Capítulo 20 - Lembranças Dolorosas
~***~ P.O.V Ester ~***
Estava deitada na cama toda espreguiçada, com a bíblia na perna, enquanto refletia sobre a minha vida até agora... Sentia um vazio infelizmente no peito, sei muito bem que não posso ficar assim, apenas Deus é digno de meu amor eterno, não posso me abalar por causa de uma paixonite passageira... Mas porque será que a cada minuto eu me lembrava do toque de suas mãos grandes e amáveis, dos seus lábios quentes que me deixavam arrepiada a cada toque, ou dos seus lindos olhos castanhos que me encantavam toda vez que os meus se encontravam com os seus e a bela teimosia de nunca me deixar em paz, ele perseverou e conseguiu mudar a minha cabeça, me trazendo a casa do Senhor...
- Miguel... Eu te amo tanto... Meu coração chora todo dia ao relembrar nossa despedida, queria tanto o conforto dos seus braços, sentir o seu carinho... Te amo... Tanto... – A voz estava fraca ao sentir as lágrimas escorrerem, era doloroso, muito doloroso.
~***~ P.O.V Miguel ~***~
Já se fazia um mês que Ester partiu e eu estava aqui tentando com todas as forças esquece-la e retomar a minha vida sem mais a sua companhia maravilhosa... Meu casamentos seria daqui três meses e Beatriz era a única empolgada demais na casa, eu próprio nem estava dando importância, um casamento obrigado, não é casamento... Às vezes me pego imaginando no momento que as portas se abrirem e ver a minha futura noiva, vestida de branco, com seus longos cabelos castanhos... A minha Ester...
- Porque o amor tinha que ser tão doloroso! – Soquei a porta nervoso e me virei para observar janela a fora, observava a árvore e do outro lado a janela que nunca mais aberta por ela... As lembranças faziam doer mais e mais o coração...
~***~ Lembranças ON ~***~
- Onde estão seus pais? – Questionei ela.
- Estão fora para minha alegria... Vem cá? É sobre isso que quer conversar, porque eu tenho que estudar! – Acho que pra ela a conversa estava entediante, pela forma que falava, mas achei graça dela dizer que estudava, não parecia muito ser uma preocupação a ela. – Se fizer essa cara de novo, eu quebro seus dentes! – Ela ralhou comigo.
- Desculpa... Quer estudar comigo? – Sugeri. Ela cruzou os braços, ergueu a sobrancelha e parecia pensar na proposta.
- Só se você me prometer que não vai contar a ninguém. – Pediu, enquanto semicerrava os olhos.
- Prometo! – Gesticulei e logo em seguida a vi colocar a mochila nas costas e pronta para subir na árvore, eu não acredito que ela iria fazer isso, era perigoso! – Oque vai fazer? – Perguntei já percebendo sua intenção.
Subiu na árvore e caminhou na minha direção, apenas me assustei ao ver ela escorregar e cair em cima de mim, nossos olhos se encontraram e só nos demos conta depois que minha mãe começou a subir as escadas com intenção de saber a causa do barulho no meu quarto. Levantamos rapidamente e ela se escondeu debaixo da cama, em seguida fui abrir a porta, tentando impedir minha mãe de entrar.
~***~ Lembranças OFF ~***~
- Ai Ester... Como você me enlouquece garota... – Balancei a cabeça tentando parar as lembranças antes que lágrimas escorressem de novo, e notei alguém bater descontroladamente a minha porta.
- Oi amor! – Por um momento me senti enojado ao ver aquele sorriso cínico de Beatriz, realmente precisava me controlar, não sou assim e não permitirei que o mau aproveite a situação para me mudar pra pior, pois eles se esquecem que sou filho do Deus Vivo e que o Senhor me fortalece todo dia para não cair em tentação.
- Diga... O que quer? – Respondi com seriedade e um tom ríspido a ela.
Ela cruzou os braços, fez um bico e entrou no quarto sem permissão, se passando por mim.
- Ai amor... Eu vim aqui te dar carinho e ama-lo como naquela maravilhosa noite... – Se deitou na cama de lado, apoiando a cabeça na mão e usava uma saia um pouco curta, colocando uma perna em cima da outra de forma vulgar. – Vem cá... Quero te dar todo o meu ser... – Aquelas palavras foram tão insuportáveis que cerrei os punhos, respirando fundo e nem sequer olhei em seus olhos.
- Você vai sair agora desse quarto e aprender a respeitar o filho que carrega no ventre, saia imediatamente daqui... Beatriz. – Gesticulei para que saísse e ela se sentou na cama.
- Você é um chato sabia... Ester foi embora e ponto final, esquece aquela louca! – Ela berrou.
- CALA A BOCA! – Rebati sentindo o sangue arder... – Saia... AGORA! – Mandei e ela se levantou da cama e ainda teve a ousadia de querer me tocar, mas me afastei ligeiramente a dando as costas e esperando que saísse.
- Olha... Me desculpa... Mas é que não aguento ver o pai do meu filho, meu futuro marido me maltratar, apenas porque está apaixonado por outra... – Sua voz estava baixa.
- Você pediu isso Beatriz, você...
- Ela nunca vai voltar... Nunca! – Ela saiu batendo a porta com toda força e um alivio bateu no meu peito, seguido pelo sofrimento, me ajoelhei no chão pedindo ajuda a Deus.
- Senhor, por favor, ouça o clamor do seu servo, eu não vou conseguir Pai, eu não a amo... Traga a minha Ester de volta... Por favor... – Já estava sem força na voz, precisava de um milagre... Um milagre.
~***~ P.O.V Ester ~***~
- Ester? – Ouvi minha mãe chamar, e desci as escadas para ver o que era.
- Diga mãe...
- Vou ao hospital, quer ir junto? – Convidou.
- Vou à papelaria, Li pediu para que eu examinasse alguns papéis... – Fiquei triste por não pode ir, mas precisava sustentar a nossa família agora... Não queria que mamãe trabalhasse. – Mande beijos a ele por mim. – Nos abraçamos.
- Sim meu amor... Mando sim. – Seus lábios deram um leve beijo na minha testa, em seguida ela saiu do apartamento e fui tomar um banho.
~***~ Na Papelaria ~***~
- Meu Deus... SARA! – Lidayana berrou ao ver sua amiga andar de patins nos corredores, prestes a colidir com uma pilha de pacotes com folha de sulfite.
- AHHH! – Berrou Sara colidindo com a pilha e depois caindo no chão.
- SARA! – Corri para socorrê-la.
- Sara? – Lidayana se aproximou enquanto tirávamos o capacete de sua cabeça.
- Acorda Sara! – A chacoalhamos e mesma não respondia, começamos a nos desesperar. – Deus salva minha amiga! – Pedi até ouvir um risinho.
- Vamos joga-la no lago... – Li sugeriu piscando pra mim.
- Boa ideia. – Pisquei de volta.
- ESTOU BEM! OLHA EU AQUI, DEUS É FIEL... TCHAU! – Sara levantou num pulo, toda afoita nos abraçou, se ajoelhou no chão agradecendo a Deus e depois fugiu de nós.
- Eu gosto dessa garota... – Comentei a Lidayana que me olhou de soslaio e caímos na gargalhada com as palhaçadas de Sara.
- Obrigada! – Sara berrou e rimos mais ainda...
- Sara é uma garota boa, passou por muitas coisas na vida... – Li começou a contar.
- O que houve com ela? – Questionei curiosa.
- Sara tem 20 anos, filha de pais divorciados, ela cresceu na igreja, mas se desviou dos caminhos do Senhor, pecou, mas se arrependeu de verdade sendo perdoada por Jesus... Ela então saiu de casa porque não sentia que era seu lar e quando a encontramos, estava toda suja de lama após salvar um cachorro que ia ser atropelado no meio da avenida, estava de noite e a chuva caia torrencialmente, mesmo assim ela se mostrava firme nessa situação e não pense que ela é boba, ela é a mais valente e cheia de fé do que todos nós aqui... E agradeço todo dia a Deus por ter nos trazido ela...
Ouvimos um barulho de vidro quebrando...
- Mas é desastrada... – Li terminou a explicação e fiquei feliz por conhecer alguém assim, talvez Sara me ensine algo bom que eu leve pra vida. – Com licença... – Li se afastou indo conferir algumas coisas e não contive a curiosidade e segui atrás da Sara.
A encontrei limpando sua bagunça, estava agachada no chão e quando notou minha presença, tentou esconder as mãos ensanguentadas, apenas percebi ao ver muitas gotas de sangue no chão.
- Você está bem? – A questionei me agachando ao seu lado e ela apenas sorriu pra mim.
- Estou ótima...
- Mas suas mãos estão sangrando! – Exclamei preocupada, tentando ver se ela notava o quanto aquilo era ruim.
- Isso? – Olhou pras mãos. – Alguns curativos ajudam, não é nada demais. – Ela estampava um sorriso sincero, mas misterioso de fato.
- SARA! – Lidayana apareceu boquiaberta e pegou a jovem pelo braço preocupada. – Suas mãos! Já falei pra tomar cuidado! – Ela estava exaltada.
- Desculpa... – Pediu a jovem segurando as lágrimas.
- Ai Deus meu... Dai paciência com essa jovem! – Li olhou pro teto e respirou fundo. – Porque se feriu dessa forma?
- É que... Eu estava... bem... eu estava... Procurando... Uma... Uma...
- Uma... – Li estava desconfiada.
- Brinco! – Sara a cortou. – Eu perdi meu brinco e...
- Você não usa brinco... – Li semicerrou os olhos a intimidando. – Quero a verdade mocinha... Agora!
- Eu estava... Tentando... Embrulhar o seu presente de Natal e guando ia pegar o embrulho rosa com bichinhos fofos... Acidentalmente eu derrubei as travessas da loja... – Li cruzou os braços. – Está brava comigo? – Sara fez um olhar pidão e falava com uma voz meiga e fofinha, em seguida fazendo um bico e piscando pra Li.
- Não vai se livrar da culpa de ter quebrado a mercadoria da loja... – Li respondeu a fazendo desviar os olhos.
- Ta bom... – Sara respondeu cabisbaixa.
- Mas não se machuque mais... E agradeço por querer me dar um presente... Vamos cuidar desses ferimentos, antes que sejamos obrigado a te levar pro hospital. – Li pegou nas mãos da Sara e as duas seguiram pra uma ala preparada para quando Sara se machucasse... Eu iria ajuda-las, mas fui chamada por Emma que estava a minha espera.
- O que houve? – A questionei vendo seu olhar aflito.
-Precisamos ir e rápido. – Ela pegou na minha mão me conduzindo ao carro. –Precisamos ir ao hospital! – Esclareceu e aquilo me preocupou muitoRstQ86u3ZaSTE
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