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Por alguns segundos, Joseph pôde ver uma garota loira atravessando a rua e teve a sensação de que era Lory, seu coração saltando por um instante antes de voltar à realidade. Suspirou e retomou a saborear seu sorvete, enquanto Jack e Frost discutiam animadamente sobre algo à frente. Os passos dos dois ficaram mais lentos e, sem nem perceber, acabaram se aproximando de Joseph, seus rostos exibindo sorrisos brincalhões e curiosos.
— Joseph, vamos ao campo de girassóis? — perguntaram quase em uníssono, como crianças ansiosas implorando por uma aventura.
Joseph olhou para o campo distante, onde os girassóis pareciam dançar sob a brisa suave da tarde. Aquele lugar sempre o transportava para um passado cheio de lembranças calorosas e saudosas.
— Claro, por que não? — respondeu finalmente, deixando um sorriso suave surgir em seus lábios. Ir ao campo de girassóis com Jack, Frost e Augusto seria uma boa distração da confusão de sentimentos que ele enfrentava.
Sem muita contradição, seguiram na direção de uma pequena loja onde alugavam bicicletas. Augusto, que tinha estado mais silencioso, parecia contemplativo enquanto observava os outros. Assim que pegaram suas bicicletas, começaram a pedalar pela estrada tranquila em direção ao campo, deixando para trás a agitação da cidade e mergulhando na serenidade do campo aberto.
O vento fresco batendo em seus rostos trazia uma mistura de adrenalina e vontade de acelerar ainda mais. Joseph, Augusto, Jack e Frost se entreolharam com sorrisos cúmplices, concordando silenciosamente que uma pequena corrida não faria mal.
Joseph iniciou uma pedalada vigorosa, deixando Jack, Frost e Augusto para trás em poucos instantes. Seus olhos se fecharam brevemente para sentir o vento cortando o ar enquanto acelerava. O céu começava a ficar nublado, mas não havia sinal imediato de chuva. Seus cachos rebeldes balançavam com o vento, e ao adentrar a estrada que cruzava o campo de girassóis, Joseph manteve a velocidade, mas também quis absorver a beleza do lugar e a sensação reconfortante do vento.
Contrariando suas expectativas, não vieram as memórias esperadas. Ele aguardava que flashes de momentos passados surgissem, tanto os doces quanto os melancólicos. Descendo da bicicleta, Joseph a encostou em uma árvore próxima ao campo, observando Augusto chegar seguido por Frost e Jack alguns passos atrás.
Um sorriso inocente de tranquilidade desenhou-se em seu rosto. Era um daqueles raros momentos em que tudo parecia estar em harmonia. O dia realmente estava se mostrando especial, ou talvez fosse seu humor que finalmente estava melhorando. Joseph não queria que essa sensação de paz fugisse de seu peito tão cedo.
— Joseph — falou Frost, arfando enquanto colocava a bicicleta ao lado da de Joseph. — Você... corre... muito. — Continuou, logo se sentando perto da árvore ao lado de Joseph, ainda tentando recuperar o fôlego.
Jack, que tinha chegado logo atrás, fez o mesmo. Sentou-se no chão e tirou do bolso algumas balas de hortelã. Ele tinha uma mania estranha de comer balas quando estava entediado, e aquele parecia ser um daqueles momentos.
— Joseph, você parece mais animado hoje — mencionou Jack, com um tom de curiosidade, enquanto desembrulhava uma bala e guardava a embalagem no bolso de sua jaqueta jeans. Seus olhos observavam Joseph com um misto de preocupação e esperança, notando a mudança no amigo.
Joseph, ainda ofegante, lançou um olhar para Jack, depois para Frost , Augusto, e finalmente para o vasto campo de girassóis que se estendia diante deles. Os girassóis estavam começando a desabrochar, e a vista era de tirar o fôlego. Ele sentiu uma onda de nostalgia e alívio ao mesmo tempo, como se o peso dos últimos dias estivesse começando a se dissipar.
— É, acho que sim — respondeu Joseph, com um sorriso que revelava mais do que suas palavras. — Hoje me sinto diferente, mais leve. Talvez seja o campo, ou a companhia de vocês. — Ele deu uma risadinha, um som que seus amigos não ouviam há algum tempo.
Joseph observou a bala de hortelã na mão de Jack, sentindo o aroma fresco e mentolado que ela exalava. Seus olhos então se voltaram para o campo de girassóis à sua frente novamente, um vasto tapete dourado que se estendia até onde a vista alcançava. Alguns dos girassóis já estavam começando a abrir, exibindo suas pétalas brilhantes ao mundo. Ele imaginou o campo em plena floração, um mar de flores amarelas balançando suavemente ao vento.
Concordando com a cabeça, Joseph percebeu que realmente se sentia diferente. Não era errado sentir-se assim, com essa nova onda de confiança e esperança. Parecia que agora ele poderia conquistar qualquer coisa que desejasse. Talvez fosse um pensamento precipitado, mas no momento, ele não se importava. Havia algo revigorante na ideia de explorar novas possibilidades e desafiar seus próprios limites.
Ele queria sentir a adrenalina de pular de bungee jump de um penhasco, a emoção vertiginosa de se lançar no desconhecido. Queria experimentar a sensação do vento forte batendo em seu rosto, semelhante àquela que sentia quando pedalava a toda velocidade, deixando tudo para trás. Havia uma liberdade na velocidade, uma fuga temporária de todas as preocupações.
