O Vestido Azul: Entre Lembranças e Liberdade
Aviso: Neste capítulo, há cenas de violência doméstica. Se isso te incomoda, considere se quer continuar lendo. Essas cenas tratam de questões sérias e buscam iniciar conversas importantes. Se você estiver lidando com problemas similares, é essencial buscar ajuda.
LEON SAIU HÁ UM TEMPO, E EU FINALMENTE CONSEGUI RELAXAR UM POUCO, A CASA ESTAVA PERFEITAMENTE ARRUMADA. Só que de repente a porta se abriu e um vento frio entrou, me deixando com um pouco de medo. Era Leon, com um cheiro forte de álcool.
Respirei fundo, tentando me preparar para o que viria. Ele estava com o rosto vermelho e os olhos vidrados, como se tivesse bebido muito. Eu sabia que não seria uma conversa agradável. Ele fechou a porta com força, mostrando que estava irritado.
— Aqui estou, minha princesa! — Ele disse, com um tom sarcástico. — Você é uma vadia!
Engoli em seco antes de responder, tentando manter a calma:
— Leon, por favor, não comece.
Ele deu um passo em minha direção, seu olhar carregado de desprezo.
— Será que seu amante também está aqui com você? — Perguntou ele, com um sorriso sarcástico.
— Leon, não estou te traindo, já te disse antes.
A sala estava quase escura, só tinha uma luz fraca vindo do abajur. A luz fazia sombras dançarem nas paredes, criando um clima de mistério e suspense. Os móveis, um pouco velhos, pareciam estar observando tudo, como se soubessem alguma coisa. Cada arranhão e marca nos móveis contava uma história, sobre o tempo passado e as coisas que aconteceram naquele lugar.
— Já chega! Cansei de ouvir a sua voz. Vamos sair hoje, vá se arrumar — disse ele com a voz rouca, deixando claro que não era uma opção.
Hesitei por um momento, sentindo um aperto no estômago e meu coração batendo forte. Sentia-me desconfortável e relutante. No fundo, eu não queria sair com o Leon, mas sabia que não tinha escolha. Era uma situação difícil, e eu me sentia impotente.
— Para onde vamos, Leon? — questionei com a voz trêmula, tentando esconder o medo.
— Marina, quando é que você vai aprender a ficar quieta? — Rebateu ele com frieza, se aproximando de mim e segurando meu rosto com força.
Tive que me esforçar para não chorar. Os olhos começaram a arder e as lágrimas brotaram, mas eu as contive com força. Senti uma dor aguda no peito e uma sensação de sufocamento. Queria gritar, mas sabia que isso só pioraria a situação.
Me sentia impotente e assustada. Era como se tivesse perdido todo o controle da minha vida. Leon era como um monstro que me dominava. Eu não sabia o que ele faria comigo se eu o contrariasse.
O Leon me controlava, e eu não sabia como escapar. Ele era mais forte e mais poderoso do que eu. Ele sabia todos os meus segredos e me ameaçava com eles. Eu estava presa em uma armadilha sem saída.
— Marina, se arruma logo. Tô perdendo a paciência — ecoou a voz do Leon pela sala silenciosa, criando uma tensão no ar.
Tremi com suas palavras, medo e incerteza me dominando. Eu era uma folha ao vento, sem controle do meu destino, silenciada por sua pressão. Caminhando para o quarto, senti-me desamparada, presa por correntes invisíveis que pareciam se fortalecer.
Meus olhos se fixaram em um vestido azul no guarda-roupa, presente do Guilherme, um lembrete de tempos melhores. Ao tocá-lo, senti uma onda de força. No banheiro, a água quente do chuveiro criou um refúgio temporário, cada gota aliviando minha alma atribulada.
O vestido azul, símbolo de esperança, repousava na cama. Meu reflexo no espelho, olhos arregalados de medo, me lembrava que eu era mais que uma prisioneira do Leon. Esse reflexo me deu força para continuar.
Após me arrumar, desci as escadas com o vestido azul, me sentindo confiante. O vestido longo, com decote em V, era quase da cor dos meus olhos. Ao ver o sorriso sarcástico de Leon, senti meu coração bater acelerado.
— Está pronta? — Ele perguntou, com um tom de voz que me arrepiou.
— Sim, estou pronta. — Respondi, tentando manter a calma.
Me aproximei dele silenciosamente, enquanto ele se preparava para sair. Cada gesto, calculado, cada passo, controlado. A noite era fria. Eu não sabia para onde estávamos indo, mas estava pronta para enfrentar qualquer desafio.
— Vamos?
— Claro. — Eu disse.
Leon abriu a porta do carro e eu entrei. Enquanto olhava pela janela, uma mistura de medo e empolgação tomava conta de mim. Eu sabia que o Leon não tinha boas intenções, mas estava determinada a não deixar ele me controlar mais.
Assim que entrei, fui envolvida por um aroma agradável. O cheiro de couro e perfume masculino preenchia o interior do carro. A presença de Leon era intensa, deixando o ar mais pesado. Eu me sentia encurralada, desejando desesperadamente por um momento de liberdade.
Até que finalmente ele parou em frente ao restaurante. Com um gesto elegante, Leon abriu a porta para mim, revelando um ambiente acolhedor. O restaurante estava iluminado por velas, criando uma atmosfera romântica.
Ele abriu a porta do carro para mim com um gesto rápido.
— Vamos, não podemos demorar. — Seu olhar estava impaciente.
Sentamos em lados opostos de uma mesa grande, com o cardápio entre nós. Prometi a mim mesma que não permitiria que Leon influenciasse minhas escolhas.
— Boa noite! O que gostariam de pedir? — Perguntou o garçom, educadamente.
— Eu gostaria de experimentar o prato de frutos-do-mar, por favor. — Disse com um sorriso.
— Você deveria escolher algo mais leve. — Ele comentou, com um tom de desdém.
O garçom anotou nossos pedidos e foi embora. Eu respirava fundo, tentando controlar o nervosismo. Meus dedos tremiam, e eu tinha a sensação de que algo ia dar errado.
De repente, minha mão se moveu sem querer e bateu no copo de água. A água se espalhou rapidamente pela mesa, fazendo um pequeno desastre. Leon olhou para mim com uma expressão surpresa e divertida. Eu senti meu rosto corar de vergonha, mas, ao mesmo tempo, sentia uma faísca de determinação acender dentro de mim.
Quando o garçom se aproximou com um pano para limpar a bagunça, eu me senti um pouco mais corajosa. Aquele pequeno incidente mostrou que eu não era apenas uma boneca nas mãos de Leon. Eu conseguia surpreendê-lo, de desafiar seu controle absoluto.
Reuni coragem para olhar Leon nos olhos. Naquele momento, eu sabia que estava preparada para enfrentar qualquer coisa que viesse.
— Leon, preciso te contar algo. — Falei, sentindo meu coração bater acelerado. Não podia mais ignorar isso.
— Pode falar. — Ele respondeu, franzindo a testa. — O que é?
— Leon, essa invasão constante e desrespeito pela minha privacidade não pode mais continuar. Mereço respeito.
Ele se aproximou, seus olhos estreitos me encarando com intensidade. Meu coração batia acelerado, enquanto o silêncio tenso entre nós se prolongava. Eu precisava encontrar as palavras certas para expressar minha frustração, mas também temia as possíveis consequências.
— Então, você finalmente decidiu falar? — Leon perguntou com sarcasmo, os olhos estreitos e a voz carregada de raiva.
— Leon, estou cansada disso. — Minha voz saiu com dificuldade, engolida por um turbilhão de sentimentos.
— Você vai se arrepender de ter me dito isso. — Ele disse, com um sorriso sinistro.
Ondas de arrepios percorreram meu corpo enquanto as palavras de Leon ecoavam na minha cabeça. As ameaças dele me deixaram com medo e insegura. Como cheguei a esse ponto, onde um relacionamento que prometia tanto se tornou uma prisão da qual eu queria fugir?
O ar estava pesado de silêncio. A tensão aumentava a cada segundo, tornando o ar difícil de respirar. Os olhares e gestos tinham significados profundos. Eu me sentia presa em um labirinto de emoções confusas. A determinação crescia dentro de mim, alimentada pelo desejo de dizer o que eu sentia.
Quando voltamos para casa, era hora de dizer o que eu sentia. Leon avançou, com uma expressão de raiva no rosto. Ele agarrou meus braços com força, causando uma dor aguda na minha pele.
— É hora de discutirmos o episódio anterior, não é? — Ele proferiu com desdém e ameaça.
A tensão estava no ar, prestes a se transformar em um confronto inevitável.
***
Nota para quem está passando por situações difíceis:
Antes de concluir este capítulo, quero dedicar um momento a todos aqueles que possam estar enfrentando desafios semelhantes aos descritos nesta história. Se você é uma vítima de violência ou abuso, saiba que não está sozinho(a) nesta jornada.
É crucial lembrar que a violência e o abuso não têm justificativa e não são de forma alguma culpa da vítima. Existe ajuda disponível para você. Se você estiver em perigo iminente ou precisar conversar com alguém que possa oferecer apoio, por favor, procure ajuda imediatamente.
Independentemente de onde você esteja, há organizações e pessoas prontas para auxiliar. No Brasil, você pode entrar em contato com o Disque 180 - Central de Atendimento à Mulher, que oferece suporte e orientação em casos de violência contra a mulher. Além disso, outras opções incluem a Polícia Militar (190) e a Polícia Civil, bem como abrigos e casas de apoio.
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