Capítulo - 02
Olá, Pessoas!
Este capítulo foi postado no livro Coincidências do Destino (Capítulo 82), porém resolvi colocá-lo aqui novamente, para que relembrem o início de toda a história do Senhor Sarcástico e se decidirem não ler mais uma vez, tudo bem, mas se puderem me dar aquela estrelinha marota, eu vou gostar muito 🤭🤭🤭. Agora se resolverem reler, boa leitura e mais tarde postarei o capítulo novo 😉.
Boston – Outubro/2015
Quatro anos que estou longe de casa e da minha família – vendo-os apenas duas vezes por ano –, mas está sendo uma experiência muito boa, pois estou a cada dia que passa mais apaixonado pela profissão que escolhi para ser minha, ainda mais faltando apenas um ano para que eu consiga me formar. E, hoje eu percebo que toda a confusão que criei na minha cabeça, foi por medo de crescer e assumir as responsabilidades que seriam colocadas sobre os meus ombros.
Meu pai foi intransigente e inflexível por diversas vezes, mas hoje eu entendo que ele apenas estava preocupado com o caminho que eu poderia tomar na minha vida, além de me ver cada dia que passava mais embriagado e sem controle de tudo que eu fazia, apenas para afrontá-lo, mesmo que eu estivesse completamente errado.
Inclusive foi por causa do consumo excessivo de bebidas alcóolicas que fui acusado injustamente de ter abusado de uma menina de 16 anos. Justamente a menina que me despertou pela primeira vez o que era a paixão, mesmo que eu tivesse reprimindo todos os meus sentimentos apenas para não me aproximar dela, além de estar disposto a esperar que ela fosse mais velha e também saber que se o que eu sentia poderia ir além de uma simples atração.
No entanto, naquele mesmo dia que eu resolvi ser o homem que meu pai esperasse que eu fosse, resolvi também que não iria mais permitir que sentimentos influenciassem as minhas atitudes e decisões. Eu resolvi que não iria mais me apegar emocionalmente a ninguém e muito menos confiar tão cegamente nas pessoas, pois eu estimava muito a Amélia e por um tempo acreditei que ela também gostasse de mim.
Ela nunca me julgou ou condenou minhas atitudes, pelo contrário, por diversas vezes que eu chegava à cozinha de ressaca, ela fazia algo para que eu pudesse me sentir melhor e ainda me dava conselhos gentis e carinhosos, dizendo que eu não poderia fazer aquilo com a minha vida por ter um futuro promissor esperando por mim. Sempre gostei da simplicidade dela, mas também da sua força e dedicação para com a única filha, além de sempre ter acreditado que ela fosse diferente das pessoas que viviam em nosso meio social.
Mas foi justamente ela, a mulher que me recebia com sorrisos que pareciam sinceros e que dizia que eu era especial, que me apunhalou pelas costas, acusando-me de ter seduzido a sua filha e ainda pediu dinheiro a minha Avó para ficar calada, ou estaria disposta a fazer um escândalo e causar problemas para a minha família que a recebeu tão bem. Além de ter deixado os meus irmãos tristes, quando a sua amiga foi embora sem nem mesmo ter deixado um bilhete de despedida para eles.
Contudo, devo agradecer as atitudes falsas e mentirosas da Amélia e sua filha – mesmo que eu ainda não lembre com exatidão tudo que aconteceu naquela noite, mas tenho certeza que não abusei de ninguém, ainda mais por nutrir sentimentos sinceros pela Júlia –, que me tornei o homem que sou hoje. Por isso faço de tudo para ser o melhor aluno da sala – mesmo que eu tenha que competir com Christian Grey, o garoto prodígio da turma –, para que meu pai tenha orgulho do filho que ele sempre tentou moldar como um homem e não como um moleque bêbado e revoltado que eu estava sendo.
Mas eu não posso negar que gosto da satisfação que o desafio de competir com Christian me causa, apesar de ser uma competição saudável, além de ter que admitir que formássemos uma boa dupla quando era necessário fazermos um projeto juntos. Ele, assim como eu é bem calado e comprometido com o que é proposto a fazer. Determinado e não aceita nada menos que a perfeição de um projeto bem executado. Talvez tenha sido por esse motivo que a Marinha tenha escolhido os nossos projetos individuais, para escolher apenas um, e esse fato poderia gerar prestígio e uma boa quantia em dinheiro para um de nós dois, mas que no fim, o vencedor foi ele.
Por outro lado, eu não deixei de ser o cafajeste e o mulherengo – palavras da minha irmã e não minhas – que sempre fui durante a adolescência e confesso que eu tenha ficado ainda pior – tenho que ser sincero quanto a este fato –, até porque não encontrei nenhuma mulher que me fizesse sentir algo parecido com o que um dia senti por aquela menina que parecia tão inocente, mas que pelo visto, soube me enganar tão bem, assim como a sua mãe. Mas enfim, foder é a única coisa que me importava e mesmo que pareça clichê o que irei dizer, sou um homem e tenho as minhas necessidades.
Só que isso não quer dizer que eu não possa tentar encontrar alguém que me desperte novamente a paixão e quem sabe um dia, possa evoluir para algo a mais, por essa razão comecei a namorar a Débora, uma menina simples, órfã e batalhadora. Muito bonita, loira, olhos verdes, corpo delgado e um verdadeiro furacão na cama e ainda consegue ter os seus momentos de timidez, a ponto de não gostar de demonstrar afeto em público, por não querer ser julgada por terceiros. Talvez por isso ela esteja me conquistando cada dia mais, mesmo que ainda não tenha conseguido alcançar de fato o meu coração, já não posso dizer o mesmo do meu pau, que é completamente apaixonado em fodê-la.
E, hoje que estamos comemorando um ano e três meses de namoro, eu resolvi não esperar até amanhã para que eu pudesse vê-la em meu apartamento, então resolvi surpreendê-la em sua casa e quem sabe não poderemos fazer algo prazeroso, se é que me entende. Mas pelo visto o surpreendido está sendo eu, assim que paro o carro em sua porta vendo outro que conheço muito bem.
