18 - Angel, a Estranha
Mona viu seu irmão sorrindo para seus dois amigos idiotas, dos quais ela nem lembrava o nome. Ele, ao que parecia, já tinha tudo preparado para o "show". Percebeu que a todo o momento ele buscava por alguém em meio às várias pessoas no salão. Provavelmente estava procurando pela Angel, mas ela ainda não tinha saído da sacada por onde tinha sumido, já há algum tempo, com o príncipe.
Do outro lado do salão avistou seu pai, conversando com várias figuras importantes que estavam presentes na festa. Parecia muito satisfeito com os contatos que fazia. George Lancaster estava ao seu lado, ainda parecendo furioso com a cena provocada pela neta. Seus olhos também vasculhavam o salão, certamente procurava a mesma pessoa que Ren. E para o mesmo objetivo, acabar com ela. Mona sorriu, seria melhor para aquela garota aproveitar bem seus amassos com o príncipe Alexis, pois seriam os últimos, a julgar pelas expressões de George Lancaster, do Rei Hamad e dos planos de Ren.
― O que causou esse sorriso tão lindo em minha adorável acompanhante?
A garota olhou para o belo e elegante rapaz loiro ao seu lado, ampliando seu elogiado sorriso.
― Ora, apenas estou satisfeita com a festa. Não acha que está maravilhosa?
― Desculpe, mas até agora a única coisa maravilhosa aqui tem sido a sua companhia, minha cara. Ver Angel se expondo na pista de dança com o príncipe e envergonhando nossa família dessa forma, certamente tirou o brilho do evento. Espero que pelo menos ela tenha a decência de não voltar de onde quer que tenha ido se enfiar com o príncipe Alexis.
Mona quase mordeu a língua para evitar gritar em protesto ao comentário de Leonard. Seria muito decepcionante se Angel realmente não voltasse para o salão.
Franzindo o cenho, olhou para a sacada novamente, mas não viu nada que indicasse a presença dos dois. Contudo, a cena que acabou por presenciar, fez um indesejável mal estar tomar seu estômago. Choi estava abraçado a garota que o havia convidado, com o rosto próximo ao dela, falando coisas que a fazia dar gargalhadas. A garota jogava a cabeça para trás, deixando o pescoço e boa parte do decote ousado, exposto de forma sedutora, às vistas do rapaz. Ainda que tentasse Mona, não foi capaz de desviar o olhar, nem mesmo quando os olhos dele encontraram os seus. Para provocá-la, não havia dúvidas quanto as intenções dele, pois os olhos castanhos continuaram nos seus, ele baixou a cabeça e beijou a pele dourada da base do pescoço feminino ao seu alcance. A garota morena, sem deixar passar a oportunidade, o enlaçou pelo pescoço e o beijou na boca. Ele não se afastou.
Sentindo-se zonza, Mona pediu licença a Leonard e procurou um lugar onde não fosse capaz de assistir aquela cena. Era revoltante admitir que ver Choi com outra garota a deixava mal. E o pior, ele sabia disso.
Quando entrou na Alpha, o primeiro a conversar com ela havia sido ele. Nas primeiras semanas, somente Choi tinha se aproximado dela, pois ali eram comuns os grupos fechados nos quais novatos não eram bem vindos, e por ela ter estudado a vida toda em uma escola feminina, não conhecia ninguém além do irmão, que não era exatamente o melhor cartão de apresentação. Por isso era com Choi que conversava nas aulas e almoçava. Mona o achava muito gentil e seus lindos olhos castanhos eram sempre alegres. Gostava muito dele, e no fundo, esse havia sido o maior problema, o que a afastou de Choi e a fez tratá-lo com frieza.
Lembrar-se daqueles tempos era algo que, infelizmente, passou a ser cada vez mais frequente...
Um par de entusiásticos olhos castanhos, atrás de óculos com aros muito grossos e pretos, estava a centímetros dos dela. Choi apoiava as mãos na sua mesa e mantinha o corpo inclinado para frente. Ele sempre fazia isso nas aulas, como se não importasse a curiosidade dos colegas a volta deles.
