Capítulo 21 - Medo
- Como ele está? – Questionei a minha mãe após ver ela sentada na poltrona, observando nosso pai ser examinado pelos médicos.
- Está bem... Apenas foi impressão minha... – Ela estava abatida e com um leve tom de desapontamento.
- Vamos acreditar, ele vai melhorar! – Segurei suas mãos a encarando.
- Eu sei... Eu sei... – Respondeu sem muita vontade e beijou a minha testa agradecida.
Espero ansiosamente que meu pai melhore... Se essa for à vontade do Pai!
~***~ Três meses depois... ~***~
~***~ P.O.V Miguel ~***~
A cada passo que eu dava para tentar acreditar que Ester voltaria pra mim, eu recuava sabendo que era em vão... Já faz quatro meses que ela não responde minhas mensagens, ligações... Eu queria descartar a ideia de ela ter encontrado alguém melhor que eu, mas era difícil... Meu casamento já estava próximo demais e realmente o desejo de fugir e ir atrás dela só aumentava, mas precisava ser firme... Precisava.
- O que acha dessa cor? – Beatriz me arrastou a loja de convites matrimoniais, estava indecisa entre rosa ou dourado, nem mesmo perguntará qual a cor que eu preferia, tudo tinha que ser do jeito dela e que agradece somente a ela.
- Tanto faz. – Respondi indiferente a tudo que ela dizia e a mesma me lançou um olhar furioso.
- Para de ser chato e escolhe alguma coisa... – Rebateu nervosa.
- Por acaso se importa com meus gostos? Só de me obrigar a casar com você, já mostra que é uma pessoa sem pensar no próximo... – Estava já perdendo a paciência, algo que eu precisava muito.
A atendente nos olhou curiosa conosco e Beatriz me puxou de canto para conversar comigo.
- O casamento também é seu... Se esforce para mostrar que se agrada, querendo ou não... – Murmurou.
- Eu não serei falso em nenhum momento, esse casamento não é agradável a mim, eu não quero me casar com você e ponto final... – Murmurei de volta e ela sentiu uma fisgada na barriga grande de seis meses.
- Poderia tentar pensar no seu filho... Dói quando discute comigo e ele sente também. – Acusou me deixando sem saída e tive que aceitar por um momento, a ideia que iria mesmo me casar com ela e que teríamos um filho.
"Perdoe-me Senhor, mas não sei mais o que fazer..." – Pensei sobre a Ester e iria esquecê-la... Agora sou noivo, vou ser pai e preciso amar minha esposa... Ou me esforçaria pra isso.
Peguei na mão de Beatriz pela primeira vez após ela chegar e a conduzi até o balcão repleto de convites.
- O dourado... É bonito. – Disse a deixando feliz.
- O dourado então. – Ela agarrou o meu braço contente e sorria pra recepcionista.
~***~ P.O.V Alicia ~***~
- Tem certeza no que diz menino? – Havíamos achado uma forma de coletar amostra do bebê e finalmente descobrir quem era o pai... Mas trazia risco à criança.
"Claro que tenho Alicia, se algo acontecer eu serei o culpado, não você, estou ciente dos riscos, mas precisamos urgentemente fazer isso antes que os dois se casem... Não permitirei que Beatriz consiga realizar seu plano... Miguel não tem culpa do nossos erros passados!" – Ele respondeu exaltado.
- Se está certo nisso... Então conversarei com o ginecologista dela, com certeza com uma boa quantia ela vai aceitar nos ajudar. – Esclareci.
"O casamento é daqui dois meses, nesse meio tempo, temos que descobrir a verdade."
- Já entendi, agora vou desligar, antes que alguém nos ouça.
"Tchau" – Desliguei o telefone e em seguida suspirei aliviada por ninguém estar por perto, mas precisava pedir a Deus para que nos ajudasse e protegesse a criança.
~***~ P.O.V Ester ~***~
Por um milagre e muita perseverança, faz um mês que papai voltou pra nós, ele já estava em casa, ainda debilitado, mas como Deus é fiel, ele não teve sequelas, nada! Chegou à época da escola e nossa papelaria vendia mais que um supermercado grande... Estava cheia todo dia, arrecadamos muito e metade foi pra pagar as contas e ajudar os necessitados, promovi Li a Vice-Presidente e Sara ficou com seu cargo de Gerente.
- Eba! Hoje faz dois meses que não fiz nenhuma besteira! – Sara comemorava em euforia e ainda se mostrava misteriosa a mim, mas conquistou muito bem a minha confiança.
- Mas é bobona... – Lidayana revirou os olhos pra mocinha que pulava de alegria.
- Vamos comemorar? – Sugeri e Sara quase se jogou em cima de mim me abraçando.
- Ah mais não posso... – Ela parou a afobação e parecia lembrar de algo. – Meu noivo pediu para que fossemos jantar hoje. – Sorriu.
- Noivo? – A questionei intrigada.
- Sim... Ele é médico-responsável do hospital onde a Dona Amélia é sócia.
- Espera? – Não pode ser... Ela é noiva do...
- Bom dia damas. – O doutor Moisés apareceu... Ele era lindo demais e Sara não parecia ser muito o tipo dele... Brincadeira.
- Bom dia meu amor... – Ela respondeu o abraçando. Os dois pareciam felizes, muito felizes e quando os vi se beijar, toquei meus lábios relembrando do Miguel... Que saudades... – Posso ir? – Sara questionou a mim e Li e consentimos. – Amo vocês! – Ela nos abraçou e se despediu, indo com o noivo de mãos dadas, embora.
- Ele é lindo demais... – Murmurei a Li que revirou os olhos.
- O carne... Viu! – Se afastou me advertindo.
- Como será que está o Miguel? – Queria saber como ele estava, se sentia minha falta da mesma forma que eu... Eu queria tanto estar em seus aconchegantes braços, mas não podia mais, ele estava prestes a se casar e logo seu filho vai nascer... Nunca me perdoaria de tirar o pai de uma criança... Nunca.
~***~ P.O.V Alicia ~***~
- Eu vou com ela Miguel... Você tem que ajudar o tio na igreja! – Estava tentando persuadir o meu primo a permitir que fosse acompanhar sua noiva no ginecologista para a ultrassom. Mas ele insistia em ir... Não pela Bia, mas sim pelo bebê.
- Deixa ele ir Alicia! – Bia me lançou um olhar feroz e ralhei com ele, querendo esfregar sua cara falsa no asfalto, mas precisava me controlar.
- Mas precisarei mesmo de ajuda Alicia... Pode ficar filho? – Graças a Deus que tio apareceu... Ufa!
- Sim pai... O que o senhor diz é uma ordem. – Miguel sorriu e Bia cruzou os braços insatisfeita, mas por sorte não reclamou e fomos ao ginecologista, antes Miguel beijou a barriga para sentir o bebê. – Papai te ama meu pequeno. – Ele estava feliz pela criança, mas mesmo assim se mostrava distante de Beatriz, apenas a ajudando no casamento e nada mais, dormiam separados, quase não conversávamos, se esse era o plano de Beatriz de persuadi-lo a ama-la... Esta pagando com a própria felicidade, Miguel não demonstra nenhum afeto a ela e mesmo que ela tente, ou ele muda de conversa ou se afasta indo pro quarto ou sei lá aonde, ela não pode obrigar ele a ama-la e está vendo isso com os próprios olhos.
- Tchau! – Nos despedimos, conduzi Bia até o carro e fomos ao ginecologista.
Chegando lá o doutor inventou uma história para que ela bebesse um liquido que não iria prejudicar o bebê, apenas faze-la dormir e logo em seguida, aplicou um liquido injetável, para que a mesma não sentisse a agulha entrar na barriga, tocando na placenta e assim coletar uma amostra para o teste de DNA... Consegui pegar uns fios de cabelo de Miguel sem ele perceber, na escova dele e agora era aguardar o primo chegar para fazer o teste dos dois.
- Ela vai demorar pra acordar doutor? – Questionei o médico um pouco cansado.
- Logo... – Ele desviou o olhar ao monitor que parecia não mostrar coisas boas. – Ai meu Deus... Rápido saia! Precisamos reverter à situação! – Ele me expulsou do centro cirúrgico e com a ajuda de alguns outros doutores, pareciam tentar salvar a vida do bebê.
- Ai meu Deus! E agora? – Comecei a me desesperar... Será que ela vai abortar?
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