Saio do meu carro e caminho na direção da porta, mas antes que eu chegue, tenho o vislumbre da cortina aberta e me aproximo, travando o meu maxilar e fechando minhas mãos em punhos, segurando-me para não arrombar essa porta e quebrar a cara de Christian Grey. O cara que eu respeitava por ser tão bom no que fazia e que parecia ser decente e de bom caráter e, que está nesse momento, tendo a mulher que um dia eu chamei de namorada, em seu colo, enquanto segura firme em seus quadris.
Escondo-me na lateral da janela no momento que os vejo se levantar e Christian a arrasta para o quarto. Nego com a cabeça, enquanto retorno para o meu carro, pois mais uma vez eu fui enganado por alguém que parecia ser simples, humilde e sincera com suas palavras. Mas essa será a última vez que eu permitirei que uma mulher consiga rir da minha cara e se achavam que eu era um canalha antes, agora não medirei esforços para ser o que sempre desejaram que eu fosse.
(...)
– O que você veio fazer aqui, Débora? – Falo secamente, assim que abro a porta.
– O que aconteceu? Por que você está falando assim, Gatinho? – Sinto meu sangue ferver, mas verei até onde vai essa farsa dela. – Por que o Porteiro barrou a minha entrada, tendo que esperar para ser anunciada?
– Eu ordenei que ele fizesse. – Cruzo os braços e ela me olha sem entender nada. Dissimulada!
– Eu não entendo Gatinho. – Ela se aproxima e tenta me beijar, mas eu me afasto. – Por que você está agindo assim?
– Como foi o seu dia ontem? Trabalhou até tarde? – Respiro fundo e entro no meu apartamento, sendo seguido por ela.
– E como trabalhei, fiquei no turno da noite e cheguei quase de madrugada na minha casa. Estou muito cansada, mas não poderia deixar de vir para ver você. Eu estava morrendo de saudade.
– Claro que estava. Você fala isso para o Christian também, antes dele ir embora da sua casa? – Viro-me a tempo de vê-la com os olhos arregalados.
– Sobre o que você está falando? – Nego com a cabeça e dou uma risada amarga.
– Débora, eu vi vocês dois, não precisa mais mentir. – Ela tenta negar, mas não permito. – Não tente negar, estive na sua casa ontem, só quero que você me diga quanto tempo estão juntos, rindo da minha cara.
– Não é nada disso, Gatinho. Eu posso explicar. – Ela tenta se aproximar novamente, mas afasto suas mãos de mim.
– Quanto tempo? – Falo entredentes e vejo seus olhos se encherem de lágrimas.
– Dez meses, mas não foi porque eu quis. – Dou risada, não! Na verdade eu gargalho da cara de pau dela.
– Você não quis? – Nego com a cabeça. – Eu vi o quanto você estava relutante enquanto se esfregava no colo dele ontem. – Ela começa a chorar, mas estou sem paciência para o seu show. – Sai do meu apartamento, Débora! E, não volte mais, porque agora o meu problema será resolvido com aquele imbecil traidor. – Ela me olha espantada e nega com a cabeça.
– Não, Gatinho, por favor! Não diga nada a ele, por favor!
– Por quê? Está com medo que eu quebre aquela cara cínica dele? – Pergunto debochado, mesmo que eu esteja fervendo de raiva, não por gostar dela ou algo parecido, mas por terem me feito de idiota e corno.
– Não! Eu não me importo com o que você poderia fazer com ele, mas ele... Ele está me ameaçando, Gatinho! Eu não queria ficar com ele, mas eu fui obrigada. – Franzo o cenho e ela aproveita essa brecha para se aproximar e segurar minha camiseta. – Ele... Ele me enganou em um dia que estava chovendo e me ofereceu carona para ir para casa, pois dizia que era caminho para o seu apartamento.
– Mentira, o apartamento dele fica do outro lado da Universidade.
– Agora eu sei disso, Gatinho, mas antes não, por isso aceitei sua carona e quando chegamos a minha casa... – Ela volta a chorar e fico apenas ouvindo. – Ele... Ele me forçou a ir para cama com ele, mas eu não sabia que estava sendo filmado... – Ela para novamente e soluça, antes de voltar a falar. – E depois que fez o que quis comigo, disse que se eu falasse alguma coisa, espalharia aquele vídeo só pelo prazer de te envergonhar, sabendo que eu era a sua namorada.
– O que ele ganharia com isso? – Fico ainda confuso, pois isso é surreal.
– Ele disse que você é um babaca, que se acha melhor e não se cansa de tentar competir com ele. Sabe aquele projeto que foi escolhido pela Marinha? – Assinto, por não ter nada para falar. – Ele só ganhou porque o pai dele é alguém influente e comprou o avaliador para que o seu não ganhasse.
– O quê? – Ela seca o seu rosto e assente freneticamente.
– Christian sabe que você é melhor que ele em tudo, por isso disse que iria acabar com todas as oportunidades que você pudesse ter em vencê-lo em algo, por isso ele... – Ela baixa a cabeça e soluça novamente. – Resolveu me usar. – Afasto-me de seu toque e nego com a cabeça.
– Não posso acreditar nisso! – Penso por um momento e não posso deixar isso ficar assim. – Débora, se ele te forçou a fazer algo que não queria isso é estrupo e ele tem que ser denunciado. – Ela volta a levantar a cabeça e nega ainda chorando, mas me assusto quando se ajoelha aos meus pés.
– Não! Por favor, Gatinho! Se eu for denunciá-lo agora, ele vai dizer que é mentira, além do mais, eu sou apenas uma atendente em uma Loja de Conveniência e o Christian e sua família são pessoas com muito poder aquisitivo, em quem você acha que iriam acreditar? – Ela abraça as minhas pernas e me olha com o rosto molhado de lágrimas. – E, eu não posso correr o risco de ter a minha reputação manchada se ele resolver publicar aquele vídeo, por favor! Não faça nada. – Nego com a cabeça, ainda não acreditando que o Christian, aquele cara que parece ser tão certinho está sendo capaz de algo tão baixo, apenas por uma competição ridícula, que até então, era saudável entre nós dois.
– Mas... Por que você ainda continuou se submetendo a isso, depois de 10 meses? – Ela engole em seco e a faço se levantar.
– Ele disse que... – Ela balança a cabeça em negação. – Disse que é puramente por prazer, apenas por saber que pode olhar para a sua cara e saber que esteve com a mulher que é sua namorada. – Volto a negar com a cabeça e vejo o quanto ela está chateada com isso, mas ela também me traiu, mentiu por todo esse tempo.
– Tudo bem. – Ela sorri e aperta a minha mão, mas me afasto do seu toque. – Não falarei ou farei nada, até porque isso também seria uma vergonha para mim, mas o que tínhamos acabou ontem, Débora, quando te vi sentada no colo dele.
– Por favor, Gatinho! Você sabe que eu te amo, não sabe? Podemos passar por isso, só mais alguns meses e me livro dele, pois logo ele irá embora com os irmãos, então poderemos ser só você e eu. – Volto a dar risada e nego com a cabeça, não acreditando que estou ouvindo isso.
– Se você sentisse mesmo isso aí que diz sentir, não teria me enganado por todo esse tempo, quando poderia ter me contado antes, exatamente como está fazendo agora, mas quer saber? – Caminho na direção da porta, abrindo-a. – De certa forma vocês dois se merecem, então fique com ele e não volte mais aqui.
– Gatinho, por favor!
– Saia, Débora! E, fique tranquila, não serei eu o motivo para que você tenha sua reputação machada, eu não falarei nada para ninguém sobre isso. Agora saia! – Ela me olha por um momento e chorando sai correndo do meu apartamento.
Fecho a porta e respiro fundo, pois por mais que eu não a ame ou tenha pelo menos me apaixonado por ela, ser feito de corno e motivo de piada por 10 meses é demais para que qualquer pessoa em sã consciência pudesse aceitar. Mas vamos ver por quanto tempo Christian Grey conseguirá agir tão friamente quanto vem agindo, tendo o conhecimento que agora eu sei de toda a verdade.
(...)
Boston – Junho/2016
Nada! Absolutamente nada que eu fizesse ou falasse foi o suficiente para quebrar o autocontrole de ferro que Christian Grey tem. Por essa razão fui considerado o rebelde da sala, o encrenqueiro da Universidade. O cara sarcástico e implicante que fazia de tudo para arrumar confusão com o aluno perfeitinho da turma. O prodígio e tão competente Christian Grey, a ponto de mais uma vez ter o seu projeto escolhido por uma Empresa de Turismo Marítimo e Náutico. Sendo considerado por nossos colegas e alguns dos meus amigos, como o invejoso por toda a nossa competição e por ele sempre vencê-las.
O que ninguém sabe é que nada foi por merecimento e sim por seus pais manipularem com dinheiro os avaliadores em questão. E, sinceramente não sei como ele consegue ser tão frio e dissimulado a ponto de agir como se não fizesse tudo que faz com a namorada. Sim, namorada! Pelo menos é isso que todos pensam, mas a verdade é que tudo isso faz parte para manter a pose de bom garoto que todos acreditam que ele tenha, quando tudo que ele faz é pelo prazer que tem em jogar na cara das pessoas o poder que tem nas mãos. O prazer que tem em demonstrar que é melhor do que os outros, ainda mais alguém humilde como a Débora.
Há quatro meses, ela chegou ao meu apartamento chorando, com hematomas em seu corpo, dizendo que Christian estava obrigando-a a ir morar com ele, fez com que ela saísse do emprego, apenas porque seus pais descobriram que ela havia engravidado, depois de mais uma noite forçando-a a ir para cama com ele. E, por mais que eu tentasse intervir, falando que poderia ajudá-la a se livrar de toda a pressão psicológica e as agressões físicas que sofria nas mãos daquele crápula, ainda assim, ela me fez jurar que eu não iria me intrometer, porque seria só por mais um tempo que teria que suportar aquilo.
Eu não entendo como ela poderia dizer que teria que passar por aquilo só por mais alguns meses, pois ela deve ter se esquecido de que irão ter um filho juntos, mas sempre que eu tentava falar sobre isso, ela se mostrava muito abalada e mudava rapidamente de assunto, deixando-me preocupado com sua saúde mental durante a gravidez.
Não é porque eu fui traído e enganado por eles, que deixaria uma mulher ser tratada daquela forma, mas eu ajudava da forma que podia, dando dinheiro a ela, sempre que me pedia, pois aquele doente, não dava tudo que ela precisava. E, ainda tinha o agravante que a família dele não a suportava, justamente por ela ser pobre, órfã e que não teve as mesmas oportunidades que eles, vindo de uma família simples, antes de perder seus pais num trágico acidente.
Essa história está me deixando muito irritado, ainda mais por ter prometido que não falaria nada para ninguém e sou um homem de palavra, mas isso está me consumindo de uma forma que farei algo que há muito tempo não faço. Eu irei beber! Por essa razão aceitei o convite do Heitor para nos encontrarmos no Hokkaido, um Restaurante que fica próximo a Universidade e como meu Apartamento fica próximo, resolvi caminhar um pouco, para tentar refrescar minha cabeça.
No entanto, assim que me aproximo do Restaurante, vejo a Débora conversando com um homem, que está de costas para mim e pelo sorriso que vejo em seus lábios, eles devem ser bem próximos, mas assim que me vê, ela fica surpresa e antes que eu consiga me aproximar ainda mais, o homem segue seu caminho.
– Oi, Gatinho!
– Eu já pedi para você não me chamar assim, Débora. – Respiro fundo, pois a minha intenção era esquecer tudo a minha volta e não encontrá-la na calçada.
– É força do hábito. – Ela sorri e me olha de cima a baixo. – Você está lindo, com essa jaqueta de couro, parecendo um bad boy. – Dou um suspiro cansado e ignoro seu comentário.
– O que está fazendo aqui? E, quem era aquele homem?
– Está com ciúmes, Gatinho? – Ela sorri não respondendo a minha pergunta, mas hoje não estou com paciência com seus dramas, por isso tento passar por ela e seguir o meu caminho, mas ela pega em meu braço. – Desculpe-me, eu só queria conversar com você.
– Hoje não estou com paciência para os seus dramas com o seu "namorado", então eu...
– Nem se eu disser que o Christian está planejando comprar um terreno para começar a construir sua Empresa e que esse terreno será adquirido por pessoas que ganham a vida de forma ilegal? – Viro-me para encará-la com o cenho franzido. – Se me pagar um jantar posso contar tudo que você quiser?
– Eu não quero saber nada sobre o seu namoradinho e sinceramente, nem de você.
– Não seja assim, Gatinho! Você não gostaria de dar o troco no Christian? Não gostaria de ficar com a namorada dele, como ele fez com você? – Fico espantado com o que ela está propondo, mas ela se aproxima e segura suas sacolas, que eu não tinha percebido, em uma única mão e faz uma cara de quem está prestes a chorar. – Desculpe-me ter falado isso, são os hormônios da gravidez e eu estou muito magoada. – Uma lágrima desliza por seu rosto e respiro fundo. – Eu preciso desabafar com alguém, pois estou com muito ódio dele para voltar para casa agora, mas eu tenho que voltar ou não sei do que ele seria capaz de fazer comigo. – Ela me abraça e começa a chorar, deixando-me sem reação por estarmos no meio da rua.
– O que está acontecendo? – Ela nega com a cabeça e continua chorando, fazendo-me suspirar. – Tudo bem, Débora, vamos conversar. – Ela assente e me entrega suas sacolas e depois de secar o rosto, entramos no Restaurante, sendo encaminhados para uma mesa um pouco mais afastada. – O que aconteceu?
– Estou muito preocupada com o meu bebê, fui a uma consulta com a minha Obstetra e ela achou algo no ultrassom, mandando-me fazer outros exames para ter certeza de suas suspeitas. – Apenas assinto, pois não sei o que dizer sobre isso. – Eu falei com o Christian que talvez nosso filho, poderia nascer especial, mas ele não quer o filho, Gatinho.
– O quê? – Ela assente e seca o rosto com o guardanapo.
– Ele quer que eu aborte se o meu bebê for especial e eu quero tanto esse bebê. – Fico estarrecido, não acreditando no que estou ouvindo, mas ela logo muda de assunto. – Eu... Estou pensando em fugir com o meu filho, você me ajudaria?
– Como assim? O que você está pensando em fazer?
– Não posso deixar aquele monstro machucar o meu bebê. – Ela toca o ventre que há um pequeno volume e sorri. – Prefiro sair da Cidade e criá-lo sem pai, mas... Mas eu preciso de... – Ela morde o lábio e me olha envergonhada. – Eu preciso de dinheiro, você me ajuda?
– Boa noite! Desculpe-me pela demora. – Antes que eu responda, Heitor se aproxima assustando-nos e Débora logo se levanta.
– Depois eu falo com você, boa noite. – E com isso ela pega suas sacolas e caminha para saída do Restaurante rapidamente.
– O que foi isso? – Heitor se senta e me encara. – Quem era aquela mulher? – Ignoro sua pergunta, pois no tempo que fiquei com a Débora, devido a sua timidez ninguém a conheceu, o que foi bom de certo modo, afinal, ninguém precisa saber que fui corno.
– Heitor, o que você faria se alguém te pedisse ajuda para se livrar de uma situação, da qual parece surreal até para você conseguir entender? – Ele fica confuso, mas na verdade eu também estou.
– Depende. Se fosse uma situação de vida ou morte e que não fosse prejudicar ninguém no processo ou a mim mesmo, eu procuraria saber o que realmente está acontecendo e se de fato for verdade, eu ajudaria sem problema nenhum. – Assinto e ele me olha especulativo. – O que está acontecendo? – Nego com a cabeça e chamo um Garçom.
– Nada, vamos aproveitar nossa noite, porque hoje eu preciso beber.
Ele assente e não pergunta mais nada e sinceramente, não sei mais o que pensar sobre tudo isso, afinal, Débora diz uma coisa, mas parece está vivendo outra completamente diferente da sua realidade.
(...)
Seattle – Abril/2019
Retornar para Seattle há quase três anos fez com que eu percebesse que a vida de um estudante Universitário é bem mais simples do que a de um Empresário. O peso da responsabilidade de saber que há várias pessoas dependendo da sua capacidade de gerir uma Empresa é grande demais e por vezes, arrisco dizer que assustadora, agora imagina duas Empresas?
Eu assumi o legado da nossa família e procuro fazer o máximo para não decepcionar o meu pai, que confiou em mim para continuar mantendo o nome da INJ – Industries Naval Johnson – entre as melhores do nosso País, mas também cumpri uma promessa que fiz a mim mesmo, quando eu tinha apenas 17 anos e chamei o Mason para abrirmos um Bar, mas que diferente de um simples Bar, eu resolvi abrir uma Casa Noturna, com tudo que tivesse direito e um pouco mais. E isso faz com que eu me lembre de quando voltei àquele Boteco, que estava do mesmo jeito, exatamente como eu me lembrava.
– Eu quero uma cerveja! – Falei assim que me aproximei do Balcão, vendo-o de costas, arrumando algumas garrafas na prateleira.
– Só um minuto, camarada!
Eu sorri de lado, vendo que ele não mudou nada – mesmo estando um pouco mais velho que antes, obviamente – e percebi que o Bar também não mudou nada. Tocando as mesmas músicas ruins, pessoas bêbadas e conversando alto, enquanto outras se divertiam na velha mesa de sinuca.
– Sem problema, Velhote! Tenho a noite toda para esperá-lo. – Ele se virou assim que me ouviu e arregalou os olhos.
– Edgar?!
– O próprio! Com a diferença que agora eu não posso mais ser ameaçado em ser expulso do seu Bar, por ser menor de idade, pois isso eu deixei de ser faz muito tempo. – Ele deu a volta no Balcão e me deu um abraço, batendo em minhas costas.
– Moleque, como você cresceu!
– Eu cresci e estou aqui para cumprir uma promessa. – Ele me olhou confuso, mas neguei com a cabeça, sentando no banco duro do Balcão. – Mas depois falaremos sobre isso, agora me vê aquela cerveja barata e ruim que eu sei que você ainda vai me servir. – Ele gargalhou e voltou para detrás do Balcão.
– E mesmo sendo um homem agora, se reclamar da minha cerveja, ainda terei o prazer de chutar esse seu traseiro riquinho e mimado para fora daqui. – Quem gargalhou, depois de ouvir sua ameaça, fui eu, enquanto ele me serviu a mesma cerveja que eu tomava quando tinha 17 anos.
E, de fato eu cumpri o que ele achou ser apenas uma conversa de uma adolescente que estava chateado com o seu pai, mas agora temos a Dolce Pecatto, uma Boate comum à primeira vista, mas para quem quiser conhecer um pouco, além disso, temos também um Clube para Associados, que estão dispostos a algo diferenciado, como Aquários para Voyeurismo – independente da orientação sexual do participante – um andar inteiro para praticantes de BDSM e salas para Swing. Diversão garantida para quem quiser aproveitar, tendo apenas uma regra que não aceito ser quebrada: nada de prostituição e drogas dentro do meu estabelecimento.
Mason é o meu Sócio e responsável pela parte Comercial e é quem Gerência o negócio, justamente por eu ter meus compromissos sendo um Engenheiro Naval e comandar a Empresa que agora é minha – mesmo que meus irmãos tenham a parte deles, administrada por mim, é claro –, mas sempre que posso, deixo o Empresário engravatado de lado e volto a colocar minha velha e confortável jaqueta de couro, calça jeans e coturnos nos pés, ou como Eloise gosta de dizer, eu volto a ser o bad boy da família.
– Edgar! – Assusto-me e olho para minha mãe que se aproxima com minha Avó e Vanessa Parker. – Está tudo bem, Filho? – Sorrio para minha mãe e beijo sua testa, assim como a da minha Avó.
– Estou bem, Mãe. – Olho para Vanessa que tem seu sorriso de sempre nos lábios. – Como vai Vanessa?
– Muito bem, obrigada, meu Querido! – Ela se aproxima e beija meu rosto, muito próximo dos meus lábios, devo ressaltar. – Não sabia que você tinha voltado, fiquei surpresa quando Catherine havia dito que você estaria presente nesse jantar. – Dou um sorriso de lado, pois ela sabia perfeitamente que eu estaria aqui, afinal, ela me ligou e eu disse que viria.
– Meu neto é um homem ocupado agora, Vanessa. – Minha avó sorri e me abraça orgulhosa. – Não tem mais tempo nem para sua família direito, mas não posso reclamar, está sendo o homem de sucesso que deveria ser.
– Não tenho dúvida disso, Eleanor. – Vanessa sorri e me olha maliciosa.
Conheci Vanessa Parker em uma das vezes que eu voltei para casa, nas férias da Universidade, eu deveria ter acabado de completar 21 anos e mesmo sendo 11 anos, mais velha do que eu, é uma mulher muito bonita, atraente e fogosa. Quando percebi estávamos num quarto de Hotel fodendo até o dia amanhecer.
E, isso se repetiu por muitas vezes que eu voltava para casa, o que muito desagradava a minha irmã, pois ela nunca gostou da Vanessa, dizendo que era uma interesseira que tinha fetiches por homens mais jovens, mas sinceramente isso pouco me importa, afinal, não estou procurando um casamento e sexo é bom de qualquer jeito, independente da idade.
– Querida, Raymond e Carla acabaram de chegar, vamos cumprimentá-los? – Meu pai se aproxima com o meu Avô, que se senta ao lado da minha Avó.
– Claro Amor! – Ela olha para Vanessa, sendo gentil como uma verdadeira anfitriã deve ser, mas eu sei que minha mãe também não se agrada muito da presença dela. – Vanessa, desculpe-me, mas preciso receber os demais convidados.
– Não se preocupe Catherine, tenho certeza que Edgar me fará companhia. – Ela sorri e minha mãe assente, dando-me um olhar de advertência e logo se retira com o meu pai.
– Terei o maior prazer em fazê-la companhia, mas hoje não poderei fodê-la como deseja Vanessa. – Falo em seu ouvido e vejo sua pele se arrepiar. – Eu tenho compromisso assim que sair desse jantar. – Dou um sorriso cafajeste para ela, que me analisa e é direta, tocando em um nome que não pretendia escutar.
– Você ainda odeia Christian Grey? – Meu sorriso se fecha e me afasto da mesa dos meus Avós, puxando-a pelo braço.
– O que você pretende com essa pergunta?
Vanessa comentou que ela e o irmão haviam vendido o Estaleiro do pai e que quem o comprou foi Christian Grey e sem perceber o amaldiçoei, deixando-a curiosa quanto a minha reação, fazendo-me contar parcialmente o meu ódio por ele, sem entrar em detalhes – da mesma forma que fiquei sabendo que ele estava em um novo relacionamento –, mas parece que a informação do meu ódio por ele, além de ser do seu interesse, lhe será muito útil nesse momento.
– Edgar, seremos francos um com o outro, gosto de ser fodida por você e sei que não me dará mais do que algumas horas de sexo sujo e bruto, porém no momento eu quero mais do que ser fodida pelo Christian, mas aquela ratinha está atrapalhando os meus planos.
– E o que eu ganharia com isso?
– Além de se vingar do homem que você odeia? Teria a chance de se aproveitar daquela pobretona da Anastásia. – Arqueio uma sobrancelha, querendo que ela fale mais sobre isso. – Não se preocupe, pois ela é muito bonita, isso eu não posso negar, e será presa fácil para um predador como você. E, se não estivesse no meu caminho, atrapalhando o meu investimento futuro, eu até poderia esquecer a existência insignificante dela.
– Onde eu posso encontrar essa mulher?
– Você pode encontrá-la na minha Loja.
Assinto e penso por um momento, pois se eu posso atrapalhar os planos de Christian Grey com outra mulher, depois de tudo que ele fez, até que causou a morte da Débora, não vejo porque não tentar livrar mais uma pobre coitada das mãos daquele doente inescrupuloso. E, quem sabe, eu também não me divirta no processo?
