Se você está vendo isso, é porque morri...

Um testamento digital cheio de referências, uma fortuna de 240 bilhões de dólares e um easter egg.

E desse jeito nada discreto que Ernest Cline decidiu começar Jogador Número 1. Recém adaptado para o cinema com doses cavalares de cultura pop, agora terá a honra de estar na lista dos destrinchados.

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Pontos negativos

Saídas do roteiro: Wade Watts é um nerd assumido que entra na inédita competição de nível mundial instaurada por James Halliday depois de sua morte. Tendo o OASIS, uma plataforma virtual criada pelo falecido, como seu ponto de escape nosso protagonista respira cultura pop.

O enredo do livro é um grande atrativo para os apaixonados pelos anos 80, mas acho que ele tropeça ao tratar o lado nerd hardcore do Wade e sua jornada.

Os desafios impostos por Halliday para os competidores reverenciam grandes referências  desde Spielberg à Pac-Man. Apesar de perceber o quanto o protagonista leva isso quase como religião, foi meio frustrante ver ele apenas puxar uma coisa da memória e vencer os desafios. Devo assumir que como um louco pela cultura pop, eu não lembrei de muita coisa citada no livro. São detalhes precisos demais para se guardar.

Eu queria ter visto o Wade esquecendo alguma coisa e improvisando para passar o desafio, até mesmo quando ele faz mancada ganha um bônus por isso. Há uma cena específica que é muito repentina e surpreendente devido a uma decisão errada do protagonista, mas fora essa ele sempre parece ser beneficiado pela trama.

Pontos positivos

Referências: Se você acha que com referências eu me refiro àquelas sutis que entram na trama e passam despercebidas por alguns leitores. Olha meu indicador balançando para você."☝☝☝☝☝"

Simplesmente uma chuva de referências à games, filmes, séries e até músicas. É a nostalgia que você respeita.

Muito interessante também que apesar de abraçar essas referências, o livro traz sua própria mitologia e garante uma trama divertida com uma jornada muito empolgante.

Então se você quer usar dessas referências na sua obra, lembre-se de também de construir coisas novas e não usar esse artifício como muletas.

Críticas à vida online: Mesmo tendo o mundo virtual como grande chamariz, o autor não deixa de aproveitar essa deixa para realizar uma crítica a essa prática, comum até nos dias atuais, de estar sempre conectado.

Apesar desse futuro distópico e meio pós-apocalíptico, a realidade que ele apresenta é muito plausível tendo em vista a nossa atual situação.

Mesmo o protagonista tem toda uma insegurança de se apresentar ao mundo como é. Essa coisa de alimentar um alter ego já mostra o quanto o virtual sobrepõe a realidade e há toda uma problemática ao redor disso. A auto edição é quase um instinto quando falamos do eu conectado.

Quem não achou engraçado a forma com De Volta para o Futuro imaginava o futuro?. O ano retratado no filme já passou há tempos.

Mas o interessante é essa colisão de épocas, essa mesma que Ernest Cline implementa no livro, traz uma singela reflexão sobre o que estamos fazendo com o nosso planeta, o que ele já foi e no que pode se transformar.

SOBRE O LIVRO: