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Capítulo 02


As enfermeiras se entreolharam, com incerteza nos olhos.

— Eu sou o noivo de Grazyella. Por favor, me responda! — A mais velha assentiu.

— Precisamos ir, senhor. Com licença! — A outra falou e antes que Leone pudesse dizer mais, as duas mulheres se foram.

Ele olhou para o chão e um novo sentimento surgiu em seu peito.

"Alessa Giacalone... Se você estava realmente bêbada, eu vou te matar, porra!"

Ele não conseguia acreditar, porque Alessa, Ale, era a amiga preciosa de Grazi e, no final, ela não passava de uma bêbada irresponsável que fez com que o amor da vida dele agora estivesse descansando em uma pedra fria.

Leone voltou para a sacada e perguntou sobre o quarto de Alessa. Ele informou que os pais dela estavam mortos e ela não tinha parentes, mas ele não queria que os outros soubessem sobre sua preocupação com ela. Ele disse que era uma gentileza que ele faria em memória à noiva, que tinha falecido. Ele ofereceu à recepcionista algumas notas de dólar junto com seu número, para mostrar o quanto aquilo era importante. A mulher aceitou.

Ao se aproximar do quarto, ele teve que se esconder atrás da máquina de café, porque Iride e Egidio estavam saindo e Leone não queria que o vissem ali. Depois que eles foram embora, ele entrou.

O quarto estava escuro e ele se aproximou da cama, cautelosamente. Era a primeira vez que ele olharia para a mulher. Ele queria olhar para o rosto dela.

Ale estava dormindo, seu corpo estava todo ferido e, pela primeira vez na vida, Leone se alegrou com esse tipo de visão.

"Você merece isso e muito mais, sua vagabunda!", seus lábios tremiam de raiva. Ele levantou as mãos, pronto para estrangulá-la, mas parou seus movimentos e engoliu em seco. "Não... Você merece pagar. E vai pagar. Vou fazer você se arrepender de ter nascido!"

Ele saiu do quarto e começou a tramar um plano para arruinar a vida de Alessa. Ele queria que ela sofresse.

— Vou dar felicidade a ela e depois tirar tudo, assim como ela fez com Grazi e comigo! — Ele já estava dentro do carro e deu um soco no volante.

Leone não percebeu, mas alguém que ele conhecia o viu sair e, quando o carro pegou a estrada, a pessoa se aproximou da enfermeira.

— Aqui está seu pagamento. Agora, é melhor você sumir por um tempo.

Três dias depois, Ale acordou e ao ouvir a notícia sobre a morte de Grazi, ela chorou muito.

— Sinto muito que não poderemos ajudá-la, querida. — Iride disse e Ale olhou para ela com os olhos vermelhos. — Egidio e eu vamos viajar. Simplesmente não aguentamos ficar naquela casa, sem nossa menina. Licia vai ficar aqui, já que ela quer estudar, na mesma universidade que a irmã. Para se conectar, sabe? Então, ela vai ficar para trás por enquanto.

— Oh...— Ale disse e engoliu em seco. Licia e Grazi não eram muito próximas, já que a mais nova era bem maldosa, mesmo que Grazi sempre a tratasse como um tesouro. — Estou feliz que ela vá estudar. Grazi... Grazi sempre pedia isso a ela.

— Sim. — Egidio respondeu. Ele era um homem de poucas palavras. — Eu sei que não é muito, mas, estaremos a um telefonema de distância, se você precisar de nós.

Ale sorriu fracamente.

— Obrigada. E, eu sinto muito. Eu...

— Shh...— Iride e Egidio a abraçaram. Desde que ela soube do acidente e da morte de Grazi, ela repetia que ela era a culpada. — Não foi sua culpa, querida. Não se preocupe.

Mais tarde, ao saber da notícia da saída dos Rescigno, Leone decidiu ligar para Egidio para marcar um encontro.

— Claro, filho. Você pode vir jantar conosco. — O homem respondeu.

— Obrigado! — Leone desligou e respirou fundo. Ele tentou ficar longe deles, principalmente porque os pais de Grazi sempre elogiavam Ale e isso era inaceitável para ele.

"Vou contar a eles o que ouvi sobre aquela vadia!", decidiu e, na hora do jantar, estava na frente da casa onde Grazi morou.