– Pode contar comigo! Na quinta-feira irei pessoalmente buscar os meus ternos na sua Loja, o restante é com você.
Ela sorri exageradamente e penso que não pretendia falar sobre Christian Grey tão cedo, desde a última vez que nos encontramos, naquele Hotel a pedido do Senador Salazar, o que devo confessar que eu tenha ficado um pouco confuso quanto a sua reação quanto ao pedido do Senador ou quando mencionei a Débora, mas o conheço muito bem e sei o quanto ele é dissimulado, frio e calculista quando se trata de uma mulher.
(...)
Nada saiu como o planejado! E eu não poderia estar mais enganado quanto à mulher que Vanessa falava com tanto desprezo, pois Anastásia tem um sorriso sincero e os olhos azuis tão transparentes que chega a me sufocar com a intensidade do seu olhar. Além de ser linda, com uma delicadeza sem igual, parece ser muito pura e inocente e para piorar ainda mais a situação é amiga dos meus irmãos.
Não vou negar que eu tenha ficado atordoado em saber que aquela Menina-Mulher que os meus irmãos tanto admiram e falam tão bem é completamente diferente da mulher vulgar, oportunista e interesseira que tenha sido mencionada, pois o que eu vi, é o completo oposto da visão distorcida que Vanessa Parker tem da Anastásia. Além de ser muito sincera e que foi capaz de me enfrentar como uma leoa para defender o crápula do seu namorado, que por pouco não me matou enforcado, em cima daquele balcão na Boate.
E, sobre isso, estou completamente perturbado com a convicção que Anastásia jogou na minha cara que quem não prestava em toda aquela história fosse a Débora, alegando que não só o Christian foi uma vítima nas mãos dela, mas eu também. O que é impossível, tendo em vista que ela nem mesmo conheceu a Débora e isso graças ao seu namorado que a forçou a se submeter a um aborto, tirando sua vida e a do bebê.
Por outro lado, nunca vi Christian Grey tão possesso, apenas por eu ter falado que iria foder a Anastásia – o que obviamente eu nunca seria capaz de fazer algo assim, afinal, eu disse apenas para irritá-lo –, a ponto de ficar cego de ódio sem se preocupar com as consequências dos seus atos e isso também muito me surpreendeu, pois quando eu falava algo semelhante sobre a Débora, ele nunca se pronunciou ou nem mesmo foi capaz de me enfrentar como aconteceu no sábado.
– O que deu em você, Edgar? – Abro os olhos e encaro Eloise e Pietro, entrando na sala do meu apartamento. – Por que você fez aquilo? E por que a Ana ficou tão irritada com você?
– Eloise, eu não quero falar sobre isso. Vamos esquecer esse assunto, sim? – Pietro me olha decepcionado, assim como a nossa irmã, e nega com a cabeça.
– Esquecer? Como você pretende que o que aconteceu ontem seja esquecido, se amanhã eu não sei nem como terei coragem de olhar para a cara da Ana?
– Pietro, esse assunto não é da conta de vocês, mas me desculpem por aquilo. – Eu respiro fundo e me levanto, passando as mãos em meus cabelos, jogando-os para trás. – Mas eu não quero falar sobre isso e sinceramente minha cabeça está confusa demais para eu saber quais serão meus próximos passos daqui para frente. Então se pudermos esquecer aquela maldita noite, eu agradeceria muito. – Eles se entreolham e se aproximam ainda mais.
– O que aconteceu, Edgar? – Pietro coloca a mão em meu ombro, enquanto Eloise me abraça pela cintura, apoiando a cabeça no meu peito. – Conseguimos ver que isso está te consumindo de alguma forma e o quanto você está perturbado, confie em nós. – Eu sorrio e nego com a cabeça, puxando esse pivete para os meus braços também.
– Não quero falar sobre isso ainda, mas vamos esquecer e eu prometo que não farei nada parecido como aquilo novamente, ainda mais com a amiga de vocês. – Beijo a testa do meu irmão, que é quase tão alto quanto e eu, e a de Eloise, a nossa baixinha. – Desculpem-me por eu tê-los decepcionado, mas eu também tenho os meus fantasmas e não quero compartilhá-los por enquanto. – Eloise se afasta e vejo seus olhos marejados.
– Somos seus irmãos e queríamos que você confiasse em nós para conversar, Edgar. – Eu sorrio e assinto.
– Eu sei, quando você crescer, ficando da altura do Pietro eu penso em te contar alguma coisa. – Ela bate a mão no meu peito e sorrio, sentindo-me mais leve em tê-los comigo. – E, não se preocupe, o William te ama e vai entender que a culpa foi minha. – Ela fica triste e suspira, e isso também me deixou irritado comigo mesmo, por saber que o namorado e ela discutiram por minha causa. – Agora... Mesmo amando muito vocês dois e a companhia sempre ser agradável, eu gostaria de ficar um pouco sozinho. – Eles se afastam de vez do nosso abraço e assentem.
– Tudo bem. Falarei para a mamãe que você tem assuntos para resolver na Boate e não irá almoçar em casa. – Pietro se adianta e sorrio agradecido.
– Obrigado.
Eles beijam o meu rosto, o que faz Eloise fazer uma careta por causa da minha barba, e saem do meu apartamento, deixando-me sozinho, confuso e frustrado, por não conseguir encaixar todas as peças desse quebra-cabeça que parece está tão claro como cristal, porém não é tão fácil de encaixá-los como eu gostaria.
(...)
Nunca fui muito adepto para deixar assuntos pendentes em que eu pudesse confrontá-los – uma exceção ao caso da Débora que me fez prometer não me intrometer –, para depois e pensando sobre isso, resolvo encerrar meu expediente e ir direto a pessoa que poderá me responder algumas perguntas, além de eu ter que me desculpar por minha atitude tão babaca.
– Selena, cancele qualquer compromisso que eu possa ter, estou indo embora e só voltarei amanhã à tarde.
– Pode deixar Senhor Johnson e, este envelope foi deixado para o Senhor agora a pouco. – Franzo o cenho vendo um envelope preto, tendo apenas o meu nome escrito com uma caligrafia cursiva e elegante, mas deve ser convite para algum evento.
– Coloque na minha mesa que amanhã eu verifico o que possa ser. – Dou dois passos e paro. – Pensando bem, levarei comigo, obrigado. E, boa tarde, Selena.
– Boa tarde, Senhor Johnson.
Entro no elevador e logo estou dentro do carro, seguindo para o local que eu sei onde ela possa estar sozinha sem aquele idiota do Grey, mas penso no que irei dizer para Anastásia, porque acredito que ela não queira nem mesmo me ver a distância e claro, considerando que seu namorado possa fazer ainda mais a cabeça dela contra mim, mas preciso saber o porquê dela ter dito tudo aquilo, numa certeza quase inquestionável.
E, mais uma vez fui surpreendido com sua postura séria e defensiva, mas também justa, muito sincera, além de direta e nada julgadora, o que me fez sem que eu percebesse falar o que jamais ninguém ouviu dos meus lábios. Anastásia tem um magnetismo que consegue nos fazer ser tão transparente quanto ela, até o momento que seu namorado invadiu a sala, como uma besta descontrolada, deixando-me confuso por suas acusações. Mesmo não entendendo absolutamente nada, consegui ver o quanto Anastásia tem poder sobre ele, o que somente ela conseguiu acalmá-lo, pedindo para que a deixássemos sozinha com ele.
– O que você veio fazer aqui, Edgar? – Richard faz a pergunta de forma rude e penso em não responder, mas diante ao acontecido de agora, prefiro evitar mais problemas.
– Eu vim conversar com a Anastásia sobre o que aconteceu no sábado e me desculpar por tê-la ofendido, mesmo que indiretamente. – Ele assente e continua sério.
– Edgar, porque você trouxe esse envelope para Anastásia? Não basta o que você mandou entregar na GNIH? – Aleksander faz a pergunta, completamente sério, fazendo-me franzir o cenho.
– Qual é o problema de vocês com esse envelope? – Viro para eles verem que foi enviado a mim. – Esse envelope eu recebi na minha Empresa e ainda não tive tempo de abrir. – Richard e o Segurança do Christian, que o vi no dia do Hotel, entreolham-se me deixando confuso.
– Edgar, você poderia abrir o seu envelope? – Richard novamente se pronuncia não tão rude agora e penso em negar, mas assinto e caminho até o sofá da recepção, sentando-me e abrindo-o.
Franzo o cenho por ver diversas fotografias, algumas da Débora e eu, o que acho estranho, pois nunca saímos em público, mas logo reconheço o local, sendo no meu apartamento de Boston. Mas também tem fotos do dia que a encontrei na porta do Hokkaido, enquanto me abraçava chorando. Há um pen drive, que deixo de lado por enquanto e fico ainda mais confuso, vendo uma fotografia do dia que conheci a Anastásia, no exato momento em que me apresento e beijo a sua mão.
Há fotografias do incidente da Boate, com o Christian me sufocando sobre o balcão, mas há também no momento que Anastásia enfia o dedo no meu peito, quando resolveu defender o namorado. Fico ainda mais perdido, vendo fotografias do Christian com Anastásia, mostrando momentos dos dois se beijando em frente à Loja e algumas apenas dela. Pego a folha de papel dobrada e percebo ser uma carta e sem conseguir entender o que é tudo isso, começo a lê-la.
'Como vai, Johnson?
Confesso que me divertir muito enquanto brincava com você, mexendo com a sua cabeça, deixando-o confuso e sem saber o que fazer. Foi divertido vê-lo se martirizando por uma história que nada poderia fazer pela palavra que deu, com medo de manchar a reputação de uma mulher que estava sendo usada, maltratada e humilhada por outro homem.
Você não imagina quantas vezes gargalhei pensando nisso. Sinceramente, eu senti muito em não poder ter presenciado todos os seus momentos de frustração, sentindo-se impotente e alimentando um ódio desmedido em seu peito. Ah! Como lamento ter perdido isso! Deveria ser um deleite vê-lo assim.
Você se julga muito forte, justo e detentor da verdade, mas não passa de um moleque, fraco e covarde que não tinha coragem de tomar uma atitude, pelo menos a que deveria ter tomado, quando você acreditava com tudo de si que a sua ex-namorada estava sendo agredida, além de ter sido forçada a ir para cama com um homem que não fosse você. Tão ingênuo! Pobre garotinho rebelde!
Deve ser difícil presenciar que o homem que tomou sua namorada, esteja hoje tão apaixonado pela mulher que você também está encantado. Mas não o julgo, Anastásia é realmente um colírio para os olhos, tão pura, inocente, de uma beleza sem igual, mas pena que não está mais disponível para você provar que é melhor que o seu oponente, como tentou ser no passado.
Deve ser difícil ser a segunda opção de alguém, não é? Ou mais ainda, não chegar a ser nem mesmo a segunda opção. Deve ser difícil saber que é tão insuficiente que acabou sendo descartado. Você deve estar se perguntando sobre o que estou falando, certo? Ou como eu poderia saber sobre isso? Mas vou te contar que reconheço um ser insignificante e medíocre que foi machucado no passado, e eu sendo o próprio deus do meu mundo, adoro esmagar esses vermezinhos como você.
Ah! Está lembrado do vídeo que você tanto tentou evitar que fosse publicado, evitando que a reputação de uma mulher fosse manchada? Resolvi deixar de presente para você, para saber o quanto é fraco e manipulável. Mas agora se divirta, pois acredito que você irá gostar de assisti-lo, porque eu amei ver cada detalhe que havia nele. Nossa! Só de lembrar eu já fico excitado, mas fique tranquilo, enquanto você assiste eu terei a certeza de fazer tudo o que há no vídeo com a pura e doce Anastásia!
Fico sem reação com o conteúdo dessa carta e analisando bem cada palavra, tudo me faria acreditar que foi o Christian quem me enviou, mas diante ao fato de estar sendo acusado de trazer esse envelope para Anastásia e que ainda enviei um para o seu namorado, faz-me começar a duvidar dessa opção.
Mas algo me intriga, pois como essa pessoa – que imagino ser um homem, muito perturbado, devo ressaltar – sabe que fiquei encantado com a Anastásia? Se eu falei isso apenas para duas pessoas, sendo uma a Vanessa, no dia que foi tirar satisfações do por que eu ter recuado quanto ao plano de seduzir a namorada do Christian e a outra foi o Mason, quando estávamos na Boate, antes de toda aquela confusão acontecer.
– Edgar. – Levanto a cabeça e vejo Richard sentado ao meu lado. – Eu posso ver? – Assinto e entrego a ele, pois no momento estou perdido demais pensando em tudo que li e vi.
– Beba isso, cara! – Olho para Aleksander que me entrega um copo com água. – Você está mais branco que papel e espero que você não vá surtar como vi o Christian fazer mais cedo. – Franzo o cenho, mas bebo um pouco de água.
– Como assim o Christian surtou? O que você... – Mas sou interrompido, quando sons começam a ser ouvidos e vejo que Richard colocou o pen drive em um laptop que o Segurança de Christian entregou a ele. – Que porra é essa?
As imagens são de fato do Christian transando com a Débora, mas não apenas isso, pois há imagens mescladas onde eu também estou transando com ela. Porém o que me deixou ainda mais estarrecido é a forma que ela olha para a câmera, como se soubesse exatamente onde ela estava e dá um sorriso perverso, como se estivesse fazendo um show particular para alguém, o que não duvido que esteja, pois ela fazia isso em diversas vezes, encarando a câmera sempre que tivesse a oportunidade.
– Já vi o suficiente. – Richard interrompe o vídeo e entrega o laptop para o Segurança do Christian, antes de me encarar. – Edgar, eu imagino que por tudo isso que você recebeu no envelope, já possa ter entendido que tanto você quanto o meu irmão foram usados por aquela mulher. – Ele afirma, mas assinto assim mesmo, ainda atordoado com tudo isso. – Ainda não sabemos quem está brincando com a cabeça de vocês dois, mas precisamos resolver essa situação.
– Eu... Não entendo. – Bebo o restante da água e respiro fundo. – Por que agora? – Quem suspira agora é o Richard.
– Não posso dar essa resposta agora, Edgar, mas iremos descobrir tudo o que tem ligação com você e o Christian, mas para isso, tanto você quanto ele, precisa ouvir a verdade que cada um acredita ter sido a correta por todo esse tempo. – Franzo o cenho e nego com a cabeça.
– Sinceramente, depois do que vi e li, nada mais parece ser verdade. – Ele assente se levantando e olha para Aleksander.
– Aleksander, leve o Edgar para a minha casa, por favor. – Ele assente e se aproxima. – Vá com o Aleksander, Edgar, precisamos resolver essa situação, mesmo que não seja fácil para ninguém, mas agora não é apenas você e o meu irmão que estão envolvidos, pois colocaram uma inocente nessa confusão e eu não permitirei que nada aconteça a Anastásia por causa de uma pessoa doente como essa.
Não falo mais nada, apenas assinto e me levanto, acompanhando Aleksander para o elevador, mas ainda tentado assimilar tudo isso. Mas por que agora, depois de quase três anos que essa pessoa resolveu aparecer? O que esse doente desprezível ganharia com tudo isso? A Débora está morta e mesmo que eu acreditasse que ela havia sido uma inocente, não faz sentido trazer isso a tona agora.
– Ai, meu Deus! – Assusto-me quando esbarro em uma mulher que empurrava um carrinho com algumas xícaras, quando saí do elevador distraído.
– Desculpe-me, Senhorita, eu não...
Paro de falar quando ela levanta a cabeça e vejo seus olhos verdes arregalados. Olhos que conheço tão bem por nunca terem saído da minha cabeça por todo esse tempo, mas preciso ter certeza que não estou ficando louco.
– Não... Não tem problema, Senhor! A culpa foi minha. – Ela baixa a cabeça e tenta sair com o carrinho, mas seguro o seu braço e sinto-a estremecer.
– Júlia? – Ela tira seu braço delicadamente da minha mão e se afasta, sem voltar a me olhar.
– O Senhor deve estar me confundido, mas agora eu preciso ir, com licença e me desculpe.
Ela volta a empurrar o carrinho a passos rápidos e fico ainda mais atordoado do que estava, pois eu não me confundi coisa nenhuma, eu reconheceria esses olhos verdes intensos, esses lábios carnudos e essa pele negra e linda, independente do tempo que eu ficasse sem vê-la.
– Edgar! – Olho para Aleksander que está tocando o meu ombro. – Vamos?
Assinto e voltamos a caminhar sem dizer mais nada e assim que chegamos ao meu carro ele pediu a chave para que pudesse dirigir e agradeço por isso, pois minha cabeça está uma verdadeira bagunça, com toda essa história que pensei estar enterrada no passado e agora com a visão da menina – que agora é uma mulher – que me fez não querer me apaixonar de novo.
Respiro fundo e balanço a cabeça, tentando colocar os meus pensamentos no lugar, pois preciso resolver um assunto de cada vez. E primeiro, eu preciso resolver essa merda que envolve a Débora e todo o conteúdo daquele envelope, depois eu penso o que fazer com esse reencontro com a minha primeira paixão da adolescência.
Eu só não imaginava que a minha história com o Christian e a Débora, fosse bem diferente do que eu realmente acreditava que era e mais uma vez, eu fui enganado quando jurei a mim mesmo não mais permitir ser.
O que mais o destino tem para me provar o quanto eu posso ser manipulável? Sinceramente, espero não ter essa resposta.
Ai, meu Deus! Você foi tão injustiçado, Senhor Sarcástico! Todo mundo te apedrejou, mas a mamãe aqui sabia tudinho, fique tranquilo viu 🤧🤧?
E, minha nossa Senhora dos ranços eternos, se essa Débora não tivesse morrido, eu matava de novo só pelo prazer de vê-la sofrer 😡😡😡!
É, agora o Senhor Gelo e o Senhor Sarcástico perceberam que o babado é mais forte do que imaginavam, mas vamos ver o que isso vai dar né 😏😏?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro