Reencontros e Surpresas
ASSIM QUE ENTREI NO HOSPITAL PELA MANHÃ, FUI IMEDIATAMENTE ENVOLVIDA POR UM TURBILHÃO DE EMOÇÕES. O interior do prédio pulsava com a atividade de médicos, enfermeiros e pacientes, contrastando de maneira viva com a tranquilidade da cidade do lado de fora.
No quarto, um paciente aguardava atendimento após um ataque cardíaco, tornando o ambiente tenso. A serenidade do espaço, com paredes azuis e janelas amplas, oferecia um contraste reconfortante.
Após atender o paciente, fui abordada por um médico assim que saí do quarto. Sua presença inspiradora e dedicação à medicina trouxeram um alívio bem-vindo.
— Bom dia, Marina! Sou o Garcia, o guardião dos corações aqui! — Brincou, aliviando a tensão do ambiente hospitalar.
— É um prazer, Dr. Garcia. — Respondi, sorrindo.
— Ouvi falar do seu excelente trabalho no Hospital Central de Washington — comentou.
— Ah, obrigada — respondi, um pouco envergonhada.
Uma enfermeira passou por nós e cumprimentou o Dr. Garcia, evidenciando a familiaridade entre eles.
— Tenho certeza de que você vai se adaptar bem aqui — Ele afirmou, acenando para a enfermeira. — Queremos que se sinta em casa.
— Agradeço a todos pelo carinho. — Falei.
Ele respondeu com um sorriso:
— Espero que você goste de trabalhar aqui.
— Tenho certeza de que vou — respondi, enquanto observava a luz do sol iluminar o corredor.
Uma onda de contentamento me invadiu. A sensação de estar em casa, segura e pronta para contribuir no hospital, finalmente me envolveu. Minha confiança na escolha que fiz cresceu.
Ao absorver o ambiente, uma presença começou a se destacar. Uma figura vestida de branco, uma âncora de calma no caos hospitalar, a pessoa se movia com graciosidade.
— Olá, Dr. Garcia. Como vai? — A pessoa perguntou, sua voz suave cortando o barulho do hospital.
— Tudo em ordem, Júlia — respondeu o Dr. Garcia, acenando com a cabeça.
A enfermeira em questão sorriu, oferecendo um refúgio de paz em meio à agitação do ambiente.
— Júlia, esta é a Marina, nossa nova médica — Garcia apresentou, apontando para mim. — Marina, Júlia é uma das nossas enfermeiras mais dedicadas.
Depois das apresentações, Garcia se despediu, deixando-me a sós com Júlia. Ela me cumprimentou com um aperto de mão firme e um sorriso acolhedor.
— Como está se sentindo no seu primeiro dia, Marina? — Júlia perguntou, seu sorriso transmitindo positividade.
— Sabe quando você sente que tem um monte de borboletas no estômago? É assim que estou me sentindo agora. Tirando isso, estou bem — respondi, tentando parecer tranquila.
Júlia me confortou com um tapinha amigável no ombro.
— É normal sentir um pouco de nervosismo no começo, mas estamos todos juntos nessa.
— Obrigada, Júlia — agradeci, retribuindo o sorriso. — Pior que já deveria ter me acostumado com isso, já trabalhei em hospitais antes.
Fiz uma pausa antes de mudar o rumo da conversa.
— Por falar nisso, Júlia, há quanto tempo você está aqui? — Perguntei, desviando a conversa para um novo rumo.
— Estou aqui há um bom tempo, a pelo menos seis anos, e, acredite se quiser, não trocaria isso nem por um prêmio da loteria.
— Que bom ouvir isso. Tenho algumas amigas que também trabalham aqui — comentei, olhando rapidamente para o relógio. A expectativa de vê-las logo mais me deixava animada.
Júlia, parecendo curiosa, não pressionou por mais detalhes. Inclinou a cabeça, pensativa.
— É mesmo? Quem são elas? — Ela perguntou, parecendo interessada.
— Uma delas trabalha na ala de internação, e a outra é a enfermeira-chefe. São inseparáveis, uma ruiva e a outra de cabelos pretos e lisos. Quero surpreendê-las — expliquei.
Júlia sorriu, entendendo minha intenção.
— Ah! Já sei de quem você está falando. Dá uma passada na área das enfermeiras; talvez você as encontre lá — Júlia sugeriu.
— Muito obrigada! Júlia — respondi, sentindo um alívio imenso. Um sorriso começou a se formar no meu rosto, como se o sol tivesse finalmente rompido as nuvens após um longo dia de chuva.
Depois de me despedir de Júlia, fui para a área das enfermeiras, onde esperava encontrar Bianca. A expectativa crescia dentro de mim, uma mescla de ansiedade e excitação pulsava dentro de mim.
Assim que pisei na sala, Bianca me viu; consegui perceber em seus olhos que ela me reconheceu na mesma hora, pois, ela se levantou de onde estava sentada, aproximou-se de mim e me deu um abraço caloroso.
— Marina! Não posso acreditar que você está aqui! — Exclamou, examinando-me de cima a baixo. — Você está igualzinha.
— Oi, Bianca! — Retribuí o cumprimento, um sorriso se formando em meu rosto. — Quanto tempo, né?
Nos abraçamos, e a familiaridade daquele gesto trouxe de volta as memórias de nossa infância.
— É tão bom te ver de novo — disse Bianca, se afastando do abraço. — O que você tem pra me contar?
— Muitas coisas, Bianca — respondi, ainda sorrindo. — Mas o mais importante é que voltei ao Brasil.
— Mal posso esperar para contar à Margarida — disse Bianca, seus olhos brilhando de expectativa.
— Eu também mal posso esperar para vê-la — admiti, compartilhando de sua animação.
Até que percebi Bianca abrir um enorme sorriso e, olhando por cima dos meus ombros, ela abriu a boca e disse:
— Ela está chegando, se esconde atrás do balcão.
Um frio na barriga me atingiu. Ainda não estava pronta para ver a Margarida; queria surpreendê-la. Rapidamente, me escondi atrás do balcão, de costas para a entrada.
— Bianca, já atendi os pacientes que chegaram. Tem algum médico precisando de ajuda? — Perguntou Margarida, entrando na sala.
Esperando o momento certo, finalmente saí do meu esconderijo, revelando minha presença.
— Não sei, quer responder essa pergunta, "Magavilha"? — Provoquei, usando o apelido carinhoso para Margarida.
Inicialmente confusa, Margarida franziu a testa até me reconhecer.
— Marina! — Exclamou, surpresa.
Abri os braços em um gesto acolhedor, e Margarida correu para me abraçar apertado. Seus olhos escuros brilhavam de emoção.
— Que saudade! Não acredito que estamos juntas de novo! — Disse ela, com os olhos um pouco marejados.
— Também não esperava te ver aqui, Margarida — disse, sorrindo. — Só descobri quando encontrei a mãe da Bianca. Ela me contou que a Bi havia se tornado uma enfermeira.
— Bi, sua mãe é realmente uma figura — disse Margarida, olhando para Bianca.
Bianca suspirou profundamente.
— E eu não sei disso? — Ela disse. — Mas ela não mencionou nada sobre ter se encontrado com você, amiga — ela completou, olhando em minha direção.
— Eu pedi para ser uma surpresa — disse, sorrindo sem graça.
— Que surpresa! — Exclamou Margarida, rindo. — Você sempre foi cheia de surpresas, Marina.
Bianca, com um sorriso ainda estampado no rosto, balançou a cabeça.
— Isso é tão você, Marina. Sempre trazendo novidades — ela disse, com um brilho nos olhos.
Eu ri, sentindo uma alegria por estar naquele lugar.
— Bem, eu tinha que trazer algo especial para o nosso reencontro, né? — Disse, olhando para as duas.
Margarida olhou para mim e depois para Bianca.
— Sabe, isso merece uma comemoração. Que tal irmos almoçar juntas? — Sugeriu, seus olhos brilhando com entusiasmo.
Antes que eu respondesse, Margarida lançou um olhar para Bianca e sussurrou algo que não consegui ouvir. Elas duas trocaram olhares preocupados.
A atmosfera mudou quando percebi uma presença se aproximando. A tensão no ar era palpável, mas minha determinação continuava firme, alimentada pela ansiedade e empolgação do que estava por vir.
— Boa tarde, como posso ajudá-lo hoje? — Margarida perguntou, sua voz firme. Notei que ela evitou contato visual com a pessoa que se aproximava e não mencionou seu nome, o que me deixou intrigada.
— Dadas as circunstâncias, estou bem — a voz familiar respondeu com calma. — Estamos lidando com um caso complicado: um paciente com sérios problemas cardíacos. Há alguma médica disponível para me ajudar?
Ao me virar para encarar a voz, um turbilhão de memórias antigas ressurgiu. Mesmo depois de tantos anos, ele ainda tinha uma presença marcante. Fiquei em alerta, incerta sobre o que estava por vir. Era difícil acreditar que, após quinze anos, aquele homem estava bem ali na minha frente, mas, eu estava pronta para qualquer desafio que viesse. Estava determinada e preparada para esse encontro. A ansiedade que sentia agora era como um motor, me impulsionando para o que estava por vir.
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