— Leo! — Licia atendeu a porta. Ela estava toda arrumada, mas Leone não pareceu notar. Por mais que as irmãs fossem parecidas, Licia não tinha o mesmo brilho que Grazi. E para Leone, ela era quase invisível, o que irritava Licia profundamente.

— Licia. — Ele a cumprimentou com um tom gelado, embora não fosse sua intenção.

— Papai está esperando por você. Venha! — Ela disse e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

De novo, Leone não viu. Ele apenas assentiu e entrou na mansão, indo para a sala de estar, onde Egidio o esperava.

Pelo rosto de Leone, Egidio sabia que algo importante devia ter acontecido.

— Podemos ir para o escritório, senhor? — Leone perguntou e Egidio assentiu.

Uma vez lá dentro, Egidio fez sinal para Leone se sentar.

— Estou preocupado. — Egidio disse e Leone suspirou.

— Estou aqui para falar sobre essa Alessa Giacalone, senhor.

Depois de ouvir o que Leone tinha a lhe dizer, Egidio levou alguns segundos olhando para o homem de cabelos loiro escuro na sua frente.

— Espere um minuto. Deve ser um engano...

— Eu queria que fosse, senhor. Mas... eu confirmei com as enfermeiras. Elas estavam falando sobre Grazi e aquela mulher.

Egidio balançou a cabeça.

— Leone, Ale não bebe. Ela realmente odeia o cheiro do álcool. Então, duvido que ela estivesse bêbada e tenha causado o acidente. As enfermeiras devem ter entendido mal as coisas.

— Senhor, por favor. Eu nunca viria aqui se não tivesse certeza sobre isso. — Leone insistiu e viu como Egidio parecia perturbado. — Sinto muito, mas... eu sei como o senhor e a Sra. Iride se importam com ela. E é muito errado, vocês dois usarem sua força para apoiar o culpado pela morte de Grazi!

Egidio engoliu em seco e desviou o olhar, então fechou os olhos.

— Vou pedir uma investigação mais aprofundada sobre isso. E... Já que eu era o contato de emergência de Ale, vou pedir um exame de sangue dela. — Ele disse e olhou Leone nos olhos. — Acredito que você esteja errado, filho. Conheço essa garota quase a vida inteira e sei que tipo de pessoa ela é. Além disso, os médicos teriam me dito se minha filha morresse por estar em um carro com um motorista bêbado!

— Talvez ele não quisesse lhe causar mais dor, senhor. Mas eu não concordo com isso. — Leone disse e suspirou profundamente.

Licia estava ouvindo o que eles estavam falando. Sua expressão escureceu.

— E o papai insiste em não acreditar. Aquela vagabunda!— Ela saiu furiosa do corredor quando ouviu os dois homens se aproximando da porta.

— Vamos para o hospital agora mesmo. Vou falar com o médico e saberemos a verdade, Leone. Mas eu acredito na inocência de Ale.

— Espero que esteja certo, senhor. — Leone disse, mas no fundo, ele sabia que estava mentindo. Se não era culpa dela, então, como ele iria colocar sua raiva para fora? O problema era que ele não percebeu seus próprios sentimentos no momento.

— Aonde você está indo? — Licia perguntou, do sofá.

— Voltaremos em breve. Quando sua mãe chegar em casa, diga a ela para nos esperar.

— Mas...

— Obedeça, Licia! Por favor! — Egidio pediu e Licia engoliu o impulso de lhe dar uma resposta rude. Não, Leone estava lá e ela nunca lhe daria motivos para vê-la de forma ruim.

— Tudo bem. — Ela respondeu em vez disso, em voz baixa e de cabeça baixa.

No hospital, eles esperaram pelo médico, que ficou muito confuso com o pedido.

— Vou dar uma olhada nos arquivos dela, mas não me lembro de dizer em nenhum lugar que ela estava bêbada, Sr. Rescigno. — O médico disse. — Na verdade, estou curioso para saber por que você está questionando isso agora.

— Por favor. Eu só... eu só quero ter paz de espírito. — Egidio respondeu e o médico decidiu ceder. O homem tinha acabado de perder a filha e, pelo que ele aprendeu sobre aquela família, eles se importavam muito com a Srta. Giacalone.

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