Escrevendo#34 - As facetas do plot twist
Se tem uma coisa que você nunca ouvirá de um leitor é: “o final dessa história foi tão previsível, mas eu adorei”. E eu nem preciso explicar o motivo, não é mesmo? As pessoas querem ser surpreendidas. Elas leem livros justamente para vivenciarem experiencias novas, para se emocionarem. Quando falamos de um thriller, então, a surpresa torna-se um item obrigatório.
Antes de tudo, é bom ressaltar que o plot twist é uma quebra com as convenções narrativas, mas não deixa de se encaixar em algumas regras para poder funcionar corretamente e proporcionar o desejado impacto, para se fazer um é preciso ter o máximo de controle de uma trama antes mesmo de escrever a primeira linha do seu roteiro.
A chave para um bom plot twist é adicionar pistas durante o caminho para criar uma coerência com o final, predestinar os acontecimentos com o protagonista. Veja, em Ilha do Medo a todo momento pequenas pistas que o personagem de Leonardo DiCaprio já esteve antes na ilha são dadas a todo momento, são personagens loucos que dizem o conhecer, informações desconexas e sem sentido e a própria historia de sua mulher.
A principio tais informações jogadas ao público parecem ser confusas e não se casam com a trama em que ela ocorre, criando uma realidade diferente do qual o protagonista enxerga, e é assim que o filme evolui, vemos todo o enredo pelos olhos do personagem principal para no fim nos mostrar um ponto-de-vista diferente coerente com as pistas jogadas durante a trama.
O plot twist também pode ser usado com uma virada de ato, brincando com tropos e arquétipos dos filmes. Veja, em Psicose, Hithcock nos apresenta um filme de roubo, onde a mocinha é perseguida por policiais e tenta se esconder no Hotel Bates, contudo, a protagonista é morta no meio do filme na icônica cena do chuveiro pela mãe do Norman, então o filme recebe outros gêneros, se torna um horror mesclado com investigação policial, e vamos indo até o momento que outro plot twist acontece, a revelação que a mãe do Norman está morta e que ele se veste como ela para assassinar jovens mulheres. Alfred Hithcock consagrou o plot twist no Drama e no suspense como ninguém havia feito antes.
O que é comumente atribuído ao plot twist é o conceito de improbabilidade, e quando não é bem executado pode acabar enfurecendo o espectador, que sente-se tapeado. Muitos roteiristas erram ao achar que chocará a audiência apenas com final não esperado, mas o que eles não levam em consideração é a construção do universo e de sua lógica. Se impomos uma regra ao universo do roteiro e logo depois a descartamos sem motivo, perdemos credibilidade da mensagem.
Não esqueça também que as causas que levaram ao seu twist devem ser bem apresentadas durante a trama. Como disse Robert McKee: O poder de um evento só pode ser tão grande quanto a soma total de suas causas. Ou seja se as causas são ridículas, a sua reviravolte tende a perder impacto.
Por último, deixo a indicação desse vídeo do canal Mikannn, no qual ela discorre sobre a origem do plot twist e alguns exemplos que encontramos no cinema.
Fonte: www.roteiristaempreendedor.com
Como funciona o Plot Twist
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