19 - O esqueleto no armário de cada um.
Eric ria sem parar.
- Eu iria amar a cara dele ao vivenciar essa cena, ele deveria estar o puro ódio, com o maior jornalista da cidade no bar dele comendo bolo e ele 'tipo': o que eu faço se esse idiota começar a fazer perguntas! - Concluiu engrossando a voz ainda rindo.
- Não! Você precisava ver a minha cara. Eu quase enfartei quando vi o Isaac ali do meu lado. – Disse Rafael sério. - Não quero nem estar perto quando seu pai descobrir sobre isso, ele já está irritado comigo imagine quando ele souber que o filhinho dele está metido nisso! - Disse sacudindo a cabeça.
Os três estavam ajudando o pastor Tiago a limpar a igreja e os dois aventureiros aproveitaram para narrar o acontecido no final do dia anterior, eles não haviam se encontrado na noite anterior por causa do culto.
- Eu ainda acho muito arriscado, vocês estão brincando com fogo. - Comentou o pastor encarando-os, mas visivelmente orgulhoso. - Eu creio que Deus está cuidando de vocês, mas precisam se cuidar. – Alertou.
- Nós vamos ter cuidado. - Disse Isaac. – O Evil ou ele está se fingindo de sonso ou ele realmente acha que o Rafael é muito manipulável, em nenhum momento ele deu a entender que desconfia das intenções do nosso amigo, já aquele tal de Romano, - disse receoso – você precisa ter cuidado com ele Rafael, ele não confia nada em você e nem em mim. – Concluiu orgulhoso.
- É bom você ter cuidado, quando o pai descobrir que você está frequentando o bar do Evil. – Retrucou Eric sorrindo.
- Você é tão engraçado! Quero vê você dizendo a ele que pretende convencer a minha mãe a te ajudar a destronar o conselho do seu hospital. – Retrucou de volta pegando o celular que vibrava.
- Como assim meu filho destronar o conselho? Você sabe que foi uma exigência do Conselho de Medicina de Granville para que você abrisse o hospital. – Disse o pastor preocupado com o genro.
- Eu não confio neles, na verdade nunca confiei, mas como o CMG que indicara eu fiquei na minha, mas têm acontecido muitas coisas que tem me desagradado.
- Tem alguma coisa errada. - Disse Isaac ainda encarando o celular, os três se voltaram para ele.
- O que foi? Alguma coisa com a família? - Exasperou-se Eric.
- Não. – Respondeu Isaac encarando o irmão, voltando o olhar para Rafael. - O meu colega da Gazeta Inteligente, descobriu quem é o homem do seu desenho. - Disse pegando o notebook.
- E o que pode haver de errado nisso? – Perguntou Eric confuso. Isaac sentou pegou o notebook da bolsa.
- Aparentemente, o rapaz do desenho é cunhado de um homem conhecido como o "Rei das Pedras Preciosas". - Disse teclando. Todos sentaram ao redor de Isaac que começou a ler.
"Bernardo Vasconcelos, dezenove anos filho de Elizabeth e Sérgio Vasconcelos, irmão de Valentina Snow casada com Albert Snow, o Rei das Pedras Preciosas".
- Achamos o pai de Samara. – Disse Eric sorrindo. – Esse Albert Snow era um dos nossos suspeitos.
- Sim, e ele foi um dos que se recusaram a nos dar entrevistas, eu fui tolo deveria ter percebido que a surpresa dele quando eu disse que era de Granville, não era apenas por eu ser um ilustre desconhecido, era por causa da minha cidade. - Disse Isaac voltando a ler.
- Sabe o que é mais estranho - disse Rafael arrepiado olhando para Eric – você a chama de Snow. – Eric arregalou os olhos percebendo a coincidência se realmente aquele fosse o pai dela.
- Misericórdia! Mais eu a chamo de assim por causa do Felipe que chamava de Branca de Neve.
- Existem coisas que a gente que simplesmente não entende apenas Deus conhece tudo por completo. – Disse o pastor.
- Verdade. – Concordou Eric. – O que mais seu amigo descobriu?
- O rapaz foi preso por porte ilegal de arma, mas solto imediatamente pelo pagamento de fianças, internado duas vezes por overdose, no momento sua irmã Valentina acredita que ele está internado para manter-se limpo. – Disse Isaac sério.
- Por que ele mandaria o cunhado atrás da filha? – Perguntou intrigado o pastor Tiago.
- E por que a irmã pensa que ele está internado em uma clínica, se ele está por aqui assediando a minha sobrinha? – Perguntou Rafael irritado.
- O meu colega achou tudo isso muito estranho. – Disse Isaac sério. – Ele vai investigar. Você nunca o viu no bar? Qual seria o relacionamento dele com o Evil?
- Não o vi lá, mas também ainda não fui lá vezes o suficiente, e uma coisa eu garanto a vocês tem mais sujeira debaixo desse tapete do que supõe a nossa vã ignorância. - Disse Rafael sério encarando a tela do computador.
- Ora se o cunhado é dependente químico sabemos que não é difícil para uma pessoa de má índole leva-lo para o mau caminho. – Disse Eric. – Talvez seja esse o ponto comum com o Evil.
- Pessoal eu acho que estou ficando meio paranoico, vejam isso! – Disse Rafael. - Enquanto eu o desenhava, o achei estranhamente familiar, mas estava tão focado que não levei a sério. - Disse apontando para algumas fotos no monitor. – Observem bem as fotos, com quem ele se parece?
- Meu Cristo! Ele parece com a Samara. - Disse Eric depois de observar várias fotos do rapaz.
- Não entendi - disse o pastor passando a mão na cabeça - afinal a Samara é ou não a filha do Rei das Pedras Preciosas?
- Pelo que sabemos através dos jornais, sim. - Disse Isaac teclando aceleradamente. Por fim colocou três fotos juntos, Samara, Bernardo e Albert.
- Com certeza ela é filha do Albert Snow, o Rei das Pedras Preciosas, a questão é que pela semelhança entre os três eu arriscaria dizer que este rapaz não é cunhado dele nem aqui e nem na China.
- Como isso é possível? - Perguntou Eric.
- Não faz sentido a esposa de um bilionário dar o filho para a mãe criar como dela. - Retrucou o pastor.
- Se bem que essa criatura está tentando matar a própria filha, então a esposa pode sim ter dado o filho para a mãe criar e assim protegê-lo. - Disse Eric pensativo.
A cabeça de Rafael fervilhava, alguma coisa não estava se encaixando, seu instinto dizia que ele estava deixando alguma peça desse quebra-cabeça de fora.
- Rafael o que você acha? - Perguntou o pastor.
- Eu realmente não sei. Alguma coisa não está se encaixando. - Respondeu pensativo. - Ele tem dezenove anos, é tempo demais para uma mulher esconder um filho e continuar com o marido, além do mais tem a tal mulher que procurou a Rosalina e o William que tenho quase certeza que ela está envolvida com o pai desumano.
- Vamos para São Paulo. - Disse Isaac empolgado. – Precisamos investigar isso de perto.
- E como você pretende fazer isso? – Perguntou Eric preocupado. – Você mesmo disse que ele se recusou a te dar uma entrevista.
- Irmão, eu sou jornalista. Acredita mesmo que uma recusa pode parar um jornalista, pelo contrário instiga ainda mais nossa curiosidade.
- Meu Deus, dessa vez o delegado Abraão mata a nós dois. – Disse Rafael sorrindo.
- Eu e a Rebeca também vamos contigo.
- E a igreja pastor? - Perguntou Eric.
- Você e a Bela cuidam de tudo junto com o Luan enquanto estivermos fora. - Respondeu animado.
- Eu estava pensando em tirar umas folgas e ir também, o Luan pode cuidar de tudo perfeitamente sozinho! – Disse Eric sério.
