Consequências
Eu estava tão abalado, que não percebi que Kakashi fora atingido na troca de tiros. Ele se manteve mais afastado da gente, porque temia que descobrissem o esconderijo. Se nós três caíssemos, alguém precisaria proteger as meninas. Mas, quando ouviu o primeiro tiro disparar, ele resolveu agir em nosso favor. Sendo baleado de raspão no processo. Kakashi garantiu que estava tudo bem com ele e que não precisávamos nos preocupar. Portanto, continuou com o trabalho, ajudando Sakura e Rin a manter Hinata estável. Eu não estava em condições de raciocinar. Era como se tivesse sido desligado do mundo real. Ou, mais precisamente, estava em estado de choque. Ouvia vozes distantes e não fazia questão de assimilar o que diziam. Ainda assim compreendi um terço da conversa.
— Eu devia meter uma bala na sua cabeça. — Sasuke ameaçou.
Toneri apenas riu. Algemado.
— Pensa que eu vou ficar preso? Daqui dois dias estou livre de novo, sou inocente. — ironizou. — Talvez seria melhor se fizesse o que deseja. Só que você é certinho demais, eu sei.
— Se eu te matar agora, estará tudo resolvido. — Sasuke revidou.
— Você não tem culhões para isso. — desdenhou.
Rin tentava manter Hinata viva, enquanto a ambulância chegava. Seria arriscado movê-la de carro sem os equipamentos necessários. Isso eu ouvi. Acompanhava o diálogo em silêncio, as mãos na cabeça, em um estado de torpor. Nada mais me importava, a polícia, Toneri, Interpol. Eu queria que todos se ferrassem, sem Hinata nada mais me importava. Sasuke e Obito não sabiam o que fazer com Toneri, não tínhamos o nome do traidor. De modo que, se o entregássemos, havia um sério risco de Toneri ser solto ou inocentado pela polícia. Como ele mesmo mencionou. Ou seja, estávamos de mãos atadas até saber quem de fato estava do nosso lado. Só podíamos confiar em nós mesmos por hora. Não que eu me importasse com ele. Por mim eu metia uma bala na cabeça do Toneri e ponto, assim como Sasuke sugeriu. Só que minha vontade não era somente blefar, eu o faria.
Levantei num ímpeto, saquei a arma que estava no sofá, apontando para a cabeça daquele desgraçado. Eu acabaria com aquilo de uma vez por todas.
— Naruto, você não é um assassino. Se fizer isso estará em pé de igualdade com esse monstro. — Obito se posicionou. — Seus pais não iriam querer, Hinata também não.
— Engraçado, meus pais não estão mais aqui para opinar. E talvez Hinata não esteja quando tudo isso acabar, então... — a frase morreu, engatilhei a arma.
— Naruto — foi a vez de Sasuke me chamar —, pensa no que Hinata te pediu, independente de qualquer coisa. Ela não queria isso. — frisou, tocando minha mão ainda apontando a arma para Toneri.
— Deixa o garoto, poxa. — Toneri jogou, me olhando com escárnio. — Atirei na namoradinha dele, nada mais justo que Naruto atire em mim. Não é assim que as coisas funcionam? Olho por olho, dente por dente. — aquilo me deu um impulso a mais e eu encostei o cano da arma na testa do Toneri.
— Isso mesmo, seu desgraçado. Assim nos encontraremos no inferno. — eu sorri ensandecido. Minhas vistas ainda turvas e minha mão trêmula de ódio.
— Naruto, por favor... — Shion levantou cambaleante e veio até mim. — Não faça isso, me desculpe. — pediu como se a culpa realmente fosse dela.
— Shion, não se meta. Você não tem culpa, o culpado sou eu por te deixar desprotegida e esconder quem eu sou. — expliquei, sem vacilar na minha decisão. Mas afastando a arma do Toneri por um instante — Em breve estará livre de mim e desse desgraçado, não se preocupe.
— Não faça isso! — exclamou nervosa. — Você não é assim, é um homem bom. Pensa no que Hinata sentiria te vendo ir para a cadeia por causa desse infeliz. — tentou me puxar à razão. — Sei que a ama, não estamos mais juntos, mas faça por mim também.
— É como eu disse, Hinata está entre a vida e a morte. Graças a esse... — balancei a cabeça. — Você é uma boa garota, Shion. Viva sua vida e me desculpe por fazer parte dela.
— Hinata está reagindo! — Sakura gritou, eu vacilei. A ambulância está a caminho, vai dar certo, vamos salvá-la.
Me senti desfalecer, Shion me amparou.
— Está vendo, deixe ele nas mãos da justiça.
— Só que a justiça é falha, nem podemos entregá-lo com garantias de que ficará preso... — rebati, movido por um impulso assassino e num surto de adrenalina, atirei.
Um ano depois...
Tudo na vida têm consequências, eu sabia que, ao apertar o gatilho daquela arma. Minha vida mudaria, eu me igualaria ao homem que matou meus pais e quase tirou o amor da minha vida de mim. Quase, pois alguém lá em cima me deu uma segunda chance. Nunca fui religioso, mas, quando a bala se moveu como que por milagre, acertando o peito de Toneri não a cabeça. Percebi que Deus estava olhando por mim. Vejam bem, nunca errei um tiro e mirei na cabeça, meu foco era explodir seus miolos. Mirei para matar. Só que o destino não quis assim e não me tornei um assassino. Apesar de naquele momento eu desejar isso, eu quis matar Toneri com todas as minhas forças.
Hinata, graças a Deus resistiu, após um longo período de recuperação finalmente saiu do hospital. Toneri, depois de ser tratado, acabou detido. O espião que nos entregou foi preso e, com as provas que Sasuke reuniu, aquele bandido não pôde escapar dessa vez. Muitas coisas mudaram, Sasuke agora comanda a força policial do Japão e com isso armou uma armadilha para descobrir quem era corrupto e quem não. Deu certo. Bom, nem tudo. Como eu disse, minhas atitudes tiveram consequências. Eu fui indiciado pelo meu erro e minha tentativa de assassinato. Fui julgado e condenado, talvez com brandura por ser meu primeiro delito. Pelo meu cargo de investigador, por alguns outros detalhes, resumindo, recebi uma pena razoável. Um ano de prisão, na verdade, eu poderia ter me safado completamente com uma ajudinha do Sasuke. Contudo, eu não quis, se ele passasse pano para mim, se corromperia. Era o indício de um novo tempo para ele assumindo a força policial e eu cometi um erro. Devia pagar por ele.
Infelizmente, quando Hinata acordou, eu estava no processo de julgamento e ela entendeu que não cumpri seu pedido. Eu tentei me vingar, se o tiro acertasse o local que eu mirei, Toneri estaria morto e eu seria de fato um assassino. Então a perdi, mais uma vez. Ela veio me visitar antes de eu ser transferido para a prisão e nossa conversa não foi animadora. Hinata sabiamente decidiu que não queria um cara como eu, que age passionalmente por amor. Aceitei, não havia nada que eu pudesse fazer, pedir que me esperasse? Que frequentasse aquele lugar por minha causa? Não, eu deveria arcar com as consequências da minha decisão. Mesmo que significasse perdê-la para sempre no processo.
Hoje é o dia da minha soltura, não sei quem está me esperando lá fora. Possivelmente Sasuke, Kakashi, Obito e Rin, os que não me abandonaram e não me julgaram pelo meu deslize. Shion seguiu sua vida, após um período traumático, chegou a me visitar antes da transferência oficial e nunca mais nos vimos. Hinata, pelo que soube, está feliz com a família, conheceu os primos e eu me sinto mais tranquilo em perceber que, de uma forma ou de outra, tudo deu certo para ela no final. Enquanto eu, bem, não tenho grandes planos. Não voltarei para a polícia, agora eu sou um ex-condenado, Toneri está preso. Não há nada que me motive a continuar. Vou sair de cena, permitir que Hinata seja feliz, ela nunca foi para mim. Se eu entendesse isso desde o princípio, talvez sofreria menos. Não era o caso. Saber que a perdi ainda doía, a única coisa que me mantinha vivo e respirando era saber que ela estava viva e feliz com sua família. Sem a sombra de Toneri para estragar sua felicidade e segurança. Ficar sem Hinata era como estar no inferno ou no purgatório, minha força vital estava na segurança da mulher que eu amava. Era o mais importante para mim. Ainda que eu não mais a tivesse em meus braços.
De modo que foi uma surpresa, uma grata surpresa, vê-la me esperando na saída do presídio. Linda como sempre, Obito, Sasuke, Rin e Kakashi estavam mais atrás. Como se soubessem que ela e eu precisaríamos de um tempo só nosso. Depois de um ano longe, vê-la era desconcertante. Senti minhas pernas cederem, mas me mantive firme. Mesmo quando Hinata veio até mim, sorrindo radiante. Me abraçando apertado em seguida.
— Senti sua falta, Naruto.
— Eu também senti — respondi, afundando o rosto no vão do seu pescoço e aspirando seu perfume adocicado. — Eu também senti.
___
Gente, eu ia matar a Hinata hahaha mas não consegui, sou uma covarde.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro