04 - Os segredos de cada um.
Esgota Samara chegou ao apartamento se jogando no sofá, perguntou-se por que insistira tanto em voltar para Granville passava o dia ou à noite no hospital, não via nenhuma das pessoas das quais ela sentira tanta saudade, com exceção de Eric que o via no hospital ou de Rosa que se falavam pelo telefone, precisava resolver isso, queria uma vida normal como todo mundo, poder sair com amigos, conhecer pessoas novas ter coragem para convidar um belo rapaz de olhos azuis para tomar um sorvete, envergonhada cobriu o rosto com a almofada, finalmente se recordando de que estava sozinha com seus próprios pensamentos.
Naquele dia em especial as coisas no hospital haviam sido tensas, apertou as têmporas, tomou um banho rápido e jogou-se no sofá fechando os olhos, um par de olhos azuis invadiu sua mente e ela sorriu e, uma pancada na porta a assustou fazendo-a cair do sofá.
- Derruba logo! - Resmungou abrindo a porta arqueou a sobrancelha olhando para o corredor, não havia ninguém. – Estranho! – Murmurou voltando para dentro fechando a porta, inclinou a cabeça, um envelope chamou sua atenção, voltou-se novamente para o corredor, vazio e silencioso, sentindo um arrepio fechou rapidamente a porta.
Pegou o envelope e ficou passando de uma mão para a outra, não havia remetente, mas ela sabia do que se tratava. Após a morte de Rosalina ela recebera vários envelopes como aquele, tremendo abriu-o.
- "Seja o que Deus quiser". – Pensou suspirando.
EU DISSE PARA VOCÊ NÃO VIR PARA CÁ.
VOCÊ DEVERIA TER FICADO EM PORTO VELHO.
DEPOIS NÃO DIGA QUE EU NÃO AVISEI.
VOCÊ VAI FAZER COM QUE TODOS OS SACRIFICIOS FEITOS PARA QUE VOCÊ VIVESSE TENHA SIDO EM VÃO.
Ainda tremendo ela leu cada frase sentindo o nó aumentar em sua garganta, não era a primeira vez que recebia aquele tipo de mensagem, mas era a primeira vez que mencionava o sacrifício feito por ela, mas do que estavam falando até onde sabia apenas o Willian e Rosalina haviam se sacrificado por ela.
Cansada de se sentir encurralada, pulou do sofá tomou um banho rápido vestiu um jeans e uma camiseta pegou a pasta escondida na gaveta e foi à Pizzaria 'A Bela e a Fera', durante o dia ainda era a Confeitaria Ana, mas a noite funcionava a pizzaria A Bela e a Fera.
No caminho mandou uma mensagem para o Eric, perguntando se ele e a esposa poderiam encontra-la na pizzaria. Os dois já estavam lá quando ela chegou, franzindo a testa assustada olhava para os lados, todas as vezes que recebia um envelope daquele passava dias em pânico.
- Obrigada por terem vindo. – Disse ainda olhando ao redor, o local estava cheio, Eric e Isabella entreolharam-se preocupados. – Teria outro lugar onde poderíamos conversar, por favor!
- Claro! Snow você está bem? – Perguntou Eric, assustada ela deixou cair a pasta e o envelope, se dando conta de que não guardara o conteúdo do envelope junto com os outros. – Menina o que você tem? – Perguntou pegando a pasta do chão.
- Eu não tenho mais o nome Snow, quando a Rosalina me registrou mudou o meu sobrenome. – Comentou sem o ressentimento que por muito tempo tivera de Rosalina, a única coisa que ela tinha do passado era o nome, e ainda assim não era por que se recordava, quando fora encontrada na floresta ela carregava um lenço com seu nome gravado, ela ainda tinha o lenço.
- Que chata essa sua mãe postiça, não existe mais os anões, por que como você pode ver graças a Deus todos nós ficamos maiores que você e agora você me diz que a branca de neve também não existe mais? – Perguntou levando-a pelo braço para o escritório de Isabella, o local onde ele ficara escondido por cinco longos anos.
Ela sorriu e, ele suspirou aliviado olhando para a esposa que apenas cruzara os braços, ele revirou os olhos, ela não estava acostumada a dividi-lo com outra mulher que não fosse as mães deles.
- Por que sua mãe te registrou com outro sobrenome se aparentemente vocês sabiam o seu? O que é estranho, se você não se lembra de nada, como você sabe seu nome?
- Ela tinha um lenço com o nome dela gravado. – Respondeu Eric empurrando a porta, Isabella olhou de cara feia para ele, como quem diz 'eu te perguntei alguma coisa?', e ele arregalou os olhos como quem responde 'o que foi agora?'
Samara entrou na sala olhando de um para o outro, apesar das preocupações que a atormentavam ela estava atenta ao que acontecia ao seu redor, instinto que adquirira depois da noite na floresta e com a convivência com Rosalina.
- "Definitivamente tudo coopera para o bem de quem ama a Deus". – Pensou intrigada com o comportamento daqueles dois.
Estivera com a esposa do irmão uma única vez, quando ele as apresentara, naquela ocasião ela estava diferente mais amigável e tranquila, então lembrou que recentemente a mãe dela havia sido sequestrada e o pai se colocara em risco para salva-la. Olhou a pasta em sua mão talvez não fosse uma boa ideia envolver esses dois em seus problemas.
- Então Samara qual o problema, o que te deixou assim tão apavorada, você não se apavorava nem quando éramos crianças. – Ela escondeu a pasta atrás das costas.
- Perdoe-me Isabella, eu não deveria ter preocupado vocês, eu sei dos problemas que vocês passaram recentemente e eu aqui querendo incomoda-los com os meus problemas. – Disse indo à porta.
- Perdoe-me você Samara se eu passei a impressão de que você não é bem-vinda. – Disse segurando-a pelo braço, Eric a encarou erguendo a sobrancelha, ela franziu o cenho e ele compreendeu claramente que era para ele ficar na dele.
- O que tem nessa pasta que você está escondendo? – Perguntou Eric no mesmo momento em que Isabella perguntou: - Sua mãe adotiva disse por que trocou seu sobrenome?
Ela olhou de um para o outro, não sabia o que fazer naquele momento, sinceramente não queria por o irmão e a esposa em risco, eles tinham um casal de gêmeos para cuidar, mas ela também não fazia ideia do que fazer, não poderia ficar a vida inteira com medo de um fantasma que a perseguia para qualquer lugar que fosse.
- Por favor! Sente-se e nos diga o que está acontecendo. – Disse Isabella calmamente. – O que te fez nos procurar?
- A Rosalina disse que eu poderia ser encontrada pelo sobrenome, ela queria também trocar meu nome, mas eu insisti em continuar com ele. – O casal entreolhou-se com um brilho estranho no olhar.
- Ela sabia quem era você. – Disse Eric se aproximando.
- Ela sabia quem eram seus pais. – Disse Isabella tocando na mão do esposo.
- Nós não podemos fazer isso, lembre-se do que aconteceu quando vocês investigaram o caso da fera de Granville e, recentemente quando seus pais e meu irmão investigaram o caso da clínica. – Disse Eric sério.
- Sim, mas se não tivéssemos investigado talvez seu pai fosse obrigado a te prender e ele e a esposa até perdessem os empregos por se recusarem e, no caso da clínica, já imaginou se eles não tivessem agido? O Alan, o Tiago a Luna todos teriam morrido e aqueles psicopatas estariam por ai à solta fazendo suas maldades. – Retrucou com os olhos brilhando.
- Pessoal - começou Samara – eu não quero que ninguém corra risco, eu só preciso de orientação, por que sinceramente não sei o que fazer.
Os dois se encaravam, sem ouvi-la o sorriso de um para o outro a fez ficar emocionada, eles se entendiam apenas com o olhar.
- "Que lindo!" – Pensou colocando a mão no queixo.
- Ok, mas não faremos isso sozinho. – Disse Eric.
- Mais seu irmão e a Natalia você sabe eles estão começando um namoro, precisam de tempo para eles e, meus pais estão muito ocupados.
- Eu sei disso tudo, mas essa é minha condição para você por sua vida em risco. – Disse categórico, ela franziu a testa.
- Gente, eu ainda estou aqui. – Disse Samara. – Eu só quero uma orientação, não quero ninguém investigando nada. – Disse séria se levantando.
