17. Perdidos
그날의 바다는 퍽 다정했었지
아직도 나의 손에 잡힐 듯 그런 듯해
🎶Jaurim, twenty five, twenty one.*
O final de semana e a semana seguinte passaram em um piscar de olhos, assim como o ódio que Katherine sentiu por mim após a minha festa de noivado e as notícias que circularam em seu grupo recluso de amigos. Ela parecia muito mais suscetível à convivência e interações, ainda mais agora que sua mente havia planejado mais uma forma de me coagir a socializar em eventos de família ao lado do Dong Yul e os gêmeos cheios de energia.
— Iremos à praia com os seus irmãos — determinou, jogando uma roupa de banho em cima da minha cama.
Fechei o meu caderno de composições e virei o rosto em sua direção, batucando a caneta na superfície plana da capa e reproduzindo um barulho seco pelo ambiente. Nos encaramos em completo silêncio, enquanto eu pensava se deveria recusar a oferta — ou devo dizer, ordem. Quero dizer, depois do surto do Taehyung, não conversamos mais durante a semana. Da última vez que perguntei a Olivia sobre seu paradeiro, ele tinha saído a negócios e passaria alguns dias fora, ao lado do Duarte. Sequer sabia que ambos haviam voltado — considerando que Katherine jamais fosse me propor um evento desses sem ter ao seu lado a pessoa capaz de controlar os dois pestinhas.
Tentei usufruir desses dias sem sua presença para colocar a cabeça no lugar e aproveitar ao máximo a minha vida monótona, exatamente como era antes da sua chegada. No entanto, por mais que eu me distraísse com as aulas de canto e as composições, minha mente traiçoeira sempre arranjava um jeito de lembrar dele.
Devo ter enlouquecido.
— Que bom que não há objeções. Nos encontramos no carro em trinta minutos — ela não esperou mais um segundo para sair do quarto, tirando-me dos meus devaneios. Por um momento, tinha esquecido da presença de Katherine no quarto.
O que eu deveria vestir?, mordi o lábio inferior e senti minhas bochechas corarem instantaneamente, mas, não dei tempo aos meus pensamentos e logo levantei da cadeira para me arrumar. Queria afastar qualquer vestígio de expectativa que meu coração havia cultivado naqueles instantes. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, concentrava meus esforços nesse estado de negação repetitivo e negligenciava os sentimentos que afloravam em meu peito de forma persistente, mas não queria insistir no que estava bem diante dos meus olhos. Não enquanto eu pudesse fechar os olhos para tudo e seguir com nosso acordo ridículo.
O clima estava ótimo para ir à praia, com poucas nuvens no céu e um sol quase escaldante. Escolhi um vestido vermelho de amarração nos ombros e saia abaixo dos joelhos, peguei óculos de sol em formato de coração e montei um mini kit de sobrevivência em uma bolsa de material trançado. Desci as escadas praticamente correndo, passando pelos empregados às pressas e, ao avistar Katherine acenando para mim no batente da porta, direcionei-me ao carro estacionado logo na entrada. Contudo, desacelerei o ritmo dos meus passos ao perceber que ela conversava com Vincent.
Pensei em dar meia volta, mas já era tarde demais.
Ao me ver, ele sorriu torto e retirou os óculos escuros que usava. Seus olhos afiados descansavam fixamente sobre meu rosto.
Vincent trajava uma bermuda branca de linho e uma camiseta vermelha de mangas curtas. Os óculos agora puxavam seus cabelos sedosos para trás e prendiam como uma tiara e no seu anelar brilhava o anel de noivado que ele comprou para si, como forma de sustentar aquela mentira que, a essa altura, já estava durando até demais.
— Olha só! Vocês dois estão combinando — Katherine apontou para nós dois, animada, como se seus joguinhos realmente estivessem funcionando a meu favor. Engoli um grunhido de raiva imediatamente.
— Bom dia, jagiya — ele cantarolou, ignorando a presença de Katherine e concentrando sua atenção apenas em mim.
Revirei os olhos e apenas o ignorei.
— Pensei que fosse apenas eu, você e os gêmeos — disse à Katherine, fazendo-me de desentendida. Embora já contasse com a presença de Taehyung nesse passeio, não queria transparecer que eu estava cem por cento ciente de que ele iria.
— Oh, não, querida — ela explicou, sorridente. — Dong Yul e Vincent voltaram de viagem ontem à noite. Não ficou sabendo?
Lancei um olhar de esguelha para Taehyung e fiz um bico, simulando preocupação.
— Então deve estar cansado.
— Como eu poderia? Estava ansioso para vê-la, jagiya — ele abriu um sorriso que sobressaltou suas bochechas marcadas e bronzeadas. — Já faz uma semana.
