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Fragmentos de Incerteza


SENTEI AO LADO DE LORENA. O SOM DOS APARELHOS SE MISTURAVA COM SUA RESPIRAÇÃO CRIANDO UM ABIENTE QUASE TRANQUILO. Até que ela abriu os olhos azuis e deu um sorriso tímido, mas havia algo vago em seu olhar que me preocupou.

— Oi, tio — sussurrou.

Uma sensação ruim me invadiu ao tentar beijar sua testa e ela virou o rosto. Meu coração disparou. O que estava acontecendo?

Marina entrou radiante, segurando uma pilha de papéis.

— Gui, boa notícia! — Marina entrou apressada, seus olhos brilhando de entusiasmo. — Lorena pode ir pra casa. O médico a liberou.

Quis acreditar, mas ao olhar para minha afilhada, vi que, mesmo ali, ela parecia distante. Seus olhos estavam perdidos, como se assistisse a um filme que não entendia. Quando sorriu novamente, a confusão era palpável.

— Você tem certeza de que ela está bem? — perguntei.

Marina apertou meu braço em um gesto de conforto.

— Relaxa, Gui. Foi só um susto. Mas é bom ficar de olho nela, ok?

Nos despedimos e saímos do hospital. O ar fresco do lado de fora trouxe um leve alívio.

No carro, Lorena estava em silêncio no banco de trás enquanto eu dirigia, a mente a mil. As ruas pareciam desfocadas; eu não conseguia parar de pensar no acidente e no olhar dela.

— Tio Gui, já chegamos? — ela perguntou, quase sonolenta.

Olhei pelo retrovisor e sorri.

— Quase, princesa. Falta pouco. — Passei a mão no cabelo dela, mas, como sempre, ela evitou o contato visual, reforçando a sensação de que algo estava errado.

Chegamos em casa e eu a carreguei para dentro. Ela mal abriu os olhos enquanto a levava para o quarto e a deitava na cama. O edredom de unicórnios parecia enorme sobre ela.

Dora, minha mãe de criação, apareceu na porta com um olhar apreensivo.

— Ela está bem, filho? — perguntou, com a voz suave.

— Está, mãe. Só cansada.

Ela observou Lorena e depois me olhou, os olhos marejados.

— Você também parece cansado. Que susto, hein?

— Agora estou bem, não se preocupe.

Dora beijou a testa de Lorena e saiu. Fiquei observando minha afilhada dormir por alguns minutos antes de ir para o meu quarto. O cansaço me pegou de surpresa.

No dia seguinte, acordei com o cheiro de café invadindo a casa. Minha mãe já estava na cozinha, cheia de energia.

— Bom dia, dorminhoco! — Ela fala sorrindo. — Café quentinho, do jeitinho que você gosta.

Sentei à mesa e devolvi o sorriso.

— Bom dia, mãe. — Peguei a xícara e respirei o aroma. Perfeito. — Não precisava.

Ela deu de ombros, sentando-se comigo.

— Ah, Gui, deixa disso. Sempre cuido de você. Não é meu filho de sangue, mas é meu menino.

Agradeci com um gole no café. Quente, forte, perfeito.

Depois de comer um pedaço generoso de bolo de chocolate, subi para o quarto de Lorena. Bati na porta de leve e entrei. Ela ainda estava adormecida, como um anjinho.

— Lorena, hora de acordar! — falei, animado.

Ela resmungou, virou de lado e abriu os olhos com uma expressão de sono que era impossível não amar.

— Tio Gui...

Sorri ao vê-la acordar.

— Bom dia, princesa! Vamos tomar café? A Dora fez aquele bolo que você adora.

— Bolo? — Ela já começou a se sentar na cama.

— E com cobertura de morango. Que tal?

Ela sorriu e descemos juntos para a cozinha.

Após o café, levei Lorena à escola. No caminho, ela olhou pela janela, com os olhos sem brilho. Algo não estava certo.

Assim que a deixei, fiquei no carro por alguns minutos, refletindo. Peguei o celular e liguei para o Dr. Hugo.

— Doutor, é o Guilherme. Preciso marcar uma consulta urgente para a Lorena. Ela está diferente... Posso ir hoje?

— Claro, Guilherme. Pode vir sim. Quanto antes, melhor.

Meu coração batia forte quando cheguei ao hospital. Encontrei o consultório do Dr. Hugo e entrei, sem fôlego.

— Guilherme, bom te ver. Você parece preocupado...

Sentei e procurei as palavras.

— A Lorena tá muito diferente. Ela está mais quieta.

Meus dedos batucavam no braço da cadeira. Respirei fundo antes de continuar.

— Qualquer barulho a assusta. Vidros quebrando, buzinas... Ela congela, com olhar perdido. Às vezes, trava durante a conversa.

Dr. Hugo me observava, sobrancelhas franzidas.

— Guilherme, Lorena sofreu um trauma pesado. Perdeu os pais em um acidente. Precisamos de uma avaliação neuropsicológica.

Saí do consultório com a cabeça a mil e passos pesados. Uma coisa era certa: precisava ajudar Lorena a encontrar seu caminho de volta.

Na recepção, Ana me recebeu sorrindo, em contraste com meus pensamentos confusos.

— Guilherme! E o braço?

Mostrei o braço, fingindo estar ótimo.

— Zerado, Ana. Mas vim marcar uma consulta para minha afilhada.

— Qual o nome dela? — perguntou, sem olhar para cima.

— Lorena Schneider.

Após algumas digitações, Ana olhou para mim novamente.

— Temos terça-feira, às 13h. Pode ser?

— Perfeito.

Saí do consultório um pouco esperançoso, mas também com um aperto no peito. Em casa, o cheiro do almoço da minha mãe já enchia o ar, mas eu mal sentia o aroma familiar. Ela me olhou, como se pudesse ler meus pensamentos.

— Com a cabeça longe, né, filho? — Dora largou a colher de pau e me olhou de lado.

A voz dela era suave, mas carregava preocupação. Sentei antes de responder, a voz saindo quase como um sussurro.

— Mãe... marquei uma consulta pra Lorena.

Ela parou o que estava fazendo e me observou. Aquele olhar dela, meio de lado, mostrava que me conhecia bem.

— O que está rolando? — perguntou, mais como uma afirmação.

Engoli seco antes de responder, as palavras vindas pesadas.

— Acho que... pode ser autismo.

Ela se sentou ao meu lado, segurou minha mão. — Lembra quando ela era pequena? Aquele dia no parquinho, em que preferiu girar o carrinho em vez de brincar com as outras crianças...

— Você já notava algo? — murmurei.

— A gente não queria ver, Gui. Queria que tudo estivesse bem. — Os olhos dela marejaram. — Mas se for, vamos passar por isso juntos. Essa menina tem a gente.

Suas palavras, apesar do apoio, não aliviaram minha angústia. Passei o dia pensando nos próximos passos, no laudo médico... e em Marina.

À noite, deitado, minha mente não parava. Lorena e Marina ocupavam todos os meus pensamentos. Ambas eram tão diferentes, mas tão frágeis.

Marina precisava de liberdade, de espaço. Lorena precisava de mim, de atenção total. Como equilibrar?

Amar, pensei, não é ter todas as respostas. É simplesmente estar presente.

E eu estaria. Sempre.

Por Lorena. Por Marina. Por nós.

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