- Vamos ouvir o que você quer. – Disse Isabella sentando, puxando o braço dos outros dois para sentarem.
Samara entregou a pasta a ela. Isabella tirou delicadamente os papeis da pasta analisando-os e passando ao esposo. Samara conhecia aquele conteúdo, encostando-se observando a reação dos dois.
Havia recortes de jornais com a foto dela criança, alguém oferecia recompensas por informações sobre ela, mas não havia o nome do jornal, da cidade, nem de quem daria a recompensa, havia também as ameaças que ela recebera para jamais voltar à Granville e, ainda as cartas deixadas por Rosalina.
- Interessante! – Disseram os dois empolgados.
- Na minha humilde opinião, esses avisos não são ameaças são alerta de que sua vida correria risco se você voltasse para cá. – Disse Eric sério.
- Eu também penso assim, mas por que simplesmente não aparece? Ficam me mandando esses lembretes desagradáveis.
- Podemos ler as cartas? – Perguntou Isabella curiosa, ela assentiu.
A empolgação dos dois era contagiante, ela gostaria de se sentir assim, aquele conteúdo deixavam-na apreensiva e com medo, tudo o que queria era não ter tido conhecimento daquela pasta.
- Elas estão em ordem? – Perguntou Eric pegando uma e abrindo.
- Não. Eu já as li e reli tantas vezes que vou só colocando ai dentro de qualquer jeito, mas todas têm datas. – Disse com os olhos marejados.
Jamais conseguira amar a mãe adotiva como aprendera a amar a Rosa, ainda assim sofreu com a morte dela e, apesar de ser adulta sentiu-se sozinha e desamparada, por isso contrariando à memória de Rosalina e quebrando uma promessa, voltara à Granville, a pessoa que mandava aqueles "avisos" parecia estar a vigiando, no dia que fora à rodoviária comprar a passagem para voltar ela recebeu o primeiro envelope.
- Se for difícil para você a gente lê depois. – Disse Isabella apertando sua mão.
- Podem ler agora em voz alta, eu não me importo. Eu preciso que vocês saibam o conteúdo delas para vocês me orientarem. – Isabella sorriu para o esposo que respirou profundamente.
- Está é setembro do ano passado. – Disse ele.
Porto Velho – RO, 10 de setembro de 2021.
Querida e amada Samara, se você soubesse o quanto é amada e querida, o triste, é que na mesma medida que você é amada também é odiada. Eu sei que você me odeia por que eu nunca deixei você voltar à Granville, eu sei o quanto você amava aquelas pessoas e, se você não tivesse sido descoberta lá jamais teríamos te tirado de lá.
Eu sinto tanto querida por ter te feito sofrer, essa doença tem me feito pensar e tenho pensado se eu teria feito diferente, não sei se felizmente ou infelizmente, mas a verdade é que eu não faria nada diferente.
Eu te amo minha filha, ainda que você não tenha nascido de mim, eu te amo como sua mãe te amou.
Rosalina.
- Muito esquisito isso! – Disse Eric pensativo. – Foi ela que te deixou na floresta? – Samara apenas deu de ombros indicando as outras cartas. Isabella pegou uma, abriu e arqueou a sobrancelha.
- Dezembro de dois mil e dois. – Disse intrigada.
Granville, 15 de dezembro de 2002.
Querida e amada Samara, infelizmente você nunca vai ler essa carta, eu só estou escrevendo por que não tenho com quem conversar e, as únicas pessoas que eu poderia falar sobre você ou estão mortas, ou inacessíveis para mim, para a sua própria segurança e delas também precisamos ficar longe, a única pessoa que se pudesse estaria aqui comigo e contigo seria o Willian e ele está morto, ele deu a vida por você e por isso eu estou te tirando do orfanato, lá não é mais seguro para você e sua presença também coloca as outras crianças em perigo.
Eu sei o quanto você foi feliz ali, ele me disse que um dos garotos te apelidou de branca de neve, nós também chamávamos sua mãe assim, e quando você nasceu todos rimos da coincidência do nome: Samara Snow Blanco, a nossa pequenina branca de neve, apesar da enorme semelhança com o seu pai, você é muito também a sua mãe, a nossa eterna Branca de Neve.
Quando sua mãe casou-se com seu pai, nós ficamos felizes e orgulhosos, de todos nós ela teria uma vida feliz e cheia de luxo, 'Blanco' é o sobrenome dela, 'Snow' do seu pai, assim como você ela era muito branca e os olhos e os cabelos pretos, origem do apelido que demos a ela e depois de casada brincávamos que de fato ela havia virado a 'Branca de Neve'. Se soubéssemos a verdade.
Quando você nasceu tudo mudou, ela nunca mais fora a mesma vivia assustada e, fizera com que prometêssemos que se acontecesse alguma coisa com ela, era para tirarmos você daquela casa de qualquer jeito, sempre achamos seu pai um príncipe, então quando cinco anos após seu nascimento ela morreu, não tivemos coragem de tirar você dele.
No seu aniversario de oito anos nós fomos obrigados a tomar uma decisão. Seu pai, sua madrasta e você estavam passeando pela cidade, em determinado momento seu pai me chamou e, me pediu que acompanhasse você e sua madrasta que ele precisava sair por alguns instantes, obviamente eu concordei, mas a Valentina sua madrasta ficou furiosa e saiu antes dele, havia muitos repórteres e, começaram a tirar fotos e fazer um monte de perguntas não sei o que houve, quer dizer, na época eu não soube, mas a confusão começou e alguém apareceu do nada atirando, meu amado e adorável William conseguiu tirar a mim e a você de lá, seu pai havia dispensado todos os seguranças naquela tarde, e na confusão ele foi ferido e levado às pressas para o hospital, Valentina ficou como louca te gritando, nós confusos e desconfiados corremos com você de lá.
Desconfiamos dela no princípio, parecia tão óbvio, afinal ela saiu no exato momento em que a confusão saiu do controle, aliás, a confusão começou com a saída dela, seu pai estava muito mal, e não sabíamos o que fazer com você. Nós ficamos escondidos, esperando seu pai melhor, mais ele não melhorava e nós não estávamos tão bem escondidos assim.
Em uma manhã muito fria apareceu uma mulher nunca havíamos visto ou pelo menos nunca havíamos de fato prestado atenção nela, ela nos ofereceu dinheiro por você, ela nos disse que se te entregássemos a ela poderíamos ficar ricos e, se não fizéssemos isso ela nos mataria a todos.
William perguntou o que ela queria contigo, ela disse que o seu fim havia chegado, a única escolha que tínhamos era deixa-la ir ou morrer contigo. Ele perguntou quanto ela nos daria para nós mesmos darmos um fim em você, sorrindo disse apenas que nos faria ricos.
Assim combinamos com ela que nós mesmos cuidaríamos do seu fim. Ela depositou uma grande quantia em minha conta, a nossa ideia era fugir contigo para longe, mas ela disse que queria que você sofresse.
Ela própria comprou uma passagem para o William ir para o Pantanal, era para te deixarmos nas matas e irmos embora; pagamos uma pessoa para viajar no lugar dele e viemos para Granville, tive que te deixar na floresta por que precisava de fotos para comprovar que havíamos te deixado no meio do nada em situação de risco, eu te deixei lá e voltei imediatamente para São Paulo, para todos os efeitos apenas o William havia viajado, o combinado era que eu permanecesse na cidade, era a garantia dela de que ele iria cumprir com o combinado.
Você acordou. Quem sabe outro dia eu não termino esse diário, é muito triste estar tão só.
Rosalina.
Isabella olhava a folha em sua mão, não percebera que estava tremendo. Eric andava de um lado para o outro.
- Por um acaso esse William era aquele que sempre nos ajudava quando estávamos com problemas? – Perguntou triste. – Claro que era! Ele praticamente apareceu junto contigo, mas ele era maravilhoso para todos nós.
- Eu não entendi, eles queriam te proteger ou não? Era só tirar as fotos e te tirar de lá. – Disse indignada, fuzilando Eric com o olhar. – Sério? Que você sente falta desse energúmeno?
- Ele não era um homem ruim e, nos ajudou muito. – Disse Eric indo até a janela, silenciosamente Samara mexeu nas folhas jogadas sobre a mesa e pegou uma carta em especial entregando-a a Isabella.
- Eric. – Chamou Samara, ele voltou a sentar no mesmo lugar.
Porto Velho – RO, 22 de dezembro de 2002.
Até que enfim conseguimos sair em segurança de Granville, não sei se estava com mais medo de não chegar lá a tempo de te salvar ou de não conseguir sair de lá com você em segurança, afinal sempre há o risco de ter mais pessoas atrás de você.
Infelizmente quando eu te deixei na floresta, o William não conseguiu chegar até você como havíamos combinado, houve um problema com a entrada dele na cidade, não podíamos correr o risco de ele entrar de forma clandestina, por que a nossa ideia era de que ele ficasse contigo até eu conseguir despistar quem quer que fosse aquela senhora.
Eu voltei para São Paulo acreditando que você estava em segurança com o William, apenas três dias depois eu soube do que havia acontecido contigo. Você estava nas mãos da justiça, e se o William aparecesse para te resgatar teríamos que falar quem era você, e com certeza a justiça o forçaria a te entregar para Valentina, então nós decidimos deixar você no orfanato e, ele sempre esteve por perto para cuidar de você caso precisasse, por isso eu sei que os dois anos que você ficou lá foram os melhores da sua vida e, os melhores dele também ele amava a você e aos garotos, sonhávamos quando pudéssemos finalmente dizer a verdade a você casar poder te manter conosco junto com os filhos que teríamos.
Infelizmente eu descobri tarde demais quem era aquela mulher e quem de fato era o grande vilão dessa história, não sei como, mas você foi descoberta, eu fui alertada e corri para vocês, ele morreu para que você continuasse viva, a Rosa e o delegado me ajudou a te tirar daquele lugar em segurança, nós duas devemos nossas vidas a eles, a Rosa te ama tanto quanto nós te amamos, não sei como ela conseguiu convencer o delegado a nos ajudar, mas isso não vem ao caso.
Graças a Deus estamos bem e a salvo, o delegado apagou todos os seus registros, não tem como eles nos acharem aqui, mas se você voltar à Granville eles te encontrará, sabemos que tem gente lá de olho em você, que Deus te proteja minha filha, proteja a todos nós.
Muita gente já morreu para que você vivesse, espero sinceramente que eu não os decepcione e, nem a você.
Rosalina.
Os três entreolharam-se.
- E minha mãe toda ofendida, por que você não dava notícias, mas olha que bela atriz hollywoodiana! – Exclamou Eric. Samara pegou outra carta, dessa vez entregando a Eric.
Porto Velho – RO, 05 de janeiro de 2003.
Querida Rosa. Infelizmente eu não vou lhe mandar essa carta, mais descobri que escrever me ajuda a manter a sanidade, e a tristeza está tão profunda que está doendo na alma. A Samara não come e só chora, chamando por você, pelo William, pelo Eric, Ulisses e Felipe, ela chama por outros nomes também, mas esses são os que ela mais chama.
Eu não sei o que fazer para ajudar, eu própria estou um caco.
Espero que um dia você possa me compreender e me perdoar, talvez eu esteja ficando louca, mas não confio nos serviços do correio da sua cidade, por isso eu guardei a carta que a Samara escreveu para você e os meninos, conforme combinado, de tempos em tempos irei até a Caixa Postal e pegarei as cartas de vocês que estiverem lá, um dia eu prometo que entrego a ela.
Escrever me ajuda a não enlouquecer.
Rosalina.
- Ela realmente fez da escrita uma forma de terapia. – Disse Isabella encarando Samira.
- Coitada da minha mãe. Ela te entregou as cartas que enviamos a você? – Perguntou Eric irritado.
- Sim, dois dias antes de ela morrer. Não tive nem tempo de reclamar com ela.
- Isso aqui é um caso para os investigadores de Granville. – Disse Isabella guardando as cartas. - Ela não diz quem são seus pais, nem quem quer matar você, nós vamos descobrir quem são eles, além disso, alguém sabia que você estava lá, afinal continuaram a te alertar para não vir para cá. – Concluiu Isabella pegando uma das ameaças impressas como a que recebera que ainda estava no envelope em suas mãos.
- Eu também acho. – Disse ela firme.
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