— Uma semana desde que você fugiu? — Ergui uma sobrancelha.
— Sentiu minha falta?
— Mas é claro que não! — Sobressaltei-me.
— Ora, deixe disso. — Katherine, que, por um momento pensei ter sumido de vista, se intrometeu. — Pearl, vá com o Vincent em seu carro — determinou, e antes que eu pudesse reclamar, acrescentou: — Não queremos ouvir essa picuinha dos dois no caminho.
Fiz uma careta para Vincent, que retribuiu me dando língua e descendo seus óculos novamente para os olhos. Em seguida, gesticulou na direção do veículo parado bem na nossa frente e disse, com a voz carregada de ironia:
— Damas primeiro.
»🎙️«
Pensei que vir à praia poderia ser bom para mim. Queria mudar de ares um pouco, espairecer e colher um pouco de inspiração para minhas composições que, até o momento, eram tímidas demais. No entanto, eu não conseguia concentrar meus esforços no que originariamente pensei em fazer.
O olhar de Taehyung competia com as altas temperaturas daquela tarde, na medida em que eu sentia sua atenção sobre mim constantemente, ainda que eu estivesse mais afastada de todos, deitada em sobre uma toalha estendida na areia, enquanto Katherine e Dong Yul se divertiam e vigiavam os gêmeos na água.
Uma sombra cobriu o meu rosto e eu não precisei abrir os olhos para saber de quem se tratava. Taehyung já havia se deslocado da espreguiçadeira disposta debaixo de um guarda-sol e estava parado a uns dois passos de distância de mim, cobrindo a presença do sol. Em sua mão, ele segurava um copo de limonada que parecia bastante gelado e, sem pedir permissão, se acomodou ao meu lado no espaço restante, deixando sua bebida enfiada no montinho de areia ao seu lado. Antes que eu pudesse reclamar da sua presença indesejada, ele questionou:
— Está me ignorando de propósito?
— Talvez... Você desapareceu durante a semana inteira de propósito? — Devolvi a pergunta com um sorriso irônico nos lábios. Eu ainda tentava ignorar a sua proximidade indesejada ou como seus dedos raspavam na lateral do meu braço exposto e gerava um ponto de tensão exatamente na região.
— Sim, eu não conseguia suportar estar na mesma casa que você por mais um dia sequer — ele respondeu sem titubear, com um quê de seriedade em sua voz. Isso fez com que eu erguesse meu tronco, com os cotovelos apoiados na toalha, e girasse meu rosto na sua direção. Ele riu da minha expressão desgostosa e continuou: — Agora que tenho sua atenção, bom, não foi bem assim. O Dong Yul já tinha me convidado a passar um tempo viajando pela região e tentar me convencer a gastar um dinheiro que eu não tenho investindo em imóveis — ele frisou bem o fato de não ter acesso a sua herança por completo ainda. — Com nosso noivado praticamente consolidado, ele queria que eu conhecesse algumas mansões na região para morarmos juntos no futuro.
Ele parecia estar sendo sincero. Aos poucos, suavizei minha expressão irritadiça.
— Achou a nossa casa dos sonhos? — Zombei, encarando-o por cima do ombro. A luz solar atingiu em cheio meus olhos e eu precisei contrair meu rosto em uma careta para continuar olhando para ele.
— É claro que não — ele se espreguiçou de forma preguiçosa, esticando as pernas longas, e falou com um sotaque carregado e enfático. Em seguida, removeu o seu chapéu estilo bucket e colocou sobre minha cabeça com pouca ou quase nenhuma delicadeza, até cobrir parcialmente os meus olhos e bagunçar meus cabelos. Grunhi um "Ei!", mas fui ignorada. — Você detesta essa cidade. Iremos nos mudar assim que assinarmos os papéis no cartório, pode ser?
Vincent gesticulou de forma quase cômica, o que me arrancou uma risada sincera. Subi uma parte do chapéu apenas para encará-lo com um olho só, mantendo o outro fechado.
— E para onde iríamos, uhn?
Ele ponderou por um longo momento, enquanto me encarava com a cabeça inclinada, quase apoiada no seu ombro de um jeito preguiçoso. Não fazia mais do que três horas desde que chegamos, mas seu rosto já parecia mais corado, às bochechas sobressaltadas e marcadas sob a pele bronzeada; suas sobrancelhas grossas estavam sutilmente enrugadas e seus olhos formavam uma fina linha, enquanto cerrados, na medida em que ele pensava em uma resposta — pelo menos era o que eu achava.
Sustentei o olhar conforme sentia meu rosto esquentar e minhas bochechas corarem. Queria acreditar que esse era o efeito do calor sobre meu rosto.
No fim, Taehyung apenas balançou a cabeça, sacudindo seus cabelos rebeldes e seus pensamentos fora, e respondeu:
— Eu não sei ainda... Só sei que eu — fez uma pausa dramática para se levantar e remover sua camisa com uma agilidade impressionante. Surpresa, arregalei os olhos, o que arrancou uma risadinha dele. Então, completou: — Vou aproveitar esse mar enquanto posso.
Com uma piscadela, ele correu em linha reta em direção ao mar, sacudindo os braços para os lados como uma criança que acaba de ser solta no parque de diversões.
— Ei! Eu não me lembro de termos resolvido nossa discussão! — Gritei, por impulso, vendo ele se afastar de mim como se já estivéssemos resolvidos. Atraí a atenção de algumas pessoas no processo. Prontamente, ele girou 180º apenas para rebater:
— Prometo achar uma casa maravilhosa para morarmos depois de casados, jagiya!
Ouvi as risadinhas das poucas pessoas ao nosso redor e isso me fez ficar ainda mais vermelha. Meu constrangimento não passa despercebido por ele, que sorri ainda mais abertamente e dá um tchauzinho antes de continuar seu caminho até a água.
Instantes depois, os gêmeos apareceram no meu campo de visão, acompanhados do Dong Yul, que continha a energia dos dois enquanto se juntavam a Taehyung naquela faixa do oceano que, particularmente, capturava a minha atenção. Taehyung emergiu da água para receber os pequenos; desde a sua chegada, os irmãos pareciam ter acolhido bem o nosso visitante por tempo indeterminado. Ele sacudiu os cabelos molhados e coçou a nuca. Seu tronco magro estava totalmente exposto, com a altura da água batendo um pouco abaixo da sua cintura.
Meu coração bateu mais rápido, na medida em que meus dedos se fecharam ao redor da pequena faixa de pano da toalha estendida no chão. Estava prestes a me juntar a eles, quando Katherine apareceu no meu campo de vista, levemente ofegante devido à corrida até aqui. Ela se acomodou ao meu lado e tomou para si a limonada que antes Vincent tomava.
— Querida, eu e o Duarte decidimos voltar um pouco mais cedo com os pequenos. Você e Vincent vão voltar conosco? — Ela gesticulou na direção dos quatro se divertindo na água e informou: — Eles foram apenas se despedir.
Entreabri os lábios e a resposta saiu fácil:
— Acho que ficaremos mais um pouco.
A julgar pela forma como me olhou, acredito que Katherine já esperava por essa resposta.
— Certo, nos vemos em casa então — ela apertou a mão sobre meu ombro exposto e se levantou. — Fico feliz em ver que você e ele estão se dando bem.
Me mantive em silêncio. Às vezes eu me questionava se ela acreditava que eu e Vincent estávamos mesmo construindo um relacionamento amoroso. Quero dizer, tirando os momentos em que fingíamos nos gostar das pessoas ao nosso redor, não havia nada de romântico em nossa relação. E quanto às sensações que ele provocava em mim vez ou outra, bom, eu faria questão de aniquilar todas elas o mais cedo possível.
No fim, nós tínhamos apenas um acordo a fim de buscarmos nossos objetivos.
»🎙️«
A tarde passou em um piscar de olhos. Não demorou muito para Katherine e Dong Yul irem embora depois da sua despedida, deixando apenas eu e Taehyung para aproveitar um pouco mais. Fiz uso de todas as coisas que trouxe na minha bolsa enquanto ele brincava na água. Li algumas páginas de um livro qualquer, escrevi um pouco e comi as comidas que Olivia havia preparado para mim. Quando o sol baixou mais, no final da tarde, Vincent me chamou para caminhar pela faixa de areia molhada.
Já fazia uns vinte minutos que caminhávamos em completo silêncio, até que decidi quebrar aquela atmosfera.
— O que é isso em seu pulso? — Apontei para a pulseira de cetim rosa bem firme em seu pulso com uma flor de plástico presa no topo.
Ele apertou as duas pontas da toalha que rodeava seu pescoço e me lançou um sorriso torto.
— Um presente da Youra, acho que ela gosta mais de mim do que de você — praticamente cantarolou. — Ela disse que eu deveria esperar até que ela fizesse dezoito anos para nos casarmos.
Estalei a língua e desviei o olhar.
— Aquela pestinha. Bem que poderíamos trocar de lugar, se ela fosse pelo menos uma década mais velha... — reclamei, enquanto lutava contra o vento que bagunçava meus cabelos.
— Claro, claro — disse, com a voz carregada de ironia, fazendo pouco caso do meu comentário.
— Acha que eu estou brincando? — Questionei, incrédula.
Taehyung inclinou o tronco e aproximou o rosto do meu. O movimento foi tão rápido que sequer pensei em recuar.
— Eu acho... — fez uma pausa dramática — que já está na hora de admitir que gosta de mim, jagiya.
Antes que eu pudesse negar com todas as minhas forças aquela afirmação absurda, Vincent se afastou alguns passos e, com os pés em contato com a água novamente, abaixou-se e lançou uma guinchada de água na minha direção. O jato bateu direto no meu vestido.
— Mas agora eu me dei conta de que você sequer entrou no mar — falou, com um sorriso brincalhão no rosto, deixando-o com um ar juvenil e leve. No entanto, suas intenções eram claramente diabólicas.
— O que você está fazen...
Vincent jogou água em mim novamente antes que eu pudesse completar a frase.
— Taehyung... — repreendi lentamente, dando meio passo para trás, quando notei a sua intenção de se aproximar de mim. Minha expressão séria e cautelosa cedeu lugar para um sorriso desesperado quando eu comecei a correr como se não houvesse amanhã, aproveitando a vantagem de cerca de cinco segundos que ele me deu antes de me perseguir pela faixa de areia. Eu tentava impedi-lo soltando ao vento as justificativas para não entrarmos em seu carro molhados ou por que não devíamos entrar na água gelada perto do anoitecer, enquanto continha os gritinhos exasperados e o fôlego esvaindo-se do meu peito na medida em que ele findava a pouca distância que consegui inferir entre nós. Já tinha abandonado no meio do caminho as coisas que carregava comigo, restando apenas a minha vontade de correr para longe dele.
Segui sem rumo para o mais longe possível dele, porém, Taehyung alcançou meu braço minutos depois, mesmo diante de todos os meus protestos, e a última coisa que me lembro foi de ser arrastada até o mar gelado. Afundei com tudo e emergi desnorteada e ofegante, ainda sentindo a mão dele ao redor do meu pulso me dando suporte. Sacudi os braços e me desvencilhei dele, cuja gargalhada reverberava em meus ouvidos como uma canção particular.
— Você enlouqueceu? — Empurrei o ar na tentativa de acertá-lo, mas foi em vão. Meus olhos ardiam devido ao sal, sequer conseguia abri-los por completo.
Ofegante pelo ataque de risos, ele falou entrecortado:
— Deixa... Deixa eu te ajudar com isso — ele prendeu meu rosto entre suas mãos e esfregou meus olhos com os polegares. Depois, assoprou um de cada vez e indagou: — Melhorou?
Abri os olhos lentamente, um de cada vez, testando a capacidade de mantê-los abertos sem que a ardência retornasse. O rosto de Taehyung tornou-se perfeitamente nítido à minha frente, cerca de um palmo de distância. Ele esquadrinhou meu rosto com cautela, ainda soprando vestígios de sal que não mais incomodava meus olhos e alheio ao fato de que eu o encarava de volta agora. A luz do fim de tarde iluminava sua pele, acentuando o tom de bronze desta. Ele tirou alguns fios de cabelo do meu rosto, descendo o olhar atento do meu cabelo até os meus olhos, quando se deu conta de que eu o olhava fixamente.
Engoli em seco e o empurrei seu tronco desnudo com os punhos cerrados. Assim como eu, ele pareceu voltar a si, com um pigarro constrangido.
— Sério, o que deu em você? — resmunguei, desviando o olhar do seu e dando leve batidinhos em meu vestido. — Agora nós dois estamos molhados.
Vincent coçou a nuca e limpou a garganta.
— Acho melhor voltarmos.
Acenei a cabeça em concordância.
Saímos da água e eu busquei minhas coisas abandonadas alguns metros atrás, assim como ele fez com as suas. Enxuguei meus cabelos — pelo menos tentei — e espremi a bainha do meu vestido, deixando que formasse uma poça d'água sob meus pés. Tudo parecia novamente em ordem — o máximo possível — até eu olhar ao redor e perceber que o sol já tinha sumido no horizonte e eu não fazia ideia de onde estávamos.
— Você lembra onde estava o carro? — Indaguei a Taehyung, que terminava de enxugar seus cabelos, tão aquém da paisagem quanto eu, minutos atrás.
Ele ergueu o rosto e deu uma boa olhada ao redor. Por um momento, tive esperança de que ele saberia onde deixamos Robert nos esperando, mas a única coisa que Taehyung fez foi escolher um dos lados da faixa da praia e dizer:
— Viemos daquela direção, é a única coisa que sei.
»🎙️«
*Tradução:
"O mar naquele dia era calmo e gentil
Eu ainda posso sentir sua mão segurando a minha."
Oi meus amores! Dessa vez acho que nem demorei tanto, né? Hahahaha
Tá aí mais uma atualização fresquinha pra vocês. O que acharam do capítulo? Fico no aguardo dos feedbacks!
Beijos da Blue e até o próximo capítulo »💙«
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