Joseph não era exatamente um amante de esportes, mas era viciado na sensação de liberdade e adrenalina que eles proporcionavam. A emoção de correr em alta velocidade, o vento cortando seu rosto, o coração batendo acelerado – essas eram as coisas que ele adorava. Seus olhos se voltaram para o céu nublado, onde apenas alguns pequenos resquícios de azul da manhã ainda resistiam. As nuvens densas e cinzentas criavam um contraste interessante com a leveza que ele sentia por dentro. Seu cabelo cacheado, agora bagunçado pelo vento, estava de uma forma um pouco fofa, adicionando um toque de desordem charmosa à sua aparência.
Enquanto Joseph e seus amigos conversavam e riam, Augusto permanecia calado desde a chegada ao campo, na verdade, desde que saíram da lanchonete. Seus olhos nebulosos pareciam querer dizer muitas coisas, carregando um peso invisível. Augusto observava a alegria de seus amigos e, especialmente, de Joseph, com um olhar contemplativo. Era como se ele estivesse preso em seus próprios pensamentos, lutando para encontrar as palavras certas ou o momento certo para se expressar.
— Eu gosto disso — falou Joseph, chamando a atenção de Augusto, que tinha um ponto de interrogação no rosto ao ser retirado de seus conflitos internos.
— Gosta do que exatamente? — perguntou Augusto de forma calorosa, finalmente quebrando seu longo silêncio.
— Gosto de me sentir como estou me sentindo hoje. Gosto de experimentar essa sensação de que sou capaz de qualquer coisa, desde que coloque meu coração e minha mente nisso — respondeu Joseph, sua voz carregada de uma profundidade recém-descoberta.
Augusto olhou para ele com uma suavidade nos olhos, sua voz gentil, mas com um tom sério que traía um sentimento mais profundo do que ele próprio percebia. — Isso é ótimo, Joseph. Você merece sentir isso todos os dias.
🌻
— Mãe, cheguei!
A cabeça da mãe de Joseph apareceu no corredor que levava à cozinha, com o rosto franzido de preocupação. Joseph não costumava sair muito, e raramente chegava tarde. Agora, eram exatamente oito da noite, e ela estranhou ao voltar para casa e não encontrar seu filho.
— Onde você esteve? — perguntou, não em tom de repreensão, mas de curiosidade. — Estranhei quando cheguei e você não estava aqui.
— Saí com Jack, Frost e Augusto — respondeu Joseph, explicando com uma certa apreensão, como se tivesse feito algo errado. Sua mãe era doce, mas Joseph sabia que deixá-la brava seria algo preocupante.
O rosto da mãe de Joseph se iluminou com um sorriso. Ela estava um pouco preocupada com o desânimo do filho, mas vendo-o bem, sua preocupação se dissipou. Ela sabia que Joseph era responsável e um péssimo mentiroso, então confiava nele.
— Não se preocupe — falou com um sorriso, enquanto voltava a terminar o jantar. — Desde que você tenha se divertido, para mim está tudo bem — continuou, já dentro da cozinha.
Joseph relaxou, seu rosto deixando de ser preocupado para formar um sorriso que agora, provavelmente, seria visto com mais frequência.
Ele seguiu sua mãe até a cozinha, sentindo-se grato pela compreensão dela. O aroma delicioso do jantar enchia o ar, criando uma atmosfera acolhedora. Ele se sentou à mesa, observando sua mãe enquanto ela mexia nas panelas.
— O que temos para o jantar? — perguntou Joseph, tentando manter a conversa leve.
— Lasanha, sua favorita — respondeu sua mãe, piscando para ele.
— Parece ótimo. Acho que estou com mais fome do que pensei — disse ele, rindo um pouco.
Enquanto esperavam a lasanha terminar de assar, Joseph contou à sua mãe sobre o passeio no campo de girassóis, omitindo alguns detalhes mais pessoais. Ele falou sobre a corrida de bicicletas e como foi bom passar um tempo com os amigos.
— Fico feliz que tenha se divertido, Joseph. Você merece momentos assim — disse ela, sentando-se ao lado dele. — Às vezes, precisamos nos afastar um pouco das preocupações e apenas aproveitar o momento.
Joseph concordou, sentindo uma onda de alívio. Ele sabia que ainda havia muito a resolver em sua vida, especialmente com relação a Mallory, mas, por enquanto, estava contente em simplesmente estar ali, com sua mãe, compartilhando um momento de tranquilidade.
O timer do forno finalmente soou, e sua mãe levantou-se para tirar a lasanha do forno. O cheiro maravilhoso inundou a cozinha, fazendo Joseph perceber o quanto estava realmente faminto. Ela colocou a travessa fumegante na mesa e serviu duas generosas porções.
— Aqui está, espero que goste — disse ela, sorrindo enquanto entregava o prato a Joseph.
— Com certeza vou gostar. Obrigado, mãe — respondeu ele, pegando o garfo e dando a primeira mordida.
Eles comeram em silêncio por um momento, apreciando a refeição e a companhia um do outro. Para Joseph, essa era a definição de um lar: um lugar onde ele podia ser ele mesmo, onde era amado e compreendido.
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