- Tire as folgas e ajude o Luan a cuidar da igreja não quero assustar o menino, e perder meu pastor auxiliar.
- E pode assustar seu genro! – Brincou fazendo bico.
- Meu genro não tem o dom do ministério que aquele garoto tem, além do mais não corro o risco de perdê-lo. – Respondeu sorrindo. - Rafael pare de andar de um lado para o outro está me deixando tonto.
- Não sei se é uma boa ideia eu ir para São Paulo. - Retrucou Rafael parando de andar, não queria ficar longe de Samara mais do que já estava.
- Também acho melhor você ficar, e eu ir apenas com o casal de pastor. Eu sou jornalista e estou atrás de uma boa matéria, eles são ministros de Deus, vão levar a Palavra, quem suspeitaria de três pessoas tão inocentes e gentis como nós! – Disse Isaac tão inocentemente que Rafael o encarou confuso, os dois entreolharam-se e caíram na gargalhada.
- Santo Deus! Os dois são iguaizinhos. – Resmungou Eric batendo na cabeça dos dois. – Meu sogro e meu irmão, pelo amor de Deus tenham cuidado, eu não quero deixar minha esposa viúva, sendo eu morto por ela e pelo meu pai. – Disse Eric dramático, todos sorriram com a brincadeira, mas compreendiam a gravidade da situação.
- Vamos ao bar quando terminarmos aqui e dependendo do que conseguirmos vocês vão a São Paulo. - Disse Rafael.
- Nós quem vão ao bar? Nós quatro? - Perguntou Eric animado.
- Não mesmo! Apenas eu e o Isaac, vocês ainda são os que estão tentando nos fazer criar juízo.
- Eric deixa minha bolsa em casa? - Pediu Isaac entregando-a ao irmão.
- E por que isso agora? - Perguntou intrigado. – Você não desgruda dessa bolsa.
- Não sei exatamente, mas não quero levar minhas coisas para aquele lugar.
- Esperem! - Pediu o pastor Tiago impondo as mãos sobre os dois. - Senhor meu Deus Amado e Misericordioso, Bondoso e Justo Pai, eu confio na Sua Proteção e sei que o Senhor está à frente de todos os nossos passos, guarde os rapazes, o Senhor sabe o que eles estão buscando naquele lugar seja Seus anjos a guarda-los, e o Seu Santo Espírito a dá-lhes sabedoria e discernimento em meio àqueles que podem lhes fazer mal, seja o Senhor a abrir todas as portas para que esse mistério seja resolvido e a vida de sua serva poupada. Em Nome de Jesus seja o Senhor a resolver essa situação, em Nome de Jesus proteja-os da maldade do homem sanguinário, e que nada de mal lhes aconteça e que voltem em paz para casa. Amém. - Orou.
Os dois esperaram o pastor e o genro saírem para dirigirem-se ao bar. Na primeira esquina um carro fechou o carro de Isaac na frente fazendo-o bater em Rafael que estava logo atrás.
- Desça, desça! – Gritava o homem armado e mascarado na porta do carro de Rafael, atordoado pela pancada, ele saiu cambaleando olhando na direção de Isaac que também saia do carro tão atordoado quanto ele.
- O que houve? O que você quer? – Perguntou Rafael preocupado com o amigo. Quatro homens cercaram os dois, empurrando-os revistando-os e aos carros.
- Nada além dos documentos, celulares e a arma do milico. – Disse um deles.
- Cara você é um jornalista, cadê a sua câmera ou computador? – Perguntou outro pegando os celulares. – Desbloqueie, por gentileza. – Pediu fingindo delicadeza, Isaac colocou a digital no aparelho, o homem vistoriou e gargalhou, cara você conversa só com a sua família?
- Não, como o senhor pode ver tem algumas ligações e mensagens do trabalho, e e-mail também. – Respondeu humildemente.
- Seu pai é muito preocupado com sua segurança, não é? – Perguntou franzindo a testa.
- Sim, afinal ele é o delegado. – Respondeu sorrindo.
- Sinceramente eu acho que exageraram quando me disseram que você é um dos melhores jornalistas dessa cidade. – Disse desapontado devolvendo-lhe o celular.
- Talvez a cidade não seja lá grande coisa em jornalismo e qualquer um seja grande. – Resmungou outro homem que apontava a arma para o Rafael olhando feio para Isaac.
- Talvez. – Disse o homem que lhe devolvera o celular. - E o seu celular milico, será que é mais interessante do que o do jornalista? – Perguntou olhando o celular. – Cara! Nem mesmo uma senha para dificultar nossa vida? Poxa vida! Vocês dois são muito chatos. – Resmungou devolvendo-lhe o celular. – Eles estão limpos, libere-os.
- Será que não mais alguma coisa escondida? – Perguntou ainda o homem com a arma na cabeça de Rafael.
- Revistamos tudo, e a ordem era pegar a bolsa do jornalista e verificar os celulares. Vamos embora que eu preciso de um banho. – Disse dirigindo-se para o carro sendo seguido pelos outros.
- Caramba! Eu bati em você. – Disse Isaac olhando a lataria do carro.
- Isso não foi nada. O que você acha que eles estavam procurando contigo?
- Poderia ser contigo também. – Respondeu Isaac encarando o carro que sumia de vista.
- Não tinha nada haver comigo, realmente esse celular não tem senha, mas ele não olhou nada no meu celular, já no seu... – Disse o encarando.
- Graças a Deus que o Espirito Santo me incomodou para mandar minha bolsa com o meu irmão. Já imaginou se eles descobrem o que estamos investigando?
- Verdade. – Disse pegando um celular debaixo do banco do carro.
- Eles enfiaram a mão ai em baixo que eu vi. – Disse Isaac sorrindo.
- Sim, mas eles não sabem do fundo falso. – Respondeu sorrindo. - Delegado o senhor pode investigar para mim uma placa de carro. – Perguntou sorrindo. Ele disse a placa para o chefe e devolveu o celular para o mesmo lugar.
- Precisamos ser atores exemplares agora. – Disse Isaac sorridente, nem parecia ter passado por uma situação de estresse.
- Sim, você não me parece muito assustado. – Brincou Rafael.
- Eu estou tão assustado, que vou deixar o carro aqui e vou contigo. – Disse trancando o carro.
Sorrindo os dois dirigiram-se ao bar. Evil e Romano correram até eles pelo drama que fizeram ao entrar no bar praticamente Rafael carregando Isaac.
- Desculpe-nos por estarmos nesse estado, um carro nos fechou e ele ficou muito nervoso. – Disse Rafael tenso.
- Fiquei morrendo de medo de que eles nos matassem, eu estou noivo e prometi ao meu pai e a minha noiva que eu nunca mais me meteria em confusões que me colocasse em perigo. – Disse Isaac apavorado de olhos arregalados. – Nem sei como explicar ao meu pai essa situação, ele vai pensar que me meti em outra investigação.
- Eu vou te ajudar a explicar ao seu pai que nós não tivemos culpa de nada. Eu imagino que fosse alguém atrás de algum escândalo, as pessoas pensam que jornalista sabe da vida de todo mundo. – Disse Rafael simplesmente.
- E por que você pensa isso? – Perguntou Romano visivelmente confuso, Rafael e Isaac entreolharam-se também confusos.
- Nos revistaram, e aos nossos carros, não levaram nada e bisbilhotaram o celular do Isaac o meu nem deram atenção. – Resmungou todo enciumado, Isaac abaixou a cabeça contendo o riso.
- Com certeza era isso, por que mais alguém deixaria o seu carro naquele estado e não levariam nada? – Disse Evil distraído. – Vocês pegaram a placa do carro.
- Acredita que quando me toquei disso eles já haviam desaparecido! – Disse Rafael desolado. – No final acho que meu pai tinha razão, não presto para ser policial.
Continua...
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