com escarnio voltando o olhar para fora - ela disse que o motivo de ele estar lá era por que havia combinado de encontrar minha irmã, meu pai estava tão desapontado comigo que nunca mais foi carinhoso ou atencioso. Não há como refutar contra as evidências, eu estava internado por overdose meus braços todo perfurado, havia ficado uma semana sem dar notícias à minha família, e segundo ele meu quarto estava um caos, quem acreditaria em mim? - Perguntou virando-se para o Rafael. - Você acreditaria?
Ele pensou por alguns segundos, ao que lhe dizia respeito tudo o que ele dissera poderia ser mentira, poderia ser uma história apenas para conquistar sua confiança, no entanto ele sabia que não era o caso, dos vários milagres que acontecera na noite em que salvara o irmão daquela clínica dos horrores, um deles fora que o Espírito Santo lhe dera um discernimento para a verdade que até então não tinha.
- Acredito em você agora, mas digamos que na ocasião, eu fosse cético e acreditasse apenas nas evidências, ainda sou um investigador, provavelmente iria querer saber mais. Eu vi meu irmão se viciando, o vi usando essa porcaria e brigamos por causa disso, fora a única vez que brigamos seriamente, ainda assim ele continuou sendo meu irmão amado.
- Ele me disse que vocês brigaram uma única vez e ele foi o culpado. - O garoto sorriu. - Eu queria que a minha irmã tivesse se importado comigo como você e a Micaela se importaram com o Thiago.
- Ele falou sobre nós? - Perguntou emocionado. - Ele disse que eu me preocupava?
- Sim. - Respondeu sorrindo. - E ele se preocupava com você, dizia que você não chegaria aos trinta por que um dia suas emoções explodiriam e você enfartaria.
- Vocês eram mesmo amigos? - Perguntou o encarando, Bernardo engoliu seco.
- Você ainda quer saber como eu conheci seu irmão? - Perguntou tenso, Rafael sentiu o calafrio na espinha, não iria gostar nada, nada dessa história.
- Sim, por favor! - Pediu sério. Os dois sentaram de frente um para o outro.
- Quando eu acordei naquele hospital tudo o que eu queria era retomar minha vida, eu era extremamente inteligente, estava em uma turma avançada, tinha um futuro brilhante e era consciente disso, mas quando meu pai chorando despejou toda a decepção e fúria em cima de mim, eu entreguei os pontos. Eu sabia que não poderia contar com a minha mãe ele era tudo o que me restava, mas ele me disse sem nenhum remorso que estavam me tirando tudo, mesada, cartões de crédito, até acredito que ele realmente acreditava que isso me manteria longe das drogas, o que ele nem sonhava era que o genro perfeito faria qualquer coisa para eu me afundar ainda mais, e eu idiota faria exatamente o que ele queria. Eu não suportava nem mesmo ouvir a voz dele, então o Evil se tornou 'meu anjo da guarda', o pior é que ele foi exatamente isso, por várias vezes ele me salvou a vida, se ele não tivesse se tornado na minha sombra eu teria acabado com tudo isso há muito tempo. Certo dia, ele me disse que a fonte havia secado e que o Albert não me daria mais nem um centavo para as drogas e nem para mais nada, naquele momento da minha vida eu não pensava em mais nada que não fosse drogas. - Ele mexeu-se inquieto.
- Quer um pouco de água? - Perguntou Rafael atenciosamente, sentia que sua fé seria testada pelo que estava por vir.
- Não, obrigado. - Respondeu suspirando. - O Evil tentou me levar para uma clínica, ele disse que estaria disposto a me ajudar se eu quisesse, mas eu não queria, vi várias pessoas morrendo de overdose, tinha certeza de que um dia o Evil não estaria por perto e finalmente daria certo. - Ele abaixou a cabeça. - Finalmente eu procurei o Albert, e ele me disse que havia uma maneira de eu conseguir dinheiro. Novamente ele me levou até o Evil e o Stranger, foi a primeira vez que o vi. Eu nunca tinha o visto o Evil tão furioso, fora a primeira vez que eu percebi que apesar de o Albert ser o "patrão" era ele quem tinha medo, mas como eu estava decidido e também pensei que como ele estava furioso comigo, me deixaria em paz, e o pior é que ele deixou mesmo, depois daquele dia ele passou a me tratar diferente.
- Isso é um caminho sem volta garoto, você se tornará um de nós, será responsável por destruir vidas e, isso é algo que te impede de voltar a dormir. - Dissera Evil.
- Ele saiu me deixando sozinho com o Stranger que me explicou o que eles queriam que eu fizesse. Se a proposta ainda está de pé, eu quero a água agora, por favor!
Rafael foi à cozinha pegar água, encontrou o delegado sentado.
- Terminou?
- Ainda não, o garoto quer água.
- Fique à vontade. - Disse indicando a cozinha. - Eu estou indo para a delegacia a gente se encontra lá. - Assentindo Rafael foi à cozinha.
Bernardo bebeu o líquido de uma vez, e agradeceu voltando à narrativa.
- Eles precisavam de jovens dependentes químicos para um experimento, eu me ofereci, e ele perguntou se eu queria largar as drogas, pois o experimento para isso, essa não era a minha intenção, então eu me candidatei para encontrar os jovens e foi assim que eu conheci o Thiago.
- Foi você quem o apresentou ao Olavo? - Perguntou tentando manter o foco.
- Não, eu o apresentei ao Stranger. Você conhece o Stranger? - Perguntou o encarando.
- Não. Por quê? Eu deveria conhecê-lo? - Perguntou fingindo-se de confuso. O garoto sorriu abaixando a cabeça.
- Ele é o dono daquela barraquinha de cachorros-quentes que você conheceu ontem à noite.
- Como você sabe disso? - Perguntou assustado.
- Eu estava lá, ao redor do fogo, se você não estivesse tão concentrado na conversa do Stranger com o Ricardinho creio que teria me visto. - Disse sorrindo.
- Não acredito que não te vi lá. - Disse frustrado.
- Não sou uma ameaça para você, natural eu passar despercebido. - Disse com meio sorriso.
- Como eles não te viram? Eles estavam falando de você também.
- Eu aprendi a me misturar, e depois de tanto chapado é fácil fingir que estou doidão, por isso ainda que eles me vejam continuarão a conversar como se eu não estivesse lá, pois acreditam que estou tão fudido, que não sirvo mais para nada de útil e menos ainda que seja uma ameaça para eles. - Disse o encarando.
- Nesse momento você não me parece nada fudido, e o que você quer dizer com 'fingir estar doidão'? - Perguntou sério, mas ele apenas deu de ombro e uma sombra de tristeza passou rapidamente por seu olhar, Rafael sabia que por enquanto não adiantava insistir. - Por que não me entregou? - Perguntou intrigado, tentando não pensar na tristeza do outro que tanto lembrava a sua própria e dos irmãos.
- Como eu disse não sou uma ameaça para você. E naquela manhã quando você entrou no bar atrás da filha do Thiago, o Evil não queria que a menina me visse poderia nos trazer problemas, por isso me mandou ficar escondido.
- Foi o Evil quem mandou você falar com a minha sobrinha? - Perguntou controlando a raiva, Bernardo sorriu.
- Eu disse ao Evil que a menina ia falar sobre mim. Mais não, não foi ele quem me mandou falar com ela, e por enquanto vamos deixar esse assunto para lá, por favor!
- Por que Bernardo? Se você quer que eu confie em ti, vai ter que me contar tudo.
- Você ouviu o Stranger e o Ricardinho, há algo podre por trás deles e eu pretendo descobrir o que é, devo isso ao Evil.
- Você sabe que isso é muito perigoso, não sabe?
- Sim eu sei. - Ele sorriu. - Para mim foi um choque vê alguém tão parecido e tão diferente do Thiago...
- Como assim, diferente? Nós somos idênticos. - Disse confuso interrompendo-o.
- Eu não estou falando apenas da aparência. Eu conheci o Thiago em um momento crítico da vida dele, ao contrário de você ele parecia pequeno e frágil, mas com o mesmo senso de dever e de querer ajudar os outros.
- Como exatamente você o conheceu? - Perguntou emocionado, se recordando de que ele parecia ainda menor e mais frágil no momento que fora resgatado.
- Eu estava procurando por pessoas que quisessem fazer parte do experimento do Olavo, e me meti em uma briga, não conhecia ninguém no Rio de Janeiro estava verdadeiramente em apuros, e ai do nada aquele garoto apareceu e me defendeu. Quando ele me disse que a esposa estava grávida e que queria deixar as drogas, estupidamente eu pensei realmente que o Olavo pudesse ajudar. Quando o apresentei ao Stranger jamais imaginei que fossem fazer aquilo com ele, alias não sei ao certo o que eu pensava, mas o fato é que jamais me passou pela cabeça que eu estivesse mandando aquelas pessoas para aquele tipo de lugar e situação, obviamente que eu deveria ter pensando nisso levando em conta as palavras do Evil. - Ele sacudiu a cabeça violentamente. - No entanto choque maior que a sua aparência, foi a sua cara ao adentrar ao bar, acredite-me, você precisa melhorar sua atuação ao entrar lá, qualquer pessoa mais atenta que estiver naqueles monitores perceberá o que eu percebi.
- E o que você percebeu? - Perguntou intrigado.
- Você estava pronto para matar qualquer pessoa, e o ódio no seu olhar era visível.
- Também justificável! Eu estava preocupado com a minha sobrinha. - Disse pensando que ficaria mais atento às reações corpóreas. - E como você foi parar na clínica do Olavo sendo o atravessador da operação?
- Eu não soube mais notícias do Thiago, o que eu achei estranho era a primeira vez que me interessava por uma pessoa levada por eles. Comecei a causar problemas, e me tornei um estorvo novamente e apesar de ser um noiado sem nenhuma credibilidade, eu descobri que jornalistas gostam de ouvir as ovelhas negras das famílias privilegiadas, coitado do Evil, ele tentou a todo custo me chamar à razão, até prometer tentar tirar o Thiago de lá ele prometeu, mas eu sabia que ele não conseguiria, por isso por falar mais do que devia fui parar em uma cela ao lado do Thiago.
- Como e por que o Evil te salvou? Por que ele quis evitar que você fosse para lá?
- Sinceramente? Eu não faço a menor ideia. Como eu disse em algum momento ele começou a cuidar mesmo de mim, se eu tivesse dado ouvidos a ele teria deixado as drogas a muito tempo. Foi quando eu disse a ele sobre o Thiago que realmente fiquei preocupado e comecei a causar problemas para o Albert, o Evil não me disse nada, mas já o conhecia o suficiente para ler suas expressões.
- E por que ele não te tirou de lá antes de invadirmos a clínica?
- O porquê eu não faço a menor ideia, na verdade nem sei como ele conseguiu me tirar de lá naquela noite. Recordo-me de que o Rubens tirou o Thiago da cela próxima da minha porque disse que não suportava mais o nosso falatório só ficávamos em silêncio quando estávamos inconscientes, e depois que o tiraram de lá simplesmente me esqueceram. Eu tinha certeza que iria morrer naquela cela fedida, - ele sorriu torto - o Thiago por outro lado tinha certeza que o irmão policial iria nos encontrar, ele dizia que você tinha fé e esperança. - Concluiu sorrindo.
- Eu lamento ter demorando tanto, e se não fosse o Isaac e a Natália, não quero nem pensar no que teria acontecido. - Disse quase para si mesmo.
- Eu acho que vocês chegaram na hora certa, mas como eu disse há alguns policiais na folha do Evil, e esses mesmos policiais avisaram a ele o que estava acontecendo, e o ajudaram a me tirar de lá com vida, é só o que eu sei.
- Seus pais sabem que você está aqui em Granville?
- Não sei, há anos que não falo com eles, minha irmã que se importava comigo deixou se importar depois que fui preso e ela pagou a fiança, já que meus pais se recusaram e o Albert também, e depois que comecei a aliciar jovens para o Olavo, não tive mais motivo para procura-la, ela não queria mesmo saber de mim.
- Então você não sabe quem estava por trás do Olavo. - Afirmou desanimado.
- Claro que eu sei! O Tobias é amigo não só dos meus pais, como também do Albert, como você pensa que eu entrava e saía daqui sem que a segurança me pegasse?
- Mais você disse que queria descobrir... - começou confuso. - "Afinal o que eu deixei passar?" - Pensou sacudindo a cabeça.
- Eu disse que quero descobrir o que eles estão aprontando, não quem são eles.
- Bernardo há quanto tempo você está limpo? - Perguntou intrigado
- Quatro meses. - Respondeu sorrindo.
- O tempo que destruímos a clinica dos horrores.
- Exatamente. Como você sabe que estou limpo?
- Eu convivi tempo demais com meu irmão drogado, para perceber que você está muito longe de está drogado ou em abstinência.
- Entendo! - Disse distraído. - Foi difícil, no primeiro mês pensei que fosse ficar louco, tentei suicídio duas vezes, mas o Evil não permitiu. Algumas vezes ele faz umas coisas que me leva a desconfiar dele, mas inacreditavelmente devo minha vida e recuperação a ele, e como eu disse, ele me salvou mais de uma vez.
- A troco do quê?
- Como eu disse também, não faço ideia, eu sonho que talvez meu pasi ou minha irmã estejam pagando a ele para cuidar de mim, - resmungou triste - sonhar não paga impostos. - levantou a cabeça. - Como você ouviu ontem, eles usam o Evil como um escravo do crime, ele é grosseiro e mal-educado o que faz dele o homem perfeito para eles, mas o que eles não sabem é que ele é extremamente inteligente e sagaz, por isso eu te digo tenha mais cuidado ao tentar passar as pernas nele.
- Se é assim, quem te garante que ele não sabe que você vai trai-lo?
- Eu não vou trai-lo. Ele salvou minha vida e o que eu puder fazer por ele eu farei, mas está acontecendo alguma coisa que não tem nada haver com o Olavo ou o Tobias, ele não quer me contar e eu imagino que você saiba do que se trata.
- O que te faz pensar isso? Sou policial e irmão de uma das cobaias do Olavo, nada mais justo eu querer saber quem está por trás de tudo isso.
- Foi o que eu pensei quando o Stranger me pediu para atrair a Beatriz para fora da escola, mas a reação do Evil quando eu disse a ele o que estava fazendo foi muito estranha.
- O que ele fez?
- Ele me disse para sair imediatamente de lá que ele resolveria a situação que ninguém poderia me ver, e depois eu ouvi o Ricardinho falando com ele sobre matar alguém de nome Samara. Uma vez eu estava doidão e ouvi uma discursão do Albert com minha mãe onde ela dizia que por incompetência dele a Samara ainda estava viva, quando falei com o Evil sobre isso ele me disse que provavelmente eu estava imaginando coisas, e pediu para eu não me meter nesse assunto, e uma coisa que ele nunca fez, pediu 'pelo amor de Deus' para eu ficar longe de você.
Rafael estava extremamente confuso, o mais provável fosse que Evil soubesse do parentesco do garoto com a Samara, e pela semelhança entre os dois ele não quisesse correr o risco que eles se encontrassem ele comentasse sobre, mas por que mantê-lo tão perto dela? E o que a sogra do Albert teria a ver com tudo isso?
- Sua mãe sabe que você ouviu isso?
- Rafael, eu próprio só me lembrei dessa conversa depois que ouvi o nome Samara, nem sei por que tive essa memória associativa. - Rafael sorriu qual garoto de dezenove anos que diz 'memória associativa'?
- Está ficando tarde, você consegue decorar o número do meu telefone? - O rapaz assentiu sorrindo.
- Por algum motivo misterioso, a minha memória ficou melhor depois das experiências loucas do Olavo. - Rafael escreveu o número e entregou a ele.
- Memorize e jogue fora, se acontecer alguma coisa que você se sinta em perigo me ligue imediatamente.
- Você não me disse quem é Samara.
- Filha do Albert, pelo menos é o que a gente acredita.
- Ele e a minha mãe tentaram matar a própria filha dele? - Perguntou chocado.
- "E viciou o filho também" - Pensou Rafael, mas apenas sorriu e disse. - Eles viciaram você, por que está tão surpreso?
- Verdade né? - Perguntou sorrindo, quando ele sorria genuinamente daquela maneira o coração de Rafael acelerava, era como estar diante de Samara sorrindo. - Podemos nos encontrar novamente e você me fala sobre a Samara?
- Sim.
- Eu sei que o delegado vai querer saber sobre o que conversamos, mas se possível gostaria que isso ficasse entre a gente, minha história não é bonita, pelo contrário é humilhante e desgastante. - Pediu constrangido.
- Por enquanto, eu não direi nada, mas pode ser que no futuro ele precise saber da sua verdade.
- Infelizmente tem coisas que não tem como fugir. - Disse indo em direção à porta. - Rafael, você me odeia pelo que fiz ao seu irmão?
- Não. - Respondeu percebendo que era verdadeiro. - Apenas fico triste pelo que aconteceu a vocês dois.
Despediu-se da juíza Eliana, que desconfiada olhava de um para o outro.
- Está tudo bem Rafael? - Perguntou o encarando.
- Sim senhora. - Respondeu assentindo, ela sorriu. Ele seguiu o garoto.
- Cristo está ainda mais frio. - Disse Rafael sentindo o vento gelado. - Onde você quer que eu te deixe?
- Lugar nenhum. - Respondeu fechando a jaqueta. - Obrigado por me ouvir. O Thiago estava certo você é um grande homem. - E sem esperar pela resposta, Bernardo saiu sem olhar para trás.
- Senhor meu Deus, proteja-o e o livre do homem sanguinário e das tentações do inimigo, seja o Senhor a guia-lo por onde for. No Nome de Jesus seja o Senhor com ele e que ele se perdoe. - Orou em voz alta.
Continua...
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