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Capítulo - 01

Olá, Pessoas!

Este capítulo foi postado no livro Coincidências do Destino (Capítulo 81), porém resolvi colocá-lo aqui novamente, para que relembrem o início de toda a história do Senhor Sarcástico e se decidirem não ler mais uma vez, tudo bem, mas se puderem me dar aquela estrelinha marota, eu vou gostar muito 🤭🤭🤭. Agora se resolverem reler, boa leitura e mais tarde postarei o capítulo novo 😉.

Quando se é jovem tudo parece tão complicado, quando na verdade somos nós que procuramos as complicações com as próprias mãos. A dificuldade em decidir sobre a Universidade, as amizades que às vezes não são bem vistas pelos pais, os lugares exóticos – para não dizer proibidos para menores de 21 anos – e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Tudo isso por rebeldia desnecessária que era mais forte do que eu conseguia controlar.

Ser a ovelha negra da família, quando se é o filho mais velho é ser considerado uma verdadeira decepção para um pai tradicional que acreditava ter seu legado seguido por seu primogênito, mas a questão é que nem eu mesmo fazia ideia do que queria para minha vida. Se eu queria ser um Guitarrista de uma banda, Professor de Educação Física, um Advogado ou um Engenheiro Naval, como o meu pai e o meu avô.

A questão é que eu não queria pensar nisso aos 17 anos, a única coisa que eu queria era terminar o ensino médio e ficar fora de uma sala de aula, não tendo que me preocupar em ficar mais quatro ou cinco anos preso em aulas, provas, trabalhos e professores irritantes no meu ouvido, mas meu pai não pensava assim e por essa razão vinha às discussões, obrigando-me a sair de casa e encher a cara no Boteco do Mason, que ficava em Eastside, subúrbio de Seattle.

Dou risada ao me lembrar da espelunca na qual ele servia bebidas e sempre tentava me expulsar por ser menor de idade, mas por fim, nos tornamos amigos e ele me deixava ficar pelo tempo que eu quisesse e ainda ouvia meu lamento com os desentendimentos com o meu pai, o olhar choroso da minha mãe e minha irmã e a carinha assustada do meu irmão caçula que era sensível demais para as brigas em nossa casa.

Não me orgulhava de enfrentar o meu pai, o que eu entendia que ele estava apenas preocupado com o meu futuro, mas ele também poderia entender e respeitar as minhas decisões, afinal, esse era o sonho dele e não o meu naquele momento, apesar de que eu não posso negar que de fato, sempre gostei de ver o que ele era capaz de criar e construir, ainda mais vendo seus barcos e navios em alto mar, mas como eu disse: ainda não era o meu momento.

Lembro-me claramente de um dia que eu cheguei ao Bar do Mason, tarde da noite e irritado por mais uma discussão descabida com o Senhor Hector Johnson, por exigir que eu enviasse minha carta de solicitação para admissão nas Universidades e mais uma vez não deu em nada, a não ser gritos e vidros quebrados pela sala, mas são lembranças que me fizeram ser o que sou hoje e jamais deverão ser esquecidas.

Seattle – Maio/2009

– Você de novo, Moleque? – Ele suspira e abre a porta de metal para que eu pudesse entrar. – Se eu for preso por estar atendendo um playboyzinho mimado e menor de idade, você vai ter que se virar e me tirar de lá, está ouvindo? – Eu sorrio sem muita emoção e assinto.

– Se você for preso por minha causa, Mason, eu peço para trocar de lugar com você. E, acredite, meu pai ficaria muito feliz em não ter que perder mais tempo com um vagabundo mimado como eu. – Dou de ombros e me sento na banqueta do balcão, vendo-o suspirar.

– Brigou com o seu velho de novo? – Ele passa para detrás do balcão e me serve uma cerveja barata e muito ruim, mas que está sendo como um bálsamo nesse momento.

– Seria melhor você perguntar que dia não brigamos que terei o prazer de responder. – Bebo mais um gole e faço uma careta. – Que porra, Mason! Essa é ruim mesmo. – Ele dá risada, com sua voz rouca pelo excesso de cigarro e me olha debochado.

– Desculpe-me, Vossa Alteza, mas o meu Bar não tem nada à altura de um Principezinho como você, então vai beber o que eu servir. – Nego com a cabeça e continuo bebendo, pensando no que ele disse.

– Vamos abrir um Bar, Mason? – Ele arqueia a sobrancelha, como se perguntasse "O que é isso aqui?", mas nego com a cabeça. – Com todo respeito, Velhote, mas isso aqui é qualquer coisa menos um Bar.

Mason Rieger é um ex-militar de 32 anos, que se aposentou por ter se ferido gravemente em campo e desenvolveu TETP – Transtorno de Estresse Pós Traumático –, que depois de muito tratamento e medicamentos pesados conseguiu melhorar, pois superar é impossível tendo em vista tudo que ele passou, ainda mais por quase ter perdido sua vida no Afeganistão.

Voltou para casa e resolveu ser um simples Civil, abrindo esse Bar para passar o tempo, mesmo que ele não beba uma única gota de álcool, mas em contra partida é completamente viciado em cigarros, mas tirando esse fato fedorento que aprendi a conviver, ele é uma ótima pessoa e um excelente ouvinte e conselheiro.

– Quando você crescer e virar um homem, poderemos conversar, mas enquanto você estiver agindo como um playboyzinho mimado que não quer pensar no futuro, eu só poderei a continuar lhe servindo cerveja barata no meu belo estabelecimento. – Sinto o peso de suas palavras e suspiro, deixando meus ombros caírem.

– É complicado, Mason. – Ele pega um refrigerante e senta ao meu lado.

– Não é complicado, Edgar. Você que está complicando. – Nego com a cabeça e ele continua. – Você precisa conversar com o seu pai e não ficar agindo como uma criança rebelde. Você quer ser tratado como homem, quando não faz nada para ser reconhecido como um. Ficar debatendo com o seu pai não vai resolver os seus problemas. – Ele me encara e coloca a mão em meu ombro. – Fale com ele, explique o que você quer fazer e se não quiser ir para uma Universidade, conte a ele sobre isso, mas não tente impor suas vontades na base do grito ou medindo forças com o seu pai, pois dessa forma só estará se machucando, assim como a sua família também.

– Ele não vai entender Mason. – Bebo o restante da cerveja e bato a garrafa no balcão. – Meu pai sempre tem falado isso, o quanto está ansioso para me ver formado e assumindo a Empresa que meu avô e ele tanto lutaram para erguer. Ele acredita que eu serei seu Sucessor, até que meus irmãos estejam prontos para assumirem os seus lugares, o que duvido muito que isso um dia irá acontecer. – Nego com a cabeça, pois Eloise nunca demonstrou interesse na área Naval, gostando mais de fazer vestidos para as suas bonecas e o Pietro, bem... Ele tem apenas 12 anos, então não sei o que ele escolherá futuramente.

– Justamente por ser o filho mais velho que você tem que agir como tal, tendo uma conversa franca e sem imposições. – Não falo nada, apenas ouço seus conselhos. – Os pais sempre apoiam a decisão dos filhos, Edgar, mesmo que não seja as corretas, basta saber conversar e tudo irá se revolver. Tente e você verá que tenho razão. – Eu assinto e ele se levanta, pegando outra cerveja e me entregando, afinal, no momento a única coisa que preciso, é beber.

(...)

– Anda logo, Edgar, estamos atrasados. – Pietro bate o pé no chão e cruza os braços e, se eu não estivesse de ressaca e com um dor de cabeça infernal até poderia rir do seu bico emburrado.

– Pietro, a casa da Vovó não vai sair do lugar e fale baixo que estou com dor de cabeça. – Ele revira os olhos e bagunço seus cabelos, ouvindo-o resmungar, enquanto saímos do meu quarto.

– Eu sei, mas quero ver a minha amiga logo. – Franzo o cenho e gemo de dor pelo movimento.

– Que amiga é essa? – Ele me encara e revira os olhos de novo.

– Como assim que amiga? A Júlia é claro. – Continuo perdido e ele nega com a cabeça. – OH, ELOISE, ANDA LOGO! – Ele grita e coloco as mãos em minhas têmporas, tentando parar o sacolejar do meu cérebro de ressaca por seu grito agudo.

– Não grita, que inferno!

– Se não tivesse voltado para casa caindo de bêbado, não estaria com dor de cabeça. – Evito revirar os olhos para não sentir mais dor, ouvindo a voz áspera do meu pai, que não se dignou a me encarar, olhando apenas para o seu jornal.

– Bom dia, para o Senhor também, Papai. – Não consigo evitar o sarcasmo e me sento, servindo-me uma xícara de café. – Onde estão Eloise e a Mamãe?

– Estão terminando de se arrumar, pois se você não percebeu só você ainda não tomou o café da manhã. – Pietro me olha e depois olha para o nosso pai, mas eu apenas suspiro, pois não estou em condições de mais uma discussão agora. – Onde você passou a noite, Edgar? – Ele dobra o jornal e coloca sobre a mesa, encarando-me com seus olhos azuis, que meus irmãos e eu herdamos, muito sérios.

– Por aí. – Dou de ombros e bebo um pouco mais de café.

– Quando você vai começar a se comportar como um homem, Edgar? – Olho para o meu pai e dou um sorriso de lado.

– Pelo que eu ouvi ontem, estou longe de ser um homem. Não foi o Senhor mesmo que disse que sou um moleque mimado? – Dou de ombros novamente. – Então eu estou apenas sendo o que o Senhor tanto deseja meu querido Pai.

– Não me teste seu insolente! – Ele bate a mão na mesa e Pietro salta no lugar, olhando-nos com seus grandes olhos azuis arregalados.

– Se o Senhor quer esbravejar, ofender-me e dizer que sou um moleque e vagabundo, ótimo! Mas não faça isso na frente do meu irmão. – Levanto-me e afasto a cadeira de Pietro, pegando em sua mão. – Vamos, Pivete! Vou levá-lo para a casa da Vovó para que você possa ver a sua amiga.

– Ainda não terminamos essa conversa, Edgar.

– Eu sei. E, o Senhor não sabe o quanto estou ansioso para esse momento. – Respondo sarcástico, sem olhar para trás e saio da sala com meu irmão, que está de cabeça baixa, mas eu suspiro e paro, abaixando-me para ficar da sua altura, fazendo-o me encarar. – O que foi Pivete?

– Por que você e o papai estão brigando? – Nego com a cabeça, mas paro sentindo-a pulsar e faço uma careta.

– Não se preocupe, são coisas de adultos. Quando você for maior vai entender. – Ele dá um sorriso sapeca e nega com a cabeça.

– Você não é adulto, Edgar. É um aborrecente.

Aborrecente? – Franzo o cenho e ele dá de ombros.

– A Mamãe que disse isso. – Dou risada e passo o braço por seus ombros.

– Você logo será aborrecente também, Pivete, então vá se acostumando. – Ele faz careta e seguimos para o meu carro.

(...)

Junho/2011

Há dois anos que meu relacionamento com o meu pai não está sendo os melhores e sempre é o mesmo assunto, porém sinto que ele se cansou e agora simplesmente não tem insistido tanto como antes, mas o que ele não sabe é que eu enviei algumas solicitações de inscrições para algumas Universidades e já recebi as respostas, porém ainda não comuniquei a minha decisão, por ainda estar indeciso, afinal, inscrevi-me para Engenharia Naval, Medicina e Direito.

Bem aleatório, eu sei! Mas confesso que a princípio eu queria apenas testar minha capacidade de ingressar ou não numa Universidade – não que tivesse sido um péssimo aluno, muito pelo contrário –, porque eu mesmo não acreditava no meu potencial e acabei sendo aceito em três Universidades classificadas como as melhores do nosso País, sendo a Harvard, Yale e Stanford.

Porém em todas elas, terei que mudar de Cidade e voltar para casa apenas nas férias e confesso que estou pensando muito nisso, afinal, fui aceito também na Universidade de Seattle, mas como eu havia dito, ainda estou confuso. Não gostava muito da ideia de deixar os meus irmãos, principalmente o Pietro que estava passando por uma fase difícil em sua vida, mesmo que ele acreditasse que estava fazendo um excelente trabalho em esconder o que realmente é. E, isso me lembra da discussão que tive com a minha Avó, que estava o repreendendo, apenas porque ele estava elogiando um ator, enquanto assistia ao filme com a Eloise e sua amiga Júlia, que devo ressaltar ser muito linda, uma pena que é muito novinha.

– Crie modos, Pietro Johnson. Onde já se viu falar dessa forma de outro homem? – Entrei na sala, ouvindo o tom repreensor da minha Avó, enquanto Pietro estava encolhido no canto do sofá. – Onde você está aprendendo essa pouca vergonha? Acho que terei que ter uma conversa séria com o seu pai, para que ele possa lhe aplicar um corretivo para aprender o que é certo e errado.

– O que está acontecendo aqui? – Pietro arregalou os olhos e ficou com as bochechas vermelhas assim que me viu e nossa Avó me olhou com desgosto.

– O que aconteceu? Aconteceu que o seu irmão estava falando obscenidades de outro homem. Onde já se viu isso! Um homem falando de outro homem? Francamente!

Dona Eleanor Johnson é uma mulher muito conservadora para os seus 65 anos, antiquada para ser mais exato, pois ela se esqueceu de que estamos vivendo no século XXI e que não há nada errado em olhar ou admirar outro homem, mas a questão é que eu sei que ela também já percebeu que o meu irmão não será o macho alfa que ela acreditava que seria. Porém eu suspirei e por mais que eu estivesse querendo foder e beber até cair, não poderia deixar o meu irmão ser repreendido dessa forma, ainda mais por saber que ele deve estar confuso quanto a sua sexualidade e estar se descobrindo, não entendendo direito a reação do seu corpo e o desejo ao admirar um corpo do mesmo sexo que o seu.

– E o que Pietro estava falando, Vovó? – Sentei-me ao lado do meu irmão, que baixou a cabeça e vi o momento em que minha irmã e Júlia se entreolharam.

– Pergunte a ele, porque sinceramente eu que sou uma mulher vivida não tenho coragem de repetir. – Novamente eu suspirei e olhei para meu irmão.

– O que você estava falando Pietro? – Ele me olhou com os olhos cheios de lágrimas não derramadas e suspirou.

– Eu só falei que o Neal Caffrey da Série White Collar era bonito. – Ele respondeu timidamente e eu sorri, por saber que não deve ter sido apenas isso.

– Em qual cena? Coloca para eu ver?

– Não, Edgar, eu só...

Não dei atenção para o que Pietro tentou dizer e apontei para Eloise, que pegou o controle e deu play na série que estava pausada, certamente para ouvirem os exageros de nossa Avó, então a cena em que o ator em questão está apenas de regata branca, enquanto faz uma busca para o seu caso no computador começa e nem presto atenção direito, pois eu queria apenas ver a cara da minha Avó.

– Esse é o Neal Caffrey? – Perguntei e ele assentiu. – Realmente, ele é gostoso mesmo e que sorriso safado ele tem, não é? – Empurrei meu irmão com o ombro, que me deu um sorrisinho tímido e voltou a baixar a cabeça.

– Edgar Johnson! – Minha Avó me olhou ultrajada.

– Ora Vovó. A Senhora tem que admitir que o homem de fato seja muito bonito, ou vai me dizer que a Senhora também não aproveitou para dar uma olhadinha? – Perguntei com um sorriso nos lábios e ela se levantou do sofá ofendida.

– Onde está o respeito seu insolente?

– E onde está o respeito quanto à opinião do meu irmão?

– O seu irmão tem apenas 14 anos, deveria estar preocupado em estudar e não ficar fazendo esse tipo de comentário, ainda mais sobre outro homem, isso é inadmissível. – Fiquei sério e me levantei também.

– Inadmissível é em pleno século XXI a Senhora querer impor sobre a opinião, escolha e decisão do meu irmão a quem ele deve ou não admirar. Inadmissível é a Senhora falar para ele o que é certo ou errado, o que ele pode ou não fazer e o que deve ou não comentar apenas por ter achado um homem bonito, por causa de preconceitos e opiniões retrógradas como essas que acabou de nos falar.

– Na minha casa ele deverá ter princípios, pois não foi isso que eu ensinei ao seu pai e tenho certeza que ele não está ensinando isso para nem um de vocês.

– Não seja por isso, minha Querida Avó. – Olhei para os meus irmãos. – Eloise, suba e vá arrumar as suas coisas e do Pietro que estamos indo embora agora.

– Mas, Edgar, nós...

– Se você quer ficar, Eloise, ótimo! Mas o Pietro vai embora comigo agora. – Meu irmão se levantou com as bochechas molhadas e de cabeça baixa, mas coloquei a mão em seu queixo e fiz que me olhasse nos olhos. – Independente da sua orientação sexual, ou se você irá para cama com um homem ou uma mulher, você sempre será o meu irmãozinho, Pietro, e nunca deverá ter vergonha de ser quem você é. Você precisa ter apenas cuidado com as pessoas lá fora, que podem não ser tão evoluídas, entender e respeitar as diferenças e decisões de cada um. E eu quero que você se lembre de que sempre poderá contar comigo. – Ele me abraçou e suspirei, olhando para a minha avó que estava boquiaberta com o que acabei de dizer. – Eu sei que a Senhora também já percebeu a orientação sexual do Pietro, Vovó, mas se não aceita, ninguém pode colocar isso na cabeça da Senhora. No entanto o mínimo que eu espero é que o respeite e não o critique como estava fazendo, como se o que ele estivesse fazendo fosse errado, quando na verdade não tem nada de errado em ter opções e opiniões diferentes do que a sociedade impõe como a correta.

– Seu irmão é uma criança, Edgar, não deve nem saber sobre o que você está falando. – Dei uma risada e neguei com a cabeça.

– Com todo respeito, Vovó, com 14 anos eu já sabia muito bem o que queria e fodia gostoso há muito tempo.

– Olha o linguajar na minha casa, Edgar Johnson!

– Se o problema for apenas sobre o meu linguajar, Vovó, desculpe-me por meus modos nada educados, mas eu não irei aceitar que a Senhora faça com que o meu irmão se sinta errado, quando a Senhora deveria ser uma das pessoas que poderia conversar com ele e ajudá-lo a resolver a confusão que deve estar em sua cabeça. – Afastei meu irmão do abraço e peguei em sua mão. – Mas se for para colocar ainda mais dúvidas e fazê-lo se sentir inadequado apenas por pensar diferente sobre a sua orientação sexual, é melhor que ele não volte mais aqui mesmo.

Não falei mais nada, apenas olhei para minha irmã e sua amiga e saí da sala, levando Pietro comigo. Entramos no carro e durante um tempo, ficamos em silêncio, mas sei que meu irmão queria falar alguma coisa, porém respeitei seu momento, até que senti seus olhos azuis em mim.

– Edgar?

– Sim?

– Você... Você acha mesmo que não tem nada de errado comigo? – Parei no semáforo e olhei para ele.

– O que poderia ter de errado com você, Pietro? – Ele suspirou e deixou seus ombros tensos caírem.

– Quando você soube que gostava de meninas? – Segurei uma risada, para não deixá-lo ainda mais chateado, mas voltei a prestar atenção no trânsito, quando o sinal abriu.

– Acho que desde que descobri que o meu pau não servia apenas para urinar. – Dei uma risada, pois isso era mesmo verdade e ele negou com a cabeça. – E você? Quando descobriu que o seu pau não fica duro para meninas? – Ele arregalou os olhos e virou o rosto para olhar pelo vidro do carro. – Não precisa ter vergonha de admitir isso, Pietro, mas se você ainda não tem certeza do que sente e muito menos das reações do seu corpo, não tenha pressa, porque isso somente você poderá descobrir e ter certeza do que quer, mas se por um acaso, quiser conversar, sabe que pode falar comigo, não sabe? – Ele assentiu, ainda sem olhar para mim.

E demos o assunto por encerrado, mas logo que ele fez 15 anos, a primeira pessoa para quem ele se assumiu foi para mim e mesmo que eu mal estivesse conseguindo abrir os olhos, pois havia chegado quase naquela hora, cansado, fedendo a sexo e a bebida barata, com uma ressaca capaz de me fazer jurar que nunca mais iria beber, ainda assim o acompanhei até a sala e segurei firme em sua mão, quando olhou para nosso pai e nossa mãe e disse com toda certeza que era gay e que ficaria feliz se eles o aceitassem como era, pois ele não poderia mudar o que nasceu para ser.

Naquele momento senti muito orgulho do meu irmão, apesar de temer pelo que o aguardava fora da segurança da nossa casa, pois o mundo é cruel e as pessoas não têm limites, mas o menininho tímido virou um homem que não tinha medo de falar o que pensava e enfrentar de cabeça erguida quem o desrespeitasse e agissem com preconceito sobre a sua sexualidade, inclusive a nossa Avó que não aceitou e tenho minhas dúvidas se um dia irá aceitar esse fato sobre o meu irmão. Diferente dos nossos pais que o abraçaram e disseram que estava tudo bem, que o amariam independente se ele fosse levar para casa uma namorada ou um namorado.

E, diante a essa coragem que o meu irmão de 15 anos demonstrou ter, que está me fazendo repensar em minhas atitudes, pois o meu prazo para admissão nas Universidades está quase se esgotando e ainda não tomei uma decisão. E devo dizer que não apenas isso está me incomodando, pois de uns meses para cá, estou confuso também em relação aos meus sentimentos, por mais que eu tente me mostrar indiferente e me manter distante, afinal, sou um homem de quase 20 anos que está interessado em uma menina que acabou de completar 16 anos.

Júlia é linda e completamente perfeita com sua timidez, com sua pele negra e olhos verdes e lábios tão bem desenhados que me fazem desejar saber como é o sabor de sua boca na minha, mas não posso e nem devo fazer isso. A amizade dela com os meus irmãos fez com que eu começasse a prestar atenção nela mais do que deveria e isso me deixa muito frustrado, por ela ainda ser uma criança.

Por diversas vezes já observei seus lindos olhos cravados em mim e suas bochechas ficarem rubras, enquanto corria para ajudar Amélia – sua mãe – na cozinha. E, é nesses momentos que me sinto um babaca, pois saia da casa da minha Avó e pegava a primeira mulher que aparecesse na minha frente, apenas para me lembrar de que ela é uma criança, enquanto eu sou um homem com planos de ir para outra Cidade e ficar no mínimo cinco anos morando fora.

– Edgar, onde estão as chaves do seu carro? – Mason tenta tomar minha garrafa, mas a puxo de volta.

– Se liga Velhote, não é a primeira vez que dirijo bêbado e estou aqui, inteiro e gostoso, então... – Bebo todo o líquido da garrafa e coloco sobre o balcão. –... Desce outra que essa secou. – Ele nega com a cabeça e percebo que estamos sozinhos. – Que horas são?

– Hora de ir embora! Vamos! Eu vou te levar para casa. – Nego com a cabeça e me levanto, mas sinto o chão tremer embaixo dos meus pés.

– Opa! Parece que estamos tendo um terremoto. – Apoio no balcão e ele dá risada e vem me ajudar a apoiar meu corpo que está mais bêbado que o normal.

– Sinceramente não sei como o seu fígado ainda está funcionando, mas se continuar assim vai morrer de cirrose antes de fazer 30 anos. – Saímos do Bar e ele fecha a porta de metal, arrastando-me para o meu carro.

– Olha quem fala, pois se você não parar de fumar esse cigarro fedorento, vai ter enfisema pulmonar antes dos 40. – Dou risada, pois essa palavra é bem engraçada. Enfisema. Que estranho!

– Se você aparecer no meu Bar amanhã, Edgar, eu vou te expulsar chutando esse traseiro riquinho e mimado até a sua casa. – Ele nega com a cabeça e coloca o carro em movimento, depois de me colocar no banco do passageiro e assumir a direção.

– Eu vou para a casa da minha Avó. – Fecho os olhos e sinto tudo girar. – Se eu chegar à minha casa desse jeito é bem possível do meu pai me deserdar.

– Você ainda vai me causar problemas, Moleque.

– Relaxa Velhote! Logo faço 21 anos e você não vai mais poder reclamar.

– Mas para fazer 21, você tem que primeiro fazer 20 e ainda falta alguns meses, então tem um longo tempo sendo menor de idade para frequentar um Bar.

– Lei estúpida! – Ele dá risada, mas continua dirigindo sem falar nada. – Mason, você já se apaixonou?

– Que conversa é essa, Moleque? – Dou de ombros ainda de olhos fechados. – Por um acaso essa bebedeira de hoje é problemas do coração?

– Acho que estou apaixonado. – Dou risada, porque isso também é engraçado. – Acho que sou pedófilo, Mason.

– O quê? Que conversa estranha é essa, Edgar? – Mais uma vez dou de ombros, porque nem eu sei o que estou falando. – Como assim? Explica isso direito.

– Estou apaixonado por uma criança de 16 anos, mas ela não sabe disso e nunca me aproximei dela, então ainda sou inocente, não cometi nenhum crime. – Eu acho que ainda sou inocente, porque pensar, eu já pensei muito sobre isso.

– Eu acho que você está mais bêbado que o normal hoje e que depois de dormir, vai esquecer esse assunto sem sentido.

Não o contradigo, pois acho que só vou esquecer depois que eu for embora de Seattle. Ele não fala mais nada e assim continuamos em silêncio, até que sinto o carro parar, fazendo-me abrir os olhos.

– Vai com o meu carro, Mason, amanhã dou um jeito de buscar no seu Bar. – Ele nega com a cabeça e sai do carro, quando eu faço o mesmo.

– Irei de táxi, mas deixarei o carro aqui na porta, para não ter que abrir o portão a essa hora da madrugada. – Ele ativa o alarme e me entrega a chave. – Consegue entrar sozinho ou precisa de ajuda? – Nego com a cabeça e dou um tapinha em seu ombro.

– Está tudo bem, obrigado por ter me trazido, mesmo que não precisasse. – Ele assente e depois de se despedir, sai caminhando na direção do ponto de táxi que não fica longe, mas eu respiro fundo e me viro para abrir o portão, que não me ajuda em nada fazendo um barulho que não deveria a essa hora. – Merda de portão estúpido! Porra! – Tropeço e por pouco não caio de cara no chão e acabo dando risada. – Acho que estou ficando mesmo louco, o Mason tem razão, tenho que parar de beber.

– Edgar! – Acho que além de bêbado estou tendo alucinações só pode ser isso.

– Sabia que você é tão linda quanto à verdadeira? – Minha alucinação da Júlia me olha e se aproxima.

– Vem! Eu vou te ajudar a ir para o seu quarto. – Ela passa o meu braço por seu pescoço, abraçando-me e aspiro o perfume dos seus cabelos cacheados.

– E o seu cheiro é igual da real também. – Ela dá risada, mas me ajuda a entrar em casa e subir os degraus, bem devagar para não cairmos escada abaixo.

– Caramba! Você é pesado! – Dou risada e tapo a boca, pois não quero acordar os meus avós.

– Você que é delicada demais. – Ela nega com a cabeça e me ajuda a sentar na cama, enquanto chuto meus sapatos para longe. Tento tirar minha jaqueta, mas meus movimentos estão lentos e ela se aproxima, ajudando-me a tirá-la e vejo suas bochechas coradas. – Está tudo bem? – Ela se assusta quanto toco seu rosto e assente.

– Eu vou... É... Eu vou descer. – Mas antes que ela se afaste, seguro em sua mão, sentindo sua pele tão real que nem parece uma alucinação projetada por meu cérebro embriagado.

– Você poderia falar para a Júlia real me esperar?

– O quê? – Nego com a cabeça, pois estou muito bêbado e louco por falar com uma alucinação e me deito, fechando os olhos, mas sinto o cobertor sendo colocado sobre o meu corpo e um beijo depositado em meu rosto. – Não sei o que você está falando, mas seja o que for eu esperaria.

Suspiro e ouço apenas o silêncio depois disso, mas acho que essa é a alucinação mais real que eu poderia ter estando bêbado e pensando nisso acabo apagando.

(...)

Acordo sentindo minha cabeça pesada e percebo que estou no meu quarto na casa dos meus avós e franzo o cenho, levando a mão em minhas têmporas, pensando que vou ficar até minha próxima encarnação sem colocar álcool na boca. Lembro-me vagamente do meu sonho maluco, mas então vejo que a minha jaqueta está dobrada sobre o recamier e tenho certeza que não foi eu quem a dobrou.

Levanto-me e caminho na direção do banheiro para voltar a ser humano novamente e depois de um longo banho e escovar os dentes, tirando o gosto amargo daquela cerveja ruim da boca, me visto e saio do quarto, encontrando meu avô tomando uma xícara de café.

– Bom dia, Vovô! – Ele sorri e nega com a cabeça.

– Boa tarde, você quer dizer não é, meu neto? – Franzo o cenho, pois não faço ideia que horas são. – É mais de 13h00, Edgar. – Arregalo os olhos e me sento na cadeira.

– Merda! Meu pai vai encher o meu saco de novo. – Ele faz uma carranca por ouvir o palavrão e dou de ombros. – Desculpe-me, mas onde está a Vovó?

– Está na cozinha. – Assinto e ele fica me olhando, igual o meu pai faz e é impossível negar o quanto Ezequiel Johnson e meu pai são parecidos, os olhos azuis, a imponência do olhar, os traços do rosto, absolutamente tudo, com exceção agora que meu avô tem os cabelos bem grisalhos e meu pai, castanhos escuros como os meus e dos meus irmãos. – Acabamos de almoçar, não está com fome? – Nego com a cabeça e me levanto.

– Eu quero apenas um café amargo para acordar de vez, depois eu peço para a Amélia fazer alguma coisa, pois não irei embora agora. – Ele me olha e franze o cenho.

– Amélia não trabalha mais conosco, meu filho. – Congelo no lugar e fico sem entender, pois ontem eu vi a Júlia aqui.

– Como assim? Onde está a Amélia?

– Pediu demissão e foi embora. – Olho para trás, ouvindo a resposta da minha Avó e fico confuso.

– Por quê? – Minha avó faz uma cara desgostosa, como sempre.

– Você deve saber o que aconteceu, afinal, você não levou aquela mocinha para o seu quarto?

– O quê? Do que a Senhora está falando, Vó?

– Amélia disse que você seduziu a filha dela, mas que estava disposta a se calar por uma boa quantia em dinheiro e foi o que fiz. Dei um cheque generoso para ela, paguei todos os seus direitos e ela foi embora com a filha, em troca não falaria nada que aconteceu ontem. – Sinto o sangue fugir do meu rosto e um dor no estômago, como se eu tivesse levado um soco.

– Mas... Não entendo. – Continuo confuso, então ontem... Não foi uma alucinação? Mas... Não aconteceu nada disso, penso comigo mesmo.

– Esqueça isso, meu neto, estamos livres de futuros problemas, então não se preocupe. Você tem apenas que se preocupar em deixar essa rebeldia de lado, pois já passou da hora de ser responsável, você tem um futuro brilhante pela frente e não procurar problemas como o que conseguimos evitar com aquela menina. – Assinto, mesmo não acreditando que isso está acontecendo e decido ir embora, saindo da sala de jantar. – Aonde você vai Edgar?

– Eu vou para casa, preciso falar com o meu pai.

Não espero resposta e subo correndo para o meu quarto, pegando minha jaqueta e a chave do carro e saio sem falar com ninguém, fazendo o trajeto até em casa no piloto automático. E, mesmo que eu não queira os acontecimentos de ontem repassam em minha cabeça e não me lembro de ter feito nada do que fui acusado.

Eu estava bêbado? Muito! Mas eu pensei que estava alucinando com a Júlia, por causa dos desejos do meu coração que foi se apaixonar por quem não poderia ter, pois ela ainda é uma criança, mas eu jamais faria algo contra a vontade dela ou de qualquer outra mulher que me envolvi, mas... Droga! Sinto algo estranho dentro de mim se quebrar e acho que ainda estou embriagado para amplificar esses sentimentos dessa forma, mas minha avó está certa em um detalhe.

Chega de agir como o rebelde que estou sendo, sem motivos para isso. Eu tenho 19 anos e preciso começar a ser responsável, pois dessa forma, nunca mais serei acusado de seduzir alguém por estar bêbado e não ter controle das minhas ações, por essa razão, eu estaciono o carro de qualquer jeito e entro em casa num rompante, assustando minha mãe e meus irmãos que estão na sala de estar.

– Filho, aconteceu alguma coisa? – Olho para minha mãe, tão linda e delicada, com sua pele de porcelana, olhos verdes, cabelos castanhos claros e levemente cacheados, assim como os meus e de Eloise.

– Onde está o Papai? – Ela se aproxima e me olha atentamente.

– Está no Escritório atendendo uma ligação do Estaleiro. – Eu assinto e me viro para ir até o local. – Filho, o que aconteceu? – Nego com a cabeça e continuo andando e abro a porta, recebendo a atenção do meu pai, que não está mais em sua ligação.

– Pai, eu... – Suspiro e me sento a sua frente, sem saber o que falar.

– Algum problema, filho?

Levanto o olhar e vejo a preocupação em seus olhos azuis e me dou conta do quanto fui injusto com o meu pai, pois ele sempre foi um excelente pai e se não fosse por meu gênio de cão, as implicâncias, o sarcasmo desmedido e a confusão da minha cabeça, não haveria necessidade de tantas brigas e discussões sem sentido.

– Desculpe-me! – Ele se espanta e se levanta, tocando o meu ombro.

– Edgar você está me assustando. Qual é o problema? – Nego com a cabeça e me levanto.

– O problema sou eu, mas prometo que deixarei de ser. – Ele fica confuso e nego novamente com a cabeça. – Eu... Eu fui aceito em Harvard e decidi que vou fazer Engenharia Naval e farei de tudo para que o Senhor possa se orgulhar de mim. – Ele analisa minhas palavras e me abraça, onde fecho os olhos sentindo o conforto dos seus braços.

– Independente das suas escolhas filho, eu sempre irei me orgulhar de você e se fui intransigente, foi para o seu bem, porque eu te amo e não quero que você se perca no mundo.

Eu sei! Respondo em pensamento e prometo a mim mesmo que não serei mais um moleque como vinha sendo e mesmo que eu não entenda o que estou sentindo exatamente sobre o que minha Avó disse, não quero nunca mais me apaixonar.

Não quero sentir essa sensação estranha que está esmagando meu peito e causando incômodo em meu estômago, pois agora só estudarei e cuidarei do meu futuro e do legado de nossa família.

Eu só não fazia ideia que por escolhas precipitadas, atitudes e decisões erradas também seriam tomadas alguns anos depois.

Ah, Senhor Sarcástico, você ganhou meu coração 🥰🥰! Agora está explicado porque os seus irmãos sempre disseram que você é um ótimo irmão mais velho 🥰🥰!

Será que só eu fiquei com ranço da Vovó Eleanor Johnson 😡😡? Preconceituosa e ainda quebrou o coração de dois jovens por contar uma mentira 😡😡!

Mas como nem tudo é negativo, pelo menos fez com que Edgar percebesse que ser rebelde não o levaria a nada, mas o destino vai encarregar de colocar tudo em seu devido lugar 😏😏!

E, no próximo capítulo saberemos a versão dele vivida com a Débora e o conteúdo misterioso do tal envelope, motivo para causar tantas confusões e alterações de ânimos 😏😏!

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