― Seus olhos são tão incríveis. São dourados, certo? – Ele sorriu e se afastou um pouco. Mona sentia que seu coração poderia escapar pela boca. – Sabe, eu tinha uma gata. Ela se chamava Core, é o diminutivo de Coreopsis, uma linda flor amarela, porque ela era toda amarelinha, mesmo os olhos. Eles eram iguais aos seus. Lindos.
Mona perguntou curiosa, tentando afastar a vergonha:
―E onde está a Core?
O rapaz sorriu ainda mais. A Mona pareceu que foi uma forma de encobrir a tristeza que brilhou repentinamente nos sempre alegres olhos castanhos.
― Minha mãe a levou embora.
― Quando você entrou na Alpha?
― Não. Quando ela e minha irmãzinha foram morar em outro país.
― Mas, você não a vê nos feriados e nas férias?
Choi coçou a cabeça e olhou para o teto:
― Meus pais se separaram. Há quatro anos não vejo a Core.
Mona entendeu. Choi não via a irmã e a mãe há quatro anos. Sem pensar, ela tocou a mão que ele mantinha sobre a mesa. Choi voltou a sorrir para ela, dessa vez, calorosamente.
Naquele mesmo dia, ela encontrou uma delicada flor amarela na sua mochila. Era uma Coreopsi. A flor que lembrava a cor de seus olhos. A flor que o fazia recordar uma família que ele já não tinha mais.
Voltando de suas recordações, Mona ergueu o punho e abriu um dos pingentes de flor pendurados à pulseira que sempre usava, dentro havia uma delicada pétala de Coreopsis, envolta em resina, o que mantinha seu lindo dourado. Um pedaço do presente de Choi de três anos atrás.
Era um pouco confuso, e doloroso, como tudo tinha chegado ao ponto em que estavam. Ela havia começado a tratá-lo mal quando percebeu que gostava dele, mais do como amigo. Isso, ela soube, a impediria de continuar o seu plano com relação a Alexis. E mesmo sacrificando algo tão frágil, que mal começava a nascer entre eles, machucando ambos como sempre fazia, não poderia desistir. Mesmo depois que a verdade ficou clara para ela.
Os sentimentos podem crescer mesmo quando você não os alimenta da forma correta.
E esses doem ainda mais.
Observando Harrison Dewis do outro lado do salão, todo orgulhoso, apresentar Ren para as pessoas que conversavam com ele, ela fechou o pingente com raiva. Ele nem sequer a tinha cumprimentado ainda, embora a tivesse visto várias vezes desde que chegara. Se ela estivesse com Alexis ao seu lado, certamente estaria exibindo aquela mesma satisfação para ela. Somente para a filha que tanto o admirava.
Sua mãe sempre brincou com o fato de Mona ter aprendido a dizer "papa" com facilidade, mais do que qualquer outra palavra. Em como ela havia aprendido a andar, para alcançar o pai que chegava em casa. Em como apenas ouvindo a voz dele pela televisão, discursando para o povo, era o suficiente para fazê-la dormir satisfeita. Que nas redações e trabalhos escolares, o herói e a figura mais importante era sempre o pai. Também havia sido por ele que Mona tinha se esforçado tanto em tudo o que fazia.
Amor e dor eram tão próximos, estavam sempre tão entrelaçados, que ela não tinha escolha. Mona só poderia conseguir um amor e não era capaz de abrir mão daquele que havia sido seu maior sonho, desde as suas primeiras palavras. Sem medir qual era a dor maior. Apenas sob o conforto daquela que era a mais conhecida. O amor de seu pai.
Engolindo seu ressentimento, Mona mostrou a sua mais encantadora expressão e foi em direção ao pai e o irmão. Mais uma vez, para roubar as migalhas de atenção que sobravam a ela.
***
Ela estava assustada. Mais do que nunca o medo parecia prestes a engoli-la. Angel sabia que Alexis não era apenas a figura do príncipe frio e perfeito que todos imaginavam. Havia percebido que existia algo mais profundo e até mesmo sombrio nele. Uma história trágica era algo que imaginava, mas não daquele tipo. O próprio pai havia assassinado sua mãe.
A assustava perceber que Alexis havia negado por anos o papel do pai como um assassino, pois de que forma aceitaria as coisas que ela própria já tinha feito? Apoiando o corpo contra a pia fria de mármore branco, correu as mãos pelos cabelos, desalinhando o penteado perfeito, mas não prestou atenção a isso. As imagens de uma manhã que mal era capaz de lembrar lhe assombraram a mente. Havia tanto sangue no chão e Hye Kyo estava no meio dele, coberta por ele. Angel olhou para as próprias mãos. Elas também tinham estado tingidas com aquela cor. Com o sangue de sua amiga morta.
Bateu com o punho na pedra, fechou os olhos e respirou fundo. Não era o momento para pirar inutilmente. Não podia. Precisava cumprir a promessa feita a si mesma antes de entrar naquela festa. Iria aproveitar a noite ao lado de Alexis e deixaria toda essa dor para depois. Precisava pelo menos levar boas lembranças consigo quando fosse embora da Alpha, provavelmente ainda na próxima semana.
Ergueu os ombros e ajeitou a tiara, então olhou para seu reflexo no espelho. Tudo no lugar. O que era surpreendente levando em consideração as mãos muito ligeiras de Alexis em seu vestido. Depois do abraço de consolação, as coisas foram de um beijo bem menos consolador para afagos abrasadores.
Bem, a noite era muito longa e levando em conta o que teria pela frente, era o momento de aproveitar cada pedacinho que pudesse ter do príncipe. Bem, ela tinha uma lista de prioridades em sua maliciosa cabecinha. E apenas uma noite para riscar todas elas, uma a uma.
Estava quase saindo do banheiro, quando uma garota entrou. Já ia seguir seu rumo mas a desconhecida, com uma voz sedosa envolta em um lindo sotaque, pediu:
― Espere, por favor!
Estranhando a situação, Angel surpreendeu-se com a franca simpatia nos lindos olhos amendoados delineados por um marcante tom preto.
― Sei que é estranho, mas eu gostaria de falar com você.
Ela tinha um sotaque cantarolado muito charmoso. Lembrava o tom melodioso de Alexis. Ainda assim, permaneceu em silencio, deixando a outra continuar.
― Eu vou estudar na Alpha a partir da próxima semana, nunca estive em qualquer instituição mista por isso estou um pouco insegura. Gosto de ter amigos e conversar, mas todos aqui parecem tão... Intimidantes.
― E eu não pareço? – Agora Angel estava francamente surpresa, e até um tanto desconfiada. Que loucura era aquela?
A garota riu, ficando ainda mais bela. Angel analisou a morena voluptuosa. Será que ela a tinha confundido com outra pessoa? Só podia ser.
― Você parece bem assustadora. Mas também é impressionante. – A indiana franziu os lábios, parecendo preocupada. – Eu vim aqui por obrigação, o Rei Hamad convenceu o meu pai a me mandar pra cá, para estudar na Alpha. Para ficar próxima do Príncipe Alexis. – Antes que Angel pudesse dizer algo, ela continuou rapidamente. - Por isso estou muito feliz em ver que ele já tem você! - Sorrindo aliviada, ela estendeu a mão. – Desculpe, nem me apresentei. Sou a princesa Lali de Kadah, mas, por favor, me trate apenas por Lali.
Um tanto hesitante, Angel aceitou o cumprimento.
― Sou Angel.
― Eu sei. - Mais um lindo sorriso. - Mal posso esperar para ser sua amiga.
Sem palavras, Angel apenas fitou Lali. Não sabia como uma amizade entre elas poderia dar certo, principalmente com a coisa toda de estar prestes a ser enxotada da Alpha, mas não queria negar algo como aquilo para aquela estranha garota. Sua vida estava passando por tantas mudanças, que talvez fosse o momento de fazer mais algumas.
***
Assim que Angel voltou para o seu lado, Alexis a levou para dançar. Nunca havia tido interesse em balançar o corpo ao som de uma música, mas passar por aquela experiencia ao lado dela, havia mudado radicalmente sua opinião sobre o assunto.
Após alguns minutos, as luzes se apagaram por completo e a música parou. Alexis, manteve Angel junto ao seu corpo, procurando descobrir o que tinha acontecido. Então viu uma luz brilhar no meio do palco, não muito longe de onde estavam. Era uma tela projetora. Suaves focos de luz foram se acendendo e mostrando que todos haviam parado para olhar para o palco.
Na tela, em um vermelho chamativo, as palavras "Vamos conhecer a verdade sobre uma assassina" apareceram. Em seguida, imagens foram surgindo, algumas rapidamente, outras mais demoradamente. Mas todas eram igualmente chocantes.
Paralisado, Alexis viu fotos de uma Angel, com aproximadamente dez anos, deitada no chão, os pulsos cobertos por sangue, o mesmo sangue que manchava o piso a sua volta. Era tanto sangue que ela parecia estar morta. Mas um vídeo, ainda que com imagem desfocada, mostrou a pequena criança sentada em uma maca, com os mesmos pulsos enfaixados. Ela demonstrava estar completamente perdida. Logo outra cena surgiu, ela parecia um pouco mais velha, e novamente o sangue a cobria. Se possível, ainda mais dele.
Um novo vídeo, parecendo de um repórter dessa vez, pois além da imagem possuir melhor qualidade, alguém tentava fazer perguntas ao homem que a carregava, desacordada, no colo. "A garota se jogou do telhado?" "Sabe quem é ela?". Embora não obtivesse resposta, a câmera continuava mostrando uma Angel ensanguentada. O vídeo cortou para outra cena, Angel parecendo sob efeito de alguma medicação e usando um vestido todo branco, estava em uma sala igualmente branca, toda acolchoada. Uma sala psiquiátrica. A única mobília era a cadeira em que estava sentada. Seus pulsos, cobertos por faixas, pousavam em seu colo. Suas mãos pálidas e muito magras, tremiam incontrolavelmente. Uma voz feminina surgiu perguntando, com calma distante:
― Por que tentou se matar, Angel?
Ela não respondeu, apenas começou a balançar os pés, delicados e descalços, no ar. Era tão pequena que eles não tocavam o chão.
―Seus pais pediram para que fizesse isso?
Os pés pararam e seus vazios olhos viraram diretamente para a câmera.
― Eles estão mortos. Todos eles. Eu os matei. E também o meu irmão.
― Por que acha isso?
― Eles me disseram.
― Seus pais?
Lágrimas começaram a correr pelos olhos violetas e sua cabeça foi jogada para frente.
― Não! Não! Não!
― Quem disse isso para você, Angel?
A cabeça loira voltou a se erguer, seu rosto pálido coberto pelos cabelos prateados, mal revelavam seus olhos.
― Não! Não! Não!
Ela tampou os ouvidos e seus ombros se encolheram.
― Nããoooo! Nãoooooo!
Ainda ecoando os gritos desesperados, a imagem sumiu.
E novamente Angel estava coberta de sangue, em um outro lugar. Um quarto. Mas dessa vez não era a única pessoa. A imagem mostrava uma mulher caída ao seu lado, parecendo ainda mais ensanguentada do que ela. A câmera aproximou-se e foi possível ver os olhos violetas, injetados e vermelhos, se abrirem com muito esforço. Desorientada Angel olhou para o lado, antes de um policial a levantar pelo braço. Quando ela viu a mulher, tentou escapar do policial, mas outro veio para ajudar a contê-la.
A câmera se afastou e o som foi ligado. Uma voz feminina, parecendo animada, descreveu a situação.
― Estamos no quarto onde acabei de descobrir um corpo. Essa é uma aluna da nossa escola, Angel Lancaster. Ela está drogada e uma arma foi encontrada no local. Sua empregada está com um tiro na barriga. Provavelmente ela se drogou a matou a mulher oriental. Que pirada!
― Largue essa câmera, garota. – Um dos policiais solicitou, para quem quer que estivesse filmando.
― Cara, você não sabe com quem está falando. Apenas faça o seu trabalho! Eu vou continuar filmando essa porra se eu quiser!
A imagem perdeu o foco, mas foi possível perceber, antes disso, Angel dar um soco em um dos policiais e cair sobre o corpo no chão. Seus gritos encerraram o vídeo.
Alexis estava tão entorpecido com tudo aquilo, que demorou para perceber que Angel havia saído dos seus braços. Ela abraçava o próprio corpo, os olhos arregalados encarando as imagens que passavam para uma plateia atônita e silenciosa. Seu corpo todo estava trêmulo e isolado no centro de um círculo. Os colegas haviam se afastado dela, como se estivessem com medo. Como se ela fosse uma espécie de monstro.
Cerrando os punhos, ele foi em direção ao palco. Não desejava pensar. As imagens dela, a ideia de que Angel tivesse tentado tirar a própria vida, eram insuportáveis demais para ele. Era aterrador imaginá-la como alguém capaz de matar outra pessoa. Como seu pai. Angel uma assassina? E da mulher que a havia criado?
Quando passou por uma cadeira, Alexis a pegou e, com violência desmedida, arremessou contra a tela, interrompendo a projeção e provocando um barulho ensurdecedor quando ela se chocou contra seu alvo. Cabos ficaram faiscando e pedaços de seu material foram espalhados pelo palco, alguns atingindo as pessoas que gritaram de pavor e tentaram se proteger, alguns até mesmo se jogando no chão.
Fora de si, Alexis passou os olhos pela multidão, sem saber bem o que procurava, e então pararam em Ren. O irmão de Mona ficou pálido e tentou passar pelas pessoas no seu caminho, claramente tentando fugir. Aquilo o alertou para o óbvio. Vingança. Aquilo tudo tinha sido arquitetado por vingança. O Príncipe foi na direção de Ren com tamanha rapidez, que o rapaz mal tinha dado alguns passos quando foi parado por um puxão em sua roupa. Com agilidade, Alexis o virou e levou o punho para trás para tomar impulso, com isso, o soco que acertou a cara assustada de Ren, o fez ser jogado contra os colegas chocados. Ele deslizou para o chão, levando alguns consigo, e não se mexeu mais. Estava desmaiado.
Sentindo ainda uma raiva cega, Alexis começou a ir na direção do rapaz caído, mas o grito de Choi o parou:
― Chega, Alexis, a Angel precisa mais de você do que esse babaca!
Olhou na direção que Choi apontou e paralisou momentaneamente. Sua mente bloqueou tudo o mais, sua raiva, seu ressentimento, suas dúvidas. Ao ir na direção dela, só pensava em protegê-la. Pois não era capaz de suportar ver Angel daquela forma. Encolhida no meio de pessoas que murmuravam palavras como "drogada", "assassina", "suicida", "louca". Sua Angel não era aquela criatura trêmula que cobria os ouvidos e chorava desesperadamente. Não, ela era forte e orgulhosa. E não era as coisas pelas quais a chamavam. Alexis não acreditava nisso, porque já vira seus olhos. E ele, mais do que ninguém, sabia como eram os olhos de um assassino. Os conhecia desde a infância. E Angel não era aquilo.
Ao chegar ao lado de Angel, Alexis abaixou-se, apenas o suficiente para pegá-la em seus braços. De forma protetora a carregou para fora dali, longe daquelas pessoas que a feriam, quando ela já estava tão cheia de cicatrizes. Quando passou pela porta, olhou para Angel e seu coração doeu. Ela ainda mantinha os olhos firmemente fechados, enquanto as mãos tampavam seus ouvidos. Entre soluços sussurrava "Hye Kyo". A amiga cuja culpa da morte jogaram sobre ela. Assim como a morte dos próprios pais e irmão.
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