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Capítulo - 05

Dizem que o tempo cicatriza qualquer ferida, mas eu posso afirmar que em alguns casos apenas nos fazem conformar com o caminho que devemos seguir e aceitar o que nascemos para ser, sem vergonha, sem vitimismo ou dramas desnecessários.

Por outro lado é impossível não se sentir mal quando as pessoas fazem questão de a cada oportunidade que tem diminuir o outro por sua condição financeira ou a por causa da cor de sua pele. E por mais que eu tente não me importar com isso, seguir o que minha mãe sempre me ensinou, que eu não sou diferente de ninguém, nem melhor ou pior do que qualquer outra pessoa, não é tão fácil quanto parece ser.

Quando eu iria iniciar o terceiro ano do ensino médio, eu decidi parar de estudar, em partes foi mesmo porque eu precisava ajudar a minha mãe com as despesas, procurando um emprego, mas um dos motivos, que não contei nem mesmo para ela, foi por não aguentar mais as provocações dos meus colegas de classe, que muitas vezes nem tinham uma situação financeira tão melhor do que a minha, mas que sentiam prazer em jogar as suas frustrações em cima de quem não tinha nada haver com o que estivessem passando fora da escola.

Então eu comecei a me questionar como que em pleno Século XXI ainda poderiam existir pessoas com esse tipo de mentalidade, que preferem continuar sendo desagradáveis, julgando o caráter de alguém pelo que ela tem ou por sua cor, e não pelo o que ela realmente possa ser. E foi justamente por pensar nisso, que eu parei de acreditar nas amizades e na bondade que me era oferecida.

Acho que por essa razão que quando eu comecei a trabalhar como Copeira na Parker Dress For Less, que eu tentei ser invisível para todo mundo, buscando fazer o meu trabalho da melhor forma possível, não cometendo erros e dar motivos para ser mandada embora, até porque a Senhorita Parker mal olhava na minha cara quando eu entrava em sua sala, não importando de fato com a minha presença.

Não vou negar que eu até tentei ser amigável com os meus colegas de trabalho, mas eu não conseguia me sentir a vontade entre eles, principalmente com a Andrea, que fazia questão de humilhar os novatos e senti que comigo ainda era pior, por eu ser negra - a única de toda a Loja - apenas porque eu trabalhava na Copa e não no salão de Vendas como ela. Posso dizer que a Marta tenha sido uma exceção, sendo sempre muito amável e a Melissa, que mesmo sendo Vendedora, o que depois eu descobri que ela vem de uma família muito rica de Seattle, também me fazia sentir acolhida no meu novo ambiente de trabalho.

Até que alguns meses depois, a Ana começou a trabalhar na Loja como Vendedora e não sei por qual motivo, ela foi se aproximando querendo ser a minha amiga. Ela conseguiu aos poucos atravessar os muros que aprendi a colocar em volta do meu coração, na intenção de me proteger e não me frustrar novamente por me permitir fazer uma nova amizade. E mesmo que eu tentasse, foi difícil mantê-la longe, pois o seu olhar e o seu sorriso sempre foram verdadeiros quando direcionados a mim. E de certa forma, eu sentia que nela eu poderia confiar de verdade.

Talvez seja por isso que me vi contando parte do meu passado para ela, quando me apaixonei pela primeira e última vez. Quando precisei deixar os meus únicos dois amigos - que eu acredito que tivessem sido, pelo menos -, sem conseguir me despedir. Que eu precisei ver a minha mãe controlar cada centavo que tinha de suas economias para conseguir nos dar um teto para morar e ter alimentos na mesa para comer, até que conseguisse um novo emprego.

O que é impossível não sentir uma amargura querer me possuir, mesmo que eu fosse uma adolescente naquela época, que estava com o coração machucado por saber que eu havia me apaixonado por alguém que além de não gostar de mim, ficava incomodado com a minha presença, pelo simples fato de eu ser negra e pobre, quando me lembro da forma que a Dona Eleanor praticamente nos colocou para fora da sua casa, tratando-nos como se fossemos criminosas que não poderiam ser vistas por mais ninguém que estivesse na casa.

- Sinto muito por essa situação ter chegado aonde chegou, Amélia! - Dona Eleanor começou a falar, assim que entrou na casa que morávamos. - Mas a culpa foi minha, quando permiti que Catherine contratasse alguém que tivesse uma filha, ainda mais na condição que moraria praticamente embaixo do mesmo teto que a minha família.

- Não se preocupe Senhora Johnson, eu entendo perfeitamente. - Minha mãe respondeu educadamente, mesmo que eu conseguisse ver os seus olhos marejados. - Estamos saindo, mas se a Senhora quiser fazer uma vistoria em nossas malas, caso pense que... - Ela fez um gesto desdenhoso com a mão e negou com a cabeça, interrompendo-a.

- Não há necessidade disso, Amélia. Quanto a isso não duvido da sua honestidade. - Ela entregou dois envelopes para a minha mãe, que ficou confusa por um momento. - No primeiro envelope é o acerto do tempo que você trabalhou para mim, assim como o salário desse mês e uma pequena gratificação por ter sido uma ótima profissional. No outro é um bônus por eu estar a dispensando dessa forma, mas acredito que seja o mais viável para evitarmos problemas futuros, concorda? - Minha mãe franziu o cenho e abriu o envelope do "bônus", arregalando os olhos em seguida, tentando entregá-lo novamente para ela.

- Não posso aceitar isso, Senhora Johnson. Está no seu direito de não querer mais os meus serviços, não vejo o porquê me pagar esse valor.

- Amélia, não seja orgulhosa, pois nós duas sabemos que vocês não têm para onde ir e irão precisar de todo dinheiro possível até que consiga um novo Emprego, então aceite. - Minha mãe tentou mais uma vez negar, mas Dona Eleanor parecia impaciente. - Vamos ser sinceras, Amélia, estou dando esse cheque a você como garantia que não me causará problemas futuros, entrando na justiça para tentar se beneficiar da minha generosidade.

- Eu jamais faria isso!

- Ótimo! Então estamos resolvidas! O cheque é seu. Agora se puderem sair pelo portão de serviço, eu agradeceria, pois não quero correr o risco do meu neto acordar e ver que a sua filha ainda está na minha casa. - Baixei a minha cabeça e mordi o meu lábio, tentando não voltar a chorar.

- Claro! Obrigada por tudo, Senhora Johnson.

- Desejo sorte a vocês. - Minha mãe não respondeu mais nada, apenas pegamos as nossas malas e saímos daquela casa, sem olhar para trás.

Nunca mais tivemos notícias daquela família, e quanto ao cheque? A minha mãe nunca o depositou, estando até hoje guardado nas coisas dela, como um lembrete de como o preconceito, o racismo e a soberba do ser humano pode alcançar proporções inimagináveis. E como eu disse, por um tempo economizamos o pouco dinheiro que ela tinha até que conseguiu um novo emprego e assim fomos levando a nossa vida.

Tudo foi se encaixando, apesar de não ter sido fácil, mesmo que não vivêssemos com luxo ou esbanjando o que não podíamos, mas pelo menos eu estava trabalhando meio período na Parker Dress For Less e minha mãe era Governanta da família Baxter, mas infelizmente o marido da Senhora Baxter não pode ser considerado o homem mais fiel à esposa e depois de ter conseguido o que queria com as outras empregadas da casa, tentou se engraçar para o lado da minha mãe, que não aceitou, é claro. Mas infelizmente - ou felizmente seria o correto a dizer -, a esposa dele chegou ao exato momento que Joseph Baxter estava assediando a minha mãe.

Tendo como resultado que minha mãe foi demitida, sem direito a receber nem mesmo os dias trabalhados e a Senhora Baxter ainda disse que faria até mesmo o impossível para que ela não conseguisse outro emprego tão facilmente. Eles foram se reconciliar em "família" em New York, enquanto minha mãe ficou arrasada com essa situação, preferindo não comentar o real motivo da sua demissão com outras pessoas, ocasionando que fossemos despejadas, três meses depois por nossas contas terem virado uma imensa bola de neve.

Foi quando a Ana, com o seu jeitinho meigo e doce, que está disposta sempre a ajudar o próximo surgiu como um anjo, dando-nos a chance de recomeçar. O que a princípio tanto eu quanto a minha mãe não queríamos aceitar, porque além de estar nos cedendo um apartamento lindo, todo mobiliado para morar, também seria a grande oportunidade de a minha mãe realizar o seu sonho de ter o seu próprio negócio.

No outro dia, depois de termos aceitado a oferta da Ana, eu pedi a Marta que dobrasse o meu turno, expliquei a situação para ela que aceitou prontamente, pois a Copeira do período matutino havia pedido demissão, por não aguentar os maus tratos da Senhorita Parker. Eu trabalharia período integral, mas também receberia dobrado no fim do mês, mesmo que eu fosse a única Copeira daquela Loja, mas daria tudo certo.

- Filha, essa sua amiga realmente existe?

Dou risada, assim que terminamos de organizar algumas coisas que trouxemos inclusive as roupas nos armários em nossos novos quartos, sendo que os móveis, nós iremos doá-los para quem precisar, já que o apartamento está completamente mobiliado.

- Sim, Mãe! A Ana realmente não parece desse mundo, mas ela é sempre assim, procura ajudar quem precisa, sem nem mesmo perceber que está fazendo isso. - Sentamo-nos no sofá, que é muito confortável, da sala e damos um suspiro, cansadas.

- O apartamento é lindo! - Minha mãe olha em volta, maravilhada, e sorrio. - Será que vamos conseguir Júlia? A forma que a Ana colocou para fazermos esse negócio funcionar parece ser tão simples, mas sinceramente tenho medo de estar dando um passo maior do que posso dar e complicar ainda mais a nossa vida, que já não é fácil. - Deito a cabeça em seu ombro e seguro a sua mão.

- Não vamos pensar nos "e se", Mãe, porque eu acredito no seu potencial, assim como a Ana está acreditando. Eu sempre fui à pessoa mais negativa em relação aos nossos "problemas", mas agora estou realmente acreditando que vai dar certo. - Ela suspira e deita a cabeça sobre a minha, apertando a minha mão.

- Você tem razão! Na pior das hipóteses, nós voltaremos para a estaca zero, a Ana vende o imóvel para reaver o seu capital e retomaremos a nossas vidas, lutando e batalhando um dia após o outro.

- Sim, mas alguma coisa me diz que esse negócio não só vai dar certo, como muito em breve será um sucesso. E porque não, ser considerado a melhor Delicatessen e Bistrô da região?

- E seremos, com toda certeza!

- Isso mesmo! Precisamos desse otimismo em nossas vidas, Mãe. Chega de só levarmos rasteira e ter que sempre recomeçarmos de novo, de novo e de novo.

- Você tem razão, minha Filha! Você tem toda razão.

Sorrio verdadeiramente feliz, como não acontecia há muito tempo, tendo uma chama acesa dentro de mim dizendo que dessa vez, mesmo que o trabalho seja árduo, tudo realmente dará certo.

[...]

O mundo realmente dá muitas voltas, pois num momento a minha amiga está indo embora da Loja por ter pedido demissão, não suportando mais a forma que vinha sendo tratada pela Senhorita Parker, e em outro a Loja é vendida, quando não sabíamos nem que isso poderia vir acontecer, onde o novo proprietário é o namorado da Ana e que ela passará a ser a nova CEO da antiga Parker Dress For Less, sendo agora a Grey Royal Style, ou apenas GRS.

Claro que isso agradou 99,9% dos funcionários, pois apesar de sempre trabalharem com medo, aceitando tudo que era imposto a eles por não poderem perder os seus empregos, a Ana conquistou a todos, menos é claro, a Andrea. Sinceramente não consigo entender como uma pessoa, que é uma simples funcionária como qualquer um de nós, consegue ser tão desagradável como ela consegue ser.

Mas deixando a Andrea de lado e voltando a como o mundo dá voltas, eu nunca imaginei que ser convidada para ir ao Shopping, fazer compras com a Ana e a Melissa para irmos ao aniversário do namorado e do cunhado da Ana, eu fosse reencontrar depois de tantos anos, os meus amigos de infância, Eloise e Pietro.

Confesso que a princípio eu tenha ficado receosa, mas depois pela forma que recebi o abraço deles e derramamos juntos as nossas lágrimas, eu fiquei muito feliz em poder chamá-los novamente de meus amigos, pois assim como eu, eles nunca me esqueceram. Por outro lado, tê-los por perto, causa-me muita felicidade, mas também um amargo na boca e uma dor estranha no meu coração, à mesma que eu acreditei ter conseguido enterrar, apenas por pensar na possibilidade de reencontrar o Edgar.

Só que independente do que vier a acontecer, eu não me afastarei mais dos meus amigos, pois hoje não sou mais uma adolescente, e mesmo que eu ainda tenha os meus problemas de autoconfiança e baixa autoestima, hoje eu sei que sou mais forte do que fui antes e de como eu vinha sendo, até perceber que tenho que valorizar a mim mesma, não esperando que outra pessoa o faça por mim.

Digamos que falar seja mais fácil do que fazer, pois no momento que esbarrei com ele na GRS, toda a minha coragem recém-adquirida se evaporou, fazendo-me baixar a cabeça sem conseguir encarar seus olhos azuis, que tanto gostei de admirar no passado. Porém eu não posso negar que o meu coração acelerou como da primeira vez que o vi, minhas mãos suaram e o meu estômago se revirou, reacendo o que eu acreditei ter conseguido apagar dentro de mim.

Mas então as palavras da Dona Eleanor invadem os meus pensamentos, lembrando-me do quanto Edgar me odeia, não suportando estar em minha presença, fazendo-me negar quem eu era, para evitar constrangimentos maiores, de ambos os lados. Agindo como uma covarde, invés de encará-lo e dizer tudo que permaneceu guardado dentro de mim, sufocando-me a ponto de nunca ter conseguido olhar para outro homem. A ponto de nunca ter conseguido me relacionar com ninguém, optando em permanecer sozinha, vivendo apenas para o meu trabalho e a minha mãe.

Não comentei sobre esse breve reencontro com o Edgar nem mesmo com a minha mãe, mas percebi que no momento que Ana e eu estávamos indo para o Bonanza Delicatessen e Bistrô nos encontrar com o Arquiteto, ela queria me perguntar algo, mas não o fez, respeitando o meu espaço, silêncio e momento para quando eu estivesse pronta e conseguir desabafar.

Contudo, durante o meu breve momento de silêncio, eu cheguei à conclusão que já está mais do que na hora de retomar os meus estudos, fazer um curso técnico de Gastronomia e realizar o sonho da minha mãe, apesar de eu também gostar da área, é claro. Ana como sempre me incentivou a seguir com o meu sonho, inclusive a tentar uma bolsa na Universidade, depois que eu concluísse o ensino médio, o que está me deixando realmente muito tentada a fazer isso, só preciso pensar um pouco mais e calcular os riscos e possíveis gastos que passarei a ter assim que voltar a estudar.

Mas essa questão ficou para segundo plano assim que o Arquiteto e a Design de Interiores chegaram ao local, e eu percebi o quanto a minha mãe ficou estranha, além de muito pálida, o que devo dizer que senti algo estranho também estando na presença deles. Só que não foi algo ruim, pois Heitor Salazar e Jamilly Salazar Costello me causaram a sensação de familiaridade. E acredito que eles também tiveram a mesma impressão, principalmente o Heitor que não tirava os olhos de mim, enquanto conversávamos como ficaria a decoração depois de pronta.

- Mãe, por que a Senhora ficou estranha com a chegada do Heitor e da Jamilly? - Não hesitei em questionar, assim que ficamos sozinhas no espaço que em breve virá a ser a Delicatessen.

- Apenas me assustei com a chegada repentina deles, pois estávamos distraídas, Júlia. - Ela responde sem me olhar, fazendo-me suspirar por saber que ela está mentindo.

- Mãe, nós nunca mentimos uma para outra, por que a Senhora está fazendo isso agora? - Ela fica em silêncio por um momento, enquanto trancamos o imóvel e caminhamos para a escada lateral, subindo para o nosso apartamento. - Mãe?

- Eles são filhos do Senador de New York. - Franzo o cenho, porque não consigo ver o que de extraordinário há nessa informação para deixá-la daquela forma.

- Certo! Sabemos que esse Senador não é muito conhecido por ser um exemplo de Político, mas isso não quer dizer que os filhos dele sejam da mesma forma, Mãe. - Ela nega com a cabeça e caminha na direção da cozinha, o que faço o mesmo, vendo-a começar a lavar algumas poucas louças que estavam na pia.

- Eles realmente não são, tanto que vieram para Seattle na tentativa de poder desvincular a imagem deles do pai e fazerem o próprio nome, justamente para não terem nenhuma ligação com o meio Político.

- Eu não sabia que a Senhora já os conhecia a ponto de saber tanto sobre esses detalhes. - Faço a observação com o cenho franzido, e ela deixa o copo que lavava cair dentro da pia, assustando-me. - Mãe! Está tudo bem? - Ela balança a cabeça em afirmação, virando em minha direção e me dando um sorriso contido.

- Está tudo bem, Filha! O copo apenas escorregou da minha mão, mas não quebrou. - Ela continua lavando as louças, e eu estranho essa reação dela. - E respondendo a sua pergunta, eu realmente não os conheço, mas quando eu trabalhei para a família Baxter, ouvia muito o filho mais velho deles falarem sobre a família Salazar, inclusive um dos assuntos é sobre os filhos do Senador não se importarem com o meio Político como o pai.

- Ainda bem que não são como o pai, ou pelo menos acreditamos que não sejam, porque mesmo que tivéssemos passado apenas um pouco mais de uma hora na presença deles, devo confessar que gostei muito dos dois. - Ela me encara na mesma hora, mas não fala nada. - E por mais estranho que possa parecer, eu tive uma sensação de familiaridade com eles, principalmente com o Heitor. Percebeu a forma que ele me olhava? Sem falar que ele é muito bonito, a Senhora não achou Mãe? - Ela se aproxima, pegando em minhas mãos, fazendo-me ver aflição em seu olhar.

- Júlia, você tem que me prometer que jamais se interessará naquele rapaz como homem.

- Mãe, porque a Senhora está falando isso?

- Prometa-me, Júlia!

- Tudo bem, eu prometo! Mas o que está acontecendo? - Ela dá um suspiro profundo e volta a se afastar.

- Não está acontecendo nada, Filha! Eu só não quero que você possa se interessar por alguém que jamais poderá vir a ter algo com ele. - Aproximo-me da pia e lavo as mãos, preparando-me para ajudá-la a fazer o jantar.

- Eu já tive a minha cota de me apaixonar por alguém de uma classe social diferente da nossa, fazendo-me saber o que acontece, então não precisa se preocupar que não cometerei outro erro como aquele.

- Não foi isso que eu quis dizer, Júlia, mas... - Nego com a cabeça, dando um sorriso forçado para ela, interrompendo-a.

- Está tudo bem, Mãe, mas agora vamos preparar esse jantar que estou ficando com fome.

Ela fica me olhando por um momento, como se quisesse falar algo, mas desiste, e juntas começamos a preparar o nosso jantar, mesmo que algo esteja martelando em minha cabeça quanto a este assunto e a reação da minha mãe. Mas em outro momento voltarei a questioná-la, pois sei que o motivo vai além do que ela realmente estava disposta a falar, mas por ora aceitarei o que ela achou melhor me contar.

[...]

Trabalhar nunca foi tão agradável como está sendo agora, mesmo que a Loja ainda esteja fechada, tendo a sua reinauguração na próxima segunda-feira. Até a Andrea tem permanecido quieta, não provocando ninguém, nem mesmo as novatas que começaram a alguns dias, ajudando a organizar tudo para a reabertura.

- Nossa! Eu não sei como aquela Bruxa não faliu essa Empresa antes. - Melissa entra na Copa, jogando-se em uma cadeira, fazendo-me sorrir.

- Está tão complicado assim, exercer a sua nova função? - Ela sorri e nega com a cabeça.

- Na verdade, estou adorando o meu novo cargo, mas as finanças estão uma verdadeira bagunça, Júlia. - Ela se levanta e pega uma cápsula, indo até a máquina de café. - Mas ficar esse período com a Loja fechada foi bom para conseguirmos reestruturar tudo. - Ela volta a se sentar e fica me olhando. - Esses dias eu percebi que você está um pouco pensativa. Aconteceu alguma coisa?

- Não aconteceu nada, Melissa, não se preocupe. - Ela bebe um pouco do seu café e dá um suspiro.

- Júlia, se alguém fez algo para você, não precisa ficar quieta igual fazia quando a Bruxa da Vanessa era a proprietária da Loja. A Ana jamais admitiria algo ofensivo contra nenhum funcionário, seja amigo dela ou não. - Ela pensa por um momento, ficando ainda mais séria. - Foi àquela irritante da Andrea, não é? - Dou risada e nego com a cabeça.

- Não, Melissa! A Andrea tem se comportado bem, até demais se formos pensar. Talvez ela esteja repensando as suas atitudes, principalmente com a Ana, pois agora não tem mais a Senhorita Parker para ser conivente com o jeito esnobe dela. Mas está realmente tudo bem, não é nada que aconteceu aqui na Loja não.

- Não quero ser intrometida, mas eu sou sua amiga e me preocupo quando você se fecha desse jeito, parecendo quando começou a trabalhar aqui na Loja. Sabe que pode confiar em mim ou na Ana para conversar, não sabe? - Sorrio e me sento a sua frente.

- Sim, eu sei e agradeço por ter amigas como vocês. - Penso por um momento e resolvo falar uma meia verdade. - Eu até conversei isso com a Ana há alguns dias, mas... A questão é que eu estou pretendendo voltar a estudar.

- Mas isso é ótimo, Júlia! - Ela pega a minha mão, dando um aperto reconfortante. - Já sabe em qual curso vai se inscrever?

- Na verdade... Eu ainda tenho que terminar o ensino médio, mas estou decidida a não perder mais tempo e pretendo fazer Gastronomia. Vou tentar uma bolsa, como a Ana me sugeriu e quem sabe eu não consiga. - Dou de ombros, não querendo criar muitas expectativas, mas Melissa nega com a cabeça.

- Você vai conseguir sim, Júlia. E nada de se colocar para baixo desse jeito, pois você é capaz disso e muito mais, basta querer. - Assinto ainda meio incerta, mas Melissa revira os olhos. - Sabe o que você está precisando? - Ela pergunta retoricamente, pois responde em seguida. - Uma tarde de meninas, e o Pietro é claro, e depois algumas aulas de autoconfiança, porque a sua autoestima está precisando de pelo menos uns três tapas na cara, com toda certeza.

- Não inventa Melissa! - Levanto-me, pegando a sua xícara para poder lavar.

- Não estou inventando nada, minha amiga. Isso é uma realidade que irá acontecer, só irei marcar com as meninas e o Pietro, e nem tente fugir, pois sabemos onde você mora e a buscaremos nem que seja a força. - Nego com a cabeça, sem deixar de sorrir dessa doida. - Agora vou trabalhar mais um pouco, porque está quase na hora de irmos embora.

Ela acena e sai da Copa, fazendo-me sorrir e por um momento, penso que ter me aproximado dela, da Marta e da Ana foi à decisão mais acertada que eu poderia ter tomado. Até porque uma amizade verdadeira não vê status social, cor de pele ou saldo bancário. E a maior prova disso é a Ana, que mesmo sendo filha de um dos homens mais ricos do mundo, conhecido como o Rei do Petróleo e namorada de um Bilionário, não mudou em absolutamente nada em quem ela era.

A sua essência, a sua bondade e o coração puro e nobre, que só ela consegue ter, continuam os mesmos, além de ter recebido uma herança deixada por seu tio, na qual ela não hesitou em ajudar a mim e a minha mãe, sem pedir nada em troca. Confiando em seu instinto e na amizade que temos, e no que depender de mim, jamais trairei a confiança dela, assim como a minha mãe, que está buscando fazer tudo da forma mais correta possível, com a maior transparência, prestando conta de cada centavo gasto na Bonanza.

Mas tenho que concordar com a Melissa numa coisa, pois passar um tempo entre amigos realmente vai me ajudar a esquecer do motivo que vem atormentando os meus pensamentos, desde o dia que nos esbarramos. Apesar de saber que ele jamais viria atrás de mim, e pensar nisso me deixa mais tranquila, mas não menos magoada, pois uma parte, aquela que ainda não foi capaz de esquecer a sua paixão adolescente, queria muito que ele viesse, nem que fosse por poucos minutos. Mas a outra parte, aquela que ouviu tanta coisa sendo apenas uma adolescente e que teve o seu coração quebrado em pedacinhos pelo seu primeiro amor, agradece por saber que não há motivos para ele vir me procurar.

Dou um suspiro resignado e caminho para o vestiário, vendo que está na hora de ir embora e sem esperar as meninas para me despedir, resolvo me trocar e sair da Loja antes delas, pois acabei de perceber que a Melissa tem razão em outro ponto referente a mim, pois a minha autoestima está mais baixa do que eu poderia imaginar e no momento preciso de alguns minutos, sozinha, antes de abrir um sorriso e encontrar a minha mãe.

Respiro fundo, assim que atravesso as portas automáticas, que no momento estão sendo controladas por um dos novos Seguranças da Loja, arrumo a minha bolsa no ombro e começo a caminhar lentamente, tentando prolongar um pouco mais o trajeto até o apartamento. Eu estava tão imersa nos meus pensamentos, que não percebi um carro parando ao meu lado, fazendo-me assustar, mas ignoro o arrepio que passou por meu corpo e continuo caminhando.

- Júlia! - Interrompo os meus passos e sinto o meu coração martelar no peito, por ouvir essa voz, ainda mais rouca do que eu me lembrava, fazendo-me virar lentamente e encará-lo. - Será que poderíamos conversar por um momento?

- Edgar?!


Não é por nada não, mas essa Dona Eleanor testa a minha paciência viu 😤😤!? Eu só fico pensando no momento que o Edgar descobrir o quão generosa a sua vovó consegue ser (sentiram a ironia, certo 😏😏?), o quanto ele ficará decepcionado 🤧🤧. Mais uma decepção para contabilizar, não é verdade 🤧🤧?

Simmm, Amélia! Ana existe e tudo que ela faz é de coração 🥰🥰, então pare de ter medo, confie no seu dom da arte de cozinhar e siga firme, que tudo dará certo 😉😉.

Hummm! Muito estranho essa atitude e esse pedido da Amélia quanto ao Heitor 🤔🤔! Mais alguém achou isso, ou apenas eu que sou louca de pedra mesmo 🤔🤔?

Melissa realmente é doidinha, mas é uma boa amiga, disso não podemos discordar 🤭🤭! Mas uma coisa é certa, Andrea realmente está muito quieta e cobra quando está quieta, é porque está preparando o bote, concordam 🤔🤔?

Mas... A Júlia pode ter razão também, quando disse que ela pode estar repensando as suas atitudes, afinal, não tem mais Vanessa Parker na área, não é verdade 😏😏!

Eita, que Edgar apareceu 😱😱! Próximo capítulo saberemos como foi essa conversa, se é que terá uma para começo de conversa, não é mesmo 😏😏?

PS.: Teremos mais capítulos? Com certeza! Até domingo ainda teremos mais dois. Então até mais 😘😘!


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