16 - O conforto noturno de cada um.
Samara ficou internada a noite e o dia seguinte, por mais que insistia que estivesse bem, o médico não a liberou deixando-a em observação por causa da pancada na cabeça, infelizmente ela mesma ficara um pouco preocupada com a dor incômoda, não apenas na cabeça, mas por todo o seu corpo. Finalmente fora liberada no final do dia.
- Oi. – Disse Micaela entrando. – Como você está?
- Sentindo-me uma enfermeira de Grey's Anatomy. – Respondeu sorrindo, a amiga gargalhou sentando-se ao seu lado.
- As enfermeiras de Grey's Anatomy costumam vir acompanhada de um bonitão. – Disse sorrindo.
- Verdade. – Respondeu corada, com a imagem de Rafael na cabeça.
- Você está mesmo bem? – Perguntou Micaela verdadeiramente preocupada.
- Estou sim. – Respondeu abaixando a cabeça. Respirou profundamente arrependendo-se imediatamente, tudo doía. – Ansiosa por que o Eric não me deixou pegar um táxi, eu já deveria estar em casa.
Ela não sabia o que era pior as dores físicas ou o constrangimento por estar outra vez no hospital como paciente. Assim seria demitida por justa causa. Preocupada sentou-se ao lado da amiga.
- Estou apenas imaginando a bagunça no meu apartamento. – Disse passando as mãos pelos cabelos enrolando-os em um coque.
- Não creio que você esteja pronta para uma faxina. – Disse franzindo a testa.
- Estou mesmo um pouco dolorida, e quando eu respiro doe. – Disse tentando sorrir.
- Pronta para ir para casa? - Perguntou Eric sorrindo da porta.
- Sim. - Respondeu sorrindo, Micaela a ajudou se levantar. - Você conseguiu alguém para arrumar minha porta?
- Sim. - Respondeu amparando-a. – Boa noite Micaela.
- Boa noite doutor Eric.
- Eu já pedi para me chamar apenas de Eric. – Micaela apenas assentiu tímida pegando a bolsa de Samara, acompanhando-os até o corredor.
- Eu vou te visitar amanhã. – Disse Micaela entregando a bolsa dela e entregando ao Eric.
- Eu volto a trabalhar amanhã. – Respondeu.
- Não volta não. – Disse Eric, de cara feia ela o encarou.
- Eu preciso trabalhar.
- Atestado. – Disse mostrando o papel em sua mão. – Já vamos passar no RH e deixar lá.
Micaela voltou ao trabalho e em silêncio os dois caminharam lentamente para o Recurso Humano.
- Se tiver sentindo dores eu te levo nos braços. – Disse sorrindo saindo do prédio.
- Desculpe-me, por mais uma vez estar dando trabalho. – Respondeu tensa.
- Você nunca dá trabalho, nem mesmo quando era uma pirralha que vivia atrás de nós. - Ela sorriu recordando-se do tempo que eram crianças e sua única preocupação era acompanhar os garotos, sentiu uma pontada no coração.
- Eric, eu sei que você não gosta de falar sobre isso, mas o que aconteceu com o Ulisses? Ele era tão atencioso naquela época! - Disse emocionada.
- Não sei, mas imagino que aquele pai adotivo contribuiu muito para aquele comportamento psicótico dele, talvez ele ainda estivesse vivo e as coisas tivessem sido diferentes se ele continuasse no orfanato. - Pensativa ela parou diante do carro e o encarou.
- Mais já parou para pensar que as vidas de vocês dois sempre girou em torno um do outro? Ele te apresentou a Débora que amava e vocês se apaixonaram e ele a tirou de ti, o que levou a Isabella, seu sogro e seu irmão a investigar um crime, e mais uma vez vocês se apaixonaram pela mesma mulher, enfim, acho que as coisas precisavam acontecer como aconteceram. – Arqueando a sobrancelha entrou no carro, Eric franziu o cenho acompanhando-a.
- Eu nunca tinha pensado nas coisas por este ângulo, ambos nos apaixonamos pelas mesmas mulheres, mas elas se apaixonaram por mim, ele me disse que eu as tirei dele. – Disse pesaroso.
- Eu acho que só Deus para entender como as coisas acontecem, por que apenas Ele conhece todas as coisas. Eu também estive me perguntando como seria minha vida, 'se a Rosalina e o William, não tivessem tentado me salvar', será que eles teriam se casado e sido felizes? E 'se o William não tivesse sido preso e me tirado a tempo daquela floresta' será que ainda assim eles teriam se casado e conseguido me salvar? Será que teríamos sido uma família feliz? Provavelmente eu não conheceria vocês e não estariam agora todos em risco por minha causa. No final das contas eu sou a causa da infelicidade na vida de muita gente.
- Pare com isso agora, você não é a causa da infelicidade de ninguém, todos nós somos responsáveis pelas escolhas que fazemos independente de quem trazemos com essas escolhas. E quanto aos 'e se... ', das nossas vidas são apenas para reflexão quando não temos o que fazer, como neste momento. – Disse a encarando sorrindo. - Na realidade Snow, nós gostamos dos desafios que enfrentamos no dia a dia, isso nos fortalece; amamos as pessoas que Deus põe em nossas vidas e lutamos para que elas permaneçam conosco, mesmo que algumas vezes elas falem coisas nos deixam chateados. - Disse a encarando, ela abaixou a cabeça tímida. - Todos nós sempre te amamos, não sei se o Ulisses sempre foi louco ou não, mas uma coisa eu sei, você era a Branca de Neve dele também e ele te amava verdadeiramente e, se ele estivesse vivo neste momento estaria ferozmente procurando este lunático que está tentando te matar.
- Eu também o amava, sempre amei vocês e senti tanta falta de todos, foi doloroso saber da morte dele e de todas as coisas que ele te fez.
- Eu gostaria que ele tivesse se arrependido verdadeiramente, no momento eu não o teria perdoado fiquei com tanta raiva por ele ter matado a Débora e ainda tentado matar a Bela, como se tentar seduzir a garota que eu amava não fosse o bastante, mas eu sei que com o tempo Deus colocaria o perdão no meu coração. - Disse sinceramente.
- Eu sei que o teria perdoado você sempre teve um coração enorme. - Disse sorrindo. Franziu o cenho ao perceber que não estava indo para a casa dela. - Ei! Para onde está me levando? - Perguntou desconfiada.
- Para casa. – Disse sério a encarando - Você não pensou mesmo que deixaríamos você ficar naquele apartamento depois do que aconteceu, pensou?
- Eric é perigoso! Quando eu lembro que eles poderiam ter machucado a Rosa. - Disse com os olhos marejados.
- Você está certa, é perigoso! E por isso mesmo você ficará conosco, já temos um plano para pegar essa pessoa não se preocupe, logo tudo isso será resolvido. - Disse piscando.
- A Rosa não te contou? - Ele a olhou curioso. - A pessoa que quer me matar é o meu pai, ele matou a minha mãe e provocou o atentado que o deixou enfermo quando me trouxeram para cá.
- Eu sinto muito! - Sussurrou solidário. - Só não entendo uma coisa, como ele estava por trás de um atentado que o deixou em coma?
- Pelo que eu compreendi, era para ele sair antes do atentado, mais como eu estava dando trabalho a Rosalina saiu comigo e a minha madrasta saiu atrás para vê qual era o problema que eu estava tão agitada, e ele ficou em uma situação delicada e não pôde sair.
- Então a sua madrasta estava na verdade preocupada contigo? – Perguntou intrigado. - E quem é a mulher que procurou Rosalina e William querendo sua cabeça?
- Essa é a pergunta de um milhão. - Depois do jantar nos encontraremos na Confeitaria Ana para falarmos sobre as investigações.
- Não há mais o que investigar, nós sabemos que é o meu pai que quer me matar.
- E quem é o seu pai? – Ela o encarou sem saber o que falar, os dois seguiram em silêncio.
Isabella e Rosa a receberam com abraços e felicitações, ela se sentia constrangida por estar ali, mas logo a anfitriã a fez sentir-se em casa, ela ainda não conhecia os gêmeos e foi amor à primeira vista.
- Como vocês pretendem chegar ao meu pai? - Perguntou naquela noite quando todos estavam na confeitaria depois de ela contar tudo o que Rosa lhe dissera.
- Essa informação é útil, mas seria bom mesmo se soubéssemos quem ele é, sabemos que ele trabalha com pedras preciosas ou joias, ou ambos! - Respondeu Isaac. - Mais não sabemos exatamente quem ele é, e ainda tem a mulher que pediu ao William para te matar, eu acho que ela é chave de tudo isso.
- O mais provável é que os dois trabalhem juntos, lembra que o William disse não conhecê-la, como ela sabia que eles estavam com a menina? - Retrucou Isabella.
- Faz sentido. E o motivo para um homem matar a esposa, ou é dinheiro ou outra mulher. - Disse Natália triste. - E ao que tudo indica era ele quem tinha o dinheiro.
- Sim, mas o Eric disse que vocês tinham um plano, qual é o plano? – perguntou encarando um a um.
- O nosso plano era procurar seu pai e pedir ajuda a ele, afinal achávamos que ele era o mocinho. – Respondeu Rebeca séria.
- Por que eu tenho a sensação que vocês estão me escondendo alguma coisa? – Perguntou intrigada.
- Não estamos te escondendo nada, e manteremos o plano original, a diferença é que não pediremos ajuda a ele, agora ele o nosso alvo de investigação e a Bela tem razão provavelmente encontraremos a mulher se encontrarmos seu pai. – Disse Eric.
- E como vocês chegarão até ele? – Perguntou ela com uma sensação desagradável de que aquilo não acabaria bem.
- Fácil! – Disse Isaac abrindo o notebook. – Todos olharam para ele boquiaberto, afinal aquela história de procurar o pai dela fora uma desculpa, por que o Rafael não queria que ela soubesse que ele estava infiltrado.
- Eu já fiz algumas pesquisas sobre seu possível pai. – Disse apontando para a tela do computador.
Samara não conseguia dormir, angustiada levantou-se e foi à cozinha. Encontrou Isabella comendo bolo de chocolate, sorriu, a nova amiga era mesmo uma formiguinha.
- Como que você consegue ser tão linda comendo tanto doce? - Perguntou sentando em frente.
- Sei lá eu acho que tenho um bom metabolismo, mas seja lá o que for acredito mesmo que seja a genética da minha mãe. - Respondeu sorrindo. - Mais o que aconteceu, não consegue dormir? - Perguntou levantando e pegando um pratinho para ela. – Está estranhando a cama?
- Não, só estou um pouco preocupada, temo não conseguir encontrar esse homem. – Respondeu envergonhada.
- Coma, a gente pensa melhor de barriga cheia. – Disse lhe estendendo um prato.
- Se eu te acompanhar eu virarei uma bola. - Disse se servindo.
- Uma bola linda. - Disse sentando-se. - Samara por que você estava tão triste? O Eric disse que você está preocupada tembém por estar aqui em casa, mas não há com o que você se preocupar, é uma honra tê-la conosco pelo tempo que precisar.
- Se acontecer alguma coisa com vocês por minha causa? E ainda tem os gêmeos! - Disse exasperada.
- Samara, nós estamos protegidos por todas as frentes, nós temos toda a proteção humana possível, mas o que nos deixa realmente tranquilos, é a proteção divina, somos todos blindados pelo Espírito Santo, e nenhum mal passa por esta blindagem.
- Eu acho tão linda a fé de vocês. - Sussurrou emocionada. – O Leo me contou o que aconteceu na clínica dos horrores, fico imaginando a maravilha que seja presenciar um milagre dessa maneira.
- Eu pessoalmente não estava lá, mas ainda assim sinto o quanto foi extraordinário. – Disse Isabella. - No entanto, não é só a nossa segurança que está te deixando triste, o que mais está te deixando com esse semblante cabisbaixo. - Samara abaixou a cabeça constrangida.
- Eu pensei que o irmão da Micaela fosse participar das investigações. - Sussurrou corada.
- Ah, não! – Disse enchendo a boca de bolo. - Ele até que queria nos ajudar, mas infelizmente é mais fácil para os filhos enfrentar o meu sogro do os seus subordinados.
- Entendo! Você sabe me dizer se ele esteve no meu apartamento quando os invasores foram presos? – Perguntou timidamente.
- Sim, ele foi o primeiro a entrar no seu apartamento, ele que baleou o cara que te acertou a cabeça. - Ela sorriu entre aliviada e temerosa, aliviada por que não fora apenas um sonho e temerosa pela segurança dele.
- Ele está bem? – Perguntou engolindo seco.
- Sim, graças a Deus ele está bem. – Respondeu sorrindo enquanto enchia a boca de bolo.
Samara franziu o cenho, seria impressão sua ou toda vez que falava no Rafael Isabella enchia a boca de bolo? Constrangida encheu a sua própria boca de bolo, assim não falaria nada de que pudesse se arrepender.
Continua...
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