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Revelações e Incertezas

QUANDO MARGARIDA ME FEZ A PERGUNTA QUE EU MAIS TEMIA, MEU CORAÇÃO PARECIA QUE IA PULAR PARA FORA. Eu estava nervosa e ansiosa, como se estivesse em um lago com muitas ondas. A ansiedade tomava conta de mim, deixando um rastro de desconforto. Era a hora de contar um pouco de um segredo que mantive bem escondido, mas que ainda não podia revelar tudo.

— Seja sincera! — Ela insistiu, olhando bem nos meus olhos. — Conta pra gente o que aconteceu com o Guilherme, e por que você desapareceu por tanto tempo?

Respirei fundo, sentindo o peso das palavras que estavam prestes a sair.

— Maggy, é uma situação complicada. — Eu disse, falando baixinho. — Algo que tô tentando entender.

Fiz uma pausa antes de continuar a responder.

— É que... — Comecei falando quase num sussurro. — Depois que eu e o Guilherme terminamos, tudo ficou de pernas pro ar. Me mudei para os EUA, mas ainda não tô pronta pra contar tudo.

Margarida pareceu entender e assentiu. Bianca, que estava quieta até agora, inclinou a cabeça, curiosa.

— Ok! Pode guardar seus segredos, mas, quando você estiver pronta, conta tudo, tá?

Tomei um gole do meu drink antes de responder.

— Prometo que conto tudo.

Senti um alívio no peito, lembrando que eu não estava sozinha. Havia muitas perguntas sem resposta, e eu sabia que a verdade só viria à tona quando eu estivesse pronta para enfrentá-la. Com minhas amigas ao meu lado, eu sabia que esse dia chegaria.

— Ei, vamos falar de outra coisa! — Bianca interrompeu, os olhos dela brilhando de curiosidade. — Tenho uma pergunta que não vai me deixar dormir, aquela que você prometeu que ia responder.

— Pode perguntar, Bi. — Respondi, sentindo um frio na barriga, já imaginando do que se tratava.

Enquanto eu falava, vi Margarida, sorrindo igual a Bianca. Seu olhar esperto e divertido me fazia sentir como se estivesse numa enrascada. Ficou um silêncio por um momento, criando um clima de suspense que dava para cortar com uma faca.

— Então, Marininha, você ainda gosta do seu ex? — Ela perguntou, com uma sobrancelha levantada e um sorriso maroto nos lábios, como se estivesse prestes a descobrir um segredo.

As meninas sempre conseguem me fazer sorrir, mesmo nos momentos mais difíceis. Elas são como um raio de sol no meio de uma tempestade.

— Ah, o Guilherme... — Suspirei, sentindo uma onda de saudade me atingir. — A verdade é que não sei se ainda gosto dele. Nosso namoro foi como um meteoro, brilhante e intenso, mas acabou num piscar de olhos.

Era uma grande mentira, nunca deixei de gostar dele. Ela concordou com a minha resposta, mas sua expressão curiosa indicava que tinha mais perguntas por vir, porém, ela me deu um tempo para me recompor.

— E então, como foi rever o Guilherme? — Bi perguntou.

— Não sei, foi um sentimento tão estranho.

Foi quando senti a mão dela segurando a minha com firmeza, acalmando a tempestade dentro de mim.

— Mari, relaxa aí, vai — Ela disse, sua voz suave como uma brisa de verão. — É normal sentir um monte de emoções ao rever alguém depois de tanto tempo, ainda mais um gato como o Guilherme, né?

Ri alto com o jeito de Bianca falar, algo que sempre gostei nela. Quem via de fora poderia achar que ela estava sendo invasiva, mas não estava. Era só a Bianca sendo Bianca, sempre pronta para uma risada.

— Bi, você não presta — disse Margarida, balançando a cabeça enquanto ria. — Mas é por isso que a gente te ama, né? Sempre pronta pra animar a galera.

Bianca deu de ombros, um sorriso maroto no rosto.

— Fazer o quê, né? Alguém tem que botar pra quebrar. E se não for a gente, quem será?

— Por isso que te amo sua doida. — Digo dando risada.

Bianca me olhou, seus olhos estavam cheios de curiosidade, a música do ambiente estava animada.

— Mari, por que vocês terminaram? — Ela perguntou. — Sempre torci por vocês. Desde a escola, a faculdade, e quando casaram, acreditei que era pra sempre.

Respirei fundo, o clima leve da conversa mudou, ficou um pouco tenso. Tentei falar, mas as palavras não saíam. Queria contar a verdade, e desabafar com minhas amigas, mas não conseguia, então resolvi omitir algumas coisas.

— As coisas simplesmente... não deram certo. — Respondi, tentando parecer tranquila.

Margarida suspirou.

— Amiga, desculpa interromper, sei que você disse que não estava pronta, mas, por que você foi para os Estados Unidos? Você sumiu. Sentimos muito a sua falta e você nem se despediu da gente — Sua voz estava cheia de emoção.

A pergunta de Margarida me pegou de surpresa, me fez lembrar da culpa que eu vinha tentando esconder. Fiquei pensando em como responder.

— Maggy... — comecei, com cuidado. — Aconteceram algumas coisas nos Estados Unidos. Não é fácil falar sobre isso, e envolve outras pessoas também.

Ficou quieto de novo, com uma música suave preenchendo o espaço. Margarida pareceu surpresa com a minha resposta, mas concordou, respeitando a minha decisão.

— Tudo bem, Mari. Quando você estiver pronta, estaremos aqui para ouvir. — Ela disse, seu sorriso me deu forças.

Senti um alívio. A amizade delas era um porto seguro, um conforto para a alma. Sorri, grata por tê-las em minha vida.

— Obrigada, meninas. Vocês são demais. — Falei, segurando as mãos delas.

Depois da nossa conversa nos continuamos a curtir o bar. O lugar estava animado, com música alta e muita conversa. De repente, Bianca gritou:

— Olha quem chegou! — Ela falou baixinho, apontando para a porta.

Olhei para onde ela estava apontando e vi Guilherme. Meu coração disparou. Ele tinha aquele sorriso que sempre me deixa sem reação. Senti um calor subindo pelo meu corpo, uma mistura de surpresa e nervosismo.

Bianca me olhou com um sorriso provocador, dando uma piscada para o Guilherme. Senti minhas bochechas ficarem vermelhas.

— Bianca, você é terrível! — Falei, rindo e jogando um guardanapo amassado nela. — Já superei isso.

Mas isso era mentira, eu estava mentindo para mim mesma. Guilherme ainda mexia comigo.

Bianca continuou:

— Parece que ele não consegue parar de olhar pra você, né? — Ela falou, com um sorriso malicioso.

Sorri sem graça e, enquanto ria, olhei para o relógio na parede.

— Nossa, já tá tão tarde? — Falei, olhando para Bianca. — Você adora me deixar sem graça, né? Mas foi ótimo estar com vocês. Preciso ir agora, a gente tem que trabalhar cedo amanhã.

— Tem certeza, Mari? A diversão tá só começando. — Ela falou, sorrindo.

Eu ri, balançando a cabeça:

— Você sabe que adoro vocês, mas eu realmente preciso ir. — Expliquei, bocejando. — E você sabe quanto tempo demora pra conseguir um táxi ou pegar um ônibus aqui?

Antes que Margarida pudesse responder, uma voz familiar interrompeu:

— Marina, se quiser, eu te levo pra casa!

Olhei para a pessoa que estava se aproximando, surpresa. Uma mistura de emoções tomou conta de mim, mas uma coisa eu sabia. Era hora de enfrentar o desconhecido. Essa oferta poderia ser o começo de um novo capítulo na minha vida, mesmo que eu não soubesse se estava pronta para isso.

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