12 - Confidências
― Pode me passar a toalha?
Angel reparou no franzir de testa de Alexis. Ela admitia, a parte mais divertida sempre era poder provocar o Príncipe. Desde o único beijo trocado entre eles não tinham tido a oportunidade de ficarem sozinhos. Suas proezas, Angel pensou, conseguiam atrair uma quantidade considerável de curiosos. A Alpha era provavelmente o lugar mais entediante da Terra antes da sua chegada. Quando precisasse de algum dinheiro poderia até cogitar cobrar ingressos dos alunos endinheirados.
Por isso acabou concebendo um plano um tanto ousado, pois tinha certeza que Alexis estaria sozinho com ela naquela situação.
― Tenho receio de que essa seja uma excelente oportunidade para você tentar me afogar.
Angel riu das palavras dele, então lançou um olhar repleto de intenções, enquanto apoiava o queixo nos braços sobre a borda da piscina.
― Não acha que vale a pena correr o risco?
Alexis mal olhou para a toalha branca e felpuda que pegou. Seus olhos não desgrudaram dos dela e ficaram assim até quase encostar a ponta do seu sapato nos braços femininos, que estavam fora da água.
― Aqui está. – ele disse simplesmente, estendendo a toalha.
Angel levou a mão até ela, mas no último instante curvou o corpo um pouco para trás. Com o movimento, os seios, que estavam até então protegidos pela lateral da piscina, ficaram à mostra sob a água quase totalmente transparente. A garota viu os olhos de Alexis voarem naquela direção, como ela havia planejado. Erguendo o braço rapidamente, segurou a mão dele que estava ao seu alcance e o derrubou na água. Como ele havia temido.
Enquanto Alexis se recuperava, Angel pegou a toalha, agora molhada, e enrolou no corpo embaixo d'água mesmo. Não era tão corajosa, afinal. Ouvindo o barulho da água, virou-se na direção em que Alexis emergia e percebeu que tinha calculado mal a situação. Por algum motivo, não se ateve, até então, ao óbvio. Alexis acabaria molhado e claro que não seria nada parecido com um rato afogado. Seria mais para um Deus dos mares muito, muito sexy.
Engolindo em seco, observou o Príncipe passar as mãos pelos fartos cabelos negros, tirando-os dos olhos. O movimento realçou os músculos dos braços e chamou a atenção para o peito coberto pela camisa branca transparente, que mais revelava do que cobria a pele morena na qual estava colada (sem regata por baixo, dessa vez, ela não pode deixar de reparar). Os olhos que a observavam refletiam o azul da água deixando-os ainda mais turquesas e em contraste maior com o rosto cor de caramelo.
Angel não conseguiria tirar os olhos daquela imagem nem que a água da piscina começasse a cozinhá-la. O que provavelmente já estava acontecendo, era a única explicação para o calor que a tomou completamente em questão de segundos. Ou também a reação do seu corpo a visão de Alexis nadando lentamente em sua direção, observando-a com a mesma voracidade com que ela o fitava. Ou talvez mais.
Não foi totalmente surpresa quando ele a beijou, mas isso não impediu o choque mesclado ao prazer quando Alexis a empurrou contra a lateral da piscina e ela pode sentir aqueles músculos, que antes apenas observava, agora esmagarem o seu corpo, mal permitindo que ela respirasse. Suas mãos buscaram os cabelos macios que sempre tinha vontade de tocar, e agora, por estarem úmidos, colavam em sua pele, em seu rosto. Sentiu ele a erguer pelos quadris, mas não pode sequer cogitar protestar, ao contrário, arqueou-se e passou as pernas pela cintura de Alexis.
Sentiu o prazer provocado pelas mãos que percorriam o seu corpo, quase tão enlouquecedor quanto o proporcionado por suas próprias descobertas do corpo masculino, que tremia ao seu toque. Ela o fazia estremecer! Era tão embriagador saber disso que Angel se tornava ansiosa por mais. Mais dele! Suas mãos, afoitas, abriram a camisa e começaram a deslizar pela pele molhada e tensa do peito, passando por sua lateral e arrancando gemidos roucos ao arranhá-lo nas costas largas.
Sentiu-o mordê-la de leve nos lábios, em troca sugou o canto da boca dele e envolveu a língua masculina na sua. A reação de Alexis foi imediata, ele a prensou ainda mais contra a borda e desceu a boca para o seu pescoço. A lambeu e mordiscou, sua mão subindo pela lateral de suas coxas. Só quando Angel sentiu a pressão da calça do rapaz, foi que percebeu a falta da toalha, desviando, com dificuldade, os olhos dos ombros de pele aveludada, viu, com o rabo do olho, um vulto branco flutuando sobre a água. Ela estava nua! Completamente nua! Um repentino pânico a tomou.
― E- espere!
Alexis tentou beijá-la de novo, mas Angel virou o rosto fazendo com que ele passasse os lábios por sua bochecha e continuasse com a língua na direção de sua orelha. A garota gemeu e estremeceu, tentando ainda manter o foco.
― A-Alexis! Espere... Sério...!
Finalmente ele parou para observá-la e Angel quase o puxou contra si, para continuar o que estavam fazendo. Os olhos azuis estavam carregados de paixão e suas mãos continuavam a deslizar pela lateral dos seus seios, de forma tortuosamente lenta.
― Não podemos... Quer dizer, bem, eu não, eu não... – para seu horror, começou a sentir o rosto ficar vermelho. Era mesmo muito bizarro! Angel não podia culpar Alexis por parecer tão confuso de repente. Ela também não era capaz de entender a própria reação. Sabia que suas atitudes poderiam gerar aquele tipo de situação, mas subitamente tudo ficou muito real e muito intenso. Estava com medo. Não de Alexis, ou de como poderia ser entre eles se continuassem. Estava com medo das consequências.
Poderia mesmo ter tanto dele, entregar tanto de si e continuar sendo a mesma? Ainda enfrentaria a morte com a mesma indiferença? Quando a ideia de seduzir o Príncipe, e mesmo a vontade de transar com ele, havia lhe tomado, não tinha refletido muito profundamente sobre isso. Mas estando ali, sentindo aquelas emoções e o bater rápido do seu coração (aquele maldito inútil!), percebeu que nada era tão simples. Não era simples se entregar a ele e não querer mais. E isso ela nunca poderia.
― O que aconteceu? – Alexis segurou seu rosto com uma mão, enquanto a outra continuava a mantendo firmemente contra si.
Angel tinha os olhos violetas mais assustados do que imaginava, isso o fez tirar a mão do rosto dela e puxar a toalha que flutuava ao seu lado. Sem dizer nada, enrolou-a no corpo da garota, em um gesto que a deixou ainda mais constrangida.
― Desculpe – ela murmurou enquanto segurava o tecido contra o corpo – Se serve de consolo, também estou querendo me dar uns tapas. Ou me afogar nessa água. O que seria meio difícil já eu sou uma ótima nadadora.
Alexis, ainda em silêncio, a ergueu e sentou-a sobre a borda da piscina. Em seguida, ficou de costas e pulou, ficando sentado do seu lado.
― Não vou negar que estou confuso e até um pouco irritado, mas já disse antes. Se isso for acontecer, vai ser por vontade mútua. Sem dúvidas, receios ou arrependimentos. Sem cobranças. – Ele passou a mão pelos cabelos, Angel reparou que ele sempre fazia aquilo quando tentava expressar algo que o incomodava. – Só tente não nos levar tão longe da próxima vez com essas suas brincadeiras. Sou um homem, não uma máquina, apesar do que possa pensar.
― Não foi uma brincadeira. Quer dizer, foi. Mas não planejei isso... – Ela olhou para o reflexo dos dois na água. Alexis olhava pra ela. – Desculpe - ela apenas repetiu. Não havia muito mais a se dizer naquele momento.
O Príncipe a observou por mais algum tempo em silêncio, antes de também olhar para a piscina. Balançou o pé com o sapato molhado, formando uma onda. Enquanto acompanhava as ondulações se afastarem da borda, comentou casualmente:
― Perdi minha virgindade aos catorze anos. Foi mais uma espécie de ritual. – Angel observou seu perfil sério. - Meu pai achou que eu precisava iniciar minha vida sexual, então simplesmente preparou tudo e trouxe uma de suas concubinas. Ela era linda e experiente. Passou duas noites me ensinando tudo o que um homem deve saber para ter prazer e para dar prazer a sua parceira. Não vou dizer que foi uma experiência ruim, afinal ela era conhecida como a mulher mais bela mulher de Quidar. – Alexis fez uma nova onda, havia certa raiva no seu gesto. - A amante favorita do Rei.
Angel arregalou os olhos. Alexis tinha tido sua primeira vez com a amante do pai? Enviada pelo próprio Rei?
― Seu pai é um cara meio estranho, hein?
― Nem faz ideia. – O Príncipe a observou. – Ele tinha, na verdade tem, várias concubinas, como deve imaginar faz parte da nossa cultura.
Uma dúvida a assaltou. E doeu. Ainda assim, mesmo não querendo ouvir a resposta, perguntou:
― E essa mulher, a que, sabe, com você... Você ficou com raiva do seu pai por tê-la também? Quer dizer, você gostava dela?
Angel queria se jogar na água de novo quando ele voltou o rosto na sua direção. Mas Alexis mostrou um ar de surpresa.
― Não. Depois daquelas duas noites, nunca mais a vi. Apenas ouvi falar que ela foi mandada embora, provavelmente o Rei acabou ficando entediado. – Ele suspirou. – O que me aborreceu foi fazer parte dessa sordidez toda. Hamad viu como uma maneira de criar uma espécie de ligação doentia entre nós, ao me fazer dormir com a mesma mulher que ele.
E a coisa só piorava... Angel estava começando a perceber que a vida perfeita do Príncipe não era lá essas maravilhas. E, também compreendia melhor de onde vinha tamanha frieza que às vezes ele demonstrava. O porquê de ter agido daquela forma com ela no início, quando percebeu que sentia algo pela garota estranha que o tinha mordido. Era parecido com o que ela sentia naquele momento. O medo.
― Só tive aquelas duas noites. – Alexis voltou a falar. – Como eu disse, foi mais um ritual do que qualquer outra coisa. Não tinha interesse em me tornar mais um alvo para esse tipo de jogo de poder. Em Quidar ou na Alpha, sempre surgia alguma garota interessada na fortuna da minha família. Claro, nem sempre era apenas o poder que as atraía, mas não havia qualquer garantia de outras motivações no pacote.
― Está dizendo que não desejou ir pra cama com a pilha de mulheres que se atropelavam na sua frente, porque não confiava nelas. Ainda assim, quase quebrou seu jejum de anos, agora a pouco na piscina, comigo? - Ela ergueu a sobrancelha decididamente surpreendida.
― Isso mesmo.
― Devo ficar me achando a gostosa mor por isso? - Nervosa, ela tentou brincar com a situação.
― Deveria. – Ele riu.
― E o que faz pensar que eu não iria dar um jeito de me aproveitar de toda essa sua "realeza"? - Vendo a reação dele, resolveu continuar a provocar.
Alexis olhou para frente.
― Eu não sei. – Ele refletiu longamente antes de continuar, parecendo avaliar com seriedade a pergunta. – Meu maior problema, no seu caso, sempre foi outro.
― Quer dar um jeito de não sentir nada por mim. Mesmo essa atração que está nos fazendo ter essa conversa maluca. - Ela também resolveu expor seus pensamentos com honestidade.
― Sim.
A sinceridade de Alexis acabava por machucá-la as vezes, mas também a fazia ter certa confiança nele. E a ser franca como jamais foi com alguém além de Hye Kyo. Por isso ela também pensou um pouco antes de questionar, receosa:
― E se essa nossa estranha relação se tornar mais... Íntima e isso só complicar ainda mais as coisas?
Os dois ficaram em silêncio.
Angel sabia o que poderia acontecer a ela nesse caso. Iria sofrer, se descabelar por cada dia a menos que tinha para passar ao lado dele. Ficaria louca pensando em como ele viveria o resto da vida sem ela (com seu harém e tal). Se torturaria e provavelmente, se mutilaria, a procura de uma cura. Teria tantas decepções, tantas dores e tristezas. Seria o inferno. Valeria a pena o inferno para ficar com ele apenas por alguns momentos? Não sabia.
Para seu pesar, Alexis murmurou:
― Tenho, ultimamente, me feito uma pergunta. Será que seria assim tão terrível se nós tentássemos...
― Seria. – Angel se viu interrompendo o que ele dizia. Não podia ouvir o que sabia que Alexis estava prestes a dizer. Não podia. Não.
Alexis pareceu irritado com sua afirmativa.
― Como pode saber?
Angel o fitou firmemente.
― Eu não quero.
― Percebo. – Ele também a olhou com firmeza. E um toque da arrogância que já lhe era familiar. - Sendo assim, vamos continuar com isso e descobrir o que acontecerá em seguida. – Ele se ergueu para ir embora, deixando que ela visse a água correr por seu corpo, lhe dando uma visão e tanto do peito amplo e moreno sem a camisa (Angel notou que ela tinha arrancado todos os botões. Caramba.) – Mas quero que entenda uma coisa, Angel. Você pode ser uma covarde que se esconde de todos, inclusive de mim. Eu, por outro lado, fui capaz de me libertar de amarras que nem sequer imaginava existir. Graças a você. Então, esteja pronta. Prendê-la aqui graças ao que posso oferecer, acabou se tornado o primeiro passo. O próximo vai ser prendê-la aqui por mim.
E, tão decididamente quanto suas palavras, ele a deixou ali. Confusa.
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