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Destrinchando#32 - A Mulher na Janela

Se Anna Fox for sua vizinha, espero que você tenha persianas e cortinas competentes. Ela tem certo fascínio por janelas nuas.

Será que eu devo avisá-la que ver o mundo através das lentes de uma Nikon pode ser uma experiência ligeiramente... enganosa?


A Mulher na Janela, do crítico literário, A. J. Finn, consegue entregar um excelente thriller, além de um estudo sobre traumas, alcoolismo e agorafobia.

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Não encontrei alguma coisa negativa para citar sobre a obra. Entrei nessa história sem nenhuma expectativa, mas fico feliz em dizer que fui surpreendido positivamente.

Pontos positivos

Condução e construção de suspense: Para quem leu A Garota no Trem, a problemática inicial do livro pode soar familiar. Mas conforme avançamos na leitura e caminhamos para seu desfecho, percebemos a excelente costura lógica dos fatos narrados.

Com um ritmo envolvente e uma protagonista interessante, o autor constrói um suspense de tirar o fôlego. Logo no segundo ato somos agraciados com reviravoltas que dão o norte para um clímax igualmente recheado de surpresas e o mais legal é que não vemos esses twists chegando.
Eu pelo menos não fui capaz de prevê-los.

Intrínseco a isso, o autor consegue abrir espaço para um olhar sobre a síndrome da protagonista e seu gosto por filmes antigos, bebida e bisbilhotar, tornando a trama ainda mais robusta.

Personalidade narrativa: Os primeiros momentos ao lado de Anna Fox são fascinantes em termos narrativos. O autor começa a construir sua protagonista de uma forma rápida e muito envolvente. Os elementos que ele escolhe mostrar contam muito sobre quem ela é: o histórico de pesquisas sobre vizinhos, seu conhecimento de informações específicas demais e o isolamento permanente.

Mas o mais legal é como A.J.Finn molda sua narrativa para fazer um paralelo com sua narradora. Eu já dei alguns exemplos em capítulos anteriores, mas cada livro é peculiar a sua maneira.

A voz narrativa aqui presente utiliza de algumas comparações interessantes. Ao abordar seres inanimados, ela sempre confere a eles características humanas e o contrário também acontece.

"No momento, me sinto tão vazia quanto uma garrafa"

"Do outro lado da rua, as janelas bocejam.

O recurso é bem pontual e não segue um padrão, mas de alguma forma dão nuances a solidão e a dificuldade de se relacionar da protagonista, auxiliando em sua construção. Eu achei esse detalhe bem legal.

O personagem vai sim moldar sua forma de escrever e conhecer sua personalidade te ajudará a dar o tom e as características certas para aquela voz.

Por exemplo, um caçador poderia fazer comparações do tipo: "Eles viraram a cabeça em sincronia como um par de cães selvagens sentindo um cheiro ao vento."
Uma personagem que é apaixonada por roupas pode sempre começar a descrição de uma pessoa por aquilo que ela está vestindo.

São esses toques que dão mais força e identidade ao seu texto.

SOBRE O LIVRO:


BOOKTRAILER:

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