08 - O juízo de cada um.
Ao pedido feito pelo delegado, todos foram para sua casa, ficariam lá até a hora do almoço, e também pediu que Samara descansasse e só depois lhes contasse o que de fato acontecera ali. Eric lhe dera um remédio para aliviar a dor que estava sentindo no ombro onde entrara a bala, cansada dormiu quase imediatamente ao deitar, acordou com Isabella a chamando para almoçar.
Ela o pressentiu antes de vê-lo, ele estava sentado ao lado do Isaac conversando e sorrindo, abaixou a cabeça seguindo Isabella. Depois do almoço, todos se sentaram ao seu redor para ouvir sua história, e no final do seu relato todos a encaravam em silêncio.
- E por que você não procurou a polícia? – Perguntou o delegado irritado.
- Por que sinceramente eu não sei em quem eu posso confiar e, os procurei para que eles me ajudassem a tomar essa decisão. – Respondeu tensa encarando-os.
- Pai porque o senhor está aterrorizando-a? – Perguntou Eric.
- Por que eu conheço vocês! Qualquer pessoa normal a aconselharia a procurar a polícia, o que vocês fazem? Vibram com a possibilidade de investigar mais um mistério, sem se importar de colocar as vidas de todos vocês em perigo e, me matar do coração. – Resmungou.
- Que dramático! E vocês ainda têm coragem de dizer que eu e meu genro somos dramáticos. – Retrucou pastor Tiago; carrancudo o delegado o encarou ele deu de ombro, Eric apenas sorriu.
- Pai, nós não faremos nada que nos coloque em risco ou às nossas amadas. - Disse Eric sério, o pai o encarou duvidando.
- A questão aqui é: o que nós faremos. – Disse Isaac empolgado ignorando o pai e o irmão, o delegado revirou os olhos.
- Eu vou ver o que o meu antecessor sabe sobre isso, talvez ele tenha investigado já que ajudou a Rosa. – Respondeu a contra gosto. – Espero sinceramente que vocês sejam prudentes e qualquer coisa assim como fizeram no caso do Alan, por favor, me avisem e, por favor, Eric lembre-se de que você e a Bela têm os gêmeos, Isaac...
- Não se preocupe pai eu quero me casar com essa moça linda! – Interrompeu beijando Natalia deixando-a constrangida, todos riram.
- Eu vou mantê-los na linha. – Disse Rebeca.
- Você? Que acabou sequestrada da última vez? – Perguntou o marido cético.
- Pelo menos eu não acabei ferida sangrando, quase matando nossa filha do coração. – Resmungou ela.
- Mamãe, papai, talvez vocês devessem apenas cuidar dos gêmeos e da Beatriz o que vocês acham? – Sugeriu Isabella preocupada.
- E perder toda a diversão? – Perguntaram os dois, se olharam sorrindo piscaram um para o outro. – Nem pensar. – Concluíram.
Samara olhou para os dois encantada, Rosalina lhe contava historias de pessoas que se amavam e que seriam capazes de fazer qualquer coisa um pelo outro, pessoas que assim como acabara de acontecer com o pastor Tiago e dona Rebeca de falarem ao mesmo tempo, por que pensava a mesma coisa, certa vez perguntar a ela se aquelas histórias eram reais, e ela respondera que todas elas eram verídicas, a imagem de Rafael se jogando no chão com ela a fez estremecer.
- "Será que ele se ferira? Não! Se tivesse acontecido ele teria ido ao hospital" – Pensou focando nas pessoas presentes.
Observou Isabella e Natalia abraçadas em seus companheiros, tinha certeza que eles arriscariam tudo para salva-las e elas também fariam o que pudessem por eles, nunca pensara nisso, em ter alguém para amar, dividir a vida, as dores e esperanças, vendo essas pessoas juntas, finalmente se deu conta de que gostaria de ter isso, claro se sobrevivesse! Abaixou a cabeça triste, talvez devesse perder a esperança de um dia viver um grande amor, afinal como a própria Rosalina lhe dissera uma vez, um grande verdadeiro e sincero amor não é para todos.
- Samara! – Assustou-se com Eric a chamando, interrogativamente. Olhou para ele. – Você concorda que nós todos te ajudemos a investigar quem está por trás desses bilhetes? De quem a sua mãe adotiva estava te escondendo?
- Eu não sei. – Disse olhando nos olhos de cada um.
Ela só conhecia o Eric e sabia que poderia confiar nele e se ele confiava naquelas pessoas ela também poderia fazê-lo, a questão era, se ela estava disposta a colocar a vida daquelas pessoas em risco por uma história que ela nem mesmo sabia se queria de fato ter conhecimento.
Constrangida enfrentou o olhar de Rafael, não havia nenhuma repreensão no olhar dele, pelo contrário ele parecia ser a única pessoa a compreender a razão de sua insegurança, ainda que ela não tivesse dito nada, estranhamente ela sabia que ele a compreendia.
- Eu estive pensando e não sei se vale o risco, o delegado tem razão é perigoso, talvez devêssemos deixar isso com a polícia. – Continuou nervosa.
- Eu apoio. – Disse o delegado. – Só tem um problema querida, eles não ligam mais para isso, principalmente esse daqui, - apontou para Isaac, - eles vão investigar você querendo ou não, eles vão usar como desculpa o fato de terem depredado a confeitaria. – Todos abaixaram a cabeça, Rafael sorriu.
- "Parece que o delegado conhece o seu povo melhor do que eu imaginava". – Pensou. - Se vocês não se importarem eu gostaria de fazer parte dessa equipe, vocês ajudaram a salvar meu irmão, se eu puder contribuir de alguma maneira ficarei muito feliz.
- Agora pronto, além dos meus filhos e noras, os sogros desajuizados do meu filho, eu tenho que me preocupar com um homem que me foi confiado. – Resmungou o delegado se levantando. – Vou tentar descobrir o que o meu antecessor sabe.
- Se acalme querido, eles amam essas aventuras, mas tem juízo. – Disse Eliana o beijando.
- Juízo? Só se for do espantalho da terra de OZ. – Resmungou levando todos a rirem, exceto Samara e Rafael que se encaravam.
- Lembre-se querido que dos quatro ele fosse o que mais usava o cérebro.
- Nesse caso então creio que o juízo deles deva ser igual ao do homem de lata.
- Papai não se preocupa, todos nós vamos nos cuidar, e o senhor saberá de qualquer coisa que formos fazer. – Disse Eric o abraçando.
- Eu quero ver os recortes de jornais. – Lembrou Isaac.
- Estão no cofre da confeitaria, depois eu te passo. – Respondeu Isabella.
Todos começaram a falar de assuntos diversos tentando a todo custo suavizar a tensão quem Samara se encontrava.
- Delegado gostaria de falar com o senhor por um breve instante em particular, por favor! – Pediu Rafael.
- Sim, pode falar. – Respondeu afastando-se dos outros.
- Por que o senhor tentou persuadi-los a não investigar se o senhor está cheio de orgulho deles? - O delegado o encarou.
- Quem disse que eu estou orgulhoso daqueles sem juízo? - Perguntou surpreso o encarando. - Só espero em Deus, que Ele os protejam.
- Senhor, eu tive um pai que nunca olhou para nenhum dos filhos com admiração ou afeto e, a gente presta muita atenção naquele que não tem. - Disse sério. - Acredite-me, eu sei o que vi em seu olhar ao se dirigir aos seus filhos e noras.
- Se você disser qualquer coisa a eles sobre esse assunto eu vou desmentir, não posso alimentar o gosto que eles têm pelo perigo, mas você tem razão eu tenho orgulho da dedicação que meus filhos e noras têm pelo que eles se propõem a fazer e também pelas pessoas que eles amam.
- Eles se saíram bem e o senhor ainda pode lhes dar respaldo, então do que exatamente o senhor tem tanto medo?
- De que no meio dessas investigações, eles descubram coisas que não é para serem descobertas. - Respondeu distraído
- Que tipo de coisas? – Perguntou tranquilamente, o delegado engoliu seco percebendo que falara demais.
- Nada demais, apenas preocupação de pai. – Respondeu voltando na direção dos outros.
- Delegado, o senhor pode confiar em mim. Não precisa carregar sozinho toda a carga.
- Não sei do que você está falando meu filho. Você precisa mesmo descansar, as coisas não tem sido fáceis para você. – Disse batendo de leve no seu ombro.
- Se o senhor prefere assim! Mais se lembre de que meu irmão está envolvido nisso e se tiver algo para ser descoberto eu vou descobrir. Até mais tarde senhor. – Disse virando-lhe as costas.
- Rafael? – Chamou interessado, Rafael sorriu.
- Sim senhor? – Perguntou levantando a sobrancelha.
- O que o seu irmão te falou?
- Acho que nada que não tenha falo em seu depoimento. – Respondeu displicentemente, Abraão fungou frustrado.
- Que tal tomarmos um café na cozinha e conversarmos um pouco? – Rafael concordou. - Tem coisas que não deve nem ser pensadas na delegacia imagine faladas, não sei se você já percebeu, mas temos uma equipe corrompida.
-"E eu que pensei que seria moleza ser policial nesta cidadezinha" – Pensou seguindo o delegado.
- O seu irmão não me disse tudo o que se recorda. – Disse o delegado servindo café aos dois, Eliana entrou na cozinha para pegar uma jarra de suco os cumprimentou e saiu deixando-os sozinhos.
- Como o senhor pode ter tanta certeza? Ele está confuso e, com certeza o cérebro dele não está muito bom depois de todas aquelas porcarias que enfiaram nele. – Resmungou irritado, quando se recordava do que aqueles monstros fizeram com o irmão e várias outras pessoas seu estômago revirava.
- Eu sei que ele está me escondendo coisas justamente porque ele deveria estar mais quebrado do que na realidade está, e você tem razão, ele está confuso e tem momentos que ele perde a noção de tempo, mas ele me pareceu muito mais lucido do que o Alan e a Luna, ele sabe mais do que me disse.
- O que mais o senhor esperava ouvir deles? – Perguntou encarando-o.
- Na verdade eu esperava não ouvir nada. – Respondeu encarando-o de volta. – Mais infelizmente eu acho que eles sabem mais do que me disseram, principalmente seu irmão.
- O senhor acha que a pessoa por trás daqueles dois, está de olho neles.
- Tenho certeza, por isso não insisti no que eles poderiam se recordar, afinal não posso por a mão no fogo pelos meus homens, eu sei de alguns que estão comprometidos, mas como eu também não deveria saber o que eu sei, e ainda não tenho como fazer alguma coisa para resolver isso, não posso confronta-los.
- O senhor não está mais sozinho pode contar comigo para qualquer coisa, e muito obrigado, por cuidar do meu irmão.
- Ele te falou, não falou? – Rafael assentiu de leve. – Eu falei com o Alan para ser discreto sobre o que ouviu e viu naquele lugar, somos amigos de longa data e ele não me encheu de perguntas, mas não pude dizer o mesmo ao seu irmão, ele iria querer saber minhas razões, mas você como irmão pode pedir isso a ele.
- Eu pedi. E vou ficar de olho nele. Deus me livre de acontecer alguma coisa com o meu irmão de novo.
Continua...
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