IV
Já se passava das 13:00 quando as duas amigas saíram do shopping, e com a tarde de folga, elas aproveitaram para ficar mais um momento juntas, já que nunca tinham tempo suficiente para uma boa conversa.
Antes de irem até o apartamento de Cecília para que Luana pudesse conhecer, ela decidiu deixar seu carro primeiro em casa para poder ir junto com a sua amiga no dela.
As duas pegaram seus veículos no estacionamento e seguiram em direção à casa que abrigou Cecília e sua mãe com tanto carinho. A irmã de Lucas foi na frente enquanto Ciça a seguia, e já na casa de Marta, Luana anunciou que subiria para tomar um banho e logo iria descer, então sua amiga decidiu ir até a sua mãe para que pudesse esperá-la.
— Mãe! — A garota chegou chamando por Tereza e na hora que entrou no local a viu saindo do banheiro enrolada em uma toalha.
— Oi, minha filha. — A mulher a cumprimentou assim que a viu na sua frente e foi em direção ao quarto que era compartilhado pelas duas. — Tá vindo do trabalho?
— Não, fui comprar umas coisas pra casa nova. — Cecília respondeu enquanto ia até a geladeira para beber um copo d'água. — A senhora já almoçou?
— Já sim, fiz arroz de cuxá que o Lucas pediu e assei carne de sol. — Tereza respondeu e começou a se vestir.
— Eita, ainda tem? — A garota perguntou colocando o copo na pia. — Quero pra jantar.
— Tem sim, vou guardar pra você.
— Tá bom, só passei pra lhe dar um beijo. — Ciça respondeu enquanto sua mãe terminava de se vestir e perguntou. — Eu vou lá no apartamento deixar umas coisas, a senhora quer ir pra conhecer?
Mas antes que Tereza respondesse, Luana apareceu no local junto com Lucas e assim que o viu, Cecília o olhou e vários sentimentos vieram dentro dela enquanto se lembrava do momento que aconteceu entre eles, certamente precisariam conversar sobre o assunto.
— Acabei nem tomando banho, só troquei de roupa. — Luana anunciou para a amiga e cumprimentou Tereza enquanto dava um beijo na sua cabeça. — Oi, Tetê. Como você está?
— Tô bem, meu amor, e você?
— Estou bem. — Luana respondeu e retrucou enquanto a abraçava. — Sabe, Tetê? É até melhor você não ir com a Ciça, assim você fica aqui, só pra gente.
— O que é isso, garota? — Cecília reclamou. — Larga minha mãe, anda. Ela é minha, oxe.
Eles riram enquanto Ciça puxava a mãe para si e a abraçava como se não quisesse soltar.
— Leãozinho, você vai embora, Tetê é nossa, agora. — Lucas confirmou com um sorriso no rosto. — Aceita.
— Não senhor, tirem o olho seus safados. — Cecília ameaçou e direcionou a palavra para Tereza. — Mãe, não dá ouvido pra esses cruéis que querem roubar você de mim.
A mulher apenas riu alto e beijou o rosto da sua filha.
— Não se preocupa, meu amor. Sou só sua.
— Viram! — Cecília revidou para os dois amigos e Luana lhe mostrou a língua como quando eram crianças. — Só minha, minha mainha.
— Por pouco tempo, garota. Por pouco tempo. — Lucas anunciou com uma falsa ameaça e a chamou. — Bora lá? Tu não queria pra eu te ajudar na mudança?
— Mas as coisas ainda nem chegaram. — De repente, o grupo ouviu o celular de Cecília tocar e prontamente a garota atendeu. — Alô!
— Dona Cecília, estamos ligando para avisar que estamos com seus móveis aqui prontos para serem entregues, tem alguém no local para receber?
— Eu estou indo pra lá agora, em questão de 20 minutos.
— Ok, iremos aguardar. — O rapaz do outro lado da ligação afirmou e Ciça apenas agradeceu, desligando o celular em seguida.
— Olha que sorte, os móveis vão ser entregues, agora. — Cecília anunciou e perguntou para a mais velha. — Mãe, a senhora vai junto com a gente?
— Vamos, Tetê? — Lucas chamou e afirmou em seguida. — Não vamos demorar.
— Tá bom, vou só trocar de roupa.
Tereza saiu em direção ao quarto e pegou um vestido florido que estava pendurado no cabideiro que ficava preso na parede e tirou a roupa que estava usando a colocando em cima da cama e o vestiu rapidamente, momentos depois, os quatro saíram em direção ao carro de Cecília onde sua mãe sentou no banco da frente enquanto os irmãos íam para o banco de trás.
O tráfego em direção ao Anil estava movimentado e dentro do carro rolava altas conversas, Luana estava deitada no ombro do seu irmão e vez ou outra o olhar de Lucas se encontrava com o de Cecília pelo retrovisor e ela rapidamente desviava e voltava sua atenção ao trânsito.
Ao chegarem no local, Ciça anunciou ao porteiro que era nova moradora do prédio e ele logo abriu o portão para que ela pudesse passar com seu carro, mas não sem antes da garota anunciar que estava aguardando a chegada dos seus móveis, o moço da portaria concordou e ela seguiu até a sua vaga estacionando o carro no local.
O grupo saiu do veículo e pegaram as sacolas de compras que estavam no porta-malas e subiram até o apartamento de Cecília, e assim que entraram no local, eles ouviram o celular da filha de Tereza tocar novamente, e ela rapidamente atendeu ouvindo a voz do rapaz que havia falado com ela minutos antes anunciando que já estavam perto do apartamento.
— Podem anunciar na portaria, já autorizei a entrada de vocês.
A garota desligou o celular, o colocando de volta no seu bolso e anunciou para o trio presente no local.
— Vou descer pra receber eles, já volto.
Cecília saiu do local e Luana quebrou o silêncio.
— Ah, eu gostei daqui, quero só ver quando tiver todo montado.
— Eu também gostei muito. — Tereza anunciou. — Que bom que a Ciça conquistou tudo isso.
— Vocês duas, né Tetê? — Lucas perguntou, confirmando em seguida. — A Ciça virou essa mulher bem desenvolvida graças a você que nunca desistiu dela.
— Ele tem razão, viu!? — Luana afirmou com um sorriso. — Vocês duas são meu orgulho.
— Nunca ia desistir da minha menina. Ela sempre foi e vai ser minha prioridade. — Tereza afirmou enquanto dava um sorriso.
Os irmãos sorriram e abraçaram a mulher que cuidou deles praticamente toda a sua infância, e instantes depois, Cecília chegou no local orientando os entregadores onde deveriam colocar cada móvel. Enquanto eles trabalhavam, Ciça virou para sua mãe e os seus amigos e perguntou.
— E aí, o que acharam?
— Não gostei, tá muito bagunçado! — Lucas respondeu com tom de deboche. — Onde você vai dormir?
— Ridículo! — Todos riram enquanto Ciça dava um tapa no ombro do amigo. — Então, mãe? Gostou?
— Adorei, meu amor. — Ela respondeu com lágrimas nos olhos e a abraçou. — Tô tão orgulhosa de você.
— Queria que a senhora viesse morar comigo, tudo isso foi conquistado por nós duas.
— Eu sei, Ciça, mas por enquanto deixa você curtir um pouco e ter essa independência, você vai ver como é bom morar sozinha.
— Tá bom, mas eu ainda vou lhe arrastar pra vir morar comigo, viu!?
A mãe de Cecília sorriu e continuou abraçada com a filha enquanto elas viam os entregadores terminares de colocar os móveis no local e anunciar minutos depois.
— Amanhã já começam a montar. — Um rapaz alto e com cabelo com dreads falou no mesmo momento que entregava uma folha e uma caneta para Ciça. — Assine aqui, por favor. — A garota assinou e devolveu de volta ao moço que tirou uma parte e entregou para ela, se despedindo em seguida.
— Obrigada! — Cecília agradeceu e ouviu sua amiga perguntar.
— Você comprou todos os móveis em uma loja só?
— Foi, eu ganhei desconto de primeira compra e por ser arquiteta, aí eu aproveitei.
— Nossa, mermã. — Luana se admirou e questionou. — Onde é essa loja que eu vou lá?
— É no Centro! Depois eu te levo lá. — A irmã de Lucas apenas concordou com a cabeça e ele revidou.
— Mas tu não é arquiteta, Lulu, não vai ganhar desconto.
— Vou sim, pela primeira compra.
Ele riu arrancando uma risada dos outros que estava ali, até que Cecília anunciou.
— Eu tô com fome. Vamos comer alguma coisa?
— Lá em casa tem um bolo de milho que eu fiz hoje de manhã. — Tereza afirmou e convidou os jovens em seguida. — Vamos, vou fazer um café fresquinho.
Os três concordaram e saíram do local. Cecília trancou a porta e foram todos em direção ao estacionamento para poder pegar o carro e irem para a casa de Luana e Lucas. Já no local, enquanto Tereza coava o café, eles ouviram passos vindo até o ambiente e viram Marta aparecer na porta da cozinha.
— Onde vocês estavam? — A mulher perguntou com os braços cruzados. — Cheguei e não encontrei ninguém.
— Fomos conhecer o apê novo da Ciça. — Luana respondeu e sua mãe apenas concordou com a cabeça.
— Sim, e é pra senhora ir visitar depois que tiver tudo organizado, viu!? — Cecília convocou a mulher que tinha um sorriso no rosto.
— Vou sim, minha linda, nós vamos é fazer uma festinha de inauguração no teu apê novo.
— Vamos mesmo, vou só organizar tudo. Provavelmente no sábado já vai dar pra fazer a festa.
— Aqui está o café, fresquinho. — Tereza colocou a garrafa na mesa e perguntou para a patroa. — Marta, vai querer também?
— Lógico, mulher. Quem que recusa esse café maravilhoso?
Eles sorriram e logo começaram o lanche da tarde. Horas depois, Marta e os filhos já tinham ido para casa enquanto Cecília organizava seus livros, objetos de trabalho e objetos pessoais em algumas caixas que tinha conseguido na empresa onde trabalha. Sua mãe a ajudava, mas a garota percebeu que ela estava longe, e ela prontamente perguntou.
— A senhora tá bem? Tá tão longe.
— Tô bem, só tô pensando em como vai ser ficar longe de você, agora. — Tereza respondeu com um semblante triste.
— Então vem comigo, mãe. — Cecília a chamou mais uma vez. — Eu sei que a senhora tá me escondendo alguma coisa de mim, por isso não quer ir.
— Não tô escondendo nada, filha, já te falei. É uma boa oportunidade pra você morar sozinha e aprender a viver um pouco longe da mãezinha aqui.
— Tá bom. — A garota afirmou sem muita convicção.
Depois que terminaram de arrumar as coisas dentro das caixas, Cecília foi tomar um banho e ao acabar, pegou uma camisola e se enfiou na cama da sua mãe para dormir com ela.
— O que tu tá fazendo aqui? Não acha que tá muito grandinha pra dormir com a mãe de novo, não?
— Não! Afasta pra lá, vou dormir com a senhora, hoje. — Ciça retrucou. — Aproveitar que essa é minha última noite como moradora daqui.
— Danada. — Tereza riu e sua filha se aconchegou mais nos seus braços. — Tá bom, hoje eu deixo.
A cama em que elas estavam deitadas era pequena para as duas, mas nem pareceu, pois estavam cada vez mais abraçadas enquanto Tereza fazia carinho na cabeça da filha.
— Vou sentir saudades desses momentos só nosso. — Cecília confessou tirando um sorriso do rosto de sua mãe. — Vai ser difícil não dormir aqui com a senhora.
— Pode vir quando quiser, meu amor. — Ciça levantou a cabeça e deu um beijo na bochecha da mãe e elas voltaram a conversar até o sono chegar.
No dia seguinte, os montadores dos móveis já haviam montado todos eles, e no período da tarde, Cecília chamou Lucas para ajudá-la a levar as caixas que ela havia arrumado na noite anterior para o seu novo apartamento.
— O que tem nessas caixas? — O irmão de Luana perguntou fazendo força. — Pedras?
— São meus livros, saliente. — Ciça sorriu e retrucou. — Nem estão tão pesados assim.
Tereza observava tudo da porta e Cecília foi até ela.
— Te amo, tá!? Quando tiver tudo arrumadinho lá eu venho lhe buscar pra passar muitos dias comigo.
A mãe da garota concordou com a cabeça e lágrimas caíram dos seus olhos enquanto Lucas chegava perto delas.
— Não chora, Tetê. A Ciça vai se mudar pra outro bairro, tenho certeza que todo dia ela vai tá aqui perturbando nosso juízo.
— Teu olho. — A garota deu um tapa no ombro dele arrancando uma risada da mãe. — Já vou, tá!? Te amo!
— Também te amo, meu amor. Vai com Deus.
Cecília deu a chave para Lucas ir dirigindo, e já dentro do carro, o garoto viu cair uma lágrima no rosto do seu amor e falou.
— Não fica assim, Leãozinho. Tenho certeza que ela tá muito orgulhosa de você.
— Eu sei, mas não é isso. — Ciça enxugou a lágrima que escorria. — Tenho certeza que a mãe tá me escondendo alguma coisa.
— Escondendo o quê? — O garoto perguntou meio confuso.
— Não sei, não faço ideia. Acho que é por isso também que ela não quis vir morar comigo.
— Pois vamos descobrir o que é. — Lucas a encorajou e pegou na sua mão fazendo um carinho. — Vou estar sempre do seu lado independente do que acontecer.
Cecília sorriu para o amigo e instantes depois eles chegaram no prédio onde a garota iria morar. Os dois decidiram deixar as caixas apenas na porta do apartamento enquanto iam de volta até o carro pegar o restante das coisas. Assim que levaram todos os objetos que estavam para cima, o irmão de Luana anunciou.
— Tô com fome.
— Já!? — Ciça retrucou para o amigo. — Não são nem três horas da tarde.
— Ah, o que é!? Esse serviço todo me cansou. — Lucas debochou e perguntou em seguida. — Quer alguma coisa?
— Traz coxinha e suco.
Lucas concordou com a cabeça e saiu do local deixando a garota sozinha. Enquanto Cecília arrumava os seus livros na estante, ouviu uma voz diferente do lado de fora.
— Olá! Posso saber quem vai ser meu novo vizinho que tem milhares de caixas que é até impossível contar.
— Ah, para! Nem tem tantas assim. — Cecília retrucou enquanto levantava vendo o homem alto na sua frente. — Você?
— Você? — Ele repetiu a fala e falou em seguida. — Nossa, que mundo pequeno.
Certamente uma coincidência muito grande, a garota nunca imaginou que o homem em havia esbarrado no shopping e que tinha lhe causado arrepios seria seu novo vizinho.
Oii lindinhos ❤️✨
Olha eu aqui de novo.
Cecília se mudou e já conheceu seu novo vizinho.
E o Lucas todo fofo consolando